terça-feira, 20 de maio de 2025

FABIO LIONE'S DAWN OF VICTORY - TEATRO DA AMRIGS - 14/05/2025 - PORTO ALEGRE/RS



FABIO LIONE'S DAWN OF VICTORY
Abertura: DOGMA
TEATRO DA AMRIGS 
14/05/2025
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Estética Torta

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Capeletti Peres

Fabio Lione é um dos principais vocalistas do Power Metal melódico há muito tempo, isso não é novidade para ninguém. Quando veio o anúncio do show do renomado músico em Porto Alegre, acompanhado de orquestra e coral, e ainda para completar, em um teatro, tocando na íntegra um dos maiores clássicos da sua banda original, o Rhapsody, a promessa de uma noite épica deixou os fãs em alvoroço. E sim, foi uma noite para nenhum fã de Fabio Lione colocar defeito.

A abertura ficou por conta da misteriosa banda Dogma, as “freirinhas do cramulhão”. Envolta em mistério, não se conhece a identidade das integrantes ( apesar de algumas teorias da conspiração já terem entregado algumas ex-integrantes) e nem mesmo a sua nacionalidade, o fato é que o Dogma é uma ótima banda que produz um ótimo Hard/Heavy, com músicas cheias de peso e melodia.

Pontualmente as 19 h, e ainda com o público chegando, as 5 “madres superioras” iniciaram o seu ritual, com as ótimas “Forbidden Zone” e “ My First Peak”. Logo de cara, se nota uma banda afiada, composta por quatro ótimas instrumentistas e uma fenomenal vocalista, com uma presença de palco marcante, num misto de sensualidade, mistério e terror.

A comparação com o Ghost é quase que óbvia, mas apesar de fazerem parte de uma mesma temática, a sonoridade é mais acessível aos ouvidos daqueles que desgostam da banda de Tobias Forge. Lilith (vocal), Lamia (guitarra), Rusalka (guitarra), Nixe (baixo) e Abrahel (bateria) desfilaram, por 45 minutos, 11 músicas, quase que a totalidade do track list do seu ótimo álbum de estreia, com destaque também para o cover de “Like A Prayer” da Madonna. Ao final de “The Dark Messiah”, as cinco “religiosas” se retiram do palco ao som de “Tubular Bells”, de Michael Oldfield, a clássica trilha sonora do filme “O Exorcista”. A aprovação do Dogma foi geral, e espero realmente que a banda chegue ao topo do Rock/Metal mundial, pois já estão prontas para isso.



Após um intervalo de 30 minutos, é chegada a hora da atração principal, e pouco a pouco, os integrantes da orquestra, coral e a banda sobem ao palco para os aplausos de um Teatro da AMRIGS já totalmente lotado. Fabio Lione adentra o palco para delírio dos fãs e após a “intro” “Epicus Furor”, detona “Emerald Sword”, iniciando a execução na íntegra de “Symphony Of Enchanted Lands”, o segundo álbum de estúdio do Rhapsody, um dos maiores clássicos não apenas do Rhapsody, mas do Power metal Melódico no geral.

Fabio Lione além de um vocalista muito acima da média é um ótimo frontman, e com simpatia e simplicidade interage muito com o público, como quando pediu para que todos ficassem de pé, “se possível, pois sei que é difícil” disse ele, se referindo ao fato de estarmos sentados...l embre que estamos em um teatro. Antes de “Riding Wings of Eternity”, Lione contou sobre seu primeiro encontro com o grande ator Christopher Lee, o eterno Drácula, que colaborou com o Rhapsody em algumas oportunidades, e dedicou a música ao falecido mestre do Horror.

A platéia já estava deslumbrada com o espetáculo e tudo estava em altíssimo nível, sendo a qualidade de som e luz, a execução perfeita das músicas e a excelente performance vocal de Lione. “Symphony of Enchanted lands”, a épica faixa de mais de treze minutos fecha a execução do álbum de mesmo título na íntegra, e então teremos mais músicas do Rhapsody, como  Knight Rider Of Doom”, do álbum “Power of The Dragonflame” de 2002.


