terça-feira, 18 de abril de 2023

MOONSPELL - LATIN AMERICA FULLMOON TOUR 2023 - BAR OPINIÃO - 07/04/2023 - PORTO ALEGRE/RS

 


MOONSPELL - LATIN AMERICA FULLMOON TOUR 2023
Bar Opinião - 07/04/2023 - Porto Alegre/RS
Abertura: Pain of Soul e Weight od Emptiness
Produção: Ablaze Productions
Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Uillian Vargas

Fui criado em uma família católica, e como tal, a data da Sexta-Feira Santa era Sagrada. Minha saudosa mãe fazia todos os ritos referentes a data, o tal “dia de penitência” e atos “hereges” como assistir TV, e ouvir música eram evitados, até a chegada do sábado. Se fosse a “Música do Cramulhão” então, pior seria. Pois bem, é Sexta-Feira Santa, e aqui estou eu, dentro do bar Opinião, esperando pelos lusitanos do Moonspell, em sua primeira visita a Porto Alegre. Desculpe mãe, mas coloquei mais um tijolinho para pavimentar a tal estradinha pro "lugar mais quente lá de baixo”.

Ao adentrar o Bar Opinião, às 19:30, fui surpreendido com a banda Pain Of Soul, no palco já finalizando o seu set. Nesse momento fiquei em dúvida se eu estava desinformado ou não houve divulgação das bandas de abertura e seus respectivos horários dos shows. Uma pena não poder escrever sobre a apresentação dos catarinenses de Blumenau, apenas que o seu Doom Metal foi muito bem recebido pelo público que já estava presente, visto que foram muito aplaudidos ao final do seu set.


Logo a seguir , as 20:00hrs os chilenos do Weight of Emptiness invadem o palco do Opinião, com seu Doom/Black/Death, e de cara agradam os presentes, divulgando o seu recém lançado "Withered Paradogma". O destaque da banda fica para o carismático vocalista Alejandro Ruiz, dono de uma performance no palco e excelente vocal, com passagens limpas e guturais. Após 40 minutos chegou ao final uma ótima apresentação, e que, com certeza deve ter angariado mais fãs e seguidores. Fica a dica aos apreciadores dos estilos citados, procurem conhecer o Weight Of Emptiness.


Passavam 10 minutos das 21 horas, quando as luzes se apagam, e dos P.A´s é possível ouvir em alto e bom som, o clássico “Mr. Crowley” em sua versão original, lançado pelo mestre Ozzy Osbourne em 1980, para logo em seguida, Fernando Ribeiro (vocal), Pedro Paixão (teclados/guitarras), Ricardo Amorin (guitarras), Don Ayres Pereira (baixo) e Hugo Ribeiro (bateria) tomarem suas posições e iniciarem o espetáculo com “The Greater Good” do último lançamento de estúdio “Hermitage” (2021). Sem intervalos, executam a clássica “Extinct” do álbum homônimo de 2015.


Na primeira pausa, Fernando Ribeiro agradece ao bom público presente e convida a todos nós a entrarmos em uma máquina do tempo, e irmos direto para o ano de 1996, para provarmos um pouco de “Opium” e a faixa que dá título ao álbum daquele ano é executada. Som e luzes estavam perfeitos. A iluminação, apesar de sem muitos efeitos, dava o clima sombrio e noturno que uma apresentação do Moonspell requer.


Seguiram-se “Night Eternal” e a clássica “Finisterra”, uma das faixas mais rápidas e pesadas da discografia do banda. Não é novidade para ninguém falar do quão grande “frontman” é Fernando Ribeiro, e a sua excelente comunicação com o público, obviamente também facilitada pelos nossos idiomas serem os mesmos. Ele brinca com isso e diz que vai tentar falar mais “abrasileirado” dali para frente. Também destaca que o setlist em Porto Alegre seria um dos mais extensos da Tour. Sorte nossa! Ressaltou que após 30 anos de carreira, o setlist teve que ser bem pensado para tentar cobrir todas as fases da banda. Outros destaques do setlist: “Em nome do Medo”, “Nccturna”, “Todos os Santos” e "Vampyria”.

“Alma Mater”, clássico absoluto encerra a apresentação antes do “encore”. Após uma curta pausa e saída do palco, o Moonspell retorna para fechar uma apresentação irrepreensível e perfeita, com “Wolfshade” e a mais que indispensável “Full Moon Madness”. Durante a execução desta última, não pude deixar de notar uma garota chorando copiosamente. Fiquei pensando sobre o apelo emocional que o Moonspell e em especial esta música causa sobre os fãs. Uma letra que fala dos ritos de passagem e toda a magia que as fases da lua representam e o sentimentalismo aqui representado, incluindo o encanto sobrenatural dos lobisomens. É uma banda com uma aura diferenciada, sem dúvida alguma.


Ao final de quase duas horas, o Moonspelll foi muito além do que um simples show de metal. Foi uma celebração. Aquele tipo de espetáculo que ficará por muito tempo na memória dos que estiveram presentes. Agradecimento especial a Ablaze Productions, mais uma vez uma produção impecável, e ao meu parceiro Uilliam Vargas pela inspiração e fotos sensacionais que estão aqui nesta matéria. E ao sair do Opinião, lá no céu, uma lua cheia perfeita para conduzir lobisomens e simpatizantes de volta aos seus lares e aposentos. “Lobos que foram homens e jamais tornarão a ser”.

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