quinta-feira, 6 de junho de 2024

CAVALERA - SCHIZOPHRENIA (RE-RECORDED) (2024)

 


CAVALERA
SCHIZOPHRENIA (RE-RECORDED)
Nuclear Blast - Importado

Antes de começar esta resenha, preciso dizer que não tenho dúvidas que falar sobre essa regravação é mexer em um vespeiro. Afinal, qualquer coisa que envolva os irmãos CAVALERA e aquilo que se convencionou chamar de Sepultura depois de 1996 é motivo para bate boca e troca de farpas entre os fãs. Também, preciso reafirmar aqui que, SIM, eu sou viúva do Max e se você espera ler aqui uma crítica ao fato de Max e Iggor terem regravado esse álbum, que é considerado um clássico e um dos melhores da carreira do antigo grupo dos irmãos, preciso dar um aviso: pare por aqui. Porque este que vos escreve é adepto da ideia de regravações de álbuns cujas gravações e/ou produções tenham deixado a desejar na época, ainda que este não seja exatamente o caso. Se essas regravações foram sugestões de Gloria Cavalera, só podemos agradecer à ela, uma vez que o que ouvimos em "SCHIZOPHRENIA", segue o mesmo padrão de qualidade existente em "Bestial Devastation" e "Morbid Visions", também regravados e ganharam um potencial ainda mais brutal e "devastador".

É inegável que "Schizophrenia", gravado originalmente pelo Sepultura em 1987, foi um avanço na carreira do então quarteto formado por Max, Andreas Kisser (que entrou no lugar de Jairo Guedz), Paulo Jr e Iggor. E, obviamente, muito disso se deu pela qualidade técnica trazida por Andreas. No entanto, nesta regravação, pouco, ou quase nada, foi mexido nas estruturas das composições, ainda que essa audição se mostra um tanto quanto mais agressiva. Se em 1987 Paulo Jr. não gravou os baixos presentes no álbum, aqui as 4 cordas ficaram sob a responsabilidade de Igor Amadeus, filho de Max, enquanto as seis cordas ficaram com Travis Stone. A capa, ganhou uma "releitura" feita por Eliran Kantor, e na minha percepção, poderia ter sido melhor repensada, uma vez que apenas foi reproduzida com os traços do artista israelense. Mas vamos falar do que interessa: a regravação em si.

Após a clássica intro, "From the Past Comes the Storm" vem com a mesma força que sempre demonstrou, qual seja, a de um clássico atemporal. Nela, o grupo já dava mostras de uma evolução que mesclava o death mais brutal e tosco dos primórdios com o thrash metal que vinha com intensidade, exigindo daquela molecada uma pegada mais técnica e apurada. Incrível como os riffs dessa faixa soam ríspidos depois de quase 30 anos. Houve também o cuidado em se manter a linha vocal na mesma atmosfera. "To the Wall" é outro momento que mostrava que, mesmo mantendo as influências do death metal, a veia do thrash metal alemão começava a guiar a musicalidade da banda. E o que dizer de "Escape to the Void"? Uma das faixas que se tornaram clássicas na carreira do grupo, ganhou uma dose extra de sujeira e agressividade nas mãos do Cavalera, pois mesmo que tenha mantido suas características, fica perceptível a evolução de Iggor daquela época pra cá. Que música espetacular! Já "Inquisition Symphony", a faixa mais longa e "trabalhada" do álbum é uma prova irrefutável que o caminho a ser trilhado nunca mais seria o mesmo. E nessa regravação, ela é um dos destaques, com Iggor e Igor (quase uma dupla sertaneja) mostrando grande entrosamento e desenvoltura.

"Screams Behind the Shadows" antecede, como na ordem original (mantida à risca aqui), "Septic Schizo", uma overdose de riffs thrash metal, que merece voltar a ser tocada ao vivo. Pelos Cavalera, obviamente. Que pedrada na mente! "The Abyss", aquela vinheta/instrumental totalmente climática que nos prepara para outro momento lindo: "R.I.P. (Rest In Pain). Como "bônus", temos uma faixa inédita, que infelizmente, não obtivemos a informação se é uma composição nova ou antiga nunca gravada pelo grupo. Trata-se de "Nightmares of Delirium", uma faixa que mantém a atmosfera do álbum, apesar de não acrescentar muito ao trabalho, apenas mostra que se é atual, a veia dos Cavalera segue infestada pelo bom e velho metal old school. O que não é nenhuma novidade...

Se essa regravação de SCHIZOPHRENIA pode ser considerada melhor que a original, eu não sei responder. Mas que a pegada dos CAVALERA atual e a produção (pouco melhorada, acredito que propositalmente), deu um upgrade às composições clássicas desse verdadeiro marco do metal nacional, isso é inegável. Uma coisa é certa: Aquele Sepultura que tanto amamos só pode existir de uma maneira. E ela morreu em 1996...

Sergiomar Menezes






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