sexta-feira, 28 de abril de 2023

LAST IN LINE - JERICHO (2023)

 

LAST IN LINE – JERICHO (2023)
Shinigami Records/earMUSIC/Sound City Records – Nacional

Formada em 2012 repleta de ex-integrantes do Dio, o Last In Line já deixou de ser uma espécie de banda projeto/super banda há algum tempo. A maior prova disso é que a banda já chega ao seu terceiro trabalho de estúdio, o segundo com o mesmo line up. O guitarrista Vivian Campbell (Def Leppard, Riverdogs), o baterista Vinny Appice (Black Sabbath, Heaven And Hell), o baixista Phil Soussan (Ozzy Osbourne), juntaram-se mais uma vez ao frontman Andrew Freeman para gravar ‘Jericho’, um álbum repleto de referências às bandas clássicas que pertencem à árvore genealógica dos tradicionais Heavy Metal e Hard Rock.

A faixa de abertura “Not Today Satan” me passou uma vibração a la Van Halen, ou seja, um tremendo cartão de visitas. Depois ouça “Ghost Town” (assista o clipe abaixo) e veja como é impossível não lembrar do Led Zeppelin com um ar moderno e renovado guardadas obviamente, as devidas proporções.

Outro ponto a destacar, é que Freeman parece mais à vontade e querendo cantar do seu próprio sem querer se passar por Dio em nenhum momento como ao meu ver, ficou latente em especial no primeiro disco, o ótimo “Heavy Crown” (2016). “Bastard Son” é um grande destaque com Vivian Campbell disparando alguns dos mais pesados riffs de sua carreira, algo que ele não pode fazer muito em sua atual banda principal. “Dark Days” é um blues rock onde mais uma vez Campbell se destaca.

“Do the Work” é mais uma que mergulha de cabeça na aura Zeppeliana e a faixa de encerramento, “House Party at the End of the World” tem uma pegada que me lembrou a clássica “We Rock” do Dio, o que mostra que os clássicos dos anos 80 ainda são referência para todos os integrantes do Last In Line. De se lamentar apenas a mixagem final que consideramos um tanto quanto abafada, porém o nível dos músicos envolvidos é tão alto, mas tão alto, que esse detalhe pode até passar um tanto despercebido.

“Jericho” é aquele disco tão agradável de se ouvir que poderia ser duplo ou triplo e nem sentiríamos o tempo passar. Esse com certeza, vai para mim coleção de CDs físicos o mais breve possível. Ouça!

Mauro Antunes




quinta-feira, 27 de abril de 2023

SCORPIONS - ROCK BELIEVER WORLD TOUR 2023 - PORTO ALEGRE/RS

 


SCORPIONS - ROCK BELIEVER WORLD TOUR 2023
Abertura: MARENNA
25/04/2023 - Gigantinho - Porto Alegre/RS
Produção: Mercury Concerts/Opus Entretenimento
Assessoria: Agência Cigana

Texto e fotos: José Henrique Godoy

Existem momentos, dias, noites, horas, que se tornam inesquecíveis, seja por qual motivo for. Realização de sonhos, ou resgates do passado. Esse ano completo 40 anos como fã de rock. E há 40 anos conheço a tal banda Scorpions. Na minha adolescência os shows no Brasil eram raríssimos, e naquela época eu pensava que o mais perto que eu chegaria do Scorpions seria a transmissão "meia boca" que a Rede Globo fez do explosivo e antológico show dos alemães no primeiro Rock In Rio em janeiro de 1985.

Desde cedo sempre me acostumei a ler revistas e livros de rock e metal, e admirar as pessoas que escreviam sobre o tema. Ficava impressionado sobre como aqueles jornalistas sabiam tanto sobre tudo a respeito das bandas e artistas. Meu saudoso pai me falava: "É porque eles estudaram pra saber tanto". Bom, não me tornei jornalista, mas me meti a escrever sobre shows, Lps e Cds, meio tipo "zagueiro de horta", sem muita técnica mas com todo sentimento que tenho pela música pesada.

Toda essa introdução meio sentimental e desvirtuada ao qual este texto se propõe, é pra dizer que, passados 40 anos, cá estou eu, no show do Scorpions em Porto Alegre, escrevendo para o  Rebel Rock, e muito feliz, pois este é o nosso primeiro credenciamento para show de banda gigante! Um imenso prazer e indescritível emoção.

O local é o Ginásio Gigantinho, do S.C. Internacional território adversário para um tricolor frenético como eu, mas local também de muitas glórias: meu primeiro show assisti neste mesmo local, o Quiet Riot em março de 1985, assisti Black Sabbath com Dio em 1992, Iron Maiden, Motorhead, entre outros, além de inúmeros Grenais vencidos pelo Grêmio, no estádio ali ao lado do ginásio. Mas chega de conversa fiada, e vamos ao que interessa.

Às 19h30, o Marenna, a excelente banda de Hard Rock gaúcha inicia sua apresentação com "Voyager" faixa título do seu trabalho mais recente. Logo no início, o som estava muito embolado, e a seguir, na tentativa de ajustes, hora o teclado ou hora o baixo ficavam com o som muito mais alto que os demais instrumentos. O problema foi solucionado na terceira música, "Pieces OF Tomorrow". Outros destaques do set de 45 minutos que a banda apresentou foram "You Need To Believe" e "Too Young to Die". Inegável a categoria do quinteto, formado por cinco exímios músicos, executando um Hard Rock/AOR de primeira grandeza. Que fique aqui registrado, o Marenna é uma das melhores bandas nacionais da atualidade e veio para ficar, ao contrário de vários exemplos de bandas que apareceram, abriram show de um gigante da música e nunca mais se ouviu falar da banda. "Had Enough " fecha o set do Marenna, que caiu nas graças do ótimo público presente ao Gigantinho.

