terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

ELECTRIC MOB - 2 MAKE U CRY & DANCE (2023)

 


ELECTRIC MOB - 2 MAKE U CRY & DANCE
Frontiers Music s.r.l.

Algumas bandas parecem surgir com o destino traçado, qual seja, obter sucesso e reconhecimento merecido. Outras, infelizmente, ainda que dotadas de talento ímpar e muita qualidade, acabam caindo na vala comum ou não despertando o interesse do público. Felizmente, a ELECTRIC MOB se encaixa na primeira alternativa. Que banda, meus amigos! QUE BANDA! Se o álbum de estreia, "Discharge", lançado em 2020, já mostrava uma banda madura, que não tinha a menor preocupação em agradar nenhum setor específico da indústria musical, aqui em "2 MAKE U CRY & DANCE", o nível de excelência do grupo volta a se manifestar trazendo um lado mais pesado e intenso do quarteto, que ao que tudo indica, não veio apenas para ficar, mas para deixar sua marca dentro do cenário nacional e mundial.

Renan Zonta (vocal), Ben Hur Auwarter (guitarra), Yuri Elero (baixo) e André Leister (bateria) retornam após três anos do lançamento de "Discharge", com um trabalho que, não tenho nenhum receio em afirmar, é muito superior ao seu antecessor. E olha que essa tarefa não seria nada fácil, vez que o álbum de estreia mostrou uma banda concisa, vibrante e repleta de qualidade. Mas esse novo trabalho traz uma pegada mais densa, forte e mais uma vez, Renan Zonta mostrando toda sua capacidade vocal. É impressionante o que esse cara canta. Verdade que a banda facilita seu trabalho, afinal, Ben Hur toca sua guitarra de forma certeira, numa gama de influências que vão de Vernon Reid à Eddie Van Halen com extrema facilidade. Já a cozinha composta por Yuri e Alex tem sua base instrumental calcada do groove, mas com peso e melodia na medida, numa mistura interessante entre os 70's, 80's, 90's e 2000. Não bastasse isso, a produção conseguiu aprimorar ainda mais a sonoridade do grupo pois se mostra cristalina quando pode e suja quando precisa. A capa, ainda que divertida, e tenho certeza que essa foi a intenção do grupo, destoa um pouco daquilo que é apresentado. Mas estamos falando de Rock n' Roll, não é mesmo? Just let it roll...

O álbum abre com "Sun is Falling" e de cara já podemos perceber a atmosfera um pouco mais pesada apresentada pelo quarteto. Intensa e cheia de groove, a faixa carrega o peso de ser o cartão de visitas e cumpre seu papel com extrema maestria. Renan dá um show de interpretação em um refrão que não sai mais da cabeça depois da primeira audição. Me arrisco a dizer que além de uma das melhores músicas do play, a composição é uma das melhores faixas já escritas pela banda. "Will Shine" na sequência inicia com um ritmo nordestino, que por alguns breves instantes me transportou para os saudosos tempos de "Holy Land" do Angra... No entanto, o papo aqui é bem diferente. Impressiona a capacidade criativa do grupo que conseguiu dar um direcionamento totalmente diverso á composição, numa pegada bem atual. O peso vem com força em "IT'S GONNA HURT", numa levada carregada de feeling, o que contrasta de forma perfeita com a faixa seguinte, "By the Name (nanana)", mais alto astral, dotada de um refrão marcante, onde o "nanana" ganha uma intensidade cheia de personalidade. A veia Living Colour/Talisman do grupo dá as caras em "Soul Stealer", composição essa que deixa a banda toda à vontade para expor suas influências, mas com identidade própria.

"4 Letters" é a faixa mais Hard do trabalho, mas não com a mesma pegada que a sensacional "Fair Off" do álbum anterior. Mais melódica e "suave", a música vai ganhando intensidade  e se mostra um belo destaque. Se o peso estava um pouco esquecido, "Locked n' Loaded" vem para mostrar que a banda não está pra brincadeira. Renan Zonta busca uma nova camada de voz, cantando de uma forma um pouco diferente em alguns momentos, mas com a mesma classe e  categoria de sempre. Se a veia Living Colour/Talisman já tinha aparecido anteriormente, ela volta com mais força em "Saddest Funk Ever" que, como o nome entrega, tem uma levada de baixo e bateria destruidores. "Thy Kingdom Come" traz a veia Hard/Heavy do grupo com velocidade, riffs e melodia na medida certa. "Love Cage" mantem o clima lá em cima para o encerramento com "WATCH ME (I'm Today's News), uma faixa mais "sombria", se é que é possível usar essa conotação num trabalho do grupo. Mas a atmosfera da composição tem essa aura mais densa, e dá fim a um trabalho que não poderia ser descrito com nenhuma outra palavra que não seja: SENSACIONAL!

