sexta-feira, 21 de junho de 2024

GHOST - RITE HERE RITE NOW (MOVIE - 2024)

 


GHOST
RITE HERE RITE NOW


O Rock/Metal no cinema sempre é uma ocasião especial e peculiar. No passado tivemos alguns (poucos) exemplos com Led Zeppelin “The Song Remains The Same” e o AC/DC com “Let There Be Rock”, que se tornaram mais do que clássicos. Mais recentemente Metallica, Rammstein e Kiss também levaram seus shows/documentários para as grandes telas de todo o mundo.

Rite Here, Rite Now" é a primeira oportunidade do Ghost levar ao público o seu show teatral via cinema. A exibição simultânea nas salas do mundo todo ocorre nos dias 20, 21 ,22 e 23 de Junho de 2024, e combina imagens dos dois shows que a banda liderada por Tobias Forge apresentou no Kia Forum, em Los Angeles no final de 2023. Junto a apresentação dos shows, o longa metragem discorre uma narrativa que trás de volta o enredo dos “Websodes” apresentados pelo Ghost ao longo dos anos: A trajetória dos papas e suas origens.

Realizado e produzido por Tobias Forge, com a colaboração de Alex Ross Perry, “Rite Here, Rite Now” apresenta o espetáculo que o Ghost entrega no palco. Goste você da banda ou não, não há como negar que o show é impecável, com muita produção de palco e teatralidade, por óbvio. Os Nameless Ghouls são excelentes músicos, (sem spoilers, mas agora temos também as The Ghoulettes) e Tobias Forge é um frontman fantástico, além de um “entertainer” completo.

A trama que se passa nos bastidores é muito bem amarrada e distribuída ao longo do espetáculo, e não atrapalha em nada quem está lá apenas pela música. E você que é fã das músicas do Ghost, os seus clássicos estão todos lá. Creio eu falar mais do que isso vai estragar a experiência de quem ainda não assistiu, mas porém apenas mais um “aviso”: Não sai da sala quando os créditos começaram a subir na tela. Ao final temos mais algumas surpresas.

RITE HERE RITE NOW” vai “mergulhar os espectadores no melodrama tecnicolor do aclamado ritual ao vivo da banda, que ajudou a impulsionar a principal exportação de rock teatral da Suécia para o estatuto de vencedor do prémio GRAMMY, liderando as tabelas de venda e esgotando arenas em todo o mundo“, pode ler-se num comunicado de imprensa. E apesar de sucinto, este comunicado reflete bem o que o Ghost entrega neste excelente trabalho. Saí da sala de cinema com vontade de ouvir o Cds e assistir um show ao vivo do Ghost. Se você é fã ou gosta da banda, procure neste final de semana uma sala de cinema para assistir “Rite Here Rite Now”.

José Henrique Godoy




ACCEPT - HUMANOID (2024)

 


ACCEPT
HUMANOID
Napalm Records - Importado

Após pouco mais de três anos, o Accept, liderado pelo guitarrista Wolf Hoffmann, lançou seu 17º álbum de estúdio no dia 26 de abril. Este é o segundo álbum sem o baixista Peter Baltes e o sexto da fase atual com o vocalista Mark Tornillo. A banda conta também com Uwe Lulis na guitarra, Martin Motnik no baixo e Christopher Williams na bateria. O Brasil foi um dos primeiros países a receber a banda na turnê de divulgação do disco no último mês de maio.

A lendária banda alemã de heavy metal tradicional é conhecida por clássicos da cena como "Balls to the Wall", "Metal Heart" e "Restless and Wild". São excelentes músicas que mesclam a sonoridade de outras lendárias bandas, como Judas Priest e AC/DC.

A capa do disco é uma arte que remete à faixa-título. Um robô com sua inteligência artificial sendo superior aos humanos. Atrás, podemos observar uma janela aberta que mostra uma cidade futurista. A janela possui o formato do coração da capa do "Metal Heart", claramente uma referência ao clássico álbum da banda.

A produção do excelente Andy Sneap deixa o disco com uma boa sonoridade. O mencionado produtor já vem trabalhando com a banda desde o primeiro disco com Tornillo, portanto a sonoridade do atual trabalho não mudou em mais de 14 anos. Segue exatamente a mesma linha de composição e produção. O Accept entra no mesmo grupo do AC/DC de fazer discos muito parecidos, porém com excelente qualidade. Este trabalho segue o heavy metal tradicional, recheado de excelentes riffs e solos, com uma produção mais moderna, junto com o clássico vocal rasgado de Mark Tornillo. No geral, é um excelente álbum de heavy metal, mas acredito que não tenha superado seu predecessor "Too Mean To Die".

O álbum abre com "Diving Into Sin", uma bela composição que é extremamente característica dessa fase atual do grupo. A música inicia com uma melodia suave na guitarra, de uma maneira bem calma, ocorrendo um contraste logo em seguida, onde a música “explode”. Consigo imaginar essa música no "Blind Rage". A faixa seguinte, "Humanoide", batiza o álbum. A música possui um riff com notas alongadas, formando uma melodia bem bonita, seguida do vocal agressivo de Tornillo. Aqui a banda aborda a temática tecnológica, fato recorrente nas suas letras, como ocorrido na música "Zombie Apocalypse" no trabalho anterior. A faixa conta uma história fictícia de um ser híbrido, metade humano e metade máquina, chamado de Hybrid. Acredito que um clipe animado teria se encaixado bem com essa música. "Frankenstein" vem logo em seguida com um hard/heavy bem empolgante. Seus versos e sua ponte são as melhores partes da música, porém o refrão é um pouco desanimado. O solo se destaca no disco como um dos melhores. A música retrata a perspectiva de uma criatura criada por um cientista maluco, mostrando sua confusão e luta para a compreensão de sua existência.

"Man Up" é uma música mais leve. Remete-me a "Wanna Be Free", do "Blind Rage", sendo uma música bem suave, com um começo mais tranquilo. É uma bela música com um refrão que possui o característico coro do Accept. Destaco a ponte entre o verso e o refrão. Quebrando o ritmo leve, em seguida vem a excelente "The Reckoning". A música abriu o show em São Paulo. Aqui temos o heavy metal de volta, com um riff pesado e um verso bem agressivo. A primeira frase da música “horseman ride” é cantada com coro da banda de uma maneira muito forte, uma ótima introdução para a canção. Mark Tornillo manda muito bem nessa faixa. O trabalho de guitarra é estupendo. A música descreve uma visão apocalíptica do fim dos tempos, onde os cavaleiros do apocalipse trazem caos e destruição. Posteriormente, o disco nos presenteia com uma faixa que remete ao Accept clássico com o Udo. Não à toa é o melhor trabalho do álbum. O riff inicial lembra músicas do "Metal Heart". O verso é bem voltado para o hard rock. O refrão é, com sobras, o mais “grudento” do álbum, e também o melhor. Muito empolgante, feita para cantar ao vivo (embora na sua turnê não tenha sido tocada). A música aborda a inevitabilidade da morte, independente das diferenças entre as pessoas. Excelente faixa!