MARENNA

A cortina com o enorme logotipo do Scorpions cobria o palco, enquanto no som mecânico rolavam vários clássicos do rock, até que pontualmente as 21h, as luzes se apagam e o espetáculo inicia. Com a cortina ainda sem revelar o que estava por vir, reconhecemos de cara a faixa de abertura do excelente álbum "Rock Believer", "Gas In The Tank". A cortina cai e lá estão os cinco senhores de uma das mais aclamadas e vencedoras do Rock n' Roll. O palco super iluminado com um telão reproduzindo imagens ultra coloridas. Klaus Meine, Rudolph Schenker, Mathias Jabs, Pawel Maciwoda e Mikkey Dee chegaram pra não deixar pedra sobre pedra, e as clássicas "Make It Real" e a preferida das preferidas, "The Zoo" são executadas quase que sem intervalo. O peso e a classe dessa composição tornam esta uma das músicas mais clássicas do repertório do Scorpions. O solo de Mathias, utilizando o Talk Box me fez viajar até aquele janeiro de 1985 onde assisti a mesma cena no Rock In Rio, pela tv da sala. Nesse momento também, Klaus divide-se entre utilizar um Cow-Bell, e jogar baquetas para o público.

SCORPIONS

O som, estava perfeito, alto e claro. Klaus Meine dá um show de simpatia , sorrindo e acenando sempre, e por uns instantes sai do palco. É a vez de Mathias tomar a frete do palco e iniciar o riff da instrumental "Coast To Coast", e Klaus "timidamente" retorno ao palco com a sua guitarra para levar a referida faixa até nós.

Ao contrário da maioria dos seus contemporâneos, que lançam discos novos, mas tocam apenas uma ou duas músicas do novo trabalho nas turnês, para não arriscar em prol dos sons consagrados da sua discografia, o Scorpions sabe que tem um álbum fortíssimo, e aposta nele e agrada totalmente: na sequência, duas músicas de "Rock Believer": a pesada e cadenciada "Seventh Sun" (na primeira audição, me lembrou muito a música "China White", do álbum "Blackout" de 1982) e a rápida e certeira "Peacemaker".

 

Klaus nos convida a voltar aos "bons e velhos tempos dos anos 80" e dispara "Bad Boys Running Wild", faixa de abertura de talvez o seu disco mais conhecido, "Love At the First Sting" (1984). Aproveitando o ensejo, Mathias Jabs toma novamente a frente para executar a sua instrumental "Delicate Dance". Pausa para tomar fôlego, Rudolph e Mathias trocam as guitarras elétricas pelas acústicas e o Gigantinho em peso canta junto com Klaus a belíssima "Send Me An Angel". No mesmo clima, na sequência uma das músicas mais famosas dos alemães, "Wind Of Change", é dedicada a Ucrânia.

Voltando à primeira forma, "Tease Me, PLease Me", com seu riff incrível e letra sacana, agita o público novamente, enquanto a próxima, "Rock Believer" provavelmente é o mais novo clássico do Scorpions, uma faixa sensacional, feita pra "todo mundo cantar junto". O saudoso e imortal Lemmy, sempre apresentou Mikkey Dee nos tempos do Motorhead, como o " Melhor baterista do Mundo" e o que veio a seguir foi um solo pra não deixar nenhuma dúvida sobre a opinião do Mr. Kilminster sobre seu antigo baterista.

Palco fica escuro, se ouve sirenes e luzes da polícia começam a piscar por todo o palco: hora de "Blackout " e Rudolph entra com a sua impagável "Flying V" com escapamento soltando fumaça. "Big City Nights" é a próxima e  as luzes e o telão emulam uma agitada noite numa cidade grande. Infelizmente sabemos que o final do show está próximo, a banda sai do palco e volta para o bis, com as duas músicas que tradicionalmente fecham o set e estão entre as mais conhecidas do Scorpions: "Still Loving You" e o hino " Rock You Like a Hurricane".



Que noite foi esta que o Scorpions nos proporcionou senhoras e senhores. Todos os "Rock Believers" presentes saíram com a alma lavada. Não foi um show, foi sim, um espetáculo. Fiquei lembrando do medíocre cidadão da Rede Record que "regurgitou" que Scorpions ( junto a Deep Purple e Kiss) estavam vindo ao Brasil para se internar em uma casa de idosos e os fãs que iriam nos shows precisavam usar medidores de pressão arterial. Para esse cidadão, eu só digo que quero chegar aos 70 anos com a vitalidade de um Klaus Meine ou de um Rudolph Schenker. Obrigado Scorpions, volte sempre que possível, para nos dar mais uma aula de como fazer música e de como fazer um show de Rock de verdade. Fica aqui nosso agradecimento a Opus Promoções e Agência Cigana pelo credenciamento concedido ao Rebel Rock.


quarta-feira, 26 de abril de 2023

ROSA TATTOOADA - 35 ANOS - 19/04 - 92 PUB - PORTO ALEGRE/RS

 


ROSA TATTOOADA - 35 ANOS
19/04/2023
92 PUB - PORTO ALEGRE/RS
Texto: José Henrique Godoy
Fotos: João Freitas

35 anos não são 35 dias. Bem como o Rosa Tattooada não é apenas mais uma banda de rock. Então o início da tour de 35 anos da maior banda de Hard Rock do RS e uma das maiores do Brasil não poderia deixar de ser em uma noite especial, celebrada no 92 PUB, em Porto Alegre, cidade natal do grupo.

