OBITUARY - DYING OF EVERYTHING (2023)
Relapse Records - Importado
Relapse Records - Importado
Eles chegaram na surdina, sem muito alarde, lançaram seu novo álbum, e corroboraram com tudo aquilo que é redundância dizer: fazendo sempre o mesmo disco, mas com excelência. Se existe uma banda que define o conceito de Death Metal em cada urro ou riff, essa banda é o OBITUARY.
Assíduos no cenário desde o final dos anos 80, não é exagero afirmar que o Obituary traduz, de fato, o que é não só o Death Metal clássico americano, mas também tudo aquilo que convencionou-se definir como música extrema. Se hoje existe um sem número de bandas similares deste segmento, em grande parte é por conta desses nobres senhores.
Introduções feitas e passado o entusiasmo de fã, o que dizer de “Dying of Everything” que não caia na obviedade ululante? Já ouvi dizer por aí que apenas 3 bandas podem fazer sempre o mesmo disco e ainda assim soarem fundamentais e imprescindíveis: Ramones, AC/DC e Motörhead.
De fato, há de se convir, mas posso incluir o Obituary nesse “Big Four” imaginário com certa tranquilidade, pois o novo disco não trás nada daquilo que já não conhecemos do quinteto americano há pelo menos três décadas, e o faz com primorosa dedicação. Justamente por isso que é bom! Como dizia meu saudoso avô: “pra que inventar moda”.
“Dying of Everything” chega ao mercado seis longos anos após o antecessor “Obituary” (2017), trazendo uma banda sempre atrelada fortemente às suas raízes primitivas, no entanto com um vigor de banda jovem. Aquele sangue no olho, aquela gana em fazer vítimas, em angariar novos discípulos. É isso que sentimos ao ouvir as dez composições que integram este belíssimo material.
Assim sendo, é natural sermos quase que nocauteados, subjugados, destroçados, por verdadeiras peças de ode à violência, à brutalidade vil. Poucas vezes guitarras soaram tão avassaladoramente pesadas, distorcidas e imundas como aqui. São parte importante da identidade musical do Obituary, mas é no vocal de John Tardy que toda essa personalidade se revela como um importante diferencial na seara do Death Metal. Seguramente, o cara nasceu pra isso, embora aqui ele não esteja urrando visceralmente da forma que o tornou conhecido, optando por uma timbragem mais rasgada, porém, três segundos ouvindo esse sujeito já fica mais do que evidente com quem estamos lidando.
E já que falei em seção rítmica e vocais, seria injustiça não pontuar a cozinha. Terry Butler (baixo) e Donald Tardy (bateria), sem invencionices ou maneirismos desnecessários, sustentam todo o trabalho com muito peso, mas muito mesmo. Posso afirmar com segurança que “Dying of Everything” talvez seja o álbum mais vigoroso nesse sentido, pelo menos em comparação aos três anteriores.
Sendo assim, estamos diante do grande clássico do Obituary? Obviamente que não, mas podemos dizer que há uma reciclagem de muito do que já fora feito em mais de 30 anos de bons serviços prestados ao Metal da Morte. Facilmente encontramos traços de “Cause of Death” (na cadenciada e densa “Be Warned”), “The End Complete” (em “Weaponize the Hate”), “Frozen in Time” (me diz se toda a estrutura de “My Will to Live” não dialoga quase que totalmente com a instrumental “Redneck Stomp”?), e até mesmo de “Back From The Dead” (“Barely Alive” é um início muito impactante, tal qual “Threatening Skies” foi à época).
Já me estendi demais, já “rasguei seda” e declarei juras de amor eterno. Resumindo: “Dying of Everything” é tudo aquilo que precisamos e admiramos em um bom disco do gênero. É cru, pesado, sujo, agressivo, perverso, impactante. Ainda é cedo pra afirmar isso, mas as chances de estar entre os cinco melhores do ano é praticamente uma realidade. Ouça e admire urgentemente!
Ricardo Leite Costa
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