Fabio Lione pede desculpas para a banda, orquestra e coral por estar se alongando demais nas conversas com o público, coisa que não incomoda nem um pouco, pois além de falante, ele se mostra muito bem humorado, quando conta como fez para se juntar ao Rhapsody em 1997, incluindo um caso romântico para poder ganhar vantagem para viajar para a Alemanha, arrancando gargalhadas da plateia. Ele agradece ao coral e à orquestra, mas diz que só vai agradecer a banda após eles executarem “Rain Of A Thousand Flames” que segundo ele é uma música muito veloz (214 bpms pelas palavras de Lione) e após a execução dessa, ele aplaude sua banda e diz que “sim, a banda também é foda” .

Chegando ao final, Lione conta que vai tocar uma música de uma banda, mas não é qualquer banda... é “A BANDA” e ele anuncia “We Are The Champions” do imortal Queen. Em “Holy Thunderforce”, Fabio desce do palco, e vai cantar no meio do público, e “Dawn Of Victory” fecha o setlist e termina este verdadeiro espetáculo épico, que sem dúvida não só atendeu, como superou as expectativas de um público ávido e formado por fãs que se deleitaram com uma performance excelente de Fabio Lione, orquestra, coral e banda. Uma noite que se tornou inesquecível para os admiradores do vocalista, do Rhapsody e de Power Metal. Agradecimento especial à Estética Torta pelo credenciamento e à toda equipe do Teatro da AMRIGS pela cordialidade.



QUEEN CELEBRATION - IN CONCERT - AUDITÓRIO ARAÚJO VIANNA - 10/05/2025 - PORTO ALEGRE/RS

 


QUEEN CELEBRATION 
IN CONCERT
AUDITÓRIO ARAÚJO VIANNA
10/05/2025
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Opinião Produtora

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: Tércia Falck

Queen Celebration emociona Porto Alegre com tributo impecável a Freddie Mercury

Pela sétima vez em solo gaúcho, a banda Queen Celebration - in Concert voltou a Porto Alegre e, mais uma vez, entregou um espetáculo à altura da grandeza da obra de Freddie Mercury e companhia. Em uma noite de pura nostalgia e emoção, o grupo mostrou por que é considerado um dos tributos mais respeitados da lendária banda britânica.

À frente do palco, o vocalista André Abreu brilhou com intensidade. Mais do que imitar, ele interpretou Mercury com propriedade, respeitando cada nuance vocal, cada gesto cênico e cada momento de silêncio como parte do espetáculo. Sua entrega foi comovente e, em vários momentos, arrancou aplausos espontâneos da plateia que lotou o teatro.

Abreu esteve acompanhado de uma banda afiadíssima, que demonstrou não apenas técnica, mas respeito e paixão pelo repertório do Queen. Em especial, o guitarrista Danilo Toledo se destacou com solos precisos e cheios de feeling, remetendo com maestria à sonoridade única de Brian May. Sua atuação foi um dos pontos altos da noite, com execuções potentes e sensíveis nos momentos mais emblemáticos das canções.

O repertório passeou por diversos momentos da carreira da banda, abrindo com "We Will Rock You", conforme o show "Queen Rock Montreal" e contou com clássicos emocionantes e arranjos fiéis. O público foi ao delírio com a poderosa “Under Pressure”, parceria icônica entre Queen e David Bowie, e vibrou com a beleza dramática de “It’s a Hard Life”, uma escolha menos óbvia, mas que mostrou a força vocal de Abreu e a competência musical da banda.


Outro momento de destaque foi a execução de “I Want to Break Free”, que trouxe leveza e interação com a plateia, seguida pelas duas versões de “We Will Rock You” — a tradicional, marcada pelas palmas e batidas de pé que incendiaram o público, e a versão mais pesada, já citada anteriormente, com banda completa, que elevou ainda mais a energia da apresentação.

O ápice emocional ficou reservado para a poderosa “The Show Must Go On”, interpretada com intensidade dramática e reverência. E a emoção continuou dando o ritmo durante a homenagem a Mercury com “These Are The Days of Our Lives”, um momento de introspecção e respeito que tocou profundamente os presentes, ainda que tenha ocorrido um recomeço devido à problemas técnicos.

