quarta-feira, 26 de julho de 2023

BLACKNING - "AWAKENING RAGE" (2023)

 

BLACKNING 
AWAKENING RAGE 
Black Lion Records - Importado

Permanecer passando um rolo compressor por cima de qualquer obstáculo parece ser um dos objetivos dos paulistanos do Blackning. Desde o lançamento do seu primeiro disco, “Order of Chaos", em 2014, o grupo já passou por poucas e boas, e, incrivelmente, estão de pé e fortes.

O novo capítulo dessa história começa a ser escrito agora no final de julho, com “Awakening Rage”. Existem diversos pontos positivos nas 11 faixas presentes, mas algumas chamam bastante atenção. A linha musical do grupo sempre foi uma ode ao thrash metal rápido e sorrateiro dos anos 80, mas, agora em seu terceiro ato, houve um amadurecimento com elementos sendo incorporado ao som dando uma “engordada” e fazendo com que houvesse um ganho de brutalidade extra no instrumental. É como se tivéssemos Slayer (Seasons in the Abyss para frente), Exodus (fase Rob Dukes), Testament (dos últimos 15 anos). Sepultura (Chaos AD) e uma peça atual como o Gojira são as referências para o amigo leitor.

A simples frase: "O Blackning está lançando um voleio na fuça dos fãs e desavisados” já seria o suficiente para destacar o poderio da banda, pois, literalmente jorram adrenalina, peso, destruição e agressividade com uma boa dose de groove. A honra de abertura é feita pela sugestiva “Violate”, um convite para qualquer camisa preta destroçar o pescoço com seu direcionamento rápido e sorrateiro, puxando mais pro lado clássico e old school do thrash metal. Seguindo com “Greed and Lies”, “Disfigured Trust” e “Lamb To the Slaughter” temos uma banda diversificada acelerando quando necessário, mas segurando a “desgraceira” para dar um clima denso e carregado para depois soltar o freio na banguela e ver o “coro comer”.

Os riffs são marcantes, os refrãos por muitas vezes são pegajosos prontos para os shows e a cozinha (baixo e bateria) trabalha de forma coesa. As faixas “Never To Be Free” e “Insanity In Power” são daquelas que você escuta já imaginando como vão soar ao vivo, com todos erguendo os punhos e urrando fazendo com que todas as pregas vocais sejam dilaceradas. O quarteto final “Vengeance is Mine”, “Eye For An Eye”, “Unnamed Reality” e “Lies That Blind” te dizem: “Tirem crianças e velhinhos” da sala, pois violência gera violência, rodas, moshpit devem ser formados imediatamente e “bangear” vira uma obrigação cívica.

O disco eleva o patamar do grupo mostrando uma sinergia ímpar que se criou entre os integrantes, “Awakening Rage”, não dá tempo para passagens puras e melodias açucaradas, muito menos para respirarmos após diversos “golpes brutos”. Cleber Orsioli (Guitarra e Voz), Zozi Silveira (Guitarra), Ricardo Brigas (Baixo) e Renan Pigmew (Bateria) não dão clemência aos tímpanos sensíveis, o que resulta num trabalho digno de nota 10.

Blackning — A máquina de destruição brasileira.

William Ribas





terça-feira, 25 de julho de 2023

METALLICA - KILL 'EM ALL - 40 ANOS!

 


METALLICA - KILL 'EM ALL 40 ANOS

25 de julho de 1983. James Hetfield, Kirk Hammett, Cliff Burton e Lars Ulrich, o quarteto mais conhecido mundialmente como METALLICA, lançava seu álbum de estreia. Mas muito mais do que um álbum que dava início à vitoriosa carreira da banda, KILL 'EM ALL foi um marco, o ponto zero daquilo que se convencionou chamar de THRASH METAL. Guitarras velozes e sujas, baixo pesado e intenso, bateria na velocidade da luz e ao mesmo tempo marcada e um vocal que ficou eternizado como a voz de uma geração. Nós do REBEL ROCK, decidimos fazer uma pequena mas justa homenagem ao disco que mudou o cenário do Heavy Metal. METAL UP YOUR ASS!!!!


