SAXON
HELL, FIRE AND STEEL TOUR 2025
Abertura:
URDZA
BURNING WITCHES
Bar Opinião
06/05/2025
Porto Alegre/RS
Produção: Top Link & Opinião Produtora
Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy
Pra começar esse texto, é necessário que eu escreva aqui que o SAXON proporcionou a este que vos escreve um dos melhores (senão o melhor) shows de Heavy Metal já assistidos por mim, fato este ocorrido em 2019. E, tenho a mais absoluta certeza, que muitos que estavam presentes naquele dia, concordam comigo. No entanto, parece que esses senhores que já se encontram na conhecida "terceira idade", não estavam satisfeitos com isso e decidiram proporcionar aos gaúchos presentes no Bar Opinião no dia 06 de maio de 2025, uma nova experiência, colocando o já citado show, em segundo lugar. Talvez pelo fato de estarmos há 6 anos sem assisti-los ao vivo, talvez por dessa vez o álbum "Wheels of Steel" (1980) ter sido executado na íntegra, ou talvez pelo simples fato do grupo ser um verdadeiro sinônimo do que é o HEAVY METAL A verdade é que quem esteve presente, viu mais uma vez a capacidade e paixão que estes cinco senhores tem por estarem no palco, por fazerem de cada show uma verdadeira celebração e entregar ao público a melhor música que este planeta já viu. E como se isso não fosse o suficiente, tivemos ainda a bela apresentação dos garotas da BURNING WITCHES, que apresentaram um show intenso e verdadeiro, abrilhantando ainda mais essa inesquecível noite.
A terça feira foi aguardada com ansiedade pelos gaúchos que compareceram em bom número ao Opinião. A casa não estava lotada, mas faltou pouco pra isso. A verdade que eu acabei sendo surpreendido, pois não imaginava que teríamos um público nessa quantidade, o que é mais que positivo, tendo em vista a crise que assola o país. Mas sabemos que os fãs de Heavy Metal são fiéis e sabem valorizar suas bandas do coração.
Exatamente ás 19h30, a banda URDZA subiu ao palco. Praticando um Heavy Metal tradicional, o grupo paulista composto por Heitor prado (vocal), Gustavo Corrêa (guitarra), Hugo do prado (guitarra), Cid Costa (baixo) e Dan Abreu (bateria) sofreu com problemas no som, principalmente na primeira música "Wrath of God", pois as guitarras estavam emboladas e o vocal um pouco mais baixo. O som melhorou a partir da segunda faixa, "Sign in Blood" mostrando que o grupo tem potencial e boas linhas de composição. Tendo como influências principais Iron Maiden e Judas Priest, o quinteto agrega mais peso nas guitarras e na meia hora de show a quem tinham espaço, trouxeram ainda "A War with Myself", faixa que dá título ao álbum de estreia da banda, lançado em 2024, bem como "Living in Fear", "Dawn Predator" e "Rising From the Fire". Souberam dar seu recado e deixaram uma boa impressão.
Após um rápido intervalo, iniciando seu show às 20h15, as belas e simpáticas integrantes da
BURNING WITCHES entram em cena e nos proporcionaram um show intenso, mas que também teve problemas no som, principalmente no começo. A vocalista Laura Guldemond precisou em alguns momentos gritar para que sua voz saísse mais alta, enquanto as guitarras de Courtney Cox (ex-The Iron Maidens e substituta da guitarrista Larissa Ernst que se afastou dos shows e turnês por ter se tornado mãe recentemente) e Simone Van Straten soavam demasiadamente baixas e emboladas. Isso acabou prejudicando um pouco a abertura com "Unleash the Beast". Mas ainda assim, o grupo completado pela baixista Jeanine Grob e pela baterista Lala Frischknecht mostrou a que veio com uma performance empolgante e enérgica. Laura é uma excelente frontwoman, interagindo om o público diversas vezes e esbanjando simpatia. Na segunda música, "Dance with the Devil", o som melhorou um pouco e a qualidade da banda pôde ser melhor apreciada.
O bom entrosamento entre Courtney e Simone é evidente, resgatando aquela aura das guitarras gêmeas em diversos momentos da apresentação, como ficou mais explícito em "The Dark Tower", faixa título do mais recente trabalho do grupo, lançado em 2023. Após a pesada "The Spell of the Skull", LAura fala com o público sobre a satisfação de estar tocando em Porto Alegre pela primeira vez e é saudada pelos presentes. Como o tempo da tempo era curto, já emendam com "Hexenhammer", que também dá nome ao segundo trabalho da banda, lançado em 2018. Cabe ressaltar que apesar de discretas, a baixista Romana e a baterista Lala (que diga-se de passagem, fica bem escondida atrás da bateria, pois sua estatura não é das maiores - o que não lhe impede de tocar com classe, maestria e peso) criam uma base bem sólida e pesada pra banda. O encerramento vem com "Burning Witches", com a qual elas se despedirem em grande estilo, agradecendo mais uma vez ao público e enquanto deixavam o palco, "Black Window" do mestre Alice Cooper soava pelos alto falantes...