Por fim, a icônica “Bohemian Rhapsody” foi executada com maestria, em uma interpretação bela e arrebatadora, onde vocais, instrumentos e efeitos se uniram para reviver um dos maiores clássicos do rock com dignidade e emoção. "We Are the Champions" encerrou a apresentação, e logo em seguida, a plateia, em pé, aplaudiu longamente, a banda, com a entrada de Abreu com a capa e a coroa, ao som de "God Save The Queen".



A Queen Celebration in Concert não é apenas um cover. É uma experiência viva da música e do legado de uma das maiores bandas de todos os tempos. E, em Porto Alegre, mais uma vez, o show foi muito mais que uma celebração: foi um tributo com alma, respeito e excelência.

terça-feira, 13 de maio de 2025

SAXON - HELL, FIRE AND STEEL TOUR 2025 - BAR OPINIÃO - 06/05/25 - PORTO ALEGRE/RS

 


SAXON
HELL, FIRE AND STEEL TOUR 2025

Abertura:
URDZA
BURNING WITCHES

Bar Opinião
06/05/2025
Porto Alegre/RS
Produção: Top Link & Opinião Produtora

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy 

Pra começar esse texto, é necessário que eu escreva aqui que o SAXON proporcionou a este que vos escreve um dos melhores (senão o melhor) shows de Heavy Metal já assistidos por mim, fato este ocorrido em 2019. E, tenho a mais absoluta certeza, que muitos que estavam presentes naquele dia, concordam comigo. No entanto, parece que esses senhores que já se encontram na conhecida "terceira idade", não estavam satisfeitos com isso e decidiram proporcionar aos gaúchos presentes no Bar Opinião no dia 06 de maio de 2025, uma nova experiência, colocando o já citado show, em segundo lugar. Talvez pelo fato de estarmos há 6 anos sem assisti-los ao vivo, talvez por dessa vez o álbum "Wheels of Steel" (1980) ter sido executado na íntegra, ou talvez pelo simples fato do grupo ser um verdadeiro sinônimo do que é o HEAVY METAL A verdade é que quem esteve presente, viu mais uma vez a capacidade e paixão que estes cinco senhores tem por estarem no palco, por fazerem de cada show uma verdadeira celebração e entregar ao público a melhor música que este planeta já viu. E como se isso não fosse o suficiente, tivemos ainda a bela apresentação dos garotas da BURNING WITCHES, que apresentaram um show intenso e verdadeiro, abrilhantando ainda mais essa inesquecível noite.

A terça feira foi aguardada com ansiedade pelos gaúchos que compareceram em bom número ao Opinião. A casa não estava lotada, mas faltou pouco pra isso. A verdade que eu acabei sendo surpreendido, pois não imaginava que teríamos um público nessa quantidade, o que é mais que positivo, tendo em vista a crise que assola o país. Mas sabemos que os fãs de Heavy Metal são fiéis e sabem valorizar suas bandas do coração.

Exatamente ás 19h30, a banda URDZA subiu ao palco. Praticando um Heavy Metal tradicional, o grupo paulista composto por Heitor prado (vocal), Gustavo Corrêa (guitarra), Hugo do prado (guitarra), Cid Costa (baixo) e Dan Abreu (bateria) sofreu com problemas no som, principalmente na primeira música "Wrath of God", pois as guitarras estavam emboladas e o vocal um pouco mais baixo. O som melhorou a partir da segunda faixa, "Sign in Blood" mostrando que o grupo tem potencial e boas linhas de composição. Tendo como influências principais Iron Maiden e Judas Priest, o quinteto agrega mais peso nas guitarras e na meia hora de show a quem tinham espaço, trouxeram ainda "A War with Myself", faixa que dá título ao álbum de estreia da banda, lançado em 2024, bem como "Living in Fear", "Dawn Predator" e "Rising From the Fire". Souberam dar seu recado e deixaram uma boa impressão.