O Brasil possui muitas bandas que merecem um maior reconhecimento aqui, dentro das nossas quatro linhas. Se for falar o nome de todas, precisaria de uma enciclopédia, pois além de bandas mais antigas, bandas com histórias recentes já estão fazendo por merecer isso. 2 MAKE U CRY & DANCE é um álbum que apenas corrobora, agora com mais veemência toda a capacidade e talento do ELECTRIC MOB. Tá no hora do país reconhecer de forma fervorosa uma das bandas mais talentosas do nosso cenário.

Sergiomar Menezes




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

PAUL DIANNO - TEATRO DO CIEE - PORTO ALEGRE/RS 23/02


PAUL DIANNO
Abertura: ELECTRIC GYPSY
                   NOTURNALL
Local: Teatro do CIEE - Porto Alegre/RS
Data: 23/02/2023
Produção: Estética Torta

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Uillian Vargas


Quando a turnê de Paul DiAnno foi anunciada há vários meses, muito se foi falado e especulado pelos fãs e pela imprensa especializada, primeiramente pelo estado de saúde de Paul, que passou por uma cirurgia quase que de emergência para recuperar-se dos complicados problemas que vinha atravessando, bem como pela quantidade de shows agendados em curtos espaços de tempo (31 apresentações em solo brasileiro).

Somando a isso , logo no início da tour, primeiro show em Fortaleza e vários problemas aconteceram, com uma performance abaixo do esperado, show curto e Paul visivelmente debilitado, setlist com poucas músicas e pronto: estava instaurada a polêmica. Inclusive com alguns “cronistas” mais exacerbados e “a beira de um ataque de nervos” chegando a sugerir que interditassem a tour. Mas Paul é o “The First Iron Man” – Não adianta você, nobre “connoisseur”, vir bradar aos 4 ventos que o Sr. DiAnno não é o primeiro vocalista do Maiden, porque antes tiveram Paul Day, Chico Night, Zezinho From the Dawn e outros menos citados. Paul DiAnno é o primeiro vocalista QUE CONTA para o Iron Maiden, pois foi com ele que a Donzela gravou seus primorosos primeiros discos.

Mas então a tour chegou a Porto Alegre, ao contrário do que muitos “previam”. E é sobre essa noite especial que devemos falar aqui. O local escolhido foi o Teatro do CIEE, que como o próprio nome diz, é um Teatro, com cadeiras onde o público irá assistir sentado, o que não é muito comum em shows de metal, mas que proporciona, por outro lado, uma ótima experiência, pois independente do local que você esteja, consegue ter uma excelente visão do palco.

Com um atraso de 20 minutos, os mineiros do Electric Gipsy abrem os trabalhos com “More Than Meets The Eye” faixa que inicia o seu novo lançamento, o EP “ Stars”. De cara ganham o público, com seu hard rock forte, contagiante e muito bem feito.

Ao olhar rapidamente o Electric Gipsy no palco, é fácil notar as influências: Guzz Collins (Voz) visualmente lembra bastante Vince Neil do Motley Crüe, (da fase em que Neil estava em muito melhor forma física), enquanto o exímio guitarrista Nolas é uma cria do Deus Eddie Van Halen, inclusive nos trejeitos, “dancinhas” e corridas pelo palco. Estas influências ficam ainda mais evidentes pelos dois covers primorosamente executados por eles: Hot For Teacher (Van Halen) e Kickstart My Heart (Mötley Crüe). Apesar dessas nítidas referências, que fique claro que o trabalho próprio foi o que realmente impressionou os presentes, pois  tem muita personalidade e qualidade, como em “Devil Make Me Do it” e “Heads On Tails”. “Shoot `em Down, com destaque  para a cozinha da banda formada por Pete (baixo ) e Robert Zimmerman (bateria), encerra a ótima apresentação do Electric Gipsy. Você, fã de Hard Rock, não pode se considerar digno do gênero se deixar de conhecer estes mineiros, que não devem nada para as bandas gringas que você idolatra. Vá por mim, não é exagero.




