BON JOVI
FOREVER
Universal Music Group - Nacional
FOREVER
Universal Music Group - Nacional
Com 135 milhões de discos vendidos, 14 deles no topo das paradas, e mais de 50 singles de sucesso, o Bon Jovi tem o que é preciso para ser considerada uma das maiores bandas do planeta. Sempre reinventando a roda, década a década, deixou a sua marca em cada geração, garantindo com que o artista não dependa apenas de seus primeiros sucessos, diferente da maioria esmagadora de outros artistas.
Mas sabemos que desde 2012, após as intensas turnês dos bem-sucedidos ‘Lost Highway’ e ‘The Circle’, o músico vem sofrendo com diversas críticas, parte delas a mídia e seus fãs antigos, que mencionam sobre o direcionamento musical e a sua performance vocal. E para piorar, a saída de seu braço direito, o guitarrista Ritchie Sambora, fez parecer com que o maior problema do grupo fosse a sua ausência, o que é uma meia verdade. Desde ‘Lost Highway’, o nosso “King of Swing”, vinha seguindo um estilo mais leve e deixando de lado alguns estereótipos que o consolidaram. Seu posto foi ocupado por Phil X, que já havia trabalhado em outros projetos, dentre eles, com os canadenses do Triumph no disco ‘Edge of Excess’ de 1992. Então, temos que aceitar que ao único e verdadeiro responsável pela direção sonora do grupo, sempre foi Jon Bon Jovi.
E neste ano, para o lançamento de seu novo registro chamado ‘Forever’, Jon aproveitou-se do engajamento de seu documentário oficial biográfico, ‘Thank You, Goodnight: The Bon Jovi Story’. Trabalhando com o lado emocional dos fãs, e com foco em seu processo cirúrgico nas cordas vocais feito em 2022, ajudou a criar grandes expectativas até mesmo com o público que já não acompanhava há anos.
Com a divulgação do primeiro single ‘Legendary’, foi impossível não sentirmos aquela sensação ouvir a mesma fórmula de todos os seus últimos discos. O famoso bordão “não fede, nem cheira” se aplica neste caso. E mesmo com uma letra cheia de referências a carreira do músico, nos colocou em dúvida sobre alguma possível surpresa. Tempos depois, ‘Living Proof’ surge, dando um certo alívio, mas ainda dividindo opiniões. A música soava mais pesada, lembrando os discos como ‘Crush”’, ‘Bounce’ e ‘Have a nice day’. Mas a incerteza ainda rondava o consciente coletivo, e nos restou apenas esperarmos até dia 7 de junho.
Contando com 12 faixas lançadas no formato convencional (14 no Japão), o que ouvimos na obra é uma ode a carreira do músico. Se analisarmos as temáticas, muitas delas autobiográficas, trazem angústias e alegrias e indecisões intrínsecas ao artista e de sua longínqua carreira.
Os pontos altos do disco, além dos singles, ficam por conta de “Seeds”, que mesmo leve, traz uma estrutura musical diferente do que estamos acostumados a ouvir, explorando solos e elementos que a deixam ímpar, em paralelo a todas as outras faixas. E ‘The People´s House’, onde fica impossível a não comparação a ‘Keep The Faith’, um grande clássico de 1992, que nesta “versão”, mesmo que mais humilde, enriquece a experiencia do álbum, resgatando o ‘groove’ dos anos 90, momento de uma das melhores fases da banda.
E se ainda resta algum fã exclusivamente da fase oitentista para experenciar o disco, ‘Walls of Jericho’ pode fazer o seu gosto, tanto em sua harmonia quanto ao refrão, lembrando brevemente os lados B de “Slippery Whe Wet” e “New Jersey”. Uma outra composição relevante, ouvimos em ‘Living in Paradise’, música composta em parceria com o renomado músico Ed Sheeran, que manteve a sonoridade “atual” dos últimos discos da banda. Infelizmente, como qualquer trabalho atual da banda, temos composições descartáveis, como ‘Kiss The Bride’ e ‘Hollow Man’, esta última encerrando o disco do pior jeito possível, apesar de sua letra ser interessante.
Quanto aos integrantes do disco, felizmente (ou infelizmente) nenhuma novidade. Os escudeiros de longa data continuam firmes, como o baterista Tico Torres, David Bryan nos teclados, Hugh McDonald no baixo. O parceiro criativo, John Shanks e percussionista Everett Bradley, permanecem como músicos oficiais após anos de contribuições durante as turnês e em estúdio. E a o porquê de tantos músicos? Para quem ainda não sabe, Jon sempre adorou este formato de Big Band, influenciado pelos seus ídolos da Southside Johnny and the Asbury Jukes.
Em resumo, ‘Forever’ pode não ser o melhor disco do Bon Jovi nos últimos anos, ainda mais se comparado ao feito em This House is Not For Sale”, em 2016. Mas a obra mostra que em meio a tantas adversidades, Jon Bon Jovi mantém se no jogo da indústria musical ativo, e queira você ou não, se depender dele isto está longe de ter um final.
Leandro Isoppo
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