Após um rápido intervalo, iniciando seu show às 20h15, as belas e simpáticas integrantes da BURNING WITCHES entram em cena e nos proporcionaram um show intenso, mas que também teve problemas no som, principalmente no começo. A vocalista Laura Guldemond precisou em alguns momentos gritar para que sua voz saísse mais alta, enquanto as guitarras de Courtney Cox (ex-The Iron Maidens e substituta da guitarrista Larissa Ernst que se afastou dos shows e turnês por ter se tornado mãe recentemente) e Simone Van Straten soavam demasiadamente baixas e emboladas. Isso acabou prejudicando um pouco a abertura com "Unleash the Beast". Mas ainda assim, o grupo completado pela baixista Jeanine Grob e pela baterista Lala Frischknecht mostrou a que veio com uma performance empolgante e enérgica. Laura é uma excelente frontwoman, interagindo om o público diversas vezes e esbanjando simpatia. Na segunda música, "Dance with the Devil", o som melhorou um pouco e a qualidade da banda pôde ser melhor apreciada. 

O bom entrosamento entre Courtney e Simone é evidente, resgatando aquela aura das guitarras gêmeas em diversos momentos da apresentação, como ficou mais explícito em "The Dark Tower", faixa título do mais recente trabalho do grupo, lançado em 2023. Após a pesada "The Spell of the Skull", LAura fala com o público sobre a satisfação de estar tocando em Porto Alegre pela primeira vez e é saudada pelos presentes. Como o tempo da tempo era curto, já emendam com "Hexenhammer", que também dá nome ao segundo trabalho da banda, lançado em 2018. Cabe ressaltar que apesar de discretas, a baixista Romana e a baterista Lala (que diga-se de passagem, fica bem escondida atrás da bateria, pois sua estatura não é das maiores - o que não lhe impede de tocar com classe, maestria e peso) criam uma base bem sólida e pesada pra banda. O encerramento vem com "Burning Witches", com a qual elas se despedirem em grande estilo, agradecendo mais uma vez ao público e enquanto deixavam o palco, "Black Window" do mestre Alice Cooper soava pelos alto falantes...

Um belo show que nos preparou para o prato principal, deixando um gostinho de quero mais. E cabe dizer aqui que ao término do show do Saxon, todas elas estavam no estande de merchandising e atenderam a todos com simpatia e gentileza. 


                                                                                            (foto: Burning Witches)

A ansiedade de todos era tanta que a meia hora de intervalo entre os shows parecia uma eternidade. Mas como sempre, pontualmente às 21h30, o SAXON adentrava o palco para a alegria e emoção de todos os presentes. Prestes a completar 50 anos de carreira, o grupo formado por Biff Byford (vocal - 74 anos), Doug Scarrat (guitarra - 65 anos), Brian Tatler (guitarra, Diamond Head - 65 anos), Nibbs Carter (baixo - 58 anos anos) e Nigel Glockler (bateria - 72 anos)  adentram o palco ao som de "Hell, Fire and Damnation", faixa título do excelente álbum lançado pelo grupo em 2024. A comoção de todos era nítida, banda e público em sintonia, numa energia contagiante, Impossível ficar indiferente ao que se via no palco. Senhores que já podem usar o cartão de estacionamento privativo (exceto o baixista Nibbs Carter) colocando muita banda mais jovem no bolso. Mas o que esperar de um show que traz na sequência "Power and the Glory", um dos maiores hinos do Heavy Metal? Ainda mais se depois temos "Back to the Wall"? Resenhar um show do Saxon é fácil e difícil ao mesmo tempo pois se por vezes faltam palavras pra descrever o que se vê e ouve, por outras é preciso muito mais do que palavras para sintetizar o que acontece. "Madame Guillotine", mais uma faixa do novo álbum chega e nos traz um dos momentos mais pesados do show. Aliás, essa faixa é candidata a permanecer nos setlists da banda, hein?


Na sequência, uma trica de clássicos de tirar o fôlego: "Heavy Metal Thunder", "Dallas 1PM" e "Strong Arm of the Law". Simplesmente isso. Riffs eternos, bases magníficas e muito peso. Aliás, é preciso dizer algo que muitos talvez não concordem. Apesar de Paul Quinn ser muito importante, a entrada de Brian Tatler deu uma dose extra de vitalidade e peso ao som do Saxon, seja em estúdio, seja ao vivo, a verdade é que o guitarrista deixou Doug Scarrat mais à vontade no palco e isso foi benéfico ao grupo. A metálica, pesada e novata "1066", mais uma de "Hell, Fire and Damnation" veio mostrar que por mais que se diga que o metal está morrendo, bandas como o Saxon dão provas cada vez maiores que isso é pura balela. Pra encerrar a primeira parte do show, "The Eagle Has Landed" e toda sua classe vem pra preencher o Opinião de nostalgia.