Passado um intervalo de 30 minutos, se inicia a apresentação do Noturnall. Thiago Bianchi (Vocal), Leo Mancini (guitarra), Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria), entregam um prog metal muito trabalhado e cheio de técnica, que agrada com certeza fãs de Dream Theater, Symphony X, e etc. Alternam às vezes, inclusive, passagens mais pesadas, beirando o thrash metal, mas que num primeiro momento não animou muito a plateia, o que fez Thiago Bianchi brincar com o público, dizendo que eles não estavam em um cinema, e que tinha certeza que até a quinta música todos estariam de pé. E assim foi, porém a quinta música foi o hino “Thunderstruck” do AC/DC, um tanto inusitada e fora do contexto, mas necessária para o momento, pois a partir dai sim, os presentes se animaram e começaram a interagir e participar do show, atendendo as solicitações de interação de Bianchi (e como fala este rapaz). No geral, um bom show do Noturnall, que teve um telão ao fundo, exibindo os vídeos das músicas que estavam sendo executadas no palco. Destaques para as ótimas “Fight the System”, “Reset Game” e o cover de “O Tempo Não Pára” de Cazuza.




Finalizado o Nocturnall, tivemos um longo intervalo, até que as 23:00hrs, Thiago Bianchi e o escritor Stjepan "Stipe" Juras, especialista em Maiden, e apontado como o homem responsável por colocar Paul DiAnno novamente em condições de se recuperar, falam a plateia, sobre a tour e a importância de comprar os merchandising da tour, para colaborar e ajudar DiAnno. 

Após mais alguns minutos, a cortina se abre (não esqueçam, estávamos em um Teatro), e lá está a lenda, a Besta, o Sr. Paul DiAnno, o verdadeiro primeiro vocalista do Maiden (e não se discute isso mais). Com uma boa fisionomia, e entre sorrisos, enquanto rolava a intro “The Ides of The March”, diz que fazia muito tempo que não vinha a Porto Alegre, e que estava sentindo falta! E dá inicio com a mais que clássica “Wrathchild”, e o teatro, que se não estava totalmente lotado, tinha um ótimo público, veio abaixo. A banda que acompanha Paul, a saber é: Nolas (guitarra- Electric Gipsy), Leo Mancini (guitarra), Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria) do Noturnall. Sem intervalo, “Purgatory” veio fazendo os fãs da velha donzela se emocionarem. No meu caso em particular, me transportei aos meus 13 anos, no meu quarto, ouvindo as minhas mal gravadas fitas K7 até ganhar meu primeiro LP ”Killers” da minha saudosa mãe.

Paul , sentado na sua cadeira de rodas, apresenta um excelente humor, e sua voz estava muito boa, para desespero dos detratores, ou como o próprio DiAnno se refere, os “Guerreiros de Teclados”. Sempre que possível , brinca que é horrível estar sóbrio e beber só água mineral.

Argumento que caiu por terra mais adiante, pois deu uns goles numa Heineken  aparentemente quente) e até numa tequila, solicitada por ele próprio. Seguiram-se “Murders in the Rue Morgue”, “Remember Tomorrow” (que Paul dedicou ao velho amigo e parceiro, o falecido baterista Clive Burr). Paul diz que vai quebrar uma promessa que tinha feito aos médicos e ia sair do palco um pouco, para fumar um cigarro, enquanto a banda executa a instrumental “Genghis Khan”. Que fique o registro: a banda executou todas as músicas de forma soberba, em todos os detalhes que conhecemos nos álbuns originais, nota por nota!

“Killers”, “Charlotte the Harlot”(ambas cantadas em uníssono pelo público), Transylvania (que Paul disse achar uma composição maravilhosa, pois ele não canta) e até chegarmos a obra prima “Phantom Of The Opera”...Esta fez este que vos escreve dar uma embargada na voz e quase que caiu uma lágrima...