Finalmente o disco chega na balada. O Accept, além de suas músicas pesadas, também é conhecido por compor elegantes baladas. "Revenge Of Time" é uma balada bem calma. Inicialmente é cantada com a voz mais suave de Tornillo, acompanhada por uma guitarra bem leve, até que ele volta a soltar sua voz rasgada. Outra boa música que vem sendo tocada nos shows da turnê. A porrada retorna com "Unbreakable". Essa música tem aquela tradicional característica da banda de você imaginar o refrão apenas lendo o título da faixa. E assim acontece. O refrão é tocado da maneira mais Accept possível. E ele é seguido com riffs muito bem encaixados. Ótimo trabalho.

"Mind Games" segue a linha genérica do Accept atual. O que não é demérito, pois é mais um bom trabalho do disco. O título mais uma vez é cantado com o famoso coro da banda. Destaco seu solo calmo. Não se destaca no álbum, mas dá para aproveitá-la. "Straight Up Jack" é a clássica faixa da banda que remete ao AC/DC. Aqui temos um hard rock muito próximo ao som feito pelo lendário grupo australiano. Podemos perceber isso no começo da música e, principalmente, no refrão. Boa música.

O disco é encerrado com a excelente "Southside Of Hell", um grande destaque do "Humanoid". Aqui a banda regressa ao metal. O riff que inicia a música com certeza é o melhor do álbum. Bem trabalhado, longo e com vários momentos diferentes. Excelente riff que vai acelerando com o passar da música. Seu verso e sua ponte são bem fortes e rápidos, seu refrão é mais cadenciado, possuindo, claro, o coro da banda. Podemos ouvir o riff novamente pelo meio da música. O solo é outro destaque, bem melódico e característico de Wolf Hoffmann. Um baita fechamento.

"Humanoid" foi um tiro certeiro do Accept. Fizeram o que fazem de melhor, seu som clássico de anos, sem inventar ou inovar. Se você curte os trabalhos da fase atual, não tem por que deixar de ouvir essa obra, é exatamente o que irá encontrar.

Thiago Rodrigues




terça-feira, 18 de junho de 2024

KERRY KING - FROM HELL I RISE (2024)

 


KERRY KING
FROM HELL I RISE
Reigning Phienix Music - Importado

Kerry King é daqueles músicos gigantes, e seu nome e legado transformaram esse trabalho em um dos mais aguardados de 2024, e verdadeiros fãs do mais intenso e brutal Thrash Metal não tem absolutamente do que reclamar. É óbvio que o nome que carrega faz com que o sarrafo esteja sempre em um nível alto e como não relacionar seu nome a clássicos imortais lançados na longínqua década de 80 e mesmo o início dos anos 90, mas como sabemos, esses anos dourados nunca mais retornarão, afinal King e cia. não tem mais 20 e poucos anos e mesmo assim, ainda são capazes de tocar em ritmo e velocidade alucinantes.

Desde que o Slayer anunciou o fim das atividades há alguns anos atrás, King já demonstrava que não queria parar e que reuniria um Dream Team do Metal com sua nova banda que tempos depois leva apenas seu nome artístico, o que para mim foi um pouco decepcionante. A banda poderia muito bem se chamar algo como Kingslayer ou mesmo outro nome que não se relacionasse tão diretamente ao guitarrista, mas o mais importante é que finalmente, em determinado momento, o projeto de King de ter uma nova banda finalmente saiu do papel.

Ao visualizar o tracklist de “From Hell I Rise”, achei de imediato que 13 faixas poderiam soar um tanto cansativas, mas felizmente foi apenas aquela impressão que durou alguns nanosegundos e ouvir tantas cacetadas igualmente insanas e pesadas e que absolutamente em tudo, lembram Slayer, umas com mais, outras com menor intensidade, de forma alguma poderiam cansar a ponto de pausar a execução em algum momento. Parece que não fugir do jeito Slayer de ser foi um dos motes do disco. Que bom!

A instrumental “Diablo” abre o disco nos mesmos moldes de “Delusions of Saviour” que também abriu o último registro de estúdio do Slayer, “Repentless” (2015). “Where I Reign” dá inicio ao caos, na sequência duas faixas já previamente lançadas, a mais cadenciada “Residue” e a caótica “Idle Hands”.
“Trophies of the Tyrant” é um enorme destaque em especial em seus solos onde o grande guitarrista Phil Demmel (ex-Machine Head) se destaca e “Crucification” poderia tranquilamente fazer parte dos mais clássicos trabalhos do Slayer já que a pancadaria mesclada com a melodia é algo que nem sempre se viu nos álbuns do Slayer. Essa vale uma atenção redobrada!

“Tension” me lembrou faixas como “Serenity in Murder”, de “Divine Intervention” (1994) por exemplo, já que a semelhança da voz limpa de Mark Osegueda com a de Tom Araya é incontestável. “Everything I Hate You” tem pouco mais de 1 minuto e não dá pra esperar nada além de pancadaria, e sim, ela poderia estar em “Undisputed Attitude” (1996). “Toxic” é também um destaque absoluto e sua levada me lembrou a faixa “Piano Wire” do trabalho mais recente do Slayer, faixa esta uma composição de Jeff Hannemann. Quer mais Slayer que isso?

“Two Fists” tem uma veia punk que a faz única no disco, “Rage” é puro Thrash anos 80, “Shrapnel” tem uma intro que me lembrou mais uma faixa de “Divine Intervention”, chamada estranhamente de “213”. Mas é só no começo, depois tudo é Thrash. Destaco aqui as variações sempre criativas e cheias feeling do mago das baquetas Paul Bostaph. Essa poderia muito bem ser a faixa de encerramento, mas ainda tinha espaço pra faixa título, para aí sim desta vez, fechar o disco com ódio, raiva e brutalidade, o que fica claro no refrão “Do inferno através do fogo eu levanto, até que chova sangue dos céus”. Familiar isso tudo não acha, caro leitor?

Imagino essa faixas de tivessem a incrível interpretação do mestre Tom Araya no vocal, certamente (ao menos para mim!) soariam mais agressivas e potentes com algumas candidatas a clássico.
Melhor que “Repentless”? Acho que sim, ou no mesmo nível na pior das hipóteses! Melhor que “World Painted Blood” e “Christ Illusion”? Acho que não mas penso que a distância entre eles não é tão grande assim.

Para alguns pode soar como mais do mesmo, mas não, não é, afinal “From Hell I Rise” é um Slayer com outros músicos e em especial, com uma nova voz. Se o Slayer original vai ou não retornar com força total, ainda não sabemos já que isso ainda é um assunto um tanto quanto “mal explicado”; mas com esse lineup, os carentes fãs do Slayer no qual me incluo, podem sim sentir-se representados com toda a pompa.

Como diria o mestre Luiz Carlos Alborghetti: “um abraço pra galera do Slayer… são os grandes reservas morais do Thrash Metal”. Ele sempre esteve certo…

Mauro Antunes




sábado, 15 de junho de 2024

BON JOVI - FOREVER (2024)

 

BON JOVI
FOREVER
Universal Music Group - Nacional

Com 135 milhões de discos vendidos, 14 deles no topo das paradas, e mais de 50 singles de sucesso, o Bon Jovi tem o que é preciso para ser considerada uma das maiores bandas do planeta. Sempre reinventando a roda, década a década, deixou a sua marca em cada geração, garantindo com que o artista não dependa apenas de seus primeiros sucessos, diferente da maioria esmagadora de outros artistas.

