sexta-feira, 4 de junho de 2021

ENTREVISTA - DIVA SATANICA (NERVOSA)

 


Entrevista – DIVA SATANICA (NERVOSA)

Substituições em uma banda são sempre alvo das mais variadas perspectivas. Muitos fãs reprovam antes mesmo de ouvir, outros tantos concordam da mesma maneira. Mas, existe aquela parcela que espera o resultado final para poder emitir sua opinião. E no caso da NERVOSA, essa espera valeu e muito! Afinal, a banda sofreu uma reformulação geral, pois passou de trio a quarteto e com a entrada de três novas integrantes. Diva Satanica (vocal), Mia Wallace (baixo) e Eleni Nota (bateria) uniram-se a Prika Amaral, guitarrista e fundadora da banda, e lançaram Perpetual Chaos (Napalm Records/Shinigami Records), um dos mais aguardados e porquê não dizer, um dos melhores álbuns de 2021. Para falar sobre essas mudanças, sobre o álbum e planos para o futuro, conversamos com a vocalista Diva Satanica, sempre simpática e solícita. O resultado você pode ler logo abaixo.

Sergiomar Menezes

Rebel Rock – Pra iniciar, gostaria de agradecer pela disponibilidade para entrevista, ainda mais sabendo da agenda apertada depois do lançamento de Perpetual Chaos. Muito obrigado! Mas já entrando no álbum, como a banda viu o lançamento do trabalho? O CD saiu de acordo com as expectativas da própria banda?

Diva Satanica: Ficamos muito gratas por todo o apoio. Foi uma situação muito difícil, a gente não se conhecia, tivemos que trabalhar na distância… mas tudo foi muito legal pra nós!

Rebel Rock – Uma das primeiras percepções durante a audição do álbum é que seus vocais deram uma certa revigorada, até mesmo no estilo da banda. Muito porque os vocais da Fernanda tinham uma pegada muito mais voltada pro death metal, enquanto o seu, ainda que também possua essa característica, se mostra mais versátil. Você também percebe essa diferença?

Diva: Acho que não: o meu registro é o growl, típico do death metal, Fernanda usa o vocal fry que permite coisas diferentes. O growl tem mais contundência pela frequência que emite, mas o fry permite cantar frases muito longas. São estilos diferentes. A gente queria poder buscar um ponto próximo entre o registro passado e o meu próprio para manter a minha identidade como vocalista sem perder a essência do som da banda.

Rebel Rock – “Venomous” abre o CD de forma direta, concisa e brutal. O que não é nenhuma novidade em se tratando da Nervosa (risos). Mas é nítido que a banda tá com aquele “sangue no olho”, tão importante e ao mesmo tempo, mostra que o entrosamento entre vocês, apesar da forma como foi gravado o álbum, é bastante consistente. Como foi o processo de composição e gravação de Perpetual Chaos?

Diva: Foi muito intenso porque foram muitas horas e a situação era difícil: escrever um novo álbum é um processo muito íntimo e não tem a experiência prévia de trabalhar juntas, mas a gente tem a mente aberta e isso fez mais fácil tudo. Passamos 3 meses compondo e 1 mês no estúdio e isso serviu para conhecer melhor a gente.



Rebel Rock – “Guided by Evil”, primeira faixa divulgada, apresenta características voltadas ao thrash/death, uma vez que tem um início denso, pesado e sombrio, mas ganha velocidade e agressividade muito próximas do thrash alemão. Um dos segredos para essa identidade são os solos de Prika, que prezam mais pela linha brutal do que melódica. Mas sua voz também consegue esse destaque, pois vai do gutural mais ríspido ao mais rasgado sem muita dificuldade. Conte um pouco sobre sua escola enquanto vocalista.

Diva: A gente queria encontrar esse equilíbrio entre o registro da Fernanda e o meu próprio e o que achamos foi que eu precisava de me aproximar mais dos registros agudos para manter uma base similar. Prika trabalhou muito também nos solos para aportar um som mais clássico e com influências novas.

Rebel Rock – Eleni Nota se destaca em “People of the Abyss”. Dona de uma pegada que alia ténica e peso, a baterista caiu como uma luva na banda. Qual sua impressão acerca do trabalho desenvolvido por ela e o quanto ela acrescentou em brutalidade ao som da Nervosa?