Paul a esta altura, ainda se mostrava muito animado e feliz, porém a sua voz já dava algum sinal de cansaço, mas nada que tirasse o brilho da sua performance. “Paul DiAnno sentado é muito melhor que vários outros que andam normalmente pelo palco”, me disse um amigo. Errado ele não está, de jeito nenhum. "Running Free" contou com a participação de Guzz Collins, vocal do Eletric Gipsy. Finalizando com “Prowler”, sem anunciar (e precisa?) "Iron Maiden", DiAnno se despede e vai atender aos fãs que adquiriram o pacote meet and greet.





Já assisti a alguns shows do Paul DiAnno, e posso garantir que este, se não foi o melhor, foi um dos melhores. Muito bom poder dizer isso, e inclusive pude trocar uma ideia com outros amigos que tiveram a mesma opinião. Ótimo também para tapar a boca de vários detratores, que não sabem o que se passa, e ficam, como se diz aqui no RS, fazendo uma “faisqueira” na internet, apenas para ganhar cliques. Para esses eu digo: Longa Vida a Paul DiAnno, que ele possa tomar as rédeas de sua carreira e se recuperar totalmente dos seus problemas de saúde. Que possamos vê-lo ainda por muitos anos no palco.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

SKULLFIST, DISTRAUGHT, BATTALION E GOATEN - 21/02 - PORTO ALEGRE/RS

 


SKULLFIST
DISTRAUGHT
BATTALION
GOATEN
Local: OCULTO - Porto Alegre/RS
Data: 21/02
Produção e Assessoria: NEVOEIRO PRODUÇÕES
Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Uillian Vargas

Terça de Carnaval em Porto Alegre e o baile foi em alta velocidade, inaugurando os eventos metálicos do ano. Os canadenses do SkullFist, fizeram a sua estreia em solo gaúcho, acompanhados de Distraught, Battalion e Goaten.

Com a abertura da casa as 17 horas, cedo para os padrões costumeiros, e por se tratar ainda de um final de feriadão prolongado, o público ainda era pequeno, quando exatamente como programado, as 17h30, a Goaten inicia os festejos. A revelação do metal gaúcho e um dos melhores representantes do New Wave of Traditional Heavy Metal nacional, o trio formado por Francis Lima (baixo e vocal), Daniel Limas (guitarra) e Rafaah Drink Wine (bateria) iniciou o set com “ Mistress Of Illusion” do seu primeiro EP “ The Following”. Baseando o set list nas faixas mais rápidas, a Goaten apresentou as duas músicas do recém lançado single “Phantom Chaser”, a faixa título e “Finally Free”, bem como outras composições do segundo EP “Crimson Moonlight”. Após 30 minutos, a Goaten se despede com a já clássica “Bells”, cantada pelos presentes, que infelizmente ainda não estavam em grande número. Uma pena para quem chegou depois, pois deixou de assistir uma ótima apresentação desta banda que já uma realidade forte na cena do RS.






Às 18h30 a segunda banda, Battalion chega despejando seu clássico Speed Metal com total referência aos anos 80, e iniciam o massacre com as ultra velozes “Road Of Revenge” e “Night Rider”, ambas do último álbum da banda “Bleeding Till Death”. A formação da banda era totalmente nova, contando com líder Marcelo Fagundes nos vocais e baixo, enquanto a guitarra ficou a cargo de Lucas From Hell, da banda EvilCult e os tambores por conta de Maicon Marques. Conforme conversa após o show com Marcelo, ele relatou que só tiveram tempo de fazer 3 ensaios antes do apresentação em Porto Alegre, e apesar de uma óbvia falta de entrosamento, o Battalion fez um show excelente, para um público já bem maior, e que não deixou pedra sobre pedra. Para fechar esta apresentação cheia de garra e energia, um cover da clássica “ Violence And Force” do todo poderoso Exciter! Com certeza o Battalion conquistou vários fãs novos após seu show .





Após um intervalo de aproximadamente 20 minutos para a troca de palco, é chegada a hora do baluarte do Thrash Metal gaúcho, ou como poderia ter dito o apresentador Alborghetti: “Os grandes reservas morais do Thrash Metal gaúcho”, a Distraught adentra o palco as 19h30. Capitaneados por André Meyer (vocal), Ricardo Silveira e Everton Acosta (guitarras), Alan Holz (baixo) e Thiago Caurio (bateria), de início já mostram o poder de fogo com “Brazilian Holocaust” e “Locked Forever”. Com um público bem maior, a receptividade para a veterana banda que completou recentemente 33 anos de estrada, foi muito boa, e a Distraught por sua vez, entregou como de costume, uma apresentação cheia de técnica (todos os integrantes são exímios músicos), peso, performance e qualidade. Apesar do tempo não muito extenso (cerca de 40 minutos), a banda apresentou tanto material clássico como “The Human Negligence is Repugnant” como composições mais recentes como “ Crucified Life”. André Meyer é um excelente frontman, e quando “solicitou” que os presentes organizassem rodas e “Walls of Death”, foi prontamente atendido. A Distraught finalizou com “Hellucinations”, uma das “preferidas da casa”, que foi cantada e agitada por todo o público presente ao Oculto.