Mas sabemos que desde 2012, após as intensas turnês dos bem-sucedidos ‘Lost Highway’ e ‘The Circle’, o músico vem sofrendo com diversas críticas, parte delas a mídia e seus fãs antigos, que mencionam sobre o direcionamento musical e a sua performance vocal. E para piorar, a saída de seu braço direito, o guitarrista Ritchie Sambora, fez parecer com que o maior problema do grupo fosse a sua ausência, o que é uma meia verdade. Desde ‘Lost Highway’, o nosso “King of Swing”, vinha seguindo um estilo mais leve e deixando de lado alguns estereótipos que o consolidaram. Seu posto foi ocupado por Phil X, que já havia trabalhado em outros projetos, dentre eles, com os canadenses do Triumph no disco ‘Edge of Excess’ de 1992. Então, temos que aceitar que ao único e verdadeiro responsável pela direção sonora do grupo, sempre foi Jon Bon Jovi.

E neste ano, para o lançamento de seu novo registro chamado ‘Forever’, Jon aproveitou-se do engajamento de seu documentário oficial biográfico, ‘Thank You, Goodnight: The Bon Jovi Story’. Trabalhando com o lado emocional dos fãs, e com foco em seu processo cirúrgico nas cordas vocais feito em 2022, ajudou a criar grandes expectativas até mesmo com o público que já não acompanhava há anos.

Com a divulgação do primeiro single ‘Legendary’, foi impossível não sentirmos aquela sensação ouvir a mesma fórmula de todos os seus últimos discos. O famoso bordão “não fede, nem cheira” se aplica neste caso. E mesmo com uma letra cheia de referências a carreira do músico, nos colocou em dúvida sobre alguma possível surpresa. Tempos depois, ‘Living Proof’ surge, dando um certo alívio, mas ainda dividindo opiniões. A música soava mais pesada, lembrando os discos como ‘Crush”’, ‘Bounce’ e ‘Have a nice day’. Mas a incerteza ainda rondava o consciente coletivo, e nos restou apenas esperarmos até dia 7 de junho.

Contando com 12 faixas lançadas no formato convencional (14 no Japão), o que ouvimos na obra é uma ode a carreira do músico. Se analisarmos as temáticas, muitas delas autobiográficas, trazem angústias e alegrias e indecisões intrínsecas ao artista e de sua longínqua carreira.

Os pontos altos do disco, além dos singles, ficam por conta de “Seeds”, que mesmo leve, traz uma estrutura musical diferente do que estamos acostumados a ouvir, explorando solos e elementos que a deixam ímpar, em paralelo a todas as outras faixas. E ‘The People´s House’, onde fica impossível a não comparação a ‘Keep The Faith’, um grande clássico de 1992, que nesta “versão”, mesmo que mais humilde, enriquece a experiencia do álbum, resgatando o ‘groove’ dos anos 90, momento de uma das melhores fases da banda.

E se ainda resta algum fã exclusivamente da fase oitentista para experenciar o disco, ‘Walls of Jericho’ pode fazer o seu gosto, tanto em sua harmonia quanto ao refrão, lembrando brevemente os lados B de “Slippery Whe Wet” e “New Jersey”. Uma outra composição relevante, ouvimos em ‘Living in Paradise’, música composta em parceria com o renomado músico Ed Sheeran, que manteve a sonoridade “atual” dos últimos discos da banda. Infelizmente, como qualquer trabalho atual da banda, temos composições descartáveis, como ‘Kiss The Bride’ e ‘Hollow Man’, esta última encerrando o disco do pior jeito possível, apesar de sua letra ser interessante.

Quanto aos integrantes do disco, felizmente (ou infelizmente) nenhuma novidade. Os escudeiros de longa data continuam firmes, como o baterista Tico Torres, David Bryan nos teclados, Hugh McDonald no baixo. O parceiro criativo, John Shanks e percussionista Everett Bradley, permanecem como músicos oficiais após anos de contribuições durante as turnês e em estúdio. E a o porquê de tantos músicos? Para quem ainda não sabe, Jon sempre adorou este formato de Big Band, influenciado pelos seus ídolos da Southside Johnny and the Asbury Jukes.

Em resumo, ‘Forever’ pode não ser o melhor disco do Bon Jovi nos últimos anos, ainda mais se comparado ao feito em This House is Not For Sale”, em 2016. Mas a obra mostra que em meio a tantas adversidades, Jon Bon Jovi mantém se no jogo da indústria musical ativo, e queira você ou não, se depender dele isto está longe de ter um final.

Leandro Isoppo





ANDRALLS - UNIVERSAL COLLAPSE (2024)

 


ANDRALLS
UNIVERSAL COLLAPSE
Marquee Records - Nacional

Pouco mais de 25 anos após sua fundação, o Andralls segue firme e forte. Um filho exemplar do underground brasileiro, firme e forte na sua proposta de fornecer rodas e torcicolos nos headbangers — O grupo paulista não pisa no freio, muito pelo contrário, a ordem é ir cada vez mais para o lado rápido e agressivo.

Chegando com mais um trabalho na praça, o fenomenal “Universal Collapse”, o oitavo disco de estúdio. Logo de cara temos a percepção de estarmos diante do álbum mais maduro e trabalhado do Andralls. A primeira novidade é que o grupo deixa de ser um trio para voltar após anos ser um quarteto, com a formação atual sendo Alexandre "Xandão" Brito (bateria) Alex Coelho (vocal e guitarra), Guilherme Goto (guitarra) e Renato Carvalho (baixo). Com a energia revigorada, o que temos nas 10 faixas são um peso nunca visto, com movimentados mais “sabbaticos”, colocando a densidade à frente da brutalidade.

A abertura com “Cross of Shame” é um voleio na orelha para deixar o ouvinte desorientado. São 3:48 minutos de pura ignorância e gritos surreais de Alex. Algo que me chamou bastante atenção no álbum são as características dos refrãos sempre serem repetitivos, e o instrumental “mais largado” para que aquele trecho em si seja extremamente marcante para o ouvinte.

Não existe descanso, “Escape from the Traps”, “Dead Consumers” e “Masters of the Lie” são pedradas, com riffs cortantes, que trazem em suas “entranhas” o Sepultura do maravilhoso “Schizophrenia” — Cru e poderoso a ponto de derrubar paredes e mais paredes de concreto. O lado Tony Iommi aparece em uma passagem de “Call Me Madness”, notas sombrias e arrepiantes, que logo descamba para mais uma aula de “fasthrash”.

“Universal Collapse” é uma aula de como evoluir sem perder a sua essência. É gratificante ouvir trechos que remetem aos heróis, mas, o melhor é sentir que a maturidade da estrada mostra que mais importante de olhar os pôsteres na parede, é se imaginar neles. O Andralls é um pilar, um exemplo de inquietude, não está bom? Reformularemos e chutaremos bundas novamente.

O Andralls nasceu para ser rápido e brutal, e nós nascemos para referenciá-los a cada novo lançamento. “Universal Collapse” é a obra definitiva desses 26 anos de muito trabalho e metal pesado.

