sexta-feira, 1 de agosto de 2025

KORZUS - 24/07/2025 - SESC AVENIDA PAULISTA - SÃO PAULO/SP


 

KORZUS
24/07/2025
SESC AVENIDA PAULISTA
SÃO PAULO/SP

Texto, fotos e vídeos: William Ribas

As últimas 48 horas (pré show) têm sido estranhas — e acredito que para uma grande parcela dos headbangers também. O falecimento de John Michael Osbourne deixou um gosto amargo. É como perder um amigo, um parente próximo. É como ver aquela época que, em algum momento, passou pelas nossas vidas trazendo alegrias, ensinamentos e emoções.

Desde o início da tarde em que vi a notícia, só tenho escutado Ozzy. Seja em CD, seja no streaming — essa tem sido a trilha sonora desses dias de luto por nosso madman.

Estar aqui no Sesc Avenida Paulista trazia dois sentimentos ao mesmo tempo: o amargo e triste da perda de alguém que “esteve” comigo nesses últimos 30 anos em que escuto música pesada, e o “vamos celebrar” tudo o que o mestre nos ensinou. Ver o Korzus celebrando seus 40 anos acabou sendo a primeira música, o primeiro som, que não vinha diretamente de Ozzy nesses dias. E fico feliz que tenha sido assim.

Antes do início do show, o som mecânico tocava Black Sabbath. E, poucos minutos depois das 19h30, ela começou — a música que deu origem a tudo: “Black Sabbath”. No meio da apresentação, Pompeu explicou que, após 25 anos, decidiram mudar a introdução do show justamente para homenagear Ozzy.

Um a um, os integrantes do Korzus foram subindo ao palco. E, nesse momento, deu pra notar que o local estava completamente abarrotado. Marcello Pompeu (vocal), Heros Trench (guitarra), Jean Patton (guitarra), Dick Siebert (baixo) e Rodrigo Oliveira (bateria) chegaram com os dois pés no peito de cada fã ao abrir o show com a maravilhosa “Guilty of Silence”.



O setlist prosseguiu com músicas que passaram por toda a discografia da banda. Digamos que, se o grupo paulistano lançasse um best of dos seus primeiros 40 anos, o que vimos nesta noite representaria 90% desse “álbum”. Faixas como “Raise Your Soul”, “What Are You Looking For”, “Truth”, “Internally” e outras colocaram o Sesc Avenida Paulista literalmente para tremer.

A dupla das seis cordas, Heros e Jean, despejou riffs atrás de riffs. Aliás, a entrada de Jean na banda nitidamente trouxe ainda mais energia — especialmente no palco. O cara é incansável: batendo cabeça, se movimentando, agitando o tempo todo. O comandante pode ser Pompeu, mas Dick e Jean também se encarregam de manter a sinergia entre banda e público sempre lá no alto — QUE TRIO de frente.

“Never Dies”, “Truth”, “Respect” e “Vampiro” foram mais alguns momentos de fúria sonora que não nos deixavam sequer respirar! Os gritos de “Korzus! Korzus!” eram entoados a cada breve intervalo — sim, breve, pois a banda parecia ter um objetivo claro: promover o caos sonoro do começo ao fim.

Gostaria de abrir um parágrafo em particular para Marcello Pompeu. Impressionante como ele tem os fãs “na palma das mãos” do início ao fim. Agitando, pedindo para que o público cante ou berre cada vez mais alto, ou simplesmente conversando com os fãs — mostrando simpatia, respeito e simplicidade. Um verdadeiro frontman. Na minha humilde opinião, um dos últimos “moicanos” daquele amor oitentista, quando “tudo era mato” e bandas como o Korzus foram desbravando cada pedaço do Brasil com muito esforço, suor e atitude.


“Catimba” traz um pouco daquele metal dos anos 90, mais carregado — o lado Pantera do Korzus. A letra, que mistura inglês e português, faz todos baterem cabeça e seguirem o mestre no refrão: “Minha ferida cicatriza com o ódio seu! Minha ferida cicatriza com o ódio seu!” — impossível não repetir, inclusive, estou aqui repetindo mesmo horas depois do show. (risos)

Rodrigo segue sendo um dos melhores bateristas do Brasil. Tenho dó do kit de bateria. O cara simplesmente bate sem dó nem piedade — uma máquina mortífera que mantém a ordem dentro da destruição que o Korzus celebra. O maior exemplo disso veio com “Agony”.

Pompeu avisou que estavam chegando perto do final, então era hora da clássica.

“Guerreiros do Metal” é, pra mim, um dos hinos atemporais do metal nacional. Deveria ser ensinada desde o berço a toda e qualquer pessoa que esteja começando a ouvir música pesada. Afinal, todos os dias... lutamos pelo metal.


O fechamento veio com a caótica “Correria”, e o final foi como o começo — banda e público ensandecidos.

Falando em Back to the Beginning, a banda deixou claro que aquele show era dedicado a Ozzy. No bom lugar onde ele está agora, tenho certeza de que está feliz por ver um de seus filhos detonando e seguindo em frente com o que ele, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward iniciaram há mais de cinco décadas.

O Korzus detonou, lavou a alma e mostrou o motivo de ser considerado um dos grandes pilares do heavy metal brasileiro.

Como diria Pompeu: IS WE!






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