Falando agora especificamente do local, o Oculto tem se mostrado uma excelente opção para shows undergrounds em Porto Alegre, tendo em vista a carência da cidade em locais para abrir eventos deste porte. Cabe ao público dar força aos eventos realizados por lá, para que possamos continuar tendo o Oculto como um ponto de referência para a cena gaúcha.

As 20h40, chega então o momento mais aguardado da noite: os canadenses do SkullFist iniciam a sua apresentação. Liderados pelo vocalista e guitarrista Zach Slaughter, o SkullFist toma o palco de assalto em alta velocidade, com “Hour to Live” e “Get Fisted”, e imediatamente ganham os presentes. Totalmente perceptível o entusiasmo da banda, que esbanjou simpatia no palco, enquanto tocaram músicas como “Long Live The Fist , “You're Gone Pay”, entre outras. A mescla de estilos da banda, o Metal tradicional, o Speed Metal, e até alguns flertes com o “Hair Metal" oitentista , se definem no melhor exemplo que é “Bad For Good”, uma das mais festejadas do setlist.

A empolgação de Zack era tanta que em dado momento ele deu um “mosh” na galera, quase mal sucedido, pois mesmo ele “anunciando" o ato, a primeira fila achou que não passaria de uma brincadeira, mas ele realmente pulou entre os fãs que não tiveram como segurá-lo de uma maneira, digamos assim, “confortável”. Mas ficou tudo bem de qualquer forma.

Após uma hora de uma irrepreensível apresentação, o SkullFist finalizou com “You Belong to Me”, reforçando que realmente são um dos maiores expoentes da “Nova Onda Do Heavy Metal Tradicional”.

Um excelente evento e deixo aqui os parabéns para a ótima produção da Nevoeiro Produções, que organizou de forma primorosa o evento. Que venham os próximos.










quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

8 KALACAS - FRONTERAS (2022)

 


8 Kalacas – Fronteras (2022)
Shinigami Records/Atomic Fire Records


Julgando pela capa, eu esperava era algo cheio de brutalidade, diversos blasts beats e riffs sendo despejado com puro ódio, mas…

Como é bom ser surpreendido e ouvir algo fora do meu nicho.

Formado em 2003, na parte obscura da Califórnia, o grupo tem como integrantes Sr. Kalaca (Vocal) Getse (Vocal) Adam (Bateria), Sick (Baixo) Steve (Guitarra) Choriz (Trompete) e Gio (Trombone). Praticam um Skacore, com algumas inserções de heavy metal, com letras acidas, de cunho social e do cotidiano em geral cantado em espanhol (a cereja do bolo).

“Fronteira”, não deveria ter rótulos ou enquadramento em gêneros. Consigo fechar os olhos e “enxergar”, Brujeria, Sepultura, Mana, System of A Down, Paralamas do Sucesso, Charlie Brown Jr e diversas bandas que surgiram nos anos 90, seja no Brasil, seja “na gringa”, dando uma maior acessibilidade para suas músicas.

O disco nos guia para um universo cheio de trompetes, swing, batuques, gingas e guitarras que lembram o verão, sol, ondas e festas. Existem os momentos pesados? Sim! Para quem não dispensa o “bate-cabeça”, temos as faixas “Mutantes”, “R2Rito” e “Garra”, que, sinceramente, são as “descartáveis”.

A mistura de Ska, Hardcore e metal, surpreende e deixa a banda no radar de todo fã de música que tenha uma mente aberta.

Ouça, sem preconceito e sem pré-conceitos.

