quarta-feira, 20 de agosto de 2025

MORS PRINCIPIUM EST – “DARKNESS INVISIBLE” (2025)

 


MORS PRINCIPIUM EST
DARKNESS INVISIBLE
Reigning Phoenix Music - Importado

Fundado em 1999, na Finlândia, o Mors Principium Est retorna em 2025 com Darkness Invisible, seu nono trabalho de estúdio. Desde 2021, a banda mantém a mesma formação: Ville Viljanen (vocal), Jori Haukio (guitarra), Jarkko Kokko (guitarra), Teemu Heinola (baixo) e Marko Tommila (bateria). Juntos, gravaram “Liberate the Unborn Inhumanity” (2022) e agora, com o segundo álbum de estúdio desse line-up, mostram-se ainda mais coesos, afiando identidade e sintonia.

Confesso que nunca havia escutado sobre a banda até agora — e “Darkness Invisible” foi uma grata surpresa, mesmo que essa descoberta tenha demorado 26 anos desde a sua fundação. Há um frescor aqui que é raro: a sensação é de estar conhecendo uma banda nova, que acaba de lançar seu primeiro trabalho, mas com a experiência e maturidade de quem já percorreu uma longa estrada. A energia que a banda transmite é a de iniciantes famintos, e isso é ótimo — tanto para quem descobre, quanto para eles, que ainda demonstram esse tesão diante do eterno ciclo composição, gravação e turnê. Após a primeira audição, fui direto ao Spotify e resolvi explorar alguns outros trabalhos: “Inhumanity” (2003), “The Unborn” (2005), “Dawn of the 5th Era” (2014) e, obviamente, o antecessor “Liberate the Unborn Inhumanity”. A escolha foi quase instintiva, guiada pelas capas — como fazia nos anos 90.

Musicalmente, "Darkness Invisible" preserva o DNA característico do MPE: riffs cortantes, harmonias melancólicas e precisão rítmica impecável. O álbum tem uma certa dose de caos. O instrumental é agressivo e os momentos mais melódicos ficam mais focados nos solos ou em uma ou outra passagem, apenas para trazer uma atmosfera épica. Tudo isso reforça o peso emocional das faixas.

O início com “Of Death”, com seu jeito quase Black Metal à la Dimmu Borgir e Cradle Of Filth, cai como uma luva, com uma breve introdução sombria, riffs pesados misturados com uma bateria. Na sequência, vêm “Venator” e “Monuments”. Ambas mantêm um lado Black/Death Metal melódico — deixando claro que a obscuridade e intensidade serão as regras do álbum.

“Tenebrae Latebra” é um breve descanso. Uma passagem tranquila, com vocais femininos apenas ambientando a faixa — a óbvia calmaria antes da tempestade.

As letras de “Darkness Invisible” mergulham fundo na escuridão — e não apenas como recurso estético. Medo existencial, tormento interior, isolamento psicológico e a lenta desintegração da identidade permeiam o álbum, transformando-o em uma jornada filosófica e devastadora. É uma obra que provoca catarse. “
Summoning The Dark” e “The Rivers of Avernus” são exemplos — fazem os fones de ouvido “explodirem” e deixam o ouvinte desnorteado.

“In Sleep There is Peace” entrega uma performance destruidora de Ville Viljanen, alternando guturais brutais e “grunidos” sombrios, sempre de maneira visceral. A bela melodia de “An Aria Of The Damned” acalma, ao mesmo tempo em que traz uma certa ponta de angústia e ansiedade para o que pode estar por vir. Na sua sequência, temos “All Life Is Evil” — carregada, a banda diminui a velocidade e apenas transborda um ar melancólico, com seu pé no Doom Metal, ampliando uma experiência surreal para o fã.

O final com “Makso Mitä Makso” traz novamente a agressividade — o mesmo tom caótico do início do álbum. Gritos, blast beats, riffs sendo despejados sem dó nem piedade, fechando o trabalho de maneira impiedosa. “Darkness Invisible” é mais que um álbum — é uma declaração, uma experiência e um lembrete de que, mesmo nas sombras mais profundas, ainda existe beleza, mesmo que ela venha acompanhada de uma sinfonia deliciosamente caótica.

Bem, fim de resenha e vou ali dar sequência na riquíssima discografia (o lado bom da existência do streaming) do Mors Principium Est.

William Ribas




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