ELECTRIC MOB - 2 MAKE U CRY & DANCE
Frontiers Music s.r.l.
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Algumas bandas parecem surgir com o destino traçado, qual seja, obter sucesso e reconhecimento merecido. Outras, infelizmente, ainda que dotadas de talento ímpar e muita qualidade, acabam caindo na vala comum ou não despertando o interesse do público. Felizmente, a ELECTRIC MOB se encaixa na primeira alternativa. Que banda, meus amigos! QUE BANDA! Se o álbum de estreia, "Discharge", lançado em 2020, já mostrava uma banda madura, que não tinha a menor preocupação em agradar nenhum setor específico da indústria musical, aqui em "2 MAKE U CRY & DANCE", o nível de excelência do grupo volta a se manifestar trazendo um lado mais pesado e intenso do quarteto, que ao que tudo indica, não veio apenas para ficar, mas para deixar sua marca dentro do cenário nacional e mundial.
Renan Zonta (vocal), Ben Hur Auwarter (guitarra), Yuri Elero (baixo) e André Leister (bateria) retornam após três anos do lançamento de "Discharge", com um trabalho que, não tenho nenhum receio em afirmar, é muito superior ao seu antecessor. E olha que essa tarefa não seria nada fácil, vez que o álbum de estreia mostrou uma banda concisa, vibrante e repleta de qualidade. Mas esse novo trabalho traz uma pegada mais densa, forte e mais uma vez, Renan Zonta mostrando toda sua capacidade vocal. É impressionante o que esse cara canta. Verdade que a banda facilita seu trabalho, afinal, Ben Hur toca sua guitarra de forma certeira, numa gama de influências que vão de Vernon Reid à Eddie Van Halen com extrema facilidade. Já a cozinha composta por Yuri e Alex tem sua base instrumental calcada do groove, mas com peso e melodia na medida, numa mistura interessante entre os 70's, 80's, 90's e 2000. Não bastasse isso, a produção conseguiu aprimorar ainda mais a sonoridade do grupo pois se mostra cristalina quando pode e suja quando precisa. A capa, ainda que divertida, e tenho certeza que essa foi a intenção do grupo, destoa um pouco daquilo que é apresentado. Mas estamos falando de Rock n' Roll, não é mesmo? Just let it roll...
O álbum abre com "Sun is Falling" e de cara já podemos perceber a atmosfera um pouco mais pesada apresentada pelo quarteto. Intensa e cheia de groove, a faixa carrega o peso de ser o cartão de visitas e cumpre seu papel com extrema maestria. Renan dá um show de interpretação em um refrão que não sai mais da cabeça depois da primeira audição. Me arrisco a dizer que além de uma das melhores músicas do play, a composição é uma das melhores faixas já escritas pela banda. "Will Shine" na sequência inicia com um ritmo nordestino, que por alguns breves instantes me transportou para os saudosos tempos de "Holy Land" do Angra... No entanto, o papo aqui é bem diferente. Impressiona a capacidade criativa do grupo que conseguiu dar um direcionamento totalmente diverso á composição, numa pegada bem atual. O peso vem com força em "IT'S GONNA HURT", numa levada carregada de feeling, o que contrasta de forma perfeita com a faixa seguinte, "By the Name (nanana)", mais alto astral, dotada de um refrão marcante, onde o "nanana" ganha uma intensidade cheia de personalidade. A veia Living Colour/Talisman do grupo dá as caras em "Soul Stealer", composição essa que deixa a banda toda à vontade para expor suas influências, mas com identidade própria.
"4 Letters" é a faixa mais Hard do trabalho, mas não com a mesma pegada que a sensacional "Fair Off" do álbum anterior. Mais melódica e "suave", a música vai ganhando intensidade e se mostra um belo destaque. Se o peso estava um pouco esquecido, "Locked n' Loaded" vem para mostrar que a banda não está pra brincadeira. Renan Zonta busca uma nova camada de voz, cantando de uma forma um pouco diferente em alguns momentos, mas com a mesma classe e categoria de sempre. Se a veia Living Colour/Talisman já tinha aparecido anteriormente, ela volta com mais força em "Saddest Funk Ever" que, como o nome entrega, tem uma levada de baixo e bateria destruidores. "Thy Kingdom Come" traz a veia Hard/Heavy do grupo com velocidade, riffs e melodia na medida certa. "Love Cage" mantem o clima lá em cima para o encerramento com "WATCH ME (I'm Today's News), uma faixa mais "sombria", se é que é possível usar essa conotação num trabalho do grupo. Mas a atmosfera da composição tem essa aura mais densa, e dá fim a um trabalho que não poderia ser descrito com nenhuma outra palavra que não seja: SENSACIONAL!
O Brasil possui muitas bandas que merecem um maior reconhecimento aqui, dentro das nossas quatro linhas. Se for falar o nome de todas, precisaria de uma enciclopédia, pois além de bandas mais antigas, bandas com histórias recentes já estão fazendo por merecer isso. 2 MAKE U CRY & DANCE é um álbum que apenas corrobora, agora com mais veemência toda a capacidade e talento do ELECTRIC MOB. Tá no hora do país reconhecer de forma fervorosa uma das bandas mais talentosas do nosso cenário.
Sergiomar Menezes