Com divulgado, nessa turnê, a banda vem tocando o clássico "Wheels of Steel", que completa 45 anos em 2025, na íntegra e era chegado esse momento. Se o Início com "Motorcycle Man" fez muito marmanjo chorar, o que dizer de "747 (Strangers in the Night"? Precedida por "Stand Up e Be Counted", a faixa fez todos cantarem, tocar guitarra, bateria e se emocionar com uma das mais belas composições do Saxon! Este que vos escreve segurou a emoção o que pôde, mas na hora do solo... Mas não tinha muito tempo pra isso pois em seguida tivemos "Whells of Steel", uma faixa que não envelhece. Aliás, quem envelhece é a gente, o Heavy Metal não! "Freeway Mad", "See the Light Shining" (muito celebrada pelos fãs de longa data) e "Stret Fighting Gang" mostraram o porquê de amarmos tanto esse estilo. Faixas que não são as mais lembradas, mas despertam o mesmo sentimento são a prova de que o metal é mais que um estilo musical. A bela "Suzi Hold On" antecedeu "Machine Gun" e em seguida, a banda agradece o público e deixa o palco. Mas todos nós sabíamos qe o show não tinha acabado..


A banda volta para o Bis, mas antes de tocar a próxima faixa, Biff pega dois coletes que foram jogados no palco e veste um em Doug Scarrat e outro em si mesmo, tocando as quatro derradeiras faixas com esses coletes. è ou não uma prova de respeito aos fãs? Cabe lembrar que um desses coletes era do brother Renan Oliveira, e que no final, voltou autografado. Coisas que só um verdadeiro fã de Heavy Metal pode compreender...

"Crusader", "Denim and Leather", "And the Bands Played On" e "Princess of the Night". São músicas que, se não estiverem naquelas famosas playlists que todo headbanger faz, não é uma playlist digna de respeito. "Crusader", cantada por todos, o peso monumental de "Denim and Leather" (Brain Tatler fez uma baita diferença aqui), "And the Bands Played On" e o hino maior do grupo, a espetacular e maravilhosa "Princess of the Night", com a banda tocando como se o show estivesse apenas começando, encerraram a apresentação de uma das maiores bandas de todos os tempos. Não tem o reconhecimento da grande mídia? Deveria, mas os fãs sabem sua relevância pra história do estilo. Se em 2019 o SAXON lavou nossa alma. dessa vez ele veio pra buscá-la!



Muito obrigado à Opinião Produtora na figura do Paulo Finatto Júnior, pelo credenciamento e cordialidade no atendimento à imprensa.

terça-feira, 29 de abril de 2025

HAREM SCAREM - CHASING EUPHORIA (2025)

 


HAREM SCAREM
CHASING EUPHORIA
Frontiers Music srl - Importado

O ano era 1991, e os canadenses do Harem Scarem lançavam o seu primeiro álbum, surpreendentemente batizado com o nome da banda... Nem eles, nem ninguém à época, tinham conhecimento de que tinham produzido um dos maiores clássicos do Melodic-Hard Rock de todos os tempos, um álbum que mais de 30 anos após seu lançamento segue sendo cultuado por uma legião de fãs do estilo, eu incluso.

Passaram-se décadas, o Harem Scarem produziu um sem-número de álbuns, alguns ótimos, outros nem tanto, alguns até fraquíssimos, como o infame e tenebroso “Rubber” (1999). Mas o detalhe que nunca se perdeu foi a esperança dos fãs de que a banda voltasse a fazer um álbum de altíssimo nível, que, se não chegasse próximo dos seus primeiros trabalhos, ao menos lembrasse um pouco a sonoridade clássica que uma vez haviam construído.

Com o álbum anterior, “Change The World” (2020), Harry Hess e companhia já haviam chegado perto, mas agora com este novo “Chasing Euphoria” acertaram na mosca. Um dos fatores principais creio que seja o entrosamento entre o quarteto, e quando Harry Hess, Pete Lesperance, Creighton Doane, e Darren Smith , decidem fazer um álbum honesto e baseado na sua química e experiência, o saldo não é nada menos que muito positivo.