William Ribas




NARNIA - "GHOST TOWN" (2023)

 


NARNIA - "Ghost Town" (2023)
Narnia Songs/Sound Pollution

Com a facilidade que temos hoje em dia de ouvirmos músicas e bandas novas, são poucos os lançamentos que te prendem de verdade, aqueles que quando temos um mãos (ou digitalmente), faz com que paremos tudo o que estamos fazendo e concentremos as atenções apenas no que iremos ouvir. Foi exatamente isso o que aconteceu com este redator ao receber os arquivos desta pérola do Power Metal sueco, ‘Ghost Town’ o nono trabalho de inéditas do Narnia.

Após sua volta as atividades no meio da década passada, este é o terceiro trabalho do Narnia, que mostra uma banda madura, consistente e que sabe exatamente o som que vai levar aos seus fãs. Aquele Metal classudo com pitadas de Prog Metal, Heavy Metal tradicional e teclados que remetem até a música clássica.

Christian Liljegren está com a voz em dia, e olha que o cara está com projetos paralelos a rodo, como  The Waymaker, e recentemente lançou seu 3º trabalho solo, cujo título é suficientemente explicativo, ‘Melodic Passion’; e todo esse grande momento parece que só o motiva ainda mais a soltar a voz. O Narnia continua sendo sua banda principal, é aqui onde ele se destaca ainda mais já que conta com parceiros de longa data nesta empreitada como CJ Grimmark (guitarra), Andreas 'Habo' Johansson (bateria) e Martin Härenstam (teclados), com um entrosamento de mais de duas décadas e que leva seus fãs ao delírio a cada novo lançamento.

Tive a oportunidade assistir a um show do Narnia abrindo para o Stryper e pude perceber que muitos estavam lá mais por causa do Narnia do que pela banda principal. Que fãs devotados e fieis, no qual me incluo desde os anos 90.

‘Rebel’ abre o trabalho com muita categoria com um riff principal super pesado, algo não tão comum assim em sua vasta discografia. Outra que segue o lado mais rápido é ‘Glory Daze’ onde CJ Grimmark parece com fome de riffs, esbanjando técnica e criatividade. ‘Descension’ é um grande destaque, talvez a melhor de todas com seus mais 7 minutos em que a banda explora um lado progressivo com os teclados dando o tom na maior parte do tempo, com uma faceta mais épica, destrinchando aí a tal maturidade que alguns fãs/apreciadores podem não entender muito bem. A faixa título ousa por vários caminhos: começa com uma linha de teclado bem AOR e de repente estamos num Power Metal rápido e grudento, característico do Narnia e do metal sueco como um todo. Ah, e tem a balada do disco ‘Out of the Silence’, a única que posso dizer que não me empolgou. ‘Wake Up Call’ tem um quê de Savatage em sua levada fechando em grande estilo o nono trabalho de estúdio do Narnia.

Quem gosta da banda vai adorar, quem não gosta continuará não gostando, e apesar de ser um trabalho mais diversificado, o Narnia não fez questão de inventar nada novo, mas o fez com uma categoria que apenas mestres sabem fazê-lo.

Mauro Antunes




KAMALA - KARMA (2023)

 


Kamala – “Karma” (2023)
M&O Music - Importado



Completando 20 anos de estrada e mutações, o Kamala despeja ao mundo o seu sexto trabalho de estúdio, “Karma”. Mais um disco que mostra a revolução/evolução, marcas registradas do grupo de Campinas, São Paulo, que aparentemente gostou de “brincar” de passear por diversos gêneros e diversas épocas do heavy metal.

“Karma” é um álbum de fácil assimilação, aliás, indo mais longe, é um trabalho acessível para todos, seja você aquele ‘headbanger true’, ou aquele jovem que está descobrindo o estilo agora. Raphael Olmos (Voz e Guitarra), Isabela Moraes (Bateria e Voz) e José Cantelli (Baixo), criaram músicas cativantes, passagens rápidas e brutais, mas que, simultaneamente, caem no brilhantismo do prog metal. Não havendo tempos retos, indo para mudanças abruptas, como uma montanha-russa do instrumental. Agressividade, genialidade e ousadia, eu diria.

Urros cavernosos de Raphael casam-se perfeitamente com as vozes limpas e melódicas de Isabela. Digamos que os “ingredientes” Sepultura, Gojira e Jinjer fossem jogados num liquidificador de estúdio, criando uma massa, finalizada com temperos árabes, indianos e coisas do oriente. O disco apresenta 9 faixas, e em cada uma delas, o ouvinte terá algo diferente, não existindo fórmulas a serem seguidas, você terá a inovação de uma banda que gosta de fazer jams, de ser inquieta e barulhenta.

