SCORPIONS - ROCK BELIEVER WORLD TOUR 2023
Abertura: MARENNA
25/04/2023 - Gigantinho - Porto Alegre/RS
Produção: Mercury Concerts/Opus Entretenimento
Assessoria: Agência Cigana
Abertura: MARENNA
25/04/2023 - Gigantinho - Porto Alegre/RS
Produção: Mercury Concerts/Opus Entretenimento
Assessoria: Agência Cigana
Texto e fotos: José Henrique Godoy
Existem momentos, dias, noites, horas, que se tornam inesquecíveis, seja por qual motivo for. Realização de sonhos, ou resgates do passado. Esse ano completo 40 anos como fã de rock. E há 40 anos conheço a tal banda Scorpions. Na minha adolescência os shows no Brasil eram raríssimos, e naquela época eu pensava que o mais perto que eu chegaria do Scorpions seria a transmissão "meia boca" que a Rede Globo fez do explosivo e antológico show dos alemães no primeiro Rock In Rio em janeiro de 1985.
Desde cedo sempre me acostumei a ler revistas e livros de rock e metal, e admirar as pessoas que escreviam sobre o tema. Ficava impressionado sobre como aqueles jornalistas sabiam tanto sobre tudo a respeito das bandas e artistas. Meu saudoso pai me falava: "É porque eles estudaram pra saber tanto". Bom, não me tornei jornalista, mas me meti a escrever sobre shows, Lps e Cds, meio tipo "zagueiro de horta", sem muita técnica mas com todo sentimento que tenho pela música pesada.
Toda essa introdução meio sentimental e desvirtuada ao qual este texto se propõe, é pra dizer que, passados 40 anos, cá estou eu, no show do Scorpions em Porto Alegre, escrevendo para o Rebel Rock, e muito feliz, pois este é o nosso primeiro credenciamento para show de banda gigante! Um imenso prazer e indescritível emoção.
O local é o Ginásio Gigantinho, do S.C. Internacional território adversário para um tricolor frenético como eu, mas local também de muitas glórias: meu primeiro show assisti neste mesmo local, o Quiet Riot em março de 1985, assisti Black Sabbath com Dio em 1992, Iron Maiden, Motorhead, entre outros, além de inúmeros Grenais vencidos pelo Grêmio, no estádio ali ao lado do ginásio. Mas chega de conversa fiada, e vamos ao que interessa.
Às 19h30, o Marenna, a excelente banda de Hard Rock gaúcha inicia sua apresentação com "Voyager" faixa título do seu trabalho mais recente. Logo no início, o som estava muito embolado, e a seguir, na tentativa de ajustes, hora o teclado ou hora o baixo ficavam com o som muito mais alto que os demais instrumentos. O problema foi solucionado na terceira música, "Pieces OF Tomorrow". Outros destaques do set de 45 minutos que a banda apresentou foram "You Need To Believe" e "Too Young to Die". Inegável a categoria do quinteto, formado por cinco exímios músicos, executando um Hard Rock/AOR de primeira grandeza. Que fique aqui registrado, o Marenna é uma das melhores bandas nacionais da atualidade e veio para ficar, ao contrário de vários exemplos de bandas que apareceram, abriram show de um gigante da música e nunca mais se ouviu falar da banda. "Had Enough " fecha o set do Marenna, que caiu nas graças do ótimo público presente ao Gigantinho.
MARENNA |
A cortina com o enorme logotipo do Scorpions cobria o palco, enquanto no som mecânico rolavam vários clássicos do rock, até que pontualmente as 21h, as luzes se apagam e o espetáculo inicia. Com a cortina ainda sem revelar o que estava por vir, reconhecemos de cara a faixa de abertura do excelente álbum "Rock Believer", "Gas In The Tank". A cortina cai e lá estão os cinco senhores de uma das mais aclamadas e vencedoras do Rock n' Roll. O palco super iluminado com um telão reproduzindo imagens ultra coloridas. Klaus Meine, Rudolph Schenker, Mathias Jabs, Pawel Maciwoda e Mikkey Dee chegaram pra não deixar pedra sobre pedra, e as clássicas "Make It Real" e a preferida das preferidas, "The Zoo" são executadas quase que sem intervalo. O peso e a classe dessa composição tornam esta uma das músicas mais clássicas do repertório do Scorpions. O solo de Mathias, utilizando o Talk Box me fez viajar até aquele janeiro de 1985 onde assisti a mesma cena no Rock In Rio, pela tv da sala. Nesse momento também, Klaus divide-se entre utilizar um Cow-Bell, e jogar baquetas para o público.