Trazendo de volta músicas cheias de melodias e emoção, refrãos “cante-junto”, o que escutamos em faixas como “Reliving History”, “Better The Devil You Know”, “Understand It All” e a faixa título são grandes canções que se escutadas separadamente, já valeriam a pena, imagine num único trabalho, onde até temos algumas outras composições com mais “punch” como em “Falling A Knife”, porém sem perder a classe. A semi-balada “In A Bad Way” é outro ponto alto, onde vemos todo o poderio de Harry Hess e Pete Lesprance, dois músicos que mereciam muito mais sucesso e reconhecimento, do que apenas a admiração dos fãs do nicho que representam.

Finalizando, é muito bom estar em 2025 e o Harem Scarem estar ativo e ainda fazendo música de (MUITA!) qualidade. “Chasing Euphoria” vai certo pra minha lista de melhores do ano!

José Henrique Godoy




BILLY IDOL - DREAM INTO IT (2025)

 


BILLY IDOL
DREAM INTO IT
Dark Horse Records - Importado

Billy Idol, o primeiro “traidor do movimento”, pode dizer aquele punk rocker mais radical a que vem acompanhando o movimento desde seu “boom” mundial, por volta do longínquo ano de 1977. Mas calma, sossega o seu moicano, amigo punk. Billy Idol sempre deu sinais de sua busca pelo “mainstream”.

Enquanto seus colegas de classe como o The Clash declaravam não gostar de The Beatles, Stones, e outros, Billy Idol ao contrário, através das letras da sua banda Generation X, proclamava amor a estes e outros tantos artistas gigantes, e remava na direção contrária do “faça você mesmo”.

Onze anos após o seu último trabalho, elenos entrega “Dream Into It”, e logo na primeira audição, o sentimento de frustração me tomou conta, não por ser um fã de carteirinha do senhor Idol, mas desde a década de 1980, aprecio o seu trabalho, muito pelo que produziu o fantástico e monstruoso guitarrista Steve Stevens. Mas ao ouvir as duas primeiras faixas, onde está o Steve Stevens?

Ao invés de riffs fortes, temos camadas de sintetizadores pra lá de insossas, melodias pra fazer a alegria de autores de filmes juvenis estilo sessão da tarde... Não é à toa que como convidada na segunda faixa, “77” (título gera expectativas/expectativas se vão por água abaixo na audição), de ninguém mais ninguém menos que Avril Lavigne. Sim, ela mesma, a rebeldezinha na fila do peixe...

Steve Stevens surge nas faixas “Too Much Fun” e “John Wayne” (essa é ótima, uma semi-balada que homenageia um dos maiores cowboys do cinema). A pop-punk “Wildside” tem a participação de Joan Jett, e mais uma vez o que poderia ser uma puta faixa, acaba em decepção, apesar do lindo solo de Steve Stevens. “I´m Your Hero “ é uma faixa legalzinha.

Por fim, a melhor faixa, que está muito acima das demais, que foi lançada como single, ”Still Dancing” fecha o trabalho. Creio que esta faixa deve ser o maior motivo da minha frustração, pois quando a ouvi pensei que teríamos um ótimo trabalho. Ao contrário disso, ao terminar a audição, tive a impressão de ter ouvido alguma bandinha metida a punk e que não chegou a lugar nenhum. Totalmente dispensável, a não ser por “Still Dancing”...

José Henrique Godoy




PAIN - DANCING WITH THE DEAD (2005/2025) - RELANÇAMENTO

 


PAIN
DANCING WITH THE DEAD
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2005, “Dancing with the Dead” marcou o momento em que o Pain atingiu seu ponto mais profundo e refinado até então. Naqueles anos, Peter Tägtgren parecia incansável - entre turnês e álbuns com o Hypocrisy e o crescimento constante do Pain, ele vivia num ciclo criativo que beirava o sobre-humano. Foi justamente nessa época que vi pela primeira vez alguém usar o termo workaholic para descrevê-lo, e fazia todo o sentido: o cara simplesmente não parava.