William Ribas




HATEFULMURDER - I AM THAT POWER (2024)

 


HATEFULMURDER
I AM THAT POWER
Canil Records - Nacional

Os cariocas do Hatefullmurder, após a entrada da vocalista Angélica Burns, vem numa escalada surpreendente. A cada álbum temos um nível acima ao seu antecessor, seja tecnicamente, seja sonoridade que vem adicionando novos elementos. Além de Angélica, o grupo conta com Renan Campos (guitarra), Felipe Modesto (baixo) e Thomás Martin (bateria), formando um “quarteto fantástico”.

O novo álbum do grupo “I Am That Power”, é literalmente o poder. O poder de um grupo pesado, que neste novo trabalho pisa forte em flertes com diversas vertentes do metal extremo.

A direção mais óbvia fica para uma certa comparação com os suecos do Arch Enemy? É errado? Não, mas os brasileiros vão além. “Eye For An Eye”, faixa que abre o disco, tem um maravilhoso Black/Death Metal com Angélica totalmente diabólica carregada de ódio em cada palavra. Na sequência temos “Call Out Your Soul”, soturna, com o andamento inicial bem denso para logo descamba para quebradeira. Aliás, a música em si é uma montanha russa de movimentos surpreendentes.

Olhando para os três álbuns dessa formação, posso afirmar que nunca o instrumental da banda foi tão ímpar. É como se pegassem a química feita por nomes como In Flames, Arch Enemy e outros mais pesados dos anos 90 e misturam com bandas atuais como Jinjer e Infected Rain. As linhas mais “gordas”, riffs mais cheios e a cozinha (baixo e bateria) cheias de nuances quebradas, com cada integrante tendo espaço para brilhar. A orquestração é outro ponto positivo e se faz presente em quase todas, fazendo-se importante para a dinâmica pesada dentro da proposta de “I Am That Power”

“Psywar” e “The Root Of Fear”, são opostas, mas não deixam de ser uma dobradinha certeira. Enquanto a primeira é mais “reta” e “simples”, temos na segunda o momento mais Arch Enemy do disco. Na sequência, “Set Fire”, música para bater cabeça, não existe outra alternativa, sua levada insana é de tirar o fôlego.

Vale citar que por vários momentos temos passagens onde Angélica utiliza sua voz limpa, mas fazer camada para logo retornar aos seus excelentes urros cavernosos. “This is The Final Hour”, a faixa-título e “Crime & Castigo”, são a cereja no bolo e fecham de maneira primorosa o álbum.

I Am That Power” é álbum que certamente abrirá portas para o Hatefulmurder. É maduro e eloquente. O trabalho que somente bandas que almejam ser grandes conseguem fazer.

William Ribas




JINJER - LIVE IN LOS ANGELES (2024)


JINJER
LIVE IN LOS ANGELES
Napalm Records - Importado

Acredito não haver hoje no mundo quem gosta de música pesada e não deu “bisbilhotada” no grupo ucraniano Jinjer. Seja por curiosidade, seja por indicação, em algum momento aconteceu de se “esbarrar”. Possivelmente são a nova grande potência. O show intimista, cheio de energia e criatividade de seus músicos, elevaram a banda para um novo patamar.

E é justamente essa nova fase celebrada em “Live in Los Angeles”, gravado na cidade americana para “marcar o fim da pandemia”. A banda mostra o que de melhor tem passeando por todos os seus álbuns de estúdio — Se tornando uma gangorra de emoções entre a “inocência” do início e a maturidade e firmação dos tempos atuais. São 16 músicas que tem como pontapé a maravilhosa e trincada dupla “Sit Stay Roll Over” e “Teacher, Teacher!”.

A mistura sonora ímpar que ouvimos em estúdio ganha mais amplitude na apresentação, teletransportando o fã para aqueles momentos únicos de reggae e suaves em meio a tempestade metálica em sua volta. “Who is Gonna Be the One”, “Call Me A Symbol” e “Pisces” são a perfeita amostra de como uma boa gravação e mixagem se tornam extremamente necessárias em trabalhos ao vivo. É possível ouvir com nitidez cada nota executada, cada linha progressiva, mas, o mais importante, a empolgação do público — A tal sinergia entre banda e seus adeptos estão ali para o mundo participar e se arrepiar.

O encerramento com as já clássicas “Pisces” e “On the Top”, dão a verdadeira dimensão de Tatiana Shmailyuk, que varia com absoluta tranquilidade entre vocais guturais e limpos mostrando ser uma vocalista singular.

Live in Los Angeles” é um deleite para quem não é preso em fórmulas e estilos — É a mostra perfeita para os vindouros shows que o Jinjer fará no Brasil nos próximos meses.

William Ribas





LORDS OF BLACK - MECHANICS OF PREDACITY (2024)


 

LORDS OF BLACK 
MECHANICS OF PREDACITY
Shinigami Records/Frontiers Music Srl - Nacional

Ronnie Romero parece um personagem de desenho animado da minha infância, o Multi-Homem dos Incríveis. A impressão que passa é que a cada mês que avançamos, vamos encontrar Romero em 3 ou 4 lançamentos e bandas diferentes, e assim como o personagem dos desenhos, ele se multiplica e está em vários lugares ao mesmo tempo.

O Lords of Black é uma banda fundada por ele em 2014, ele deixou a mesma em 2019 e voltando em 2020. Este novo trabalho é o quarto na discografia da banda, e aqui temos um trabalho bem coeso, onde temos a mescla de Prog-Metal, Heavy Metal e Power metal.

Estando no catálogo da gravadora Frontiers, o lado positivo é que parece que os compositores da gravadora (alguém lembrou do Del Vechio?) passaram longe da porta do estúdio. Isto, por si só, é um fator extremamente positivo, pois sem a influência da Frontiers (que muitas vezes deixa vários trabalhos iguais, como se estivessem sido feitos em uma linha de montagem), o trabalho mostra total independência da banda para desenvolver o seu trabalho.

O outro membro fundador, o guitarrista Tony Hernando claramente não precisa de ajuda com suas próprias músicas. Somente na hora de mixar ele coloca o trabalho principal em outras mãos, e o ofício ficou a cargo de Roland Grapow (ex-Helloween ) que é o responsável pela mixagem final.

Por se tratar de um trabalho bem linear, fica difícil destacar alguma faixa, pois álbum agrada num todo, mas “For What Is Owed For Us”, “Let it Burn” e as progressivas "Build The Silence” ou “A Worlds That’s Departed”, esta com a duração de 11 minutos, ficam entre os “highlights” do álbum. “Mechanics of Predacity” foi lançado nacionalmente pela Shinigami Records e vale a pena dar uma conferida.

José Henrique Godoy




VAIN - DISINTEGRATE TOGETHER (2024)

 


VAIN
DISINTEGRATE TOGETHER
Jack Rainbow Records - Importado


O Ano é 1989 e a cena Glam Metal/Hard Rock americana já dá sinais de falta de originalidade e bandas querendo ser o novo Poison/Warrant proliferam, enquanto clones de Bret Michaels e Jani Lane (R.I.P.) pipocam aqui e ali. A repetição da fórmula vencedora começa a se tornar cansativa no cenário, e a grande maioria das bandas parecem ser cópias de si mesmas.

