A DESPEDIDA DO MÁGICO?
URIAH HEEP
THE MAGICIAN'S FAREWELL
BAR OPINIÃO
10/04/2025
PORTO ALEGRE/RS
THE MAGICIAN'S FAREWELL
BAR OPINIÃO
10/04/2025
PORTO ALEGRE/RS
PRODUÇÃO: OPINIÃO PRODUTORA/TOP LINK MUSIC
Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy
Existem algumas situações que, por mais que sejam polêmicas ou controversas, acabam sendo a mais pura verdade. Bernie Shaw, vocalista da lendária e espetacular banda URIAH HEEP, foi cirúrgico ao afirmar durante a apresentação do grupo na capital gaúcha, que os anos 70 foram uma época onde não existiam estilos, gêneros ou subgêneros na música. O que existia era música boa e música ruim. E um dos grandes responsáveis pela parte boa da música nesse período se chama Mick Box. Não há como negar a genialidade, talento e classe que o guitarrista emprestou ao mundo da música desde os anos 70 até os dias atuais. Mas sobre isso, falo mais pra frente...
A quinta-feira, dia 10 de abril de 2025, foi esperada com ansiedade pelos fãs do grupo, ainda mais se levarmos em consideração o nome da turnê. Ainda do lado fora do opinião, conversávamos entre amigos sobre essa possibilidade, enquanto a movimentação era bastante decepcionante. No entanto, com o passar do tempo, o público foi chegando, chegando e, no momento do show, lotou o Bar Opinião, num claro sinal de reverência e até mesmo, agradecimento ao grupo, que mostrou ao longo da apresentação, que continua sendo um dos maiores nomes do Classic Rock. Performances individuais impecáveis, que fizeram com que o conjunto delas mostrasse uma banda coesa, entrosada e de total entrega no palco. E posso garantir que não houve um único presente que tenha algo a reclamar.
Pontualmente às 22h (aquela pontualidade britânica sempre faz a diferença), o quinteto formado pelos já citados Bernie Shaw e Mick Box, acompanhados pelos excelentes Phil Lanzon (teclados), Dave Rimmer (baixo) e Russel Gilbrook (bateria - um verdadeiro monstro das baquetas) adentraram ao palco e detonam logo de cara "Grazed By Heaven", excelente faixa do álbum "Living the Dream" de 2018, mostrando que não só músicas "old school" estariam presentes no set. Fica impossível não soar repetitivo, mas a simpatia e carisma dos músicos, em especial de Bernie, Mick e Phil, deixaram o show ainda mais intenso e a prova disso veio na sequência com "Save Me Tonight", presente no ótimo "Chaos & Colour", lançado pelo grupo em 2022. A interação da plateia com a banda era única, uma troca de energia que há muito tempo eu não via. "Overload", segunda faixa de "Wake the Sleeper", de 2008, e sua pegada mais puxada para o Hard/Heavy também foi muito aplaudida por todos. No entanto, "Shadows of Grief", nos trouxe à atmosfera setentista do grupo, pois a faixa presente em "Look at Yourself" de 1971, nos colocou em uma máquina do tempo, da qual, não queríamos sair... Os teclados de Phil Lanzon, que originalmente foram gravados pelo saudoso Ken Hensley, foram executados à perfeição, com um toque pessoal, enquanto o monstro chamado Russel, destruía seu kit sem piedade.
Em seguida, um dos momentos mais bonitos e emocionantes do show: "Stealin' ", registrada em "Sweet Freedom" de 1973, fez muita gente segurar aquela lágrima, enquanto tantos outros não estavam nem aí pra isso e deixaram a emoção fluir. Que momento mágico! Sabe aquelas situações que só o ROCK te proporciona? Com certeza, um dos momentos mais legais que tive a oportunidade de presenciar nesse meu quase meio século de vida. "Chaos & Colour" volta à berlinda e a hard "Hurricane" surge com sua pegada mais atual, mas sem deixar de lado a classe e categoria de quem só tem a manha sabe como fazer. A bela "The Wizard", nos transportou à 1972 e "Demons & Wizards", foi o capítulo escolhido, com toda a aura mística e especial durante sua execução. Após, Mick Box, após ser apresentado como o melhor amigo de Bernie, pega o microfone e relata um pouco do que foram os anos setenta para o grupo, com muitas loucuras, festas, festas e festas. " E em uma dessas festas, estava a "Doce Lorraine", Assim, "Sweet Lorraine", faixa de "The Magician's Birthday", também de 1972, foi executada de forma perfeita, com aquele clima de beira de estrada, perfeito pra ouvir tomando uma cerveja.
"Free 'n' Easy", acelerada e com uma pegada mais heavy, chegou para nos remeter a "Innocent Victim" de 1977. Nesse momento, um fã presente mostrou ao grupo a capa do citado álbum (o que deixou Mick Box contente, pela sua reação), a qual, no fim do show foi devidamente autografada pelo guitarrista. Era chegado o momento de "The Magician's Birthday", outro momento envolto em magia e carisma. Mas antes disso, Bernie Shaw fala sobre o que o futuro reserva ao grupo e, para nossa alegria, não haverá encerramento de atividades, e sim, uma sensível diminuição no número de shows, bem como, deixou escapar que um novo álbum está sendo gravado. Essa diminuição se dá por conta da idade dos músicos, ams não dele que tem apenas 35 anos. Vezes dois, segundo ele próprio. Sensacional, não? O que dizer sobre a execução dessa faixa espetacular que me seus mais de dez minutos trouxe á tona a genialidade e clase de Mick Box, bem como explicitou a categoria e pegada de Russel? Nada além de "mágica"" Phil Lanzon, por sua vez, além de ser um mestre nos teclados, esbanjou simpatia e interatividade. Como se não bastasse, "Gypsy", faixa que abre "Very 'eavy, Very 'umble", álbum de estreia do grupo de 1970, veio mostrar como o Uriah Heep já era uma banda seminal em seu debut. A longa e não menos que incrível "July Morning" de "Look at Yourself", veio para encerrar a apresentação, que na verdade, se encerraria após o bis.
E o final não poderia ser outro senão com a execução perfeita de "Sunrise", outra faixa de "The Magician's Birthday", e aqui cabe um reconhecimento da minha parte: Bernie Shaw canta de forma perfeita e com personalidade faixas de todas a s fases da banda, o que não é nenhuma novidade, mas preciso deixar registrado. A faixa derradeira e esperada por muitos foi a mais que clássica "Easy Livin' ", também presente em "Demons & Wizards". Incrível que tanto para o público quanto para a banda, parecia que estávamos no início do show, tamanha a energia que existia no local. Ao término, os músicos agradecem e deixam o palco, ainda esbanjando simpatia depois de quase duas horas de entrega total no palco.
Faltaram músicas? Como disse meu amigo e companheiro de cobertura José Henrique Godoy: "bandas como o Uriah Heep poderiam fazer três, quatro setlists diferentes que ainda faltariam músicas". Impossível discordar.
Agradecemos à Opinião Produtora e Paulo Finatto Júnior pelo credenciamento e parceria ao longo desses 10 anos de Rebel Rock! Profissionalismo e responsabilidade não se compram na esquina, mas principalmente, respeito e cordialidade não são pra qualquer um. Obrigado!
Excelente resenha! Parabéns🤘🏻
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