Um belo show que nos preparou para o prato principal, deixando um gostinho de quero mais. E cabe dizer aqui que ao término do show do Saxon, todas elas estavam no estande de merchandising e atenderam a todos com simpatia e gentileza.
(foto: Burning Witches)
A ansiedade de todos era tanta que a meia hora de intervalo entre os shows parecia uma eternidade. Mas como sempre, pontualmente às 21h30, o SAXON adentrava o palco para a alegria e emoção de todos os presentes. Prestes a completar 50 anos de carreira, o grupo formado por Biff Byford (vocal - 74 anos), Doug Scarrat (guitarra - 65 anos), Brian Tatler (guitarra, Diamond Head - 65 anos), Nibbs Carter (baixo - 58 anos anos) e Nigel Glockler (bateria - 72 anos) adentram o palco ao som de "Hell, Fire and Damnation", faixa título do excelente álbum lançado pelo grupo em 2024. A comoção de todos era nítida, banda e público em sintonia, numa energia contagiante, Impossível ficar indiferente ao que se via no palco. Senhores que já podem usar o cartão de estacionamento privativo (exceto o baixista Nibbs Carter) colocando muita banda mais jovem no bolso. Mas o que esperar de um show que traz na sequência "Power and the Glory", um dos maiores hinos do Heavy Metal? Ainda mais se depois temos "Back to the Wall"? Resenhar um show do Saxon é fácil e difícil ao mesmo tempo pois se por vezes faltam palavras pra descrever o que se vê e ouve, por outras é preciso muito mais do que palavras para sintetizar o que acontece. "Madame Guillotine", mais uma faixa do novo álbum chega e nos traz um dos momentos mais pesados do show. Aliás, essa faixa é candidata a permanecer nos setlists da banda, hein?


Na sequência, uma trica de clássicos de tirar o fôlego: "Heavy Metal Thunder", "Dallas 1PM" e "Strong Arm of the Law". Simplesmente isso. Riffs eternos, bases magníficas e muito peso. Aliás, é preciso dizer algo que muitos talvez não concordem. Apesar de Paul Quinn ser muito importante, a entrada de Brian Tatler deu uma dose extra de vitalidade e peso ao som do Saxon, seja em estúdio, seja ao vivo, a verdade é que o guitarrista deixou Doug Scarrat mais à vontade no palco e isso foi benéfico ao grupo. A metálica, pesada e novata "1066", mais uma de "Hell, Fire and Damnation" veio mostrar que por mais que se diga que o metal está morrendo, bandas como o Saxon dão provas cada vez maiores que isso é pura balela. Pra encerrar a primeira parte do show, "The Eagle Has Landed" e toda sua classe vem pra preencher o Opinião de nostalgia.
Com divulgado, nessa turnê, a banda vem tocando o clássico "Wheels of Steel", que completa 45 anos em 2025, na íntegra e era chegado esse momento. Se o Início com "Motorcycle Man" fez muito marmanjo chorar, o que dizer de "747 (Strangers in the Night"? Precedida por "Stand Up e Be Counted", a faixa fez todos cantarem, tocar guitarra, bateria e se emocionar com uma das mais belas composições do Saxon! Este que vos escreve segurou a emoção o que pôde, mas na hora do solo... Mas não tinha muito tempo pra isso pois em seguida tivemos "Whells of Steel", uma faixa que não envelhece. Aliás, quem envelhece é a gente, o Heavy Metal não! "Freeway Mad", "See the Light Shining" (muito celebrada pelos fãs de longa data) e "Stret Fighting Gang" mostraram o porquê de amarmos tanto esse estilo. Faixas que não são as mais lembradas, mas despertam o mesmo sentimento são a prova de que o metal é mais que um estilo musical. A bela "Suzi Hold On" antecedeu "Machine Gun" e em seguida, a banda agradece o público e deixa o palco. Mas todos nós sabíamos qe o show não tinha acabado..
A banda volta para o Bis, mas antes de tocar a próxima faixa, Biff pega dois coletes que foram jogados no palco e veste um em Doug Scarrat e outro em si mesmo, tocando as quatro derradeiras faixas com esses coletes. è ou não uma prova de respeito aos fãs? Cabe lembrar que um desses coletes era do brother Renan Oliveira, e que no final, voltou autografado. Coisas que só um verdadeiro fã de Heavy Metal pode compreender...
"Crusader", "Denim and Leather", "And the Bands Played On" e "Princess of the Night". São músicas que, se não estiverem naquelas famosas playlists que todo headbanger faz, não é uma playlist digna de respeito. "Crusader", cantada por todos, o peso monumental de "Denim and Leather" (Brain Tatler fez uma baita diferença aqui), "And the Bands Played On" e o hino maior do grupo, a espetacular e maravilhosa "Princess of the Night", com a banda tocando como se o show estivesse apenas começando, encerraram a apresentação de uma das maiores bandas de todos os tempos. Não tem o reconhecimento da grande mídia? Deveria, mas os fãs sabem sua relevância pra história do estilo. Se em 2019 o SAXON lavou nossa alma. dessa vez ele veio pra buscá-la!
Muito obrigado à Opinião Produtora na figura do Paulo Finatto Júnior, pelo credenciamento e cordialidade no atendimento à imprensa.