ACCEPT
HUMANOID
Napalm Records - Importado
HUMANOID
Napalm Records - Importado
Após pouco mais de três anos, o Accept, liderado pelo guitarrista Wolf Hoffmann, lançou seu 17º álbum de estúdio no dia 26 de abril. Este é o segundo álbum sem o baixista Peter Baltes e o sexto da fase atual com o vocalista Mark Tornillo. A banda conta também com Uwe Lulis na guitarra, Martin Motnik no baixo e Christopher Williams na bateria. O Brasil foi um dos primeiros países a receber a banda na turnê de divulgação do disco no último mês de maio.
A lendária banda alemã de heavy metal tradicional é conhecida por clássicos da cena como "Balls to the Wall", "Metal Heart" e "Restless and Wild". São excelentes músicas que mesclam a sonoridade de outras lendárias bandas, como Judas Priest e AC/DC.
A capa do disco é uma arte que remete à faixa-título. Um robô com sua inteligência artificial sendo superior aos humanos. Atrás, podemos observar uma janela aberta que mostra uma cidade futurista. A janela possui o formato do coração da capa do "Metal Heart", claramente uma referência ao clássico álbum da banda.
A produção do excelente Andy Sneap deixa o disco com uma boa sonoridade. O mencionado produtor já vem trabalhando com a banda desde o primeiro disco com Tornillo, portanto a sonoridade do atual trabalho não mudou em mais de 14 anos. Segue exatamente a mesma linha de composição e produção. O Accept entra no mesmo grupo do AC/DC de fazer discos muito parecidos, porém com excelente qualidade. Este trabalho segue o heavy metal tradicional, recheado de excelentes riffs e solos, com uma produção mais moderna, junto com o clássico vocal rasgado de Mark Tornillo. No geral, é um excelente álbum de heavy metal, mas acredito que não tenha superado seu predecessor "Too Mean To Die".
O álbum abre com "Diving Into Sin", uma bela composição que é extremamente característica dessa fase atual do grupo. A música inicia com uma melodia suave na guitarra, de uma maneira bem calma, ocorrendo um contraste logo em seguida, onde a música “explode”. Consigo imaginar essa música no "Blind Rage". A faixa seguinte, "Humanoide", batiza o álbum. A música possui um riff com notas alongadas, formando uma melodia bem bonita, seguida do vocal agressivo de Tornillo. Aqui a banda aborda a temática tecnológica, fato recorrente nas suas letras, como ocorrido na música "Zombie Apocalypse" no trabalho anterior. A faixa conta uma história fictícia de um ser híbrido, metade humano e metade máquina, chamado de Hybrid. Acredito que um clipe animado teria se encaixado bem com essa música. "Frankenstein" vem logo em seguida com um hard/heavy bem empolgante. Seus versos e sua ponte são as melhores partes da música, porém o refrão é um pouco desanimado. O solo se destaca no disco como um dos melhores. A música retrata a perspectiva de uma criatura criada por um cientista maluco, mostrando sua confusão e luta para a compreensão de sua existência.
"Man Up" é uma música mais leve. Remete-me a "Wanna Be Free", do "Blind Rage", sendo uma música bem suave, com um começo mais tranquilo. É uma bela música com um refrão que possui o característico coro do Accept. Destaco a ponte entre o verso e o refrão. Quebrando o ritmo leve, em seguida vem a excelente "The Reckoning". A música abriu o show em São Paulo. Aqui temos o heavy metal de volta, com um riff pesado e um verso bem agressivo. A primeira frase da música “horseman ride” é cantada com coro da banda de uma maneira muito forte, uma ótima introdução para a canção. Mark Tornillo manda muito bem nessa faixa. O trabalho de guitarra é estupendo. A música descreve uma visão apocalíptica do fim dos tempos, onde os cavaleiros do apocalipse trazem caos e destruição. Posteriormente, o disco nos presenteia com uma faixa que remete ao Accept clássico com o Udo. Não à toa é o melhor trabalho do álbum. O riff inicial lembra músicas do "Metal Heart". O verso é bem voltado para o hard rock. O refrão é, com sobras, o mais “grudento” do álbum, e também o melhor. Muito empolgante, feita para cantar ao vivo (embora na sua turnê não tenha sido tocada). A música aborda a inevitabilidade da morte, independente das diferenças entre as pessoas. Excelente faixa!
Finalmente o disco chega na balada. O Accept, além de suas músicas pesadas, também é conhecido por compor elegantes baladas. "Revenge Of Time" é uma balada bem calma. Inicialmente é cantada com a voz mais suave de Tornillo, acompanhada por uma guitarra bem leve, até que ele volta a soltar sua voz rasgada. Outra boa música que vem sendo tocada nos shows da turnê. A porrada retorna com "Unbreakable". Essa música tem aquela tradicional característica da banda de você imaginar o refrão apenas lendo o título da faixa. E assim acontece. O refrão é tocado da maneira mais Accept possível. E ele é seguido com riffs muito bem encaixados. Ótimo trabalho.
"Mind Games" segue a linha genérica do Accept atual. O que não é demérito, pois é mais um bom trabalho do disco. O título mais uma vez é cantado com o famoso coro da banda. Destaco seu solo calmo. Não se destaca no álbum, mas dá para aproveitá-la. "Straight Up Jack" é a clássica faixa da banda que remete ao AC/DC. Aqui temos um hard rock muito próximo ao som feito pelo lendário grupo australiano. Podemos perceber isso no começo da música e, principalmente, no refrão. Boa música.
O disco é encerrado com a excelente "Southside Of Hell", um grande destaque do "Humanoid". Aqui a banda regressa ao metal. O riff que inicia a música com certeza é o melhor do álbum. Bem trabalhado, longo e com vários momentos diferentes. Excelente riff que vai acelerando com o passar da música. Seu verso e sua ponte são bem fortes e rápidos, seu refrão é mais cadenciado, possuindo, claro, o coro da banda. Podemos ouvir o riff novamente pelo meio da música. O solo é outro destaque, bem melódico e característico de Wolf Hoffmann. Um baita fechamento.
"Humanoid" foi um tiro certeiro do Accept. Fizeram o que fazem de melhor, seu som clássico de anos, sem inventar ou inovar. Se você curte os trabalhos da fase atual, não tem por que deixar de ouvir essa obra, é exatamente o que irá encontrar.
Thiago Rodrigues
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