Mas nem todas. Entre tantos lançamentos do estilo, surge uma banda chamada VAIN, com seu álbum cujo nome é “No Respect”, A capa do álbum com poucas cores, apenas o logotipo em vermelho e a foto do vocalista Davy Vain. Na contracapa, a foto da banda, que apesar dos cabelos enormes, dignos da época, ao contrário das cores e purpurinas de seus correligionários, vestem apenas couro preto. O som? Sleaze/Hard Rock com toques beirando o Heavy Metal tradicional. Um álbum que se tornou um clássico com status “cult” para os apreciadores do estilo, e na minha opinião, um álbum nota 10.

Passados trinta e cinco anos do lançamento desta pérola, chegamos a 2024 e o lançamento de “Disintegrate Together”, é o oitavo álbum de estúdio do Vain. Após as encarnações passadas da banda liderada por Davy Vain (para quem não sabe, Davy foi o produtor do primeiro álbum da banda de Thrash Metal, Death Angel) ter tentando seguir vários estilos dentro do Hard Rock, como o Rock pesado setentista, o flerte com alguma psicodelia sessentista, e retornar ao hard rock dos anos 80, agora com “Disintegrate Together” podemos dizer que “ O Vain está de volta!”.

“Cold Like Snow” a faixa de abertura e também a faixa escolhida como single, nos remete diretamente à “No Respect” , o som cru emoldurando a voz única de Davy. “Don't You Think, poderosa com um fantástico solo de guitarra de Dylana Nova Scott. Aliás, que propriedade ela tem para escolher riffs e solos, totalmente encaixados à proposta da banda. “You Better Keep An Eye On That Girl” é fantástica e não é exagero dizer que é a melhor do álbum.

“The Flowers”, é mais lenta e podemos imaginar garotas se “exercitando” em postes de Pole Dance em alguma boate adepta à esta prática.”Can You See Me Floating” se aproxima mais do “Arena Rock”, com grande refrão, enquanto “Back In 89” tem um titulo auto explicativo, tanto que se você é fã da época, ou estava já curtindo pela década de 1980, não poderá deixar passar desapercebida esta faixa.

Entre os anúncios de promoção de “Disintegrate Together”, vemos frases como “O melhor álbum da carreira do Vain”. Bem, nem tanto, pois “No Respect” é um clássico imbatível. Porém, Davy Vain e colegas chegaram bem perto desta vez.

José Henrique Godoy





SLASH - ORGY OF THE DAMNED (2024)

 


SLASH
ORGY OF THE DAMNED
Gibson Records - Importado

Um álbum de covers de blues feito por um músico famoso, com convidados especiais também famosos, e algumas faixas que já foram coverizadas algumas boas dúzias de vezes... Parece uma fórmula batida e repetida, certo? Sim, certo. Porém quando estamos falando do guitarrista Slash, e de convidados como Brian Johnson, Steven Tyler, Paul Rodgers, entre outros, o resultado pode ser considerado bem além do interessante.

Orgy Of The Damned”, é o segundo álbum solo de Slash (se você considerar que Slash´s Snakepit e Slash and The Conspirators são bandas que existem apenas pela vontade própria do nosso “cartoleiro” preferido, temos ai 7 ou 8 álbuns solo). O tracklist do álbum apresenta standards do blues, que foram executados e regravados diversas vezes, alguns exaustivamente coverizados. Porém, aqui temos de um lado todo o talento de Slash, o último grande guitar-hero da história, ao lado de uma seleção estelar de vocalistas que emprestam todo o seu brilho para estas músicas. Tudo isso com uma produção altamente esmerada de Mike Clink. Sim, ele mesmo, o cara que em 1987 entalhou o mais que clássico “Apettite For Destruction”, do Guns N' Roses.

Entre os destaques, podemos citar “The Pusher”, a segunda música mais famosa do Steppenwolf, aqui cantada pelo grande Chris Robinson do Black Crowes. Uma surpreendente Demi Lovato cantando “Papa Was a Rolling Stone”, um dos maiores hinos sessentistas da gravadora Motown, enquanto com “Killing Floor” temos um Brian Johnson na sua versão mais natural e na “versão Geordie”, enquanto Steven Tyler brilha com a sua harmônica.

Mas os dois melhores momentos são o clássico “Oh Well” do Fleetwood Mac, onde os vocais ficam por conta de Chris Stepleton e “Awful Dreams”, de Lightnin Hopkins, onde encontramos uma interpretação excelente de nada mais, nada menos, que Iggy Pop. O disco finaliza com uma instrumental inédita de autoria de Slash, “Metal Chestnut” que não acrescenta muito além de ser um bom fechamento para “Orgy Of The Damned”.

Enfim, o novo álbum de Slash é uma ótima oportunidade para conhecer novas versões de velhos clássicos, como citei antes, realizado com bastante capricho e cuidado. Uma ótima trilha sonora para relaxar ou se divertir, e aquele clima com cara de boteco e cheiro de Whisky.

José Henrique Godoy




HAMMERHEAD BLUES - AFTER THE STORM (2024)



HAMMERHEAD BLUES
AFTER THE STORM 
Canil Records - Nacional

“Música antiga” realizada por “gente nova”. É assim que podemos definir o som da banda Hammerhead Blues, formado em Santo André – SP, no ano de 2014, por Otavio Cintra (vocal e baixo), Luiz Cardim (guitarra) e Willian Paiva (bateria). “After The Storm” é o terceiro trabalho da banda, anteriormente lançados temos o EP que leva o nome do grupo (2015) e o primeiro álbum completo “Caravan Of The Light”( 2017).

O Hammerhead Blues prima buscar as influências na sonoridade das décadas de 60/70, onde mesclam Hard Rock, Psicodelia, Rock N' Roll e Blues. E praticam estas influências com muita propriedade e conhecimento de causa. Os timbres, os elementos e instrumentos utilizados na produção do trabalho, tudo nos envia através do túnel do tempo sonoro para as décadas que mencionei.

Luiz Cardim se mostra um guitarrista muito acima da média, seja utilizando pedais Wah-Wah, seja em momentos mais de “fritação” (no bom sentido), porém nunca deixando de lado um clima de feeling e lisergia que nos remete a grandes nomes como Paul Kossoff (Free) e Jimmy Page. A bateria de Willian Paiva é altamente criativa e dinâmica, enquanto os vocais de Otavio Cintra me lembraram um pouco Geddy Lee nos primeiros trabalhos do Rush, porém com mais melodia que o mestre canadense, enquanto desenvolve um trabalho bastante vigoroso nas 4 cordas.

O trabalho é bastante variado, onde temos faixas viajantes como “Black Abyss” ou “Roger`s Cannabis Confusion”, intercalando com faixas mais energéticas como “Around The Sun” e “Shades Of Blue”. Temos também algumas peças que flertam com o folk acústico, por exemplo a belíssima “Wild Birds Call”.

After The Storm” é um excelente trabalho, que vai agradar totalmente fãs de Classic Rock, e aos apreciadores do Retro-Rock. Ouvintes que curtem bandas como Vintage Caravan, Radio Moscow, Graveyard e Kadavar não podem deixar de conhecer este belo representante brasileiro. Que o caminho do Hammerhead Blues seja longo e cheio de ótimos frutos.