O disco tem uma mixagem cristalina. Você escuta todos os instrumentos, percebe os movimentos, ninguém tira o brilho do outro, cada coisa está no devido lugar. Cada músico brilha no seu quadrado, Cantelli com linhas intrínsecas de baixo. Isabela, que provavelmente desceu de alguma nave alienígena para criar, abusar e destruir o seu kit, e, Olmos, que coloca suas referências para fora, mas, além disso,  sendo também referência aqui.

Músicas de destaques? A faixa-título (grudenta), “My Will Be Done” (riff destroçador de pescoço), “Fear” (perfeita para rodas) e “Never Enough” (música que melhor define o que é esse disco).

O Kamala já fez diversas turnês pela Europa, agora com “Karma”, é a hora e a vez do mundo.

William Ribas





quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

GLORIOUS BANKROBBERS – “ BACK ON THE ROAD” (2023)

 


GLORIOUS BANKROBBERS – “ BACK ON THE ROAD” (2023)
Bollmora Rekords/Sound Pollution - Importado

A história dos suecos do Glorious Bankrobbers se assemelha bastante com um sem número de outras bandas. Formada ainda na década de 80 (1984, para sermos mais exatos), foram um dos pioneiros do Sleaze/Glam Rock no seu país, servindo de modelo para várias bandas que se tornaram mais famosas que eles, como Hardcore Superstar. Com diversas idas e vindas na formação, a banda teve turnês como banda de abertura para grandes nomes como Nazareth, Sweet, Europe, Yngwie Malmsteen, Mustasch, White Lion e The Quireboys .

Após um “quase” sucesso nos Estados Unidos, com o vídeo da música “ Dynamite Sex Dose” sendo apresentada diversas vezes no MTV Headbanger`s Ball, faixa título do seu segundo álbum, seguiu-se uma histórica apresentação no CBGB que se tornou um álbum ao vivo lançado em 1991, chamado, por óbvio, ”Live At CBGB”, a banda infelizmente encerrou atividades por, entre outras coisas, as famigeradas mudanças do mercado fonográfico do inicio dos anos 90, e a consequente falta de interesse das gravadoras.

Após um retorno em 2007 e o lançamento do terceiro álbum “The Glorious Sound Of Rock 'n' Roll, ocorreu a trágica morte, em 2012, do baterista “Oden” e a banda entrou num hiato novamente, e que agora em 2023 é interrompido com o lançamento deste novo álbum, apropriadamente intitulado de “Back On The Road”.

O som aqui é de fácil assimilação e agradável aos fãs de bandas como AC/DC, Dogs D`Amour, Hanoi Rocks, Rhino Bucket e Rose Tattoo. Ou seja, Rock n Roll descompromissado, festeiro e alegre, com aquele climão de banda de garagem. Músicas certeiras e diretas como “I´m Drudge”, “Criminal Boogie”, “Gold Fever” (essa me lembrou algo dos melhores álbuns de Ted Nugent), e “My America Rocks” mantém uma linha retilínea e bem coesa nesse trabalho, onde não existem altos e baixos, mantendo sempre um ótimo nível em todas as composições. Uma boa surpresa o retorno do Glorious Bankrobbers, e se você é apreciador do estilo, deixe-se ser “assaltado” também por estes “ Gloriosos Assaltantes de Banco”.

José Henrique Godoy





terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

JOHNNY GIOELI - LEGENDS MUSIC & BAR (SÃO PAULO - SP)

 


JOHNNY GIOELI
Legends Music & Bar - São Paulo (SP)
Data: 10/02/2023
Abertura: NITE STINGER
Produção: ON STAGE
Assessoria: ASE Press

Texto: Mauro Antunes
Fotos: Leandro Almeida

Clima super agradável na capital paulista, sexta feira à noite, nada mais propício para os fãs de boa música curtir um show da melhor qualidade. Em um dos pontos mais conhecidos da cidade no coração da Vila Madalena, o Legends Music & Bar nos presenteou com uma noite pra lá de especial. Um dos ícones do Hard Rock/Heavy Metal, Johnny Gioeli pela primeira em sua longa carreira tem a oportunidade de vir não só ao Brasil, mas à América do Sul, para realizar dois shows em nosso país.

