HUMANAL
DELIRIUM
Independente - Nacional
DELIRIUM
Independente - Nacional
A banda curitibana Humanal chega ao seu primeiro álbum, “Delirium”, com uma confiança renovada após marcar presença entre os finalistas do concurso New Blood e abrir para os russos do Slaughter To Prevail. Lançado em 13 de agosto de 2025, Delirium é um trabalho de peso, densidade e reflexão, que posiciona a banda como um dos nomes emergentes do metal brasileiro.
"Delirium" apresenta dez faixas, todas conectadas por uma mesma essência: traduzir em música as contradições da vida moderna. Temas como saúde mental, vício, vaidade, opressão, alienação digital e colapso ambiental são tratados de forma direta, sem suavizações, mas sempre com um olhar filosófico e existencial.
Musicalmente, Delirium transita entre groove, progressivo, metal alternativo e death metal melódico, equilibrando agressividade e complexidade de maneira ímpar. A estrutura é dinâmica, cheia de quebras de andamento e atmosferas densas, mas também oferece melodias marcantes, tudo sem perder impacto e força. O resultado é um álbum extremamente versátil, no qual momentos de brutalidade se alternam com passagens mais calmas, e os vocais agressivos de Tati encontram contraponto em linhas limpas e emocionais.
Há ecos de nomes modernos do metal — como Jinjer e Gojira — e nomes da "velha guarda" — como Sepultura e Death —, mas apenas como inspiração estética, absorvendo influências para construir sua própria identidade.
Um ponto crucial é como o instrumental pesado se alinha às letras sombrias, fazendo da música não apenas entretenimento, mas uma experiência que mexe com quem ouve desde o primeiro instante. A abertura com "Echoes of Ether", seguida da instigante "Abyss", já estabelece esse casamento entre peso sonoro e densidade lírica, dando ao álbum um caráter visceral e perturbador.
Entre os destaques, "Xawara", inspirada no livro A Queda do Céu, de Davi Kopenawa, surge como manifesto. "Burnout" traduz em som o esgotamento da vida moderna, com arranjos sufocantes, quase uma catarse. "Animal Social" é carregada de groove e tem uma levada que facilmente leva o ouvinte a bater cabeça e gritar o refrão. Já "Spiritless" traz consigo um ar angustiante, inquieto e denso.
Um dos momentos mais impactantes vem com "Opressor", cantada em português, que carrega um peso ainda maior pela clareza da mensagem. Nela, a banda pisa fundo na brutalidade, liberando um caos controlado pela intensidade instrumental e pelos berros viscerais de Tati.
Mais do que um simples lançamento, “Delirium” representa a trilha sonora intensa e consciente de seu tempo. O fechamento com "The Art of Losing" é apoteótico: começa com suspense e levada limpa, cresce passo a passo até que o peso toma conta, evidenciando a genialidade dos músicos.
Humanal prova que é uma banda que veio para deixar sua marca — O álbum é uma obra-prima, uma experiência única e impactante para os ouvintes.
Ouça!!!
William Ribas
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