terça-feira, 22 de abril de 2025

ONSLAUGHT - ORIGINS OF AGRESSION (2025)

 


ONSLAUGHT
ORIGINS OF AGRESSION
Reigning Phoenix Music - Importado

O thrash metal tem suas divisões — Série A, B, C e, às vezes, até D. Na elite, estão as bandas que definiram o gênero, que moldaram cenas inteiras. Mas muitas vezes, os verdadeiros guerreiros do underground, aqueles que realmente mantêm o jogo vivo, estão nos palcos menores, nas casas de show apertadas, onde o metal ainda é visceral, suado e 100% divertido.

É aí que entra o Onslaught. Os reis do mosh pit da Inglaterra são uma dessas instituições que sabem exatamente o que significa sangue e suor no heavy metal. Completando impressionantes 40 anos de atividade, os britânicos celebram essa trajetória com um lançamento mais do que simbólico: “Origins of Aggression” — um álbum duplo que serve como retrospectiva brutal e homenagem às suas inspirações.

O título já entrega tudo, um mergulho no passado da banda, trazendo no primeiro disco regravações de algumas das faixas dos álbuns “Power From Hell” (1985), “The Force” (1986) e “In Search of Sanity” (1989). Já o segundo disco reúne covers de bandas que ajudaram a moldar o DNA do grupo. Nomes como Motörhead, Discharge, Judas Priest, GBH, Sex Pistols, Killing Joke, UK Subs e Black Sabbath.

O disco 1 abre com a explosiva “Thermonuclear Devastation of the Planet Earth”, que termina antes mesmo do ouvinte conseguir soletrar o nome da faixa. É um soco certeiro que prepara o terreno para a sequência impiedosa de “Black Horse of Famine” e “Angel of Death”. O grande trunfo aqui é perceber como a tecnologia atual ajudou a dar nova vida a faixas que, originalmente, não tinham a produção ideal. O punch moderno realça o peso, a velocidade e a fúria que sempre estiveram ali. Regravações como “Power From Hell”, “Metal Forces” e “Let There Be Death” soam mais afiadas do que nunca. Os bumbos duplos na cara, e os riffs cortantes de Nige Rockett (fundador e eterno motor criativo da banda) deixam tudo mais agressivo — quase como se estivessem sendo tocadas pela primeira vez.

E vamos ser sinceros: é impossível errar com hinos como “Fight With The Beast” e “Thrash Till the Death”. Essas músicas são patrimônio do thrash — verdadeiras relíquias da escola inglesa.

No disco 2, o clima muda um pouco, mas o interesse permanece. Afinal, quem não gosta de ouvir como uma banda transpõe suas influências para o próprio som? E aqui não tem enrolação: o Onslaught optou por versões muito próximas das originais, respeitosas até o osso, mas com uma pegada levemente mais bruta. Pequenas mudanças em viradas ou nas guitarras aparecem aqui e ali, mas o espírito segue fiel.

Entre as 11 faixas, a mais diferente talvez seja “War Pigs”, do Black Sabbath — mais cadenciada, mais melódica, ela destoa um pouco do clima de voadora na “fuça” do restante do tracklist. Mas, ainda assim, o Onslaught entrega um cover muito interessante. Já sons como “Iron Fist”, “Wardance”, “Holidays in the Sun” e “State Violence State Control” escancaram as raízes punk e hardcore que influenciaram diretamente e fizeram do Onslaught uma verdadeira máquina de violência gratuita.

Origins of Aggression” é mais do que uma comemoração — é um trabalho onde prova que o Onslaught ainda tem muita lenha para queimar — ou melhor, muito mosh pit para devastar.

William Ribas




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