"Tudo chamaria a atenção dos "metalheads", "Headbangers", "Rockers", naquele 25 de julho de 1983: 
O nome da banda, a capa com uma marreta jogada em uma poça de sangue e na contracapa as caras de mal-encarados dos quatro moleques do tal METALLICA. Mas o que realmente impressionava era a sonoridade única, violenta e agressiva que o vinil continha: Riffs de guitarra rápidos e solos velozes, o baixo "na cara" e vibrante de um sujeito que viraria lenda e a bateria variada e criativa mostravam ao mundo uma nova forma de se tocar heavy metal. Surgia ali, em "Kill 'Em All" um dos marcos da história da música pesada, imitado diversas vezes e nunca igualado, um álbum que influenciou até bandas que influenciaram o METALLICA. Uma obra atemporal e inesquecível. "Clássico é clássico e vice versa", como disse uma vez o "poeta" Artilheiro Jardel. Feliz aniversário KILL EM ALL Feliz 40 anos. Os primeiros 40 anos da eternidade."

José Henrique Godoy

"A sensação que tive ao escutar “Kill 'Em All” pela primeira vez, nenhum outro álbum até hoje chegou perto de me fazer sentir. O trabalho só tem o meu hino favorito de todos os tempos — “Seek and Destroy”.
Os riffs como se fossem um ataque de abelhas, o vocal “adolescente”, a rapidez das músicas, os refrãos... TUDO soa maravilhosamente ingênuo e poderoso. Aliás, um trabalho que se chamaria “Metal Up Your Ass” não teria a mínima chance de ser fraco.
“Kill 'Em All” é um disco formador de caráter, é um trabalho que será eterno enquanto existir a humanidade.

William Ribas

"Quatro décadas transcorreram e o tempo passou, até pro Kill 'Em All. Se é verdade que o tempo não perdoa ninguém, também é real que ele agracia os mais fortes. Quem escutou esse disco em pleno 25 de julho de 1983, aposto, não fazia ideia que estava diante um momento histórico que seria lembrado para muito além da existência orgânica. Hoje, é mais fácil pegar o disco na mão e ter certeza que ele foi um agente importante e transformador, dentro da cultura do som pesado. Sutil como um elefante dentro de uma loja de cristais, o Metallica despejou toda velocidade e raiva para construir esses poucos mais de 51 minutos, que alteraram o estado natural de todo ecossistema do andamento rápido. Bom, essa sensação, de poder ouvir o Kill ‘em All em sua era natural, eu não tive a oportunidade, muitos não a tiveram. Mas tenho certeza de que, de hoje em diante, muitos jovens o ouvirão pela primeira vez. E se, em pelo menos uma destas vezes, eu tiver a honra de indicar, então eu me sentirei em 25 de julho de 1983 (novamente). Vida longa Kill ‘em All. Eu, Uillian Vargas e Rebel Rock Crew te desejamos (pelo menos) mais 40 anos de sucesso!"

Uillian Vargas

"Kill ‘Em All não foi o primeiro disco do Metallica que ouvi, mas foi aquele que me causou maior expectativa depois de já ter degustado os 2 álbuns posteriores. De cara me indaguei como uma banda podia chegar de forma tão natural à perfeição aliando tão incrivelmente agressividade e melodia. O que mais precisa ser dito de um trabalho com clássicos eternos como “The Four Horsemen”, “Whiplash”, “Seek and Destroy” e “Metal Militia”? Um disco que moldou o Thrash Metal e direcionou milhares por aí só merece reverências. Um legítimo formador de caráter! #KillEmAllEterno"

Mauro Antunes

"O que falar de Kill ‘Em All? O que falar? Rápido, cortante, agressivo, criativo, já mostrava um Metallica com muita variação num mesmo álbum, já mostrava o brilhantismo de uma lenda do baixo, já mostrava o talento dos solos do guitarrista, e uma dupla de frontman tocando guitarra e bateria. Tirando os clássicos absolutos, ainda temos minhas preferidas "Motorbreath", "Whiplash", "Phantom Lord" e "Metal Militia". Riff em cima de riff, como não dar nota 10? Como? Como não dar nota 10 pra banda mais bem sucedida do planeta em seu simplesmente espetacular debut?"

Márcio Jameson

"Em termos de gostos, especialmente musicais, raras vezes a máxima “não existe unanimidade” pode ser quebrada. Kill’Em All, debut daquela que viria a tornar-se uma das maiores bandas da história, o Metallica, é, sob meu julgamento, uma obra-prima unânime. Afinal, quem conseguiria renegar a estética, a sonoridade, a criatividade, a visão ou a importância desse álbum? Além de inaugurar um dos mais importantes subgêneros do estilo, o thrash metal, eu empenho a certeza de que ele foi primordial à essência de qualquer ouvinte de música pesada.