Pontualmente às 21hs e já com lotação quase completa, os paulistas do Nite Stinger subiram ao palco. Seu álbum de estreia auto intitulado lançado em 2021 foi uma das gratas revelações de nossa música em tempos de pandemia. Jack Fahrer (vocal), Bento Mello (baixo), Leo Gonn (guitarra), Bruno Marx (guitarra e backing vocals) e Ivan Busic (bateria e backing vocal) não decepcionaram e garantiram a diversão executando 8 das 10 músicas deste trabalho. A banda, pra quem ainda não os conhece, tem 2 clipes bem legais (‘Gimme Some Good Lovin'’ e ‘Beat It’). A finalização do set list foi com uma animada versão do clássico dos anos 80 ‘Danger Zone’ do cantor Kenny Loggins, faixa imortalizada como tema do filme Top Gun de 1986. Para quem não os conhecia, o cartão de visitas foi devidamente bem apresentado.




SETLIST - NITE STINGER

You Want It, You Got It

Hell Is Getting Better

That Feeling

By Your Side

Heading Out

Let Me In

Gimme Some Good Lovin’

Saturday Night

Danger Zone (Kenny Loggins cover)


Pouco mais de 10 minutos após o término do show de abertura, a banda de Gioeli entra em cena e chaga logo de cara despejando uma das músicas mais Heavy Metal que ele já gravou, “Tear Down the Walls” típico metal tradicional alemão dando o recado que não apenas o Hardão característico do vocalista daria as caras em seu setlist. Na sequência, Gioeli emendou 2 clássicos do trabalho de estreia do Hardline, “Double Eclipse” (1992); ‘Takin’ Me Down’ e ‘Dr. Love’ são aqueles clássicos que levantam qualquer plateia. Incrível perceber como Gioeli privilegiou 2 álbuns de sua carreira para montar o setlist; a já citada estreia do Hardline e o sensacional ‘The Masquerade Ball’ (2000) um dos melhores (senão o melhor!) trabalhos ao lado do guitarrista alemão Axel Rudi Pell.

Quanto o cantor emendou ‘The Masquerade Ball’ notava-se a incredulidade das pessoas que estavam a minha volta de como um cara como ele com tantos anos de estrada conseguia alcançar com tamanha facilidade os tons mais altos deste hino do Heavy Metal, uma das mais belas composições da carreira de Axel Rudi Pell. Definitivamente, Gioeli não veio ao Brasil apenas para passeio. Que performance!

Algo curioso foi a quantidade de fãs com camisas e revistas do personagem Sonic, uma alusão às várias contribuições dadas pelo vocalista nas trilhas sonoras de vídeo games com a banda Crush 40, em que o citado personagem, é o principal foco. Um momento de descontração foi quando Johnny fazia a apresentação da banda de apoio e se referiu ao tecladista Bruno Sá como o homem que ‘roubou as botas de Ace Frehley’ e obviamente, as gargalhadas foram gerais.

A parte final do show foi quase que toda focada em faixas do Hardline, com destaque para a bela “Fever Dreams” com sua levada que remete ao puro AOR um momento ímpar na carreira de Gioeli. Quando assisti um vídeo via Instagram de Johnny Gioeli em que ele declarava que estava pela primeira vez na América Latina, logo percebi que o cara viria para nosso país com aquele apetite típico de um músico iniciante, quase que um adolescente realizando um sonho de cada vez mais, poder viver de sua própria música. Dito e feito: o cara arrebentou sem dó!  Sorte de quem foi!











SETLIST - JOHNNY GIOELI

Tear Down the Walls (AXEL RUDI PELL)

Takin’ Me Down (HARDLINE)

Dr. Love (HARDLINE)

Voodoo Nights (AXEL RUDI PELL)

Strong as a Rock (AXEL RUDI PELL)

Life’s a Bitch (HARDLINE)

The Masquerade Ball (AXEL RUDI PELL)

Carousel (AXEL RUDI PELL)

Fever Dreams (HARDLINE)

Everything (HARDLINE)

Hot Cherrie (HARDLINE)

Rock the Nations (AXEL RUDI PELL)

Rhythm of a Red Car (HARDLINE)

Agradecimento especial a ASE Press e ON STAGE pela cordialidade no atendimento e credenciamento.