O 92 Pub Gastro Pub, apesar do nome relativamente novo, trata-se na realidade do antigo Art & Bar, local de shows bem conhecido em Porto Alegre. Como toda a festa de aniversário de responsa, ocorreu uma pequena recepção para convidados da banda, regado a excelentes litros de chopp, oferecidos pela casa.

As 23h30, Jacques Maciel (guitarra e voz), o capitão do Rosa Tattooada desde o seu início, juntamente a Valdi Dalla Rosa (baixo) e Dallis Trujillo (bateria) iniciam o show com a pedrada “Rendez-Vouz”. O local, apesar de não muito grande, estava abarrotado, com um bom público presente. Som claro e limpo, seguiram-se outras preferidas como “ Fora de Mim, Dentro de você” e “Um Milhão de Flores”.


A velha e sempre bem sacada intro com “My, My, Hey, Hey” clássico de Neil Young and Crazy Horse, abre caminho desde a primeira vez que presenciei “Tardes de Outono” ao vivo. E assim mais uma preferida do catálogo do Rosa foi executada. O clima dos shows do Rosa Tattooada é sempre uma celebração ao rock n' roll e à amizade, pois após 35 anos e sei lá quantos shows, não importa se são duzentas ou duas mil pessoas. Parece que você conhece todos os presentes e todos conhecem você. Poucas bandas conseguem reunir um público tão fiel.

A noite também teve participações especiais, como James Andrew do Tequila Baby, tocando “Velhas Fotos” e homenagens, com a banda tocando ”Campo Minado , em memória do recém falecido e ícone do Rock Gaúcho, Fughetti Luz. “Canção do Deserto”, dedicada ao Moto Clube “Confraria das Máquinas”, amigos da banda há bastante tempo, prossegue e no mesmo clima, "Born to be Wild” em sua versão mais pesada veio na sequência. “Você é tudo que eu quero”, cover dos Garotos Da Rua, dá uma acalmada no set, esta com os vocais comandados pelo baixista Valdi.



“Diamante Interestelar” e o clássico maior do Rosa “O Inferno Vai ter que Esperar” fecham uma excelente apresentação como é de praxe do trio, mas antes do final derradeiro o grupo toca o velho "mais um” , dessa vez com “ Cachorro Louco” do TNT, em clima de festa e com vários convidados que tomaram de assalto o palco, nos backing vocals.

Esta foi a primeira de muitas datas que o Rosa Tattooada vai fazer este ano em comemoração aos 35 anos de banda. Se tiver oportunidade não deixe de comparecer, pois o grupo, apesar de já estar na “idade do Lobo”, tem ainda muita lenha pra queimar e inclusive ouvi dizer que existem planos para um trabalho novo em um futuro não muito distante. Agradecimentos especiais para o fotógrafo João Freitas (@joaofreitas.fot) , que gentilmente cedeu as fotos.







segunda-feira, 24 de abril de 2023

ERIC MARTIN - 13/04 - TEATRO UNISINOS - PORTO ALEGRE/RS


ERIC MARTIN - THE VOICE OF MR. BIG
Abertura - MARENNA
Teatro Unisinos - Porto Alegre/RS
13/04/2023
Produção: ABLAZE PRODUCTIONS

Texto e fotos: José Henrique Godoy


O teatro Unisinos abriu as portas para mais uma visita deste, que é um dos melhores e mais carismáticos vocalistas do hard Rock mundial, o Sr. Eric Martin. Figurinha carimbada em turnês pelo Brasil, Eric visitou mais uma vez a capital gaúcha, desta feita em tour solo, acompanhado da (excelente) banda paulista Rolls Rock. Como banda de abertura, nada mais justo e correto que os gaúchos do Marenna, banda esta que é um dos (senão o maior) grandes destaques do Hard Rock/AOR nacional.

O local escolhido foi excelente, pois trata-se de um teatro, e você consegue assistir bem de qualquer ponto que você esteja. Há quem não goste do fato de ter que assistir sentado, mas confesso que para os Rockers tipo eu, que são “jovens a mais tempo” é até uma comodidade a mais.

Pontualmente as 20:00 horas, cortinas se erguem e o Marenna toma de assalto o palco. Rod Marenna (vocais), Edu Lersch (guitarra), Luks Diesel (teclados), Bife (baixo) e Arthur Schavinski (bateria) são muito bem recebidos pelo público, já em bom número, e logo nos primeiros acordes de “ Voyager”, faixa título do trabalho mais recente do quinteto, é possível ver a qualidade do som que saía dos amplificadores, tudo muito alto e claro. A qualidade de todos os músicos da banda salta aos olhos, e destacar um deles apenas seria injustiça com os demais. E o mesmo com o setlist. Músicas como “Pieces Of Tomorrow”, “You Need to Believe”, " Too Young to Die”, são de uma classe e categoria muito acima da média. Após pouco mais de 40 minutos, o Marenna fecha seus set com a sensacional “ Had Enough”.