É um trabalho atemporal de uma banda que nasceu já em pleno brilhantismo. Não importa quando por ventura você tenha ouvido o álbum pela primeira ou última vez – ou se você o escuta todos os dias! - uma certeza é incontestável: (re)encontrar petardos como "Hit The Lights", "The Four Hourseman", "Motorbreath", "Whiplash', 'Seek and Destroy", 'Phantom Lord', 'No Remorse", entre outros clássicos, sem transitar pela a mais pura e energética adrenalina e não (re)viver a transcendência musical que aqueles 4 garotos cheios de espinhas da contracapa do disco legaram para a história é, literalmente, impossível. É um álbum pessoalmente impressionante. Eu sempre que escuto o fade in dos pratos de Lars surgindo ao início da faixa 1, Hit The Lights, volto a uma sensorial viagem no tempo e reencontro o meu eu adolescente de 14 anos, também cheio de espinhas e revolta a ser deliberada, e, ainda assim sou novamente surpreendido com o poder desse álbum. Seja para a história da música ou de cada ouvinte de Metallica, estamos falando de uma obra-prima que, como disse ao início, não acredito em outro adjetivo o qual não seja “unânime”."

Gregory Weiss Costa

" A primeira música do Metallica que eu ouvi foi "Jump in the Fire", uma das menos lembradas quando se fala em Kill 'Em All". Por sorte ou coincidência, o álbum foi o segundo trabalho de James, Kirk, Cliff e Lars que eu tive o privilégio de ouvir, vez que "Ride The Lightning", lançado um ano depois, me foi apresentado primeiro e veio a se tornar meu álbum preferido do METALLICA. No entanto, poucas estréias se mostraram tão significativas dentro do Heavy metal, afinal, o trabalho do grupo veio para criar e moldar um estilo que se firmou como um dos mais populares dentro do cenário: o nosso querido e amado THRASH METAL. A já citada "Jum in the Fire", "Motorbreath" (uma das músicas mais sensacionais já escritas pela banda), "Metal Militia", "Hit the Lights", "No Remorse" (resgatada pela banda na última turnê", "Seek & Destroy", ""Whiplash".... O que dizer depois de uma sequência de músicas desse calibre? Um marco, um petardo, um clássico. Palavras não definem de forma precisa esse disco."

Sergiomar Menezes

Kill ‘Em All é, sem dúvidas, uma das mais importantes estreias de uma banda de metal. Considerado por muitos o pioneiro do thrash metal, o álbum apresenta músicas com riffs muito pesados, bateria acelerada e vocal rasgado, caracterizando o estilo. Não apenas para o estilo, mas também para a icônica banda Metallica, o álbum inaugura uma trilogia de discos irretocáveis. O impacto inicial é pela capa. Uma obra com tons pesados e violentos já mostra ao ouvindo o que ele pode esperar de sua sonoridade. Sem mencionar a estreia da lendário logo da banda. 

A sua qualidade sonora é resultado de uma formação clássica bastante entrosada, com músicos no seu auge técnico e compositores no seu (quase) apogeu criativo. Kirk, que acabara de substituir Mustaine, toca solos muito agradáveis e rápidos. Cliff Burton dispensa comentários, a faixa instrumental "Pulling Teeth" demonstra o quão talentoso esse saudoso músico era. Lars, embora hoje seja bastante criticado, em sua estreia faz o ótimo papel de tocar bateria frenética como um álbum de thrash metal deve ser. E, claro, James Hetfield com seu belíssimo vocal rico em drives. 

Ao se falar do Kill ‘Em All, não podemos esquecer de mencionar Dave Mustaine, que deixou sua colaboração em composições, como "The Four Horsemen", "Jump In The Fire", "Phantom Lord" e "Metal Militia". Por falar em composições, minhas favoritas são: "The Four Horsemen", "Whiplash", "No Remorse" e "Seek and Destroy", com seu excelente refrão contagiante. Uma ótima estreia de uma das maiores bandas do mundo."

Thiago Rodrigues




sexta-feira, 21 de julho de 2023

FLAGELADöR - AO VIVO

 

FLAGELADÖR
AO VIVO
Dies Irae Records - Nacional

O Flageladör já é, há mais de duas décadas, uma das bandas mais cultuadas e poderosas do underground nacional. Destilando desde seu primeiro registro, um Speed/Thrash metal furioso, nos moldes dos pioneiros de ambos os estilos, os cariocas da cidade de Niterói são uma referência para os fanáticos do metal veloz forjado nos anos 80.

Após o lançamento de quatro ótimos trabalhos em estúdio, o Flageladör lança este “Ao Vivo”, gravado originalmente em 2020, em uma apresentação no Sesc Belenzinho em São Paulo, com a proposta de deixar registrado o que eles entregam em suas apresentações: um metal rápido, violento e sem firulas.