José Henrique Godoy

Foto: Júia Missagia




quinta-feira, 6 de junho de 2024

CAVALERA - SCHIZOPHRENIA (RE-RECORDED) (2024)

 


CAVALERA
SCHIZOPHRENIA (RE-RECORDED)
Nuclear Blast - Importado

Antes de começar esta resenha, preciso dizer que não tenho dúvidas que falar sobre essa regravação é mexer em um vespeiro. Afinal, qualquer coisa que envolva os irmãos CAVALERA e aquilo que se convencionou chamar de Sepultura depois de 1996 é motivo para bate boca e troca de farpas entre os fãs. Também, preciso reafirmar aqui que, SIM, eu sou viúva do Max e se você espera ler aqui uma crítica ao fato de Max e Iggor terem regravado esse álbum, que é considerado um clássico e um dos melhores da carreira do antigo grupo dos irmãos, preciso dar um aviso: pare por aqui. Porque este que vos escreve é adepto da ideia de regravações de álbuns cujas gravações e/ou produções tenham deixado a desejar na época, ainda que este não seja exatamente o caso. Se essas regravações foram sugestões de Gloria Cavalera, só podemos agradecer à ela, uma vez que o que ouvimos em "SCHIZOPHRENIA", segue o mesmo padrão de qualidade existente em "Bestial Devastation" e "Morbid Visions", também regravados e ganharam um potencial ainda mais brutal e "devastador".

É inegável que "Schizophrenia", gravado originalmente pelo Sepultura em 1987, foi um avanço na carreira do então quarteto formado por Max, Andreas Kisser (que entrou no lugar de Jairo Guedz), Paulo Jr e Iggor. E, obviamente, muito disso se deu pela qualidade técnica trazida por Andreas. No entanto, nesta regravação, pouco, ou quase nada, foi mexido nas estruturas das composições, ainda que essa audição se mostra um tanto quanto mais agressiva. Se em 1987 Paulo Jr. não gravou os baixos presentes no álbum, aqui as 4 cordas ficaram sob a responsabilidade de Igor Amadeus, filho de Max, enquanto as seis cordas ficaram com Travis Stone. A capa, ganhou uma "releitura" feita por Eliran Kantor, e na minha percepção, poderia ter sido melhor repensada, uma vez que apenas foi reproduzida com os traços do artista israelense. Mas vamos falar do que interessa: a regravação em si.

Após a clássica intro, "From the Past Comes the Storm" vem com a mesma força que sempre demonstrou, qual seja, a de um clássico atemporal. Nela, o grupo já dava mostras de uma evolução que mesclava o death mais brutal e tosco dos primórdios com o thrash metal que vinha com intensidade, exigindo daquela molecada uma pegada mais técnica e apurada. Incrível como os riffs dessa faixa soam ríspidos depois de quase 30 anos. Houve também o cuidado em se manter a linha vocal na mesma atmosfera. "To the Wall" é outro momento que mostrava que, mesmo mantendo as influências do death metal, a veia do thrash metal alemão começava a guiar a musicalidade da banda. E o que dizer de "Escape to the Void"? Uma das faixas que se tornaram clássicas na carreira do grupo, ganhou uma dose extra de sujeira e agressividade nas mãos do Cavalera, pois mesmo que tenha mantido suas características, fica perceptível a evolução de Iggor daquela época pra cá. Que música espetacular! Já "Inquisition Symphony", a faixa mais longa e "trabalhada" do álbum é uma prova irrefutável que o caminho a ser trilhado nunca mais seria o mesmo. E nessa regravação, ela é um dos destaques, com Iggor e Igor (quase uma dupla sertaneja) mostrando grande entrosamento e desenvoltura.

"Screams Behind the Shadows" antecede, como na ordem original (mantida à risca aqui), "Septic Schizo", uma overdose de riffs thrash metal, que merece voltar a ser tocada ao vivo. Pelos Cavalera, obviamente. Que pedrada na mente! "The Abyss", aquela vinheta/instrumental totalmente climática que nos prepara para outro momento lindo: "R.I.P. (Rest In Pain). Como "bônus", temos uma faixa inédita, que infelizmente, não obtivemos a informação se é uma composição nova ou antiga nunca gravada pelo grupo. Trata-se de "Nightmares of Delirium", uma faixa que mantém a atmosfera do álbum, apesar de não acrescentar muito ao trabalho, apenas mostra que se é atual, a veia dos Cavalera segue infestada pelo bom e velho metal old school. O que não é nenhuma novidade...

Se essa regravação de SCHIZOPHRENIA pode ser considerada melhor que a original, eu não sei responder. Mas que a pegada dos CAVALERA atual e a produção (pouco melhorada, acredito que propositalmente), deu um upgrade às composições clássicas desse verdadeiro marco do metal nacional, isso é inegável. Uma coisa é certa: Aquele Sepultura que tanto amamos só pode existir de uma maneira. E ela morreu em 1996...

Sergiomar Menezes






SEBASTIAN BACH - CHILD WITHIN THE MAN (2024)

 


SEBASTIAN BACH
CHILD WITHIN THE MAN
Reigning Phoenix Music - Importado

Sebastian Bach é, não apenas o ex-vocalista de uma das mais icônicas bandas do hard rock oitentista, como todos sabem o Skid Row. Ele é um personagem: O rockeiro rebelde que parece nunca ter saído da adolescência. Se por um lado isso pode parecer “cool”, por outro, no meu entender, parece ter prejudicado em parte a sua irregular e inconstante carreira solo.

Nos áureos tempos, Sebastian era o Sex Symbol de uma era e além disso um ótimo vocalista e frontman. Com o passar dos anos, tanto a beleza física como o seu poder vocal foram se esvaindo aos poucos com a idade chegando, e isso é normal para qualquer ser humano e não é demérito, mas ao mesmo tempo, Bach não conseguiu sair da sombra de sua antiga banda, seja fazendo tours em que oitenta por cento do setlist era composto por músicas gravadas com o Skid Row, seja tretando e alfinetando via imprensa e mídias sociais com os seus ex-companheiros.

Entre um treta e uma tour “Skid-Cover” Sebastian lançou alguns álbuns, alguns bons como “Angel Down”(2007), outros esquecíveis como “Give ´Em Hell”(2014). Dez anos após seu último lançamento, Bach nos apresenta “Child Within The Man” e a surpresa é bem positiva. Fui ouvir esperando aquele mais do mesmo, uma tentativa frustrada de emular seus melhores tempos. Ao invés disso, fui surpreendido com um ótimo e consistente trabalho.

A despeito da sua capa pavorosa, lembrando aquelas revistas religiosas tipo “Despertai” ou outras publicações crentes menos lembráveis, o que temos aqui são músicas fortes, composições maduras executadas por uma ótima e coesa banda, a saber: Devin Bronson (guitarras), Todd Kerns (baixo) e Jeremy Coulson (bateria). Exemplos dessa base coesa de canções, temos a abertura Heavy Metal com “Everybody Bleeds” (aquele clima “Slave to the Grind”), a ótima “Freedom”, com solo pirotécnico de John 5, “(Hold On) to The Dream” com clima meio “Sabbathico”.

Falando em convidados, temos na hard rocker “Future of the Youth” a bela Orianthi nas guitarras e backing vocals. Em “F.U” quem aparece é Steve Stevens nas guitarras. Esta faixa lembrou-me bastante algo feito pelo UFO nos anos 1970, obviamente guardando todas as proporções. Temos um quê de modernidade com a pesada “Vendetta” e obviamente a balada que não pode faltar, “To Live Again”, que se nem de perto relembra uma “In a Darned Room” ou “I Remember You”, cumpre o seu papel.