Após um intervalo de aproximadamente 20 minutos, as cortinas que haviam sido baixadas novamente são erguidas e os paulistas do Rolls Rock iniciam ‘Gotta Love The Riden” do penúltimo álbum de estúdio do Mr. Big, “The Stories We Could Tell”, para nos segundos seguintes um sorridente Eric Martin iniciar sua apresentação. Já no solo da música, Eric desce do palco e vai até a frente do guitarrista Edu Costa e “agita”, brincando pois estávamos todos sentados (lembrando: estamos em um teatro). Este foi apenas o início das brincadeiras e piadas do sempre simpatissíssimo e divertido Eric Martin.

Na sequência dois clássicos de “ Lean Into It”: “Daddy, Brother, Lover and Little Boy” e “ Alive and Kickin”, duas das preferidas do catálogo do Mr.Big. Com o violão em mãos, Eric inicia a primeira balada da noite, “Superfantastic” cantada em alto e bom som por boa parte do público presente que praticamente lotou o teatro Unisinos.

Falando no público, este foi composto de forma bem heterogênea: fãs do Mr. Big com camisetas, roqueiros mais tradicionais, pessoas “à paisana”, que não seriam facilmente identificados como fãs de Hard Rock, pessoas com mais idade e os casais apaixonados, provavelmente atraídos para o show pelas baladas que o cantor ficou famoso. Mas muito legal e interessante ver essa mistura. até o próprio Martin falou que éramos a “plateia mais bonita que ele tinha visto”, e logo emendou que deveríamos desconsiderar, pois ele estava sem óculos e sim, está velho.

“Dancing with The Devils" deu sequência ao show, e na sequência, Eric pega novamente o violão e anuncia que vai tocar “The Dark Side Of The Moon” na íntegra... Após risos “Wild World”, cover de Cat Stevens é executada. Uma das intros de bateria mais bonitas da história dá inicio a “Take Cover” que é dedicada ao falecido baterista do Mr.Big Pat Torpey. Aqui temos um Eric Martin mais sério e visivelmente emocionado, ao relembrar o saudoso amigo e colega.

Não podemos deixar de citar a qualidade dos músicos da banda Rolls Rock. Formada pelo já citado guitarrista Edu Costa, Mau Seliokas baixista, Chris Ribeiro teclados e Francis Lima bateria, o quinteto executou nota por nota com maestria as quase sempre complexas linhas das músicas do Mr. Big. O único senão foi no início de “ Promise Her The Moon”, onde Eric Martin interrompeu a música e pediu para o baterista Francis acelerar um pouco o tempo, mas ao invés de cara feia, ou estrelismo, Eric se dirigiu ao baterista em tom de brincadeira.

A trinca final foi com “To be With You” (tenho certeza que muitas presentes só esperavam por essa), e as pesadas e rápidas “Addicted to that Rush” e “Colorado Bulldog”. Ao final de 90 minutos, Eric Martin se despede sem antes reforçar que ele voltará ano que vem com o Mr. Big em sua turnê de despedida. Estaremos aguardando, Eric. Deixo aqui o agradecimento mais uma vez a Ablaze Produtora pelo credenciamento e por mais uma excelente produção.



quinta-feira, 20 de abril de 2023

SODOM - 40 YEARS AT WAR - THE GREATEST HELL OF SODOM (2022)

 

SODOM - 40 YEARS AT WAR - THE GREATEST HELL OF SODOM (2022)
Shinigami Records/Steamhammer - Nacional

Quem conhece o Sodom sabe que qualquer coisa deles que colocamos pra ouvir não tem erro: é pancadaria da boa! Porém, aqui a banda ousou a mexer em terreno espinhoso e resolveu regravar velhos clássicos, desde os tempos jurássicos até coisas mais recentes, e obviamente, as opiniões dos fãs podem se dividir. Ao que tudo indica, a banda selecionou faixas que percebeu que poderiam ser melhoradas com as melhores técnicas de gravação atuais.

O novo trabalho traz nada menos do que 17 faixas, algumas delas ‘esquecidas’ durante esse período, e o interessante é que a banda fez questão de incluir uma faixa de cada um de seus álbuns, incluindo “Sepulchral Voice” faixa original do EP “In the Sign of Evil” (1985) e que já havia recebido uma remodelagem em ‘The Final Sign of Evil’ (2007).

Abaixo você pode conferir o lyric vídeo oficial de “After de Deluge” a segunda faixa do disco, mais uma realmente dos tempos mais longínquos e que aparece em algumas poucas versões do clássico “Obsessed by Cruelty” (1986). Ficou simplesmente excelente, só ela já valeria o trabalho.

Apesar das várias fases da banda, o trabalho como um todo é único e coeso e dá sim pra você, caro leitor, receber este como um novo trabalho de estúdio do Sodom, e não apenas uma mera coletânea. Apesar das novas versões, é nítido que a banda se manteve fiel às versões originais mantendo o peso das gravações mais toscas e cruas, porém com um toque de modernidade. Tom Angelripper está mais animalesco que nunca mesmo aos 60 anos de idade, com a maturidade de quem ainda está no auge. Outro ponto importante é a ‘nova velha’ presença de Frank Blackfire que retornou ao grupo, e Yorck Segatz, que deu à banda um novo impacto com a sempre bem vinda presença, ainda mais em bandas de Thrash Metal.