A formação do Flageladör neste show conta com Armando Exekutör (guitarra /vocal), Lucas Chuluc (guitarra), Alan Magno (baixo) e Hugo Golon (bateria). O quarteto desfila faixas de toda a sua discografia, iniciando com a clássica “ Nasminhas veias corre Fogo”, passando por outras favoritas como “Possessão Diabólica” (essa é puro Slayer fase inicial), “Assalto da Motosserra”, “Cruzada ao lado de Satã” , “Obcecado por Sangue”, entre outras.

O que chama a atenção também é a ótima produção, principalmente para uma gravação ao vivo. Se por um lado, o som do Flageladör produz no palco um som ríspido e sujo, por outro a produção é clara e limpa, destacando todos os instrumentos e entregando uma ótima experiência ao ouvinte.

Se você já assistiu o Flageladör ao vivo, sabe a qualidade dos shows dos cariocas, e este “ Ao Vivo”, lançado num CD edição especial com slipcase, pôster, adesivo e booklet de 12 páginas com letras e fotos inéditas pela Dies Irae Records, é um ótimo “souvenir” para lembrar das apresentações furiosas e energéticas desta emblemática banda do underground brasileiro. Vale e muito a pena ter na sua coleção.

José Henrique Godoy





SEPULTURA - SESC BELENZINHO - SÃO PAULO/SP - 15/07/2013



SEPULTURA
SESC BELENZINHO
SÃO PAULO/SP
15/07/023

Texto e vídeos: William Ribas
Fotos: Johnny Z. (Metal na Lata)

Existem duas considerações extremamente importantes sobre o Sepultura. A primeira é pensar que ao lado do futebol (principalmente do Pelé) são os responsáveis legítimos do Brasil ser conhecido e reconhecido lá fora. Segundo, não importa a formação, ou fase, por onde passam causam destruição.

A expectativa para as duas noites no SESC Belenzinho eram altas, o alvoroço começou na abertura dos ingressos com site saindo do ar, filas e esgotamento em questão de minutos. A banda segue promovendo o excelente disco “Quadra”, lançado pouco antes da pandemia, então muitas músicas do trabalho estão presentes, deixando diversos clássicos esquentando o “banco de reservas” para as comemorações dos 40 anos do grupo em 2024. Abrindo com “Isolation” seguindo da “classuda” “Territory” colocou a Zona Leste de São Paulo em estado total de atenção, não é possível que os urros de Derrick e público não estivessem sendo ouvidos a quilômetros. A sinergia entre banda e sua Sepulnation era incrível e permaneceu intacta durante as 17 músicas do setlist.



A trinca “Derrick Years” com “Means to an End”, “Capital Enslavement” e “Kairos” preparou o terreno para “Propaganda”, música que me traz o mais puro sentimento nostálgico. Não importa quantas vezes tenha conferido o Sepultura, em todas em que ouço músicas do “Chaos AD”, eu lembro do moleque de 11 anos que entrou numa banca de jornal e comprou o disco que mudaria sua vida para sempre em 1995. “Guardians of Earth” traz todos novamente para o presente, traz Andreas Kisser sendo mais guitar hero do que nunca, com riffs e solos geniais, a música que é um dos destaques no mais recente trabalho de estúdio, ao vivo ganha mais amplitude e genialidade. A grande “brincadeira” no show é viver o momento atual e passado sendo um grande transmissor de emoções, pois bem, novamente velhas canções como “Cut-Throat” e “Dead Embryonic Cells” trazendo diversidade ao recinto com destaque para o baixo cheio de distorção do inquieto, Paulo Xisto.


Dentro tudo, é incrivelmente contagiante ouvir as “marretadas” de Eloy Casagrande no kit de bateria. As linhas e movimentos complexos e certeiros não são humanos, o baterista certamente é algum alienígena que cansado do marasmo em outras galáxias resolveu “brincar” na Terra de ser baterista do maior orgulho brasileiro. A chegada de “Machine Messiah”, “Infected Voice” e “Agony Defeat”(essa entra no meu rol de melhores músicas do Sepultura) deixam claro a escolha por Derrick Green há quase 25 anos, o cara é versátil. Não adianta viúvas chorarem, baterem os pés ou contar tudo para mamãe, o que passou, passou, e Derrick, é uma evolução constante. Os números finais foram de clássicos eternos “Refuse/Resist”, “Arise”, “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots”, com pessoas pulando, bangueando, gritando como se não houvesse amanhã e celulares sendo perdidos em meio ao furacão proporcionado.