Sebastian Bach sempre se mostrou um bom letrista e aqui temos uma diversificação de temas, sendo falando sobre suas próprias visões, desencantos ou afirmações. Sua voz segue sendo muito característica e reconhecível, porém ele não arrisca muito e atinge as notas até onde sua garganta permite. Finalizando, se “Child Within The Man” não irá se tornar um clássico, ao menos é um trabalho honesto e coeso. Os fãs irão curtir e aos assim não tão fãs, mas que curtem um bom hard/heavy poderão gostar deste que, ao meu ver, é o melhor trabalho de Sebastian Bach desde “Angel Down”.

José Henrique Godoy






MERCYFUL FATE - SUMMER BREEZE BRASIL 2024 - 28/04/2024

 


MERCYFUL FATE
SUMMER BREEZE BRASIL 2024
28/04/2024
MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA - SÃO PAULO/SP

Texto: Fernando Aguiar
Fotos: Ian Dias (Headbangers Brasil)

Após longos 25 anos de espera, os fãs de Mercyful Fate puderam saciar a fome pela missa satânica da banda. E não havia banda melhor para encerrar a segunda edição do sucesso que virou o Summer Breeze.

Após o encerramento do fantástico show do Anthrax, todos os olhares se voltaram ao palco Hot Stage, onde estava sendo montado um templo satânico com uma enorme cortina com o nome da banda. Templo este que teve direito a altar, pentagrama, cruz invertida, arcos com o número 666 cravados e claro, Baphomet.

Após um pequeno atraso de 10 minutos, a cortina caiu e o que se viu daquele momento em diante, foi uma banda extremamente entrosada dando A AULA de Heavy Metal, com King Diamond entrando lentamente no palco enquanto a introdução rolava. No lugar da famosa cartola, King entrou com a máscara demoníaca do Baphomet e em seguida deixando explícito, quase que em um sussurro aterrorizante: “Juro dar minha mente, meu corpo e alma sem reservas para promoção dos desígnios do nosso Senhor Satanás” em “The Oath, que serviu de introdução ao ritual da missa negra que a banda estava por nos brindar.



Mesmo sendo um setlist já conhecido por todos, desde que a banda voltou a ativa, em 2019, a banda foi sucinta e direta ao ponto ao apresentar e focar nas músicas dos discos “Melissa” (1983) e “Don’t Break the Oath” (1984), além do EP homônimo de 1982. Discos estes que, sempre são lembrados e citados dentro do panteão dos melhores e mais influentes da história do Heavy Metal.

Após The Oath, veio “A Corpse Without Soul” com uma execução e solo perfeito de Hank Shermann, este que é o único membro original que ainda permanece na banda. O Mercyful Fate conta hoje com Bjarne T. Holm na bateria, Mike Wead na guitarra e Becky Baldwin, que apesar de novata, manda super bem no baixo como uma veterana.

“The Jackal Of Salzburg” veio em seguida. Novo trabalho Mercyful Fate, que infelizmente ainda não ganhou uma versão de estúdio, completamente sombria, cadenciada, com potência, que dá o ar de tensão. E ver ela ao vivo, mostra o quanto ela é poderosa. Que música foda!
A primeira de Melissa (1983) da noite foi “Curse of the Pharaohs”, onde Shermann mais uma vez, foi o destaque, com um solo maravilhoso.


Em seguida, mais uma do Don’t Break The Oath, “A Dangerous Meeting” vem com sua introdução com linhas pesadas de baixo. O duelo de Becky duelo com as guitarras aqui foi lindo. Outro destaque, como sempre, o vocal de King sempre alinhado com o instrumental da banda.

“Doomed By The Living Dead”, uma das melhores composições da banda, continuou com a AULA que torna impossível não cantar e bater cabeça junto.
“Melissa”, outra que é uma das melhores da discografia da banda, ouvi-la vê-la ao vivo é ainda mais emocionante. King, novamente volta a brilhar nessa faixa, soltando a voz, com bastante habilidade e controle absoluto.

“Black Funeral” traz aquela potência dos riffs e bateria com andamento acelerado e rítmico que só o Mercyful Fate é capaz de fazer.

Quando veio “Evil”, público foi ao delírio, cantando junto com King Diamond. A dupla de Shermann e Wead se destacaram fácil nesse som com duelos precisos e perfeitos.
E para não deixar a peteca cair (como se possível em um show do Mercyful Fate) “Come To The Sabbath” empolgou e fez com que o público cantasse em uníssono igualmente a anterior. Após finalizar, a banda saiu para uma pausa, mais longa que o habitual.

Pausa esta, que parece ter sido proposital para “recarregar” as energias banda para, por fim encerrar a noite e o festival com a música mais pedida e esperada da noite, “Satan’s Fall”, com seus mais de 11 minutos. Uma música perfeita, para um final perfeito, de um show perfeito, fazendo com que os fãs saíssem extasiados e extremamente satisfeitos com a apresentação da banda, que por sinal, King demorou mais que normal para sair do palco, tamanha gratidão que ele demostrava e demostrou durante todo o show.

King, inclusive mencionou algumas vezes durante o show que demoraram muito tempo para voltar e prometeu que voltarão em breve. TOMARA!

Com certeza, este foi o melhor show da banda no Brasil, vide toda cenografia do palco, ambientação, teatralidade de King Diamond e principalmente pela execução perfeita das músicas e este show ficará na memória de cada um que esteve lá, para sempre.
Hail To The King \m/



quarta-feira, 5 de junho de 2024

NESTOR - TEENAGE REBEL (2024)

 


NESTOR
TEENAGE REBEL (2024)
Hellion Records/ Frontiers Music Srl - Nacional

Se você é fã de Hard Rock, AOR e toda atmosfera que circundava os anos oitenta, tendo vivido à época, ou querendo ter vivido, e ao mesmo tempo, conseguiu vencer a barreira do nome da banda, com certeza você já teve contato com os suecos do Nestor. Se na Suécia, Nestor pode ser um nome qualquer, aqui para nós brasileiros, este nome nos remete a algum tio nosso, ou algum dono de uma fruteira do seu bairro.

A despeito de não gostar do nome ou ao contrário, achar ele muito “cool” , o que a banda nos entrega, desde o seu primeiro álbum lançado em 2022, “Kids In a Ghost Town”, é um trabalho de alto nível, que se tornou uma sensação entre os fãs do estilo Hard/Heavy oitentista, inclusive participando dos maiores festivais mundo afora, incluindo o nosso Summer Breeze 2024.

Não espere inovações em “Teenage Rebel”, e se você é daqueles que, assim como eu, prefere que a banda siga a sua fórmula vitoriosa do que ir em busca de malogradas invencionices, este álbum vai lhe agradar inteiramente. Você está a procura de uma grande abertura de álbum , com aquele clima de início de show? Temos aqui: “We Come Alive”. E uma música com cara de trilha sonora de filme do diretor John Hughes? “Caroline” vai te atender.

E aquele hino super motivacional, que levanta o astral até de quem já desencarnou? “Victorious”. E a baladinha sobre um “complicado amor adolescente”? Pega aqui a faixa “Last To Know”. Não bastando a qualidade das faixas, a habilidade dos músicos e a produção do álbum são de altíssimo quilate. Enfim, todos os elementos para a felicidade dos fãs do estilo estão distribuídos aqui em 42 minutos de pura inspiração. O álbum fecha com a emocional balada “Daughter”.