Depois do impacto de “Nothing Remains the Same” em 2002 - o disco que realmente colocou o Pain no radar, com sua fusão certeira de peso industrial, melodia sombria e refrães grudentos - o desafio era manter a pegada sem soar repetitivo. E Tägtgren não só conseguiu, como foi além. Mergulhou fundo em uma experiência pessoal (uma parada cardíaca que o deixou clinicamente morto por dois minutos) e transformou isso em combustível emocional para um dos álbuns mais intensos de sua carreira.

Se o antecessor exalava raiva, sarcasmo e crítica à alienação moderna, “Dancing with the Dead” mostra Peter exorcizando os próprios fantasmas em pleno estúdio. A dor e a luta agora são internas. Logo de cara, “Same Old Song” mostra a que veio: batida eletrônica contagiante, guitarra pesada e uma melodia dark que gruda na cabeça. É o tipo de música que nasceu para ser hino - e não à toa se tornou um dos maiores sucessos do Pain. “Nothing” e “Bye/Die” seguem na mesma linha, misturando peso e melancolia com precisão cirúrgica.

A faixa-título é talvez o momento mais atmosférico do disco. Carregada de tensão, cria uma sensação quase épica - como se estivéssemos flutuando entre dois mundos. É sombria, elegante e estranhamente hipnótica. A produção é impecável: moderna, pesada, clara e cheia de camadas, dando uma enorme amplitude ao som.

O mais impressionante é que, mesmo com esse tom mais emocional, o álbum não perde força. Ele é direto, dançante e envolvente. “Dancing with the Dead” é a consolidação da identidade do Pain - mais maduro, mais intenso e mais elétrico.

Peter Tägtgren não precisou berrar nem apelar para extremos: transformou uma experiência de quase morte em um álbum cheio de vida. E isso, por si só, já faz deste um dos grandes momentos do metal industrial.

William Ribas




PAIN - NOTHING REMAINS THE SAME (2002/2025) - RELANÇAMENTO

 


PAIN
NOTHING REMAINS THE SAME
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2002, “Nothing Remains the Same” é o momento em que o Pain deixa de ser apenas um experimento de Peter Tägtgren e se transforma, de fato, em uma entidade própria - viva, dançante e cheia de atitude. Depois de dois álbuns em que ainda faltava uma identidade definida ao projeto, esse disco chega como um soco bem dado. O título já entrega o espírito: Não resta mais nada como antes.

Desde a primeira batida de “It’s Only Them”, já dá pra sentir a virada. A guitarra é seca, o ritmo é marcial, os teclados criam um clima quase paranoico - e aí entra a voz de Tägtgren, carregada de raiva. O refrão explode como um alerta: essa fase do Pain é para ser festejada, na pista. Mas é com “Shut Your Mouth” que o álbum realmente vira a chave. Um verdadeiro hino da revolta moderna, com riff grudento, batida eletrônica hipnótica e uma letra que, entre ironia e desabafo, gruda na cabeça. É o tipo de música que você ouve uma vez e já sai cantando sem perceber.

O mais legal é como o disco mantém o nível alto. “Just Hate Me” tem um clima melancólico irresistível - quase uma balada obscura, mas sem perder o peso. “Fade Away” é carregada de sintetizadores, revelando o lado emocional que Tägtgren passa a explorar com mais força aqui. Já “Save Me” vem como uma pancada eletrônica, agressiva e direta, perfeita para pistas sombrias ou para momentos de fúria silenciosa.

A grande sacada de “Nothing Remains the Same” é esse equilíbrio entre ser acessível e nebuloso. As músicas têm refrãos fortes, são cheias de ganchos e funcionam muito bem. O som é industrial, sim, mas é sombrio; é pop, mas jamais sem soar agressivo. A produção é de altíssimo nível, como se espera de Peter Tägtgren, e tudo soa limpo, poderoso e bem amarrado.

É um disco que convida à repetição - não só pela qualidade das composições, mas porque traduz perfeitamente o sentimento de frustração e desconexão de uma geração inteira. Cada faixa tem sua personalidade, seu impacto, seu lugar.

Nothing Remains the Same” é Peter Tägtgren do avesso - pesado, sem precisar urrar.

William Ribas