Diva: Eu sou muito grata por trabalhar com meninas tão talentosas. Eu conheci muitos bateristas na minha vida, muito profissionais mas nunca como a Eleni. Ela tem algo muito especial. Para mim é uma das melhores bateristas do mundo.

Rebel Rock – Outro grande momento é a faixa título. Variada, alternando passagens mais lentas e pesadas com outras recheadas de agressividade, ela consegue transmitir ao ouvinte toda a personalidade do quarteto. O que essa composição representa para você e para a banda como um todo?

Diva: “Perpetual Chaos” é o resumo do que a gente quer transmitir no álbum: fala da conduta humana e de como erramos sempre nas mesmas coisas desde séculos atrás: o egoísmo, a corrupção, a contaminação, os abusos… têm muita influência de bandas clássicas como o Slayer e Sepultura.



Rebel Rock – Perpetual Chaos também traz algumas participações bem interessantes. A primeira é a do guitarrista brasileiro Guilherme Miranda (Entombed A.D./Krow) na faixa “Until the Very End”. Como se deu a participação dele e o quanto ele contribuiu para a composição?

Diva: Guilherme é amigo da Prika desde faz muitos anos. Ele é um grande guitarrista e ajudou a gente em todo o processo de gravação.

Rebel Rock – Ainda na esteira das participações, Schmier Fink do Destruction, uma das lendas do thrash metal mundial, é o convidado em “Genocidal Command”, que poderia facilmente estar em um disco dos alemães. A Nervosa já dividiu os palcos com o quarteto germânico. Vem daí essa proximidade e amizade?

Diva: Schmier também é um grande amigo da Prika. A gente procurava um vocalista mais melódico para essa música e ele é perfeito com essa versatilidade incrível nos vocais.

Rebel Rock – Erik AK (Flotsam And Jetsam) é o convidado em “Rebel Soul”, uma faixa que remete aos primórdios do thrash metal americano. Como foi para você dividir os vocais, ainda que à distância, com um dos grandes nomes daquele cenário?

Diva: Tudo foi com a distância por causa da pandemia, mas quando a gente é profissional não tem obstáculos. Não imaginava que os meus vocais poderiam encaixar de uma forma tão legal com uma voz tão diferente,  mas Martin Furia o nosso produtor, fez um trabalho incrível também.



Rebel Rock – Falando sobre as guitarras, não é novidade falar sobre a qualidade de Prika enquanto guitarrista. Mas nesse trabalho parece que ela, talvez em virtude dos acontecimentos, quis provar a todos que quando o assunto é riffs, ela não fica a dever nada a ninguém. Criatividade, ousadia e uma dose extra de agressividade se fazem presentes durante toda a audição. Como você avalia esse quesito de Perpetual Chaos?

Diva: Prika é uma artista completa: ela escreve qualquer instrumento, os riffs de guitarra mais incríveis e as melhores letras. Ela queria apostar em explorar novos caminhos e acho que essa liberdade compositiva foi muito boa para o álbum.

Rebel Rock – A pandemia parece estar dando sinais de enfraquecimento ao redor do mundo. Alguns países e bandas estão agendando turnês para este ano ainda. Como estão os planos da Nervosa para este futuro próximo?

Diva: A gente cancelou muita coisa, mas já temos algumas datas para este verão na Europa. Não podemos aguardar mais para mostrar o que esta nova formação vai ser ao vivo!

Rebel Rock – E seu trabalho com a Bloodhunter? Como está no momento?

Diva: Neste mês de junho por fim poderemos entrar a gravar o nosso terceiro álbum de estúdio. A pandemia foi especialmente difícil para nós como banda porque cancelamos todos os planos. Agradeço muito a toda a gente que pergunta pela banda e mostra interesse!

Rebel Rock – Diva, mais uma vez, obrigado pela entrevista e deixo esse espaço final para você mandar um recado para os fãs e leitores do blog!

Diva: Muito obrigada pela atenção, mal posso aguardar para conhecer a todos vocês na próxima turnê. Nervosa will never die!!!


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