ALICE COOPER
BEST OF BLUES AND ROCK 2025
14/06/2025
PARQUE DO IBIRAPUERA
SÃO PAULO/SP
BEST OF BLUES AND ROCK 2025
14/06/2025
PARQUE DO IBIRAPUERA
SÃO PAULO/SP
Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Leandro Almeida (Rock Brigade)
Sou “sócio-torcedor” de Vincent Damon Furnier, mais conhecido há quase 60 anos como Alice Cooper, e assim sendo, tentarei não fazer uma resenha “tendenciosa” sobre o que este senhor e seus companheiros de banda entregaram na noite de sábado, 14 de Junho, no Auditório do Parque Ibirapuera. Verdade seja dita: impossível não afirmar que o que presenciei não foi apenas um show, foi na realidade um espetáculo que apenas justifica o título de uma das maiores lendas da história, não apenas do Rock, mas da música universal.
Passavam alguns instantes das 20h30, quando no palco vemos dois espectros sombrios, com máscaras de corvo, representando os médicos da época da Peste Negra, tocando sinos enquanto uma cortina em formato de jornal, com uma manchete que noticia sobre o julgamento de Alice Cooper, que está sendo acusado de crimes contra a humanidade, e que ele está “banido” no Brasil!!! A sombra no nosso “Malvado Favorito” surge por trás da cortina, e Alice atravessa a mesma, rasgando-a , e dando início ao espetáculo, com um trecho de “Lock Me Up” faixa do pesadíssimo “Raise Your Fist and Yell” (1988), e na sequência “Welcome to The Show”, faixa do seu álbum mais recente , “Road” (2023).
A partir de então, uma sequência de clássicos toma de assalto o palco e deixa qualquer fã-nático por Alice Cooper (este que tecla, incluso) com todos os pelos do corpo arrepiados: “No More Mr. Nice Guy”, “I m Eighteen” e “Under My Wheels”, uma trinca de alguns dos maiores clássicos de Alice.
Não posso deixar de destacar a classe “rocker” e a qualidade da banda de Alice Cooper: Nita Strauss, talentosa e carismática, é o maior destaque da banda, e sem dúvida um fenômeno no seu instrumento. Tommy Henriksen é o guitarrista que toma mais destaque nas bases das músicas, mas também brilha muito quando chamado a fazer seus solos, e Ryan Roxie é o que tem mais o estilo “Classic Rock” dos três. Sua aura mais “setentista” relembra um pouco o saudoso guitarrista Glenn Buxton, guitarrista original do Alice Cooper Group, que infelizmente nos deixou em 1997. OS três guitarristas são fantásticos, cada um ao seu estilo, e é incrível a forma como um complementa o outro, fazendo um trio perfeito.
Chuck Garrick é o baixista e está com Alice há mais de 20 anos, e é aquele tipo de “baixista mesmo”, que dá peso e uma base sólida ao som da banda, e também fica com boa parte dos backing vocals. Glen Slobel é um “senhor” baterista, um monstro, cheio de técnica e peso. Não é à toa que quando Alice o apresentou, se referiu à ele como o “ Number One Drummer!”.
Dando sequência ao show, “Bed OfNails” clássica faixa de um dos álbuns favoritos aqui da casa, “Trash” (1989) tem os holofotes sobre Nita Strauss, mostrando que a moça destrói nas seis cordas, e “Billion Dolar Babies”, faixa título do álbum de 1973 apresenta Alice Cooper “esgrimando” uma espada. “Snakebite” , faixa hard Rock do ótimo álbum “Hey Stoopid” (1991) é a próxima, e nos últimos tempos era a música que Alice se apresentava com as suas inseparáveis cobras, porém, desta vez o “animalzinho” não compareceu.
“Be My Lover” e “Lost In America” dão sequência, duas faixas de fases distintas e com a peculiaridade de terem ótimas letras. È então, que a hora mais teatral do espetáculo se inicia, com a faixa “He`s Back! (The Man Behind The Mask), faixa da trilha sonora do filme “Sexta-Feira 13, parte 6” (1986), e que marcou o retorno de Alice ao mainstream, após seu tratamento e cura definitiva do alcoolismo que o atormentava desde o meio da década de 1970. E durante esta, quem adentra o palco? Jason Voorhees em pessoa, pra dar um “jeitinho” numa “fã histérica” que resolveu infernizar o Alice para uma “selfie”. O mesmo ocorre com um “fotógrafo credenciado”, durante “Hey Stoopid”, mas dessa vez quem se livra do sujeito é o próprio Cooper, transpassando o infeliz desavisado com o pedestal do microfone.
Chega a vez de Glen Slobel mostrar sua imensa habilidade nos tambores, com um ótimo e curto solo, que abre caminho para a sinistra “Welcome To My Nightmare”, com mais um show à parte dos três guitarristas. “Cold Ethyl” é uma excelente surpresa, com Alice dançando com a boneca Ethyl, supostamente fria e morta, como a letra sempre deu a entender. Em “Go To Hell”, Alice ataca com um par de maracas, enquanto sua esposa Sheryll Cooper faz a sua primeira aparição, dançando com um chicote, antes de ser “escurraçada” do palco por Alice. “Poison” então é executada para o delírio dos presentes, uma faixa que lá na década de 1980 recolocou Alice no topo das paradas, e se tornou uma faixa clássica que não pode faltar nos shows.
Após todas as “acusações” e “ crimes” cometidos no palco, Alice é finalmente preso e colocado em uma camisa de força, e então chega a vez da belíssima “Ballad Of Dwigh Fry”. Antes dela, um solo maravilhoso de Nita Strauss. Vincent Price, o saudoso mestre do cinema de terror aparece no telão e, tal qual como a gravação original de 1975, narra a descrição de uma “Black Widow”, e a faixa de mesmo título é executada no formato instrumental, enquanto novamente Sheryll Cooper adentra o palco, num misto de Pirata (por conta de seu tapa-olho) e dama da nobreza da idade média, posiciona Alice na guilhotina e o carrasco o executa ao som de uma versão também instrumental de “Killer”. Pra completar o clássico momento “terrir”, a “Dama” desfila pelo palco, com a cabeça de Alice pelo palco ao som de “I Love The Dead” e ao final do desfile, ela taca um apaixonado beijo na boca da cabeça decapitada de Alice. Como diria aquele outro cantor: “é o amor...que mexe com a minha cabeça...” bom, chega disso.
Alice retorna vivo e triunfal, vestido de professor, para nos felicitar com a mais que clássica “School´s Out”. Balões gigantes são jogados para a nossa diversão, e entre um pequeno trecho de “Another Brick in The Wall” (Pink Floyd) e a apresentação da banda, o show vai se direcionando para (infelizmente ) o seu final. No bis, “Feed My Frankenstein”, pesadona e divertida, enquanto no palco, entra um ser de alta estatura, e com a maquiagem do Alice. Basicamente nosso vilão em uma versão gigante e frankesteinizada. Final de festa, final de show.
Alice Cooper não tem mais nada o que provar. Seu carisma sem falar uma única palavra com a plateia durante todo o show encanta até hoje. Sua voz segue a mesma, inalterada, muito pelos hábitos saudáveis e quase de atleta que ele segue. Sua performance, é de artista hollywoodiano. Alice é o cara, simples assim, ele é o patrão da coisa toda! Longa vida ao Alice, e obrigado por existir. A sua existência faz a minha vida e de todos os fãs muito mais feliz. Volte sempre!