PAUL DIANNO
Abertura: ELECTRIC GYPSY
NOTURNALL
Local: Teatro do CIEE - Porto Alegre/RS
Data: 23/02/2023
Produção: Estética Torta
Abertura: ELECTRIC GYPSY
NOTURNALL
Local: Teatro do CIEE - Porto Alegre/RS
Data: 23/02/2023
Produção: Estética Torta
Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Uillian Vargas
Quando a turnê de Paul DiAnno foi anunciada há vários meses, muito se foi falado e especulado pelos fãs e pela imprensa especializada, primeiramente pelo estado de saúde de Paul, que passou por uma cirurgia quase que de emergência para recuperar-se dos complicados problemas que vinha atravessando, bem como pela quantidade de shows agendados em curtos espaços de tempo (31 apresentações em solo brasileiro).
Somando a isso , logo no início da tour, primeiro show em Fortaleza e vários problemas aconteceram, com uma performance abaixo do esperado, show curto e Paul visivelmente debilitado, setlist com poucas músicas e pronto: estava instaurada a polêmica. Inclusive com alguns “cronistas” mais exacerbados e “a beira de um ataque de nervos” chegando a sugerir que interditassem a tour. Mas Paul é o “The First Iron Man” – Não adianta você, nobre “connoisseur”, vir bradar aos 4 ventos que o Sr. DiAnno não é o primeiro vocalista do Maiden, porque antes tiveram Paul Day, Chico Night, Zezinho From the Dawn e outros menos citados. Paul DiAnno é o primeiro vocalista QUE CONTA para o Iron Maiden, pois foi com ele que a Donzela gravou seus primorosos primeiros discos.
Mas então a tour chegou a Porto Alegre, ao contrário do que muitos “previam”. E é sobre essa noite especial que devemos falar aqui. O local escolhido foi o Teatro do CIEE, que como o próprio nome diz, é um Teatro, com cadeiras onde o público irá assistir sentado, o que não é muito comum em shows de metal, mas que proporciona, por outro lado, uma ótima experiência, pois independente do local que você esteja, consegue ter uma excelente visão do palco.
Com um atraso de 20 minutos, os mineiros do Electric Gipsy abrem os trabalhos com “More Than Meets The Eye” faixa que inicia o seu novo lançamento, o EP “ Stars”. De cara ganham o público, com seu hard rock forte, contagiante e muito bem feito.
Ao olhar rapidamente o Electric Gipsy no palco, é fácil notar as influências: Guzz Collins (Voz) visualmente lembra bastante Vince Neil do Motley Crüe, (da fase em que Neil estava em muito melhor forma física), enquanto o exímio guitarrista Nolas é uma cria do Deus Eddie Van Halen, inclusive nos trejeitos, “dancinhas” e corridas pelo palco. Estas influências ficam ainda mais evidentes pelos dois covers primorosamente executados por eles: Hot For Teacher (Van Halen) e Kickstart My Heart (Mötley Crüe). Apesar dessas nítidas referências, que fique claro que o trabalho próprio foi o que realmente impressionou os presentes, pois tem muita personalidade e qualidade, como em “Devil Make Me Do it” e “Heads On Tails”. “Shoot `em Down, com destaque para a cozinha da banda formada por Pete (baixo ) e Robert Zimmerman (bateria), encerra a ótima apresentação do Electric Gipsy. Você, fã de Hard Rock, não pode se considerar digno do gênero se deixar de conhecer estes mineiros, que não devem nada para as bandas gringas que você idolatra. Vá por mim, não é exagero.
Passado um intervalo de 30 minutos, se inicia a apresentação do Noturnall. Thiago Bianchi (Vocal), Leo Mancini (guitarra), Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria), entregam um prog metal muito trabalhado e cheio de técnica, que agrada com certeza fãs de Dream Theater, Symphony X, e etc. Alternam às vezes, inclusive, passagens mais pesadas, beirando o thrash metal, mas que num primeiro momento não animou muito a plateia, o que fez Thiago Bianchi brincar com o público, dizendo que eles não estavam em um cinema, e que tinha certeza que até a quinta música todos estariam de pé. E assim foi, porém a quinta música foi o hino “Thunderstruck” do AC/DC, um tanto inusitada e fora do contexto, mas necessária para o momento, pois a partir dai sim, os presentes se animaram e começaram a interagir e participar do show, atendendo as solicitações de interação de Bianchi (e como fala este rapaz). No geral, um bom show do Noturnall, que teve um telão ao fundo, exibindo os vídeos das músicas que estavam sendo executadas no palco. Destaques para as ótimas “Fight the System”, “Reset Game” e o cover de “O Tempo Não Pára” de Cazuza.