Faixas de destaque: difícil citar algumas afinal como dissemos, a banda optou por revirar sua extensa discografia e buscar faixas mais esquecidas. Porém dá pra escutar com mais carinho e atenção, faixas como “Electrocution”, “Baptism of Fire” e “Better Off Dead” que também pertencem ao rol de antiguidades dos mestres do Thrash alemão. Pra se ouvir, uma, duas, três... ahhh... quantas vezes quiser no volume máximo e atormentar o vizinho. Acredite, vale a pena!

Mauro Antunes




terça-feira, 18 de abril de 2023

MOONSPELL - LATIN AMERICA FULLMOON TOUR 2023 - BAR OPINIÃO - 07/04/2023 - PORTO ALEGRE/RS

 


MOONSPELL - LATIN AMERICA FULLMOON TOUR 2023
Bar Opinião - 07/04/2023 - Porto Alegre/RS
Abertura: Pain of Soul e Weight od Emptiness
Produção: Ablaze Productions
Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Uillian Vargas

Fui criado em uma família católica, e como tal, a data da Sexta-Feira Santa era Sagrada. Minha saudosa mãe fazia todos os ritos referentes a data, o tal “dia de penitência” e atos “hereges” como assistir TV, e ouvir música eram evitados, até a chegada do sábado. Se fosse a “Música do Cramulhão” então, pior seria. Pois bem, é Sexta-Feira Santa, e aqui estou eu, dentro do bar Opinião, esperando pelos lusitanos do Moonspell, em sua primeira visita a Porto Alegre. Desculpe mãe, mas coloquei mais um tijolinho para pavimentar a tal estradinha pro "lugar mais quente lá de baixo”.

Ao adentrar o Bar Opinião, às 19:30, fui surpreendido com a banda Pain Of Soul, no palco já finalizando o seu set. Nesse momento fiquei em dúvida se eu estava desinformado ou não houve divulgação das bandas de abertura e seus respectivos horários dos shows. Uma pena não poder escrever sobre a apresentação dos catarinenses de Blumenau, apenas que o seu Doom Metal foi muito bem recebido pelo público que já estava presente, visto que foram muito aplaudidos ao final do seu set.


Logo a seguir , as 20:00hrs os chilenos do Weight of Emptiness invadem o palco do Opinião, com seu Doom/Black/Death, e de cara agradam os presentes, divulgando o seu recém lançado "Withered Paradogma". O destaque da banda fica para o carismático vocalista Alejandro Ruiz, dono de uma performance no palco e excelente vocal, com passagens limpas e guturais. Após 40 minutos chegou ao final uma ótima apresentação, e que, com certeza deve ter angariado mais fãs e seguidores. Fica a dica aos apreciadores dos estilos citados, procurem conhecer o Weight Of Emptiness.


Passavam 10 minutos das 21 horas, quando as luzes se apagam, e dos P.A´s é possível ouvir em alto e bom som, o clássico “Mr. Crowley” em sua versão original, lançado pelo mestre Ozzy Osbourne em 1980, para logo em seguida, Fernando Ribeiro (vocal), Pedro Paixão (teclados/guitarras), Ricardo Amorin (guitarras), Don Ayres Pereira (baixo) e Hugo Ribeiro (bateria) tomarem suas posições e iniciarem o espetáculo com “The Greater Good” do último lançamento de estúdio “Hermitage” (2021). Sem intervalos, executam a clássica “Extinct” do álbum homônimo de 2015.


Na primeira pausa, Fernando Ribeiro agradece ao bom público presente e convida a todos nós a entrarmos em uma máquina do tempo, e irmos direto para o ano de 1996, para provarmos um pouco de “Opium” e a faixa que dá título ao álbum daquele ano é executada. Som e luzes estavam perfeitos. A iluminação, apesar de sem muitos efeitos, dava o clima sombrio e noturno que uma apresentação do Moonspell requer.


Seguiram-se “Night Eternal” e a clássica “Finisterra”, uma das faixas mais rápidas e pesadas da discografia do banda. Não é novidade para ninguém falar do quão grande “frontman” é Fernando Ribeiro, e a sua excelente comunicação com o público, obviamente também facilitada pelos nossos idiomas serem os mesmos. Ele brinca com isso e diz que vai tentar falar mais “abrasileirado” dali para frente. Também destaca que o setlist em Porto Alegre seria um dos mais extensos da Tour. Sorte nossa! Ressaltou que após 30 anos de carreira, o setlist teve que ser bem pensado para tentar cobrir todas as fases da banda. Outros destaques do setlist: “Em nome do Medo”, “Nccturna”, “Todos os Santos” e "Vampyria”.

“Alma Mater”, clássico absoluto encerra a apresentação antes do “encore”. Após uma curta pausa e saída do palco, o Moonspell retorna para fechar uma apresentação irrepreensível e perfeita, com “Wolfshade” e a mais que indispensável “Full Moon Madness”. Durante a execução desta última, não pude deixar de notar uma garota chorando copiosamente. Fiquei pensando sobre o apelo emocional que o Moonspell e em especial esta música causa sobre os fãs. Uma letra que fala dos ritos de passagem e toda a magia que as fases da lua representam e o sentimentalismo aqui representado, incluindo o encanto sobrenatural dos lobisomens. É uma banda com uma aura diferenciada, sem dúvida alguma.