Uma noite inesquecível, seja você “old school”, ou, marinheiro de primeira viagem. Os gritos de Sepultura, Sepultura, Sepultura… vão ecoar por um bom tempo na memória de todos.

Obrigado, Sepultura, do Brasil!

“Means to an End”

“Guardians of Earth”


sexta-feira, 7 de julho de 2023

ENFORCER - NOSTALGIA

 

ENFORCER - NOSTALGIA 
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Uma vez, quando indagados por uma famosa revista de seu país sobre seu estilo ser muito “old school”, os suecos do Enforcer foram cirúrgicos na resposta: “não existe música ‘old school’, existe música atemporal”.

Então, sejam “old school” ou “atemporais”, a banda lança seu novo álbum, 6º de estúdio, intitulado “Nostalgia”, e apresenta na obra o costumeiro speed metal que os consagraram na cena como um dos maiores nomes do gênero. Assim, sem grandes arroubos ou surpresas, temos em mãos mais um trabalho que nos leva àquele território seguro e conhecido de guitarras velozes e de mística oitentista que ainda ressoa labaredas da era do NWOBHM

Se em seu trabalho anterior, “Zenith”, de 2019, o quarteto liderado pelo guitarrista e vocalista Olof Wikstrand trouxe um novo frescor ao tradicional som que se propõem a fazer – sendo inclusive bem elogiados e avaliados pela crítica especializada - em “Nostalgia” percebe-se nitidamente que o Enforcer quis retornar ao berço confortável por onde começaram sua história. A ideia de “Nostalgia” é, segundo a própria banda, um retorno às raízes, mas, para este ouvinte que vos escreve, isso parece uma balela. Primeiro, por que o grupo nunca se distanciou muito de suas raízes; segundo, porque até mesmo um trabalho que se rotule intencionalmente como um “retorno” carece, evidentemente, também, de inspiração. E “inspirado” não é um adjetivo que você possa remeter ao novo álbum do Enforcer.

Trata-se de um trabalho o qual você arma os pressupostos da seguinte maneira: se você não conhece a banda, não comece por aqui. Se você conhece, já sabe que a banda é muito mais do que isso. Se você quer conhecer o estilo, “Nostalgia” não é um resumo eficiente para tal propósito. Se já conhece, certamente sabe citar uma lista de trabalhos mais relevantes à frente.

Ainda assim, o disco tem seus momentos. Faixas como “Coming Alive”, “Kiss Of Death”, “At The End Of The Rainbow” e “Metal Supremacia” apresentam toda a potência e qualidade do grupo - competência já esperada de certa forma. Afinal, no ano que vem os suecos completam 3 décadas de estrada, ou seja, encontram-se em um estágio mais complexo do que apenas surpreender ou ofertar mais do mesmo. As mencionadas músicas são excelentes e bem trabalhadas, mas ainda não consagram tudo que o Enforcer fez ou poderia fazer.

Por outro lado, o disco traz pontos questionáveis. A faixa-título “Nostalgia” é mais um clichê oitentista do que propriamente uma ode ao estilo. “Demon” e “No Tomorrow” seguem nessa mesmice beirando ao esquecível. “Heartbeats” é um um Def Leppard chupinhado descaradamente! Seria uma homenagem ou falta óbvia de inspiração? Não sei responder. Porém, é em “Keep The Flame Alive” que você fica sem entender o que os suecos objetivaram. Uma música de speed metal que descamba para uma sonoridade de Disco Music dos anos 70! Por momentos assim, a questão do que seria um tributo singra, na realidade, para uma aparente falta de identidade ou de identificação própria do grupo.

Por fim, embora “Nostalgia” esteja distante de ser um trabalho inaudível ou até mesmo fraco, ele não empolga da maneira a qual se sabe que o “Enforcer” tem capacidade para fazer. O álbum não deixa claro sua pretensão de servir como um retorno ou homenagem às raízes do speed e do heavy tradicional, ou se utilizou essa carapuça para apenas fechar e prensar o disco. Conforme mencionei anteriormente, a obra careceu de inspiração ou de uma identidade mais coesa. Para os ouvintes, vale a experiência, contudo, será mais um disco que, na minha opinião, irá acumular poeira na prateleira. A maioria das bandas, em algum momento de seus percursos, têm manifestações não muito claras de suas sonoridades em suas linhas temporais, e talvez, em “Nostalgia”, estejamos presenciando esse pé fora da trilha do “Enforcer”. Ficamos na espera de trabalhos futuros, esperançosos, claro, pois se algo que esses 4 suecos possuem é força, agressividade e presença para fazer o “old school” ou “atemporal” reluzir brilhantemente na cena metálica.

Gregory Weiss Costa