SCORPIONS |
O som, estava perfeito, alto e claro. Klaus Meine dá um show de simpatia , sorrindo e acenando sempre, e por uns instantes sai do palco. É a vez de Mathias tomar a frete do palco e iniciar o riff da instrumental "Coast To Coast", e Klaus "timidamente" retorno ao palco com a sua guitarra para levar a referida faixa até nós.
Ao contrário da maioria dos seus contemporâneos, que lançam discos novos, mas tocam apenas uma ou duas músicas do novo trabalho nas turnês, para não arriscar em prol dos sons consagrados da sua discografia, o Scorpions sabe que tem um álbum fortíssimo, e aposta nele e agrada totalmente: na sequência, duas músicas de "Rock Believer": a pesada e cadenciada "Seventh Sun" (na primeira audição, me lembrou muito a música "China White", do álbum "Blackout" de 1982) e a rápida e certeira "Peacemaker".
Klaus nos convida a voltar aos "bons e velhos tempos dos anos 80" e dispara "Bad Boys Running Wild", faixa de abertura de talvez o seu disco mais conhecido, "Love At the First Sting" (1984). Aproveitando o ensejo, Mathias Jabs toma novamente a frente para executar a sua instrumental "Delicate Dance". Pausa para tomar fôlego, Rudolph e Mathias trocam as guitarras elétricas pelas acústicas e o Gigantinho em peso canta junto com Klaus a belíssima "Send Me An Angel". No mesmo clima, na sequência uma das músicas mais famosas dos alemães, "Wind Of Change", é dedicada a Ucrânia.
Voltando à primeira forma, "Tease Me, PLease Me", com seu riff incrível e letra sacana, agita o público novamente, enquanto a próxima, "Rock Believer" provavelmente é o mais novo clássico do Scorpions, uma faixa sensacional, feita pra "todo mundo cantar junto". O saudoso e imortal Lemmy, sempre apresentou Mikkey Dee nos tempos do Motorhead, como o " Melhor baterista do Mundo" e o que veio a seguir foi um solo pra não deixar nenhuma dúvida sobre a opinião do Mr. Kilminster sobre seu antigo baterista.
Palco fica escuro, se ouve sirenes e luzes da polícia começam a piscar por todo o palco: hora de "Blackout " e Rudolph entra com a sua impagável "Flying V" com escapamento soltando fumaça. "Big City Nights" é a próxima e as luzes e o telão emulam uma agitada noite numa cidade grande. Infelizmente sabemos que o final do show está próximo, a banda sai do palco e volta para o bis, com as duas músicas que tradicionalmente fecham o set e estão entre as mais conhecidas do Scorpions: "Still Loving You" e o hino " Rock You Like a Hurricane".
Que noite foi esta que o Scorpions nos proporcionou senhoras e senhores. Todos os "Rock Believers" presentes saíram com a alma lavada. Não foi um show, foi sim, um espetáculo. Fiquei lembrando do medíocre cidadão da Rede Record que "regurgitou" que Scorpions ( junto a Deep Purple e Kiss) estavam vindo ao Brasil para se internar em uma casa de idosos e os fãs que iriam nos shows precisavam usar medidores de pressão arterial. Para esse cidadão, eu só digo que quero chegar aos 70 anos com a vitalidade de um Klaus Meine ou de um Rudolph Schenker. Obrigado Scorpions, volte sempre que possível, para nos dar mais uma aula de como fazer música e de como fazer um show de Rock de verdade. Fica aqui nosso agradecimento a Opus Promoções e Agência Cigana pelo credenciamento concedido ao Rebel Rock.
Nenhum comentário:
Postar um comentário