Outro ponto que não pode deixar de ser citado: a sensacional capa do álbum, que retrata o quarto de um adolescente oitentista, com fotos de filmes, séries, atores e atrizes ( Ahhh... Samantha Fox!!!) e bandas. Todos os que estiveram lá nos oitenta tivemos quartos assim, e os que são fãs da época e que não estavam lá, com certeza tentam imitar o espaço que poderia/pode ser muito bem chamado de santuário/refúgio para os que foram jovens nos 80 e são jovens agora.

Ainda estamos no inicio de junho, mas posso garantir que “Teenage Rebel” estará entre meus “melhores do ano”, sem dúvida alguma!

José Henrique Godoy




EXODUS - BRITISH DISASTER - THE BATTLE OF '89 (LIVE AT THE ASTORIA) (2024)

 


EXODUS
BRITISH DISASTER - THE BATTLE OF '89 (LIVE AT THE ASTORIA)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Eis que, com certo atraso – somente 35 anos – o Exodus nos presenteia com seu álbum ao vivo definitivo, e já igualmente tratado como mais um clássico da banda (para este que vos escreve), o arregaço intitulado "British Disaster: The Battle of ’89 (Live At The Astoria)"!

Visto que a banda estava trocando de gravadora e ainda devia um lançamento pela Nuclear Blast, resolveram buscar em seus arquivos e acharam simplesmente este tesouro do Thrash Metal, que ficou enjaulado por tanto tempo e como diz aquele famoso ditado clichê “Antes tarde do que nunca”, se encaixa perfeitamente aqui!

Se você estiver em dúvidas ainda quanto a minha afirmação de ser o ao vivo definitivo da banda, tenho certeza que você, caro leitor, ainda não ouviu. Ah, mas e os outros Lives? Pois bem, Good Friendly..., Another Lesson... e Shovel Headed (Live Wacken) estão longe de serem ruins (Exodus não tem disco ruim, ok?!), porém todos são incompletos, principalmente em relação ao repertório da banda e uma vez que você ouvir este novo lançamento, esquecerá completamente que banda possui outros em sua discografia.

Qualquer álbum ao vivo é difícil de escrever, uma vez que todas as músicas já são conhecidas pelos fãs, então o que podemos focar é na qualidade da gravação, mixagem, setlist, etc.

O que temos aqui é uma qualidade absurda no que diz respeito a gravação e mixagem, um show que foi gravado no Astoria, em Londres, em 8 de março de 1989 e mostra a banda em seu auge, que na época tinha em seu line up Steve “Zetro” Souza (vocais), Gary Holt e Rick Hunolt (guitarras), Rob McKillop (baixo) e Tom Hunting (bateria) e que estavam lançando o fabuloso e um dos melhores discos de Thrash Americano da História: “Fabolous Disaster”, mas calma que este não fica a frente do sagrado “Bonded By Blood”.

Outro destaque deste disco vai para ninguém menos que Steve “Zetro” Souza, cantando como nunca, performance matadora, ainda mais nas músicas do já citado “Bonded By Blood”. Já sobre a performance da banda nem preciso comentar, pois dispensa quaisquer comentários já que seria chover no molhado.
Dito isto, se você procura destaques neste disco, simplesmente aperte o play, pegue uma cerveja e saia bangueando pela casa ou onde estiver, pois temos um álbum perfeito – desde o tracklist até a mixagem – e que certamente irá figurar na lista de melhores discos ao vivo da história do Thrash!

Enjoy it! Keep Thrashing Around \m/

Fernando Aguiar



DEMON - INVINCIBLE (2024)

 


DEMON
INVINCIBLE
Shinigami Records/ Frontiers Music Srl - Nacional


O ano era 1984 (40 anos já!) e eu então com 14 anos, ainda na fase da descoberta do mundo do Heavy Metal, ia na loja Pop Som, no centro de Porto Alegre, em busca de novas bandas e álbuns. A loja disponibilizava “toca discos" com fones para que você pudesse ouvir os discos, e eu sempre que possível enchia o saco dos vendedores Dudu (fanático pelo Van Halen) e do Beto Led (colecionador #1 de Led Zeppelin do RS e talvez do Brasil) para ouvir os novos lançamentos.

Numa manhã de sábado, em uma das minhas visitas a loja, eles me mostraram um disco de uma banda chamada Demon, com uma capa onde havia mãos saindo de um suposto túmulo endiabrado e com umas vísceras em cima de um cruz... o nome do álbum era “Night Of The Demon”(lançado em 1981 – o álbum de estreia da banda) e eu pensei: “Cara, isso deve ser a coisa mais pesada e barulhenta do mundo!!!”. Logo no primeiro minuto de audição, veio a “decepção”: Ao invés de um Motörhead Satânico (era o que eu esperava) o som era um Hard Rock no melhor estilo NWOBHM.

Passando o impacto inverso inicial, a voz grave e marcante do vocalista Dave Hill, junto aos riffs “BlueOyterCulterianos” da banda, me chamaram a atenção e curti muito o álbum e ele foi uma das minhas próximas aquisições. Durante os anos seguintes, após mais bons álbuns , “Unexpected Guest” e “The Plague”, o Demon quis se aventurar por outros ambientes do rock, como o Progressivo e até Jazz-Rock, deixando bastante de lado o seu ótimo Hard Rock inicial e acabaram perdendo-se pelo caminho e o Demon, infelizmente, caiu no esquecimento.

Na última década, o Demon voltou aos trilhos e realizou uma sequência de ótimos álbuns e, agora 2024 , de contrato assinado com a Frontiers, lança o ótimo “Invincible”, lançado por aqui pela Shinigami Records. Dave Hill segue a frente da banda, liderando o que deve ser a centésima trigésima nona formação do Demon. Com uma produção poderosa, que ficou a cargo de Dave Hill e pelo baterista Neil Odgen, o álbum teve a masterização de Harry Hess, vocalista do Harem Scarem.

O som no álbum evoca o Demon dos primeiros anos, mas porém com um frescor dos tempos atuais. “In My Blood” tem um quê de Whitesnake, “Face The Master” tem um riff e pegada Hard & Heavy. “Beyond The Darkside” é rápida e com ótimos riffs e solos da dupla de guitarristas Dave Cotterill e Paul Hume, e contrasta com a pesada e cadenciada “Ghost From the Past” que faria Tony Iommi sorrir orgulhoso. Falando no pai de todos, “Hole In The Sky” conjura o Black Sabbath novamente, não apenas pelo nome da música, como também pelo seu andamento sombrio. "Break The Spell” é uma faixa mais acessível, com um andamento quase AOR, enquanto “Rise Up”, “Invincible” e “Breaking The Silence” são ótimas sequências do que o Demon apresentou nos lançamentos da década de 2010. O álbum fecha com a excelente balada “Forever Seventeen”.

Um ótimo e variado lançamento desta veterana banda inglesa que merecia ter tido muito mais sorte e reconhecimento na sua trajetória. "Invincible" estará, provavelmente, na lista dos meus melhores de 2024.

José Henrique Godoy