NO MORE DEATH
THE DEATH IS DEAD
Independente
THE DEATH IS DEAD
Independente
Quem nasceu para fazer thrash metal não se aposenta, não se rende, não se adapta à moda. No máximo, afia a lâmina, espera o momento certo… e volta para cortar pescoços. Tiago Torres, fundador, guitarrista e vocalista do lendário Mad Dragzter — banda que forjou um dos clássicos do underground brasileiro no início dos anos 2000 com “Strong Mind” e incendiou palcos por mais de uma década — passou dez anos em silêncio de estúdio. Agora, ele rompe a tumba com o No More Death e o devastador “The Death is Dead”.
Digamos que o jeito sem firulas, sem baladas, está intacto nessa nova empreitada. É o thrash do passado, de nomes clássicos, de bandas cujos pôsteres cansamos de pendurar na parede. Da Bay Area, passando pelo caos germânico até o som caótico e cirúrgico das bandas brasileiras, tudo se encontra aqui como trilha sonora de uma história impactante — afinal, em algum momento, a gente quis ser imortal ou achou que era. E, aqui, a morte da morte existe!
Gravado com sangue e suor por Tiago e co-produzido por Demis Kohler — responsável também por solos que rasgam como navalha — o álbum entrega um som com timbragem mais seca, algo que resgata uma sonoridade à la Hell Awaits (Slayer). As guitarras em “Great White Throne” são o melhor exemplo de como esse álbum é uma referência dentro de si mesmo. E, deixando claro: referência não significa cópia, ok?
E se o instrumental é puro ataque. O que posso dizer da voz de Tiago? É o fio condutor dessa história. Não há urros descontrolados nem gritos forçados. O que se ouve é uma voz forte, firme, entre o rasgado e um timbre mais limpo, carregada da emoção certa para cada momento. É como se ele realmente estivesse narrando os acontecimentos, conduzindo o ouvinte pelas cenas — e essa interpretação dá às letras uma emoção extra, transformando cada faixa.
“The Death is Dead” não é só peso: é conceito. O disco conta a história de um personagem que surge para matar a própria morte. Da abertura “soco na fuça” da faixa-título à coroação triunfal em “Thy Glory”, caminhando pelo julgamento final da já citada “Great White Throne”, passamos pela promessa cumprida de juventude eterna em “Forever Young” (um dos grandes momentos do álbum) e pelo manifesto inflamado de “Sons of Light” (com um toque que lembra o Dorsal Atlântica mais recente, pelo menos para mim). Cada música é um capítulo de um embate épico dentro de um thrash old school — onde até o velho clichê “menos é mais” tem um valor enorme.
“Dreams About Eternity” abre o horizonte para um além indescritível. E quando “Love is Immortal” encerra o massacre, fica claro: tudo foi movido por um amor imortal, e a morte… está morta.
“The Death is Dead” é um álbum que, a cada audição, inflama mais. É o tipo de disco que não pede licença: Entra, destrói tudo, crava o nome No More Death (simples e direto) na sua memória e deixa o recado claro — a morte pode até ter sido derrotada, mas o thrash continua vivo… e mais perigoso.
Na espera do próximo capítulo.
William Ribas
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