Ao final de quase duas horas, o Moonspelll foi muito além do que um simples show de metal. Foi uma celebração. Aquele tipo de espetáculo que ficará por muito tempo na memória dos que estiveram presentes. Agradecimento especial a Ablaze Productions, mais uma vez uma produção impecável, e ao meu parceiro Uilliam Vargas pela inspiração e fotos sensacionais que estão aqui nesta matéria. E ao sair do Opinião, lá no céu, uma lua cheia perfeita para conduzir lobisomens e simpatizantes de volta aos seus lares e aposentos. “Lobos que foram homens e jamais tornarão a ser”.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

ABLAZE METAL FEST II - 25 E 26/03 - FENAC - NOVO HAMBURGO/RS

 


ABLAZE METAL FEST
Pavilhões da FENAC - Novo Hamburgo/RS
Dias 25 e 26 de março de 2023
Produção: Ablaze Productions

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: Sergiomar Menezes - 25/03 (exceto Evilcult e Hammurabi - Jessica Kuhne)
*Infelizmente, por problemas técnicos, não pudemos fotografar no domingo.

Antes de mais nada precisamos ser sinceros: quantas produtoras independentes tem coragem pra se expôr e organizar um festival com bandas do underground em dois dias? e quando isso acontece pela segunda vez? Difícil lembrar de alguma, não é mesmo? No entanto, a ABLAZE decidiu mais uma vez, montar seu fest e em dois dias, com uma bela estrutura de som, luz e palco. Com uma equipe focada em sempre entregar o palco no horário para a banda seguinte e atenta a todos pormenores que permeiam esse tipo de evento, um dos pavilhões da FENAC em Novo Hamburgo/RS, sediou nos dias 25 e 26 de março, o ABLAZE METAL FEST II, que trouxe nada mais, nada menos que 17 bandas dos mais variados estilos. Uma pena que mesmo com toda a estrutura montada, com vários stands de merchandise, além de uma cerveja bem gelada, o público tenha deixado a desejar. E estamos falando de um fim de semana, em um horário tranquilo e um local de fácil acesso. Só que aqueles que não foram, perderam shows muito bons, onde as bandas deram sangue para mostrar seus trabalhos. Sem mais delongas, vamos aos shows.

SÁBADO - 25/03

A primeira banda a se apresentar foi a SANGRIA, exatamente às 15h, conforme anunciado. Cheguei em cima da hora, pois acabei esquecendo que nos finais de semana tem horário diferenciado e nisso, acabei perdendo o início do show da banda de Bento Gonçalves/RS. Com um visual gore e uma sonoridade focada no splatter, ainda que o death metal se faça valer em determinados momentos, o grupo passou seu recado de forma consistente. Com uma boa movimentação de palco e uma brutalidade sonora bem interessante, a banda foi uma ótima abertura para o evento.


Em seguida, com o intervalo de 20 minutos sendo respeitado (o que ocorreu de forma uniforme durante o sábado), era chegada a hora da DIOKANE. Uma banda impossível de rotular, mas que tem sua influências calcadas no Punk/HC, no grindcore, no thrash metal e em tudo mais que o grupo sentir necessidade. Difícil de imaginar? Pode até ser, mas quando a banda começa a tocar, fica muito fácil de entender sua proposta: destruir tudo! Capitaneados pelo vocalista Homero Pivotto Jr., o grupo explorou seu tempo de um jeito bem peculiar, sendo que em determinado momento, até "covers" da Gloria Groove e Racionais MC's apareceram! De forma bastante pesada, diga-se de passagem. Homero, desceu do palco e foi pro meio da galera, ainda que a quantidade de pessoas presentes não pudesse ser chamada assim. Mas isso em nada atrapalhou a apresentação do quarteto que teve como destaques "Certeza?", "Just Start", "Under the Influence" e "Days of Summer". Bandaça!


Na sequência, outro bom nome do Death/Black Metal gaúcho: AMADUSCIAS. A veterana banda, agora com nova formação, trouxe ao palco do ABLAZE METAL FEST II, muita brutalidade, agressividade e peso. Com um som de guitarra bastante rípsido, a banda revisitou sua carreira, não deixando de apresentar também, novas composições. Na hora da apresentação do grupo, o público deu uma pequena melhorada, mas ainda assim ficando abaixo do esperado. O quarteto mostrou muita energia e presenteou o público com um show denso, pesado e violento. Parabéns ao grupo pela excelente apresentação!


Era chegada a vez da MAFIA, banda uruguaia que pratica um hard/heavy/southern bem peculiar. O quinteto fez uma apresentação segura, mas ao mesmo tempo intensa e desafiadora, visto que as bandas que os antecederam eram bem mais voltadas ao lado extremo do metal. Sem se importar com isso, o guitarrista Marcelo Soria interagiu bastante com o público, falando sobre a alegria em estar ali e também sobre o tempo em que morou no RS e fez muitos amigos. Eu, sinceramente, não conhecia o grupo e fui atrás de suas músicas, pois achei a sonoridade do quinteto muito interessante. E aqui fica a dica: vale muito a pena conhecer a MAFIA!


Após o pequeno intervalo (os famosos 20 minutos), era chegada a vez de um dos grandes shows do festival: a banda VAZIO. Que banda pra ser ver ao vivo, meus amigos. Que banda! Praticando um black metal que traz influências do clássico (old school) e também das bandas atuais, o grupo fez uma excelente apresentação, carregada de intensidade e energia. Presença de palco, sonoridade obscura e agressiva, e uma dose excessiva de "ódio", fizeram da curta apresentação do grupo, um dos melhores momentos do Fest. E abro um parêntese aqui. Muitas bandas de black metal se mostram realmente no ao vivo, sendo que muitas vezes, em estúdio o som fica reto, rígido, ainda que dotado de violência e brutalidade. Mas ao vivo... Que soco na boca do estômago! É um verdadeiro "cala a boca" para aqueles que ainda falam que black metal é só barulho... SHOW MATADOR!