Finalizado o Nocturnall, tivemos um longo intervalo, até que as 23:00hrs, Thiago Bianchi e o escritor Stjepan "Stipe" Juras, especialista em Maiden, e apontado como o homem responsável por colocar Paul DiAnno novamente em condições de se recuperar, falam a plateia, sobre a tour e a importância de comprar os merchandising da tour, para colaborar e ajudar DiAnno.
Após mais alguns minutos, a cortina se abre (não esqueçam, estávamos em um Teatro), e lá está a lenda, a Besta, o Sr. Paul DiAnno, o verdadeiro primeiro vocalista do Maiden (e não se discute isso mais). Com uma boa fisionomia, e entre sorrisos, enquanto rolava a intro “The Ides of The March”, diz que fazia muito tempo que não vinha a Porto Alegre, e que estava sentindo falta! E dá inicio com a mais que clássica “Wrathchild”, e o teatro, que se não estava totalmente lotado, tinha um ótimo público, veio abaixo. A banda que acompanha Paul, a saber é: Nolas (guitarra- Electric Gipsy), Leo Mancini (guitarra), Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria) do Noturnall. Sem intervalo, “Purgatory” veio fazendo os fãs da velha donzela se emocionarem. No meu caso em particular, me transportei aos meus 13 anos, no meu quarto, ouvindo as minhas mal gravadas fitas K7 até ganhar meu primeiro LP ”Killers” da minha saudosa mãe.
Paul , sentado na sua cadeira de rodas, apresenta um excelente humor, e sua voz estava muito boa, para desespero dos detratores, ou como o próprio DiAnno se refere, os “Guerreiros de Teclados”. Sempre que possível , brinca que é horrível estar sóbrio e beber só água mineral.
Argumento que caiu por terra mais adiante, pois deu uns goles numa Heineken aparentemente quente) e até numa tequila, solicitada por ele próprio. Seguiram-se “Murders in the Rue Morgue”, “Remember Tomorrow” (que Paul dedicou ao velho amigo e parceiro, o falecido baterista Clive Burr). Paul diz que vai quebrar uma promessa que tinha feito aos médicos e ia sair do palco um pouco, para fumar um cigarro, enquanto a banda executa a instrumental “Genghis Khan”. Que fique o registro: a banda executou todas as músicas de forma soberba, em todos os detalhes que conhecemos nos álbuns originais, nota por nota!
“Killers”, “Charlotte the Harlot”(ambas cantadas em uníssono pelo público), Transylvania (que Paul disse achar uma composição maravilhosa, pois ele não canta) e até chegarmos a obra prima “Phantom Of The Opera”...Esta fez este que vos escreve dar uma embargada na voz e quase que caiu uma lágrima...
Paul a esta altura, ainda se mostrava muito animado e feliz, porém a sua voz já dava algum sinal de cansaço, mas nada que tirasse o brilho da sua performance. “Paul DiAnno sentado é muito melhor que vários outros que andam normalmente pelo palco”, me disse um amigo. Errado ele não está, de jeito nenhum. "Running Free" contou com a participação de Guzz Collins, vocal do Eletric Gipsy. Finalizando com “Prowler”, sem anunciar (e precisa?) "Iron Maiden", DiAnno se despede e vai atender aos fãs que adquiriram o pacote meet and greet.
Já assisti a alguns shows do Paul DiAnno, e posso garantir que este, se não foi o melhor, foi um dos melhores. Muito bom poder dizer isso, e inclusive pude trocar uma ideia com outros amigos que tiveram a mesma opinião. Ótimo também para tapar a boca de vários detratores, que não sabem o que se passa, e ficam, como se diz aqui no RS, fazendo uma “faisqueira” na internet, apenas para ganhar cliques. Para esses eu digo: Longa Vida a Paul DiAnno, que ele possa tomar as rédeas de sua carreira e se recuperar totalmente dos seus problemas de saúde. Que possamos vê-lo ainda por muitos anos no palco.
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