segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

REBEL ROCK ENTREVISTA: PHIL LANZON (URIAH HEEP)


“O Uriah Heep faz o que sempre fez”

O Rebel Rock teve a honrosa oportunidade de conversar com o tecladista da lendária banda britânica Uriah Heep, Phil Lanzon, via internet. Neste papo, Phil conversou conosco sobre o lançamento do novo álbum da banda “Chaos & Colour” – lançado recentemente do dia 27 de janeiro – sobre as dificuldades durante o período do COVID-19 e sobre como a banda com 50 anos de estrada ainda mantêm-se vigorosa, moderna e clássica em uma indústria musical repleta de mudanças.

Entrevista conduzida por Gregory Weiss Costa

Rebel Rock: Phil, o último trabalho do Uriah Heep “Chaos & Colours” apresenta um som poderoso, moderno, sem perder a sonoridade clássica. Um trabalho incrível para uma banda com 50 anos de estrada que segue atual e vigorosa. Qual o segredo de vocês?

Phil Lanzon: Somos apaixonados por fazer música, apaixonados por fazer nosso trabalho, por criar, por tocar para as pessoas. Não há um segredo. Se você tem saúde, tem interesse em fazer e amor pela música, você sempre seguirá em frente.

Rebel Rock: O que mudou na sua opinião do álbum anterior “Living a Dream” para o “Chaos & Colours” na sonoridade da banda?

Phil Lanzon: Algumas coisas podem ter mudado, mas eu não considero mudanças. Para mim seguimos soando com a mesma energia. Talvez alguns pontos podem ter mudado, mas, para mim, ambos são bons álbuns.


Rebel Rock: A primeira faixa do álbum “Save me tonight” é uma composição poderosa. A bateria de Russel dá um ritmo que a deixa soar como heavy metal. Como a banda ainda se define em possíveis gêneros?

Phil Lanzon: É um álbum de metal, de hard e de prog – como gostamos de ser.

Rebel Rock: Como foi o processo criativo e de composição deste novo álbum? Como você procederam para fazê-lo?

Phil Lanzon: Bem, este álbum teve um processo de composição diferente por causa do COVID-19. Obviamente, nós estávamos isolados uns dos outros, então, em nossas casas, separados, começamos a escrever as músicas para esse álbum. Então, fomos criando e compondo remotamente, e foi assim que compomos este álbum. E até que foi bom, porque demos mais atenção às músicas, trabalhamos todos mais juntos nisso. Quando a pandemia acabou e nos reunimos em estúdio começamos a pensar em quais músicas iríamos trabalhar; quais músicas entrariam no álbum, quais não entrariam. Após isso, começamos a trabalhar na produção final do produto.

Rebel Rock: Falando nisso, como o Uriah Heep enfrentou a pandemia do COVID-19?

Phil Lanzon: Foram tempos difíceis. Nós tínhamos agenda e planos para época e a pandemia cancelou tudo. Cancelaram grandes festivais na Europa, Finlândia e Escandinávia e, em uma semana após isso, toda a banda e membros da equipe foram contaminados pelo COVID. Perdemos grandes shows na Finlândia, estávamos todos de cama. Depois ficamos bem, mas ainda assim foi um grande choque. Ainda que todos nós estivéssemos bem depois de curados, ainda assim estávamos com muito medo.

Rebel Rock: Falando um pouco de mudanças, como você percebe a indústria musical nos dias atuais? Como você percebe as mudanças nessa indústria e o que o Uriah Heep faz diante disso para estar ainda estar relevante no meio disso?

Phil Lanzon: É uma pergunta interessante. Vamos dizer que o Uriah Heep está sentado no meio de uma rua muito agitada. No meio dele, os carros e veículos passam de um lado e para o outro. Ainda assim, o Uriah Heep segue sentado ali, fazendo a música que o Uriah Heep gosta de fazer. Não importa o trânsito das mudanças a nossa volta, o Uriah Heep faz o que sempre fez. Também, porque isso faz nos sentir tão bem.

Rebel Rock: E você acha que isso é um caminho fácil ou difícil, permanecer como uma pedra em meio de tantas mudanças?

Phil Lanzon: Eu acho que fazer isso não impede de você estar sempre atento com seus ouvidos e querer também criar algo novo. Você precisa separar as coisas e ir pegar o que você precisa. E você pega essas influências e cria o que o você quer, o que você sabe.


Rebel Rock: Falando de passado: em 86 você substitui Ken Hensley – que criou grandes clássicos da banda – e desde então você comanda as teclas da banda. Porém, na época, você teve alguma dificuldade? Como foi esse período de transição?

Phil Lanzon: Na época eu tocava com o The Sweet, já estava com eles por alguns anos – e tive bons momentos com eles – mas houve um momento em que a banda começou a se fragmentar e não sabíamos o que iria ser do futuro. Neste mesmo momento, eu fui convidado pelo Uriah Heep e, simplesmente aconteceu. Desta forma: apenas entrei na banda sem pensar muito em mudanças ou dificuldades. Foi sorte!

Rebel Rock: Você é de uma época em que os teclados, Hammond órgãos e moogies eram mais presentes no rock and roll e no heavy metal. Você, assim como nomes como John Lord, Keith Emerson e Rick Wakeman, é um mestre nesta arte. No entanto, na atualidade, parece que os teclados nessa sonoridade estão desaparecendo das composições modernas, nas bandas atuais. O que você acha disso?

Phil Lanzon: Precisamos entender, a princípio, que o rock and roll é essencialmente guitarra, baixo e bateria. Então, todos os outros sons são complementares. O rock and roll não pode ser guiado por teclados, porque não tem a mesma força que a guitarra. Então os teclados surgem para adicionar cor na música – porque a guitarra não tem cor, ou talvez não o suficiente para os ouvidos perceberem! Eu penso nos teclados como cores... é difícil explicar... honestamente, é uma boa pergunta, mas como tecladista eu sei qual é meu trabalho e eu curto meu trabalho. Eu acho que o que eu faço é tão importante e igual ao resto da banda.

Rebel Rock: O que ainda te inspira na música? O que você tem ouvido atualmente?

Phil Lanzon: Tudo! Eu escuto de tudo. Eu não tenho favoritos, eu escuto um pouco de tudo e vou juntando tudo em minha mente. Eu gosto muito de ouvir orquestras – é a minha principal fonte – e isso reflete nos meus álbuns solos. Mas eu não sei se tenho uma lista de bandas, às vezes algumas me empolgam, mas não como era nos anos 70. Nessa época as bandas me inspiravam a criar mais, era uma época mais interessante, e eu não encontro mais tantas bandas interessantes hoje. Dessa forma, eu faço o meu próprio modo de procurar e se interessar por música.

Rebel Rock: O Uriah Heep tem seu nome marcado na história do rock. Seu legado é giante. Vocês tem ideia do quão importante vocês são nisso?

Phil Lanzon: Sim... porque não esquecemos que 5 décadas de música e estamos na ativa por todo esse tempo. Temos muitas bandas que são nossas fãs e somos muito orgulhosos disso e adoramos tocar para as pessoas. Esperamos voltar logo para o Brasil.

Rebel Rock: Falando nisso, o que você acha dos fãs brasileiros e de tocar no Brasil?

Phil Lanzon: A melhor coisa nos fãs brasileiros são que eles vão aos shows e não param de agitar! E eles sempre retornam aos shows da mesma maneira. Eu lembro da primeira vez que fomos à São Paulo e ao Rio, em 1998, e foi realmente incrível. Lembro que tomei caipirinha pela primeira vez. Foi realmente uma ótima passagem por esse país.

Rebel Rock: Sobre o futuro: quais os próximos planos do Uriah Heep? Quais são os seus próximos planos?

Phil Lanzon: Temos alguns festivais marcados em maio, na Escandinávia. Devemos entrar em tour no verão para promover o álbum. Quanto aos meus trabalhos solos não estou pensando neles ainda, embora tenha coisas preparadas e esteja procurando por um produtor. Ainda não estão acabadas, então, talvez, meus trabalhos solos aconteçam para o próximo ano.

Rebel Rock: Após dois anos de pandemia como tem sido esse retorno aos palcos, aos festivais?

Phil Lanzon: Tem sido muito emocionante. O primeiro que fizemos pós a pandemia foi na Escandinávia e foi um pouco estranho; as pessoas ainda estavam amedrontadas e de máscaras. Mas agora estamos mais tranquilos para o futuro.






quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

OBITUARY - DYING OF EVERYTHING (2023)


OBITUARY - DYING OF EVERYTHING (2023)
Relapse Records - Importado

Eles chegaram na surdina, sem muito alarde, lançaram seu novo álbum, e corroboraram com tudo aquilo que é redundância dizer: fazendo sempre o mesmo disco, mas com excelência. Se existe uma banda que define o conceito de Death Metal em cada urro ou riff, essa banda é o OBITUARY.

Assíduos no cenário desde o final dos anos 80, não é exagero afirmar que o Obituary traduz, de fato, o que é não só o Death Metal clássico americano, mas também tudo aquilo que convencionou-se definir como música extrema. Se hoje existe um sem número de bandas similares deste segmento, em grande parte é por conta desses nobres senhores.

Introduções feitas e passado o entusiasmo de fã, o que dizer de “Dying of Everything” que não caia na obviedade ululante? Já ouvi dizer por aí que apenas 3 bandas podem fazer sempre o mesmo disco e ainda assim soarem fundamentais e imprescindíveis: Ramones, AC/DC e Motörhead.

De fato, há de se convir, mas posso incluir o Obituary nesse “Big Four” imaginário com certa tranquilidade, pois o novo disco não trás nada daquilo que já não conhecemos do quinteto americano há pelo menos três décadas, e o faz com primorosa dedicação. Justamente por isso que é bom! Como dizia meu saudoso avô: “pra que inventar moda”.

“Dying of Everything” chega ao mercado seis longos anos após o antecessor “Obituary” (2017), trazendo uma banda sempre atrelada fortemente às suas raízes primitivas, no entanto com um vigor de banda jovem. Aquele sangue no olho, aquela gana em fazer vítimas, em angariar novos discípulos. É isso que sentimos ao ouvir as dez composições que integram este belíssimo material.

Assim sendo, é natural sermos quase que nocauteados, subjugados, destroçados, por verdadeiras peças de ode à violência, à brutalidade vil. Poucas vezes guitarras soaram tão avassaladoramente pesadas, distorcidas e imundas como aqui. São parte importante da identidade musical do Obituary, mas é no vocal de John Tardy que toda essa personalidade se revela como um importante diferencial na seara do Death Metal. Seguramente, o cara nasceu pra isso, embora aqui ele não esteja urrando visceralmente da forma que o tornou conhecido, optando por uma timbragem mais rasgada, porém, três segundos ouvindo esse sujeito já fica mais do que evidente com quem estamos lidando.

E já que falei em seção rítmica e vocais, seria injustiça não pontuar a cozinha. Terry Butler (baixo) e Donald Tardy (bateria), sem invencionices ou maneirismos desnecessários, sustentam todo o trabalho com muito peso, mas muito mesmo. Posso afirmar com segurança que “Dying of Everything” talvez seja o álbum mais vigoroso nesse sentido, pelo menos em comparação aos três anteriores.
Sendo assim, estamos diante do grande clássico do Obituary? Obviamente que não, mas podemos dizer que há uma reciclagem de muito do que já fora feito em mais de 30 anos de bons serviços prestados ao Metal da Morte. Facilmente encontramos traços de “Cause of Death” (na cadenciada e densa “Be Warned”), “The End Complete” (em “Weaponize the Hate”), “Frozen in Time” (me diz se toda a estrutura de “My Will to Live” não dialoga quase que totalmente com a instrumental “Redneck Stomp”?), e até mesmo de “Back From The Dead” (“Barely Alive” é um início muito impactante, tal qual “Threatening Skies” foi à época).

Já me estendi demais, já “rasguei seda” e declarei juras de amor eterno. Resumindo: “Dying of Everything” é tudo aquilo que precisamos e admiramos em um bom disco do gênero. É cru, pesado, sujo, agressivo, perverso, impactante. Ainda é cedo pra afirmar isso, mas as chances de estar entre os cinco melhores do ano é praticamente uma realidade. Ouça e admire urgentemente!

Ricardo Leite Costa




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

IMBLUT - MUMMIFYING MOMENTS (2022)

 


IMBLUT - MUMMIFYING MOMENTS (2022)
Independente - Nacional

Em seu álbum de estreia, intitulado “Mummifying Moments”, os catarinenses do IMBLUT apresentam-se como uma formação de Death Metal, embora detectemos vários elementos de outras vertentes, como o Thrash Metal, o Heavy e até mesmo o Death/Metalcore, em sua sonoridade, o que demonstra uma banda ainda em busca de uma identidade própria, mas já com um propósito definido.

Em uma formação mais minimalista (a banda é um trio), o Imblut não economiza na brutalidade para expor suas ideias. “Mummifying Moments” traduz em agressividade pura e genuína todas as sete faixas que compõem o referido material, numa sucessão de riffs poderosos e bem conduzidos, vocal desesperado e cozinha honesta e competente.

Também vale ressaltar que, apesar de ser uma banda ainda muito jovem (fundada em 2019), os rapazes são respaldados por uma ótima produção que deixa tudo muito detectável e muito bem encaixado, mas que é convertido em poder e peso exacerbado, transformando faixas como “The Chances Do Not Echo (cadenciada, com vocal quase declamado de Emerson) e “Spiritual Ecstasy” (a melhor do álbum facilmente) em potentes e inexoráveis golpes sonoros.

Se você aprecia uma sonoridade extrema com approach mais contemporâneo, é muito provável que o Imblut lhe apeteça. Ótima estreia. Longa e prolífica carreira ao grupo!

Ricardo Leite Costa




TARMAT - OUT OF THE BLUE (2022)

 


TARMAT - OUT OF THE BLUE
Frontiers Music s.r.l.

Se podemos tirar alguma coisa positiva do período pandêmico em que infelizmente tivemos uma total ausência de shows e eventos musicais, foi que nesse período muitas e excelentes bandas foram formadas. Uma delas é o Tarmat, banda brasileira de AOR/Hard Rock, de Niterói, Rio de Janeiro.

Seguindo os passos dos paranaenses do Electric Mob, o Tarmat assinou contrato e entrou para o seleto cast da gravadora Frontiers, e lançou o seu álbum de estreia “Out Of The Blue”. Formada por Alexandre Daumerie (vocalista), Eduardo Marcolino (guitarrista), Gabriel Aquino (tecladista) e José Marcus (baixista), o Tarmat apresenta forte influência do início dos anos 80, aquele agradável AOR/ Hard Rock /Soft Rock que era praticado por nomes como Asia, Journey, Loverboy, Kansas, Night Ranger , mas sem soar datado ou uma mera cópia, pois mostra também que a banda tem captado o que é feito no estilo nos dias atuais.

“Out Of The Blue” tem uma excelente produção, onde é perceptível captar todas as nuances de cada instrumento, tudo em alto e bom som com aquela característica de “som na cara” do ouvinte, bem no padrão Frontiers. A abertura tomada de teclados de “Backbone Feeling” , bem como seu solo inicial de guitarra entregam o cartão de visitas do Tarmat, e “teletransportam” você para uma arena lotada nos anos 80 ou para um Rádio sintonizada em uma estação de Melodic Rock.

A faixa título segue a mesma linha, esbanjando melodia, enquanto “Moving Backwards” se aproxima bastante do prog-rock, sem deixar de lado a melodia, algo que nos remete imediatamente ao que o Toto fez de melhor (inclusive o solo de guitarra de Eduardo Marcolino deixará Steve Lukather orgulhoso).  “Rosetta