E por falar em show matador... Depois da VAZIO, a missão de manter os shows em alto nível havia se tornado ainda mais desafiadora. Mas a banda que veio na sequência, é simplesmente, uma das melhores bandas do metal gaúcho pra se ver ao vivo: SYMPHONY DRACONIS! E não estou exagerando, pois quem já teve a oportunidade de assistir o quinteto, sabe do que estou falando. Com uma proposta visual bem interessante, o grupo sobe ao palco de forma destruidora. Com seu black metal sem nenhum tipo de concessão, a banda mostrou toda sua classe e qualidade nas execuções de suas composições, com destaque para uma nova faixa, a excelente "StormWalk", lançada como single há pouco tempo. Em certo momento, o vocalista Marcelo deu seu recado, lembrando que enquanto alguns tentam enfraquecer o metal com suas picuinhas e falácias, as bandas e o público se unem ainda mais. Parabéns pela postura e pelo excelente show!


Era chegada a hora da principal atração da noite: THE TROOPS OF DOOM, que pisava em solo gaúcho pela primeira vez. Mas antes de subir ao palco, enquanto aguardávamos a chegada do quarteto, no som rolava simplesmente "God of Thunder", da maior banda de todos os tempos. E pra quem não sabe, uma das preferidas do guitarrista Jairo Guedz. Sem muito papo, o grupo sobe ao palco e detona seu death metal old school com muita garra e energia. Falar da performance do carismático Jairo é chover no molhado, mas Marcelo Vasco (guitarra), Alex Kafer (vocal/baixo) e Alexandre Oliveira (bateria) não ficam atrás, formando hoje, uma das melhores bandas do estilo no Brasil. A intensidade do grupo era tanta que em certo momento, foi preciso parar o show pois o baterista Alexandre acabou por derrubar uma parte do seu kit, momento que foi apresentado por Jairo para falar um pouco com o público, falando sobre sua satisfação em estar ali. No repertório, "Dethroned Messiah", "A Queda", "The Rise of Heresy" mostraram sua força e potência ao vivo. Só que o público queria ouvir as tosqueiras tocadas de forma precisa, com uma ótima produção e um nível de excelência maior. E assim, "The Antichrist", "Necromancer", "Morbid Visions" e o hino "Troops of Doom" fizeram com que o circle pit se formasse. Um show para marcar e afirmar de vez o nome do grupo dentro do cenário.



A dura tarefa de tocar depois da “Tropa” foi do EVILCULT, banda gaúcha já com nome muito firme a nível nacional com lançamento de álbuns no mundo inteiro, engana-se quem acha que foi tarefa difícil, a banda detonou seu speed thrash black metal (existe esse estilo?) com uma apresentação muito coesa e energética, o público agitou muito já que essa sonoridade old school propicia rodas de mosh e o headbanging. O vocalista Lucas capitaneou o desfile da banda por todo o material já lançado e a banda termina o show sendo muito aplaudido pelo grande público que ainda se mantinha no local.


Pra fechar a noite de sábado o HAMMURABI toma de assalto o palco com uma apresentação impecável. Os mineiros mesclaram bem músicas de seus dois álbuns "The Extinction Root" e "L.A.W."  a sonoridade original da banda é algo a ser elogiado aqui na alternância de partes rápidas, partes lentas e muitas partes repletas de groove em momentos de destaque pro trampo do competente e talentoso baterista Yuri Alexander. Fecham as cortinas também com aprovação do público nesse primeiro dia de shows, hora de tomar a “saideira” porque amanhã tem muito mais.


DOMINGO 26/03

No domingo, a exemplo do dia anterior, o evento começou pontualmente ás 14h num cronograma de horário impecável, que seguiria até o show do Ratos de Porão, mas disso falaremos em seguida, agora era a hora do CARCINOSI dar o pontapé inicial do festival, e que pontapé! Tiago “Burnes” Vargas anuncia "Deceived" e o que se vê é o mais fiel death metal sendo tocado com maestria. Essa música, presente no álbum "Resumption", o qual norteou a apresentação da banda, foi aceita e celebrada muito bem, por um público ainda um tanto reduzido mas muito participativo. Todo mundo curtindo e agitando a performance dos gaúchos numa apresentação impressionante. Fecham o set com "Hyperdimension", composição que teve seus primórdios lá no distante ano de 1997, mostrando o quanto o estilo deles se mantém atual.

A sequência nos brinda com a força do interior gaúcho, a banda CHURRIL nos presenteia uma apresentação divertida própria do estilo gore com temas como "Pau Mofado", "Exu Tranca Cú" e "Tropecei no Cadáver de Deus" que por sí só já deixam claro a simpática temática da banda. O som hora calcado num death metal tradicional, hora com passagens mais hardcore fez com que todo o público presente agitasse muito sob o comando da vocalista Luana que teve sua performance sempre ao lado de um vaso sanitário colocado bem no meio do palco saindo fumaça e uma mãozinha apodrecida lá de dentro. Saíram ovacionados do palco.

Agora era a hora do MORTTICIA mostrar seu heavy metal e deixar claro a veia eclética do festival que abordou vários estilos. Uma performance ótima do vocalista Lucas num estilo onde a banda primou a execução técnica de suas músicas de forma muito competente principalmente nos trampos de guitarra.

A próxima atração, o BOCA BRABA traz seu crossover pra botar fogo no público presente! No melhor estilo Suicidal Tendencies e DRI a banda mostrou atitude e agressividade em cima do palco, muita gente agitando no mosh pit mais feroz até ali do segundo dia do festival. Deixaram o palco também muito festejados.

Os veteranos do DISTRAUGHT dão sequência ao show numa performance como sempre avassaladora. A competência da banda ao vivo é impressionante em temas como "Hellucinations", "Locked Forever" ou "Justice Done by Betrayers" sempre presente nos shows da banda. Tiveram o set mesclando toda sua longa carreira, com uma apresentação ótima do vocalista André Meyer sempre agradecendo a resposta do público nos intervalos. Saem de cena com a aprovação unânime do público presente.


A famosa pausa dos 20 minutos de intervalo sempre precisa entre as bandas nos dá um susto na volta pro show do IT’S ALL RED, o palco todo reestruturado no equipamento e onipotente no centro, uma bateria de 2 bumbos e 200 peças enorme que foi usada pelo baterista Renato Siqueira. Não sei como colocaram tudo no palco em tão pouco tempo, mas serviu pra uma apresentação linda e impecável da banda de Porto Alegre, que tocou músicas de todos os álbuns numa mescla de estilos muito particular indo do progressivo, rock, ao death metal com muita competência e muita energia dos músicos. Show realmente muito impressionante.

A próxima troca também foi deveras impressionante, pois “toneladas” de equipamento deram lugar a somente um amplificador e uma minúscula bateria de 3 peças, pro início do show do TEST. É impressionante a versatilidade do vocalista e guitarrista João Kombi e do baterista Barata. Os paulistas tocam desde grandes festivais até shows na rua, calçadas ou dentro de sua já lendária Kombi usada em turnês. A mescla de influências é tamanha aqui que fica impossível rotular a banda numa apresentação que mostra muito improviso de passagens que vão de jazz ao mais violento grindcore. Muita gente colada no palco pra conferir essa dupla que mostrou talvez o show mais diferente e particular até aqui. Devem ter tocado umas 80 músicas...

Palco liberado com pontualidade britânica, pois era chegada a hora do RATOS DE PORÃO ocupar seu lugar de headliner desse segundo Ablaze Metal fest. Rato gigante no backdrop atrás da bateria, e tudo perfeitamente montado pro início do show que estava programado pras 21:20 hs, totalidade do público amontoado em frente ao palco, mas… pela primeira vez tivemos um atraso de cerca de 50 minutos. Apesar de tudo montado, todos estavam esperando o baixista Juninho, que já corria a informação se atrasou devido a apresentação junto ao Matanza Ritual num horário muito próximo lá na capital gaúcha. E fica o questionamento: profissionalismo ou falta de respeito para com o público? Afinal, a banda principal do baixista é o Ratos.  

A galera começa a ficar inquieta, gritar Ratos! Ratos! e então, eis que surgem os quatro senhores detentores do título do crossover brasileiro e finalmente adentram ao palco. Explosão nuclear é o que se segue numa performance como sempre rápida, suja e agressiva do que são os Ratos em cima de um palco. Na primeira parada, Gordo não deixa de zoar o amigo Juninho tirando onda do atraso pela apresentação do baixista com o Matanza Ritual, acarretando o atraso no show e o chamando de Juninho London, mas o massacre segue rápido com toda a longa carreira sendo visitada num set recheado de clássicos como "Amazônia Nunca Mais", "Farsa Nacionalista", "Sofrer', 'Crucificados Pelo Sistema', "Descanse em Paz" e todas as outras 20 músicas todas sempre obrigatoriamente presente num show da banda. Boka descendo o braço, Jão com maestria esmerilhando sua guitarra, a energia e o clima notava-se ótimo entre a banda. Gordo agradecendo aos presentes e sempre deixando claro o discurso do Ratos de Porão em relação aos temas políticos e sociais do nosso querido e sofrido Brasil. Show se encaminhando pro final, a banda sai do palco pra uma pausa programada, casualmente Gordo e Jão ficam na minha frente discutindo o que seria o bis, qual músicas tocariam, mas um dos roadies do Ratos entra palco adentro lá pelo outro lado com o estojo gigante de guitarra na mão, mesmo Jão gritando pra ele sair, que a banda iria voltar ainda pro bis, ele não ouviu, e como tudo indicava o fim do show, a equipe de sonorização adentra ao palco também, as luzes são acesas, e, ao que parece ser um grande problema de comunicação, temos o fim prematuro dessa que vinha sendo uma apresentação matadora da banda, que fecha o domingo, deixando um bis pra trás, pra quem sabe ser pago na próxima vinda a terras gaúchas. 


De qualquer forma tanto o show dos Ratos como o Festival inteiro da Ablaze foi simplesmente sensacional! Dois dias de 17 bandas presentes da cena brasileira e uma uruguaia numa estrutura elogiável e aconchegante não é pra qualquer produtora. Ficamos desde já na espera do terceiro ABLAZE METAL FEST, um festival que já se firmou como o maior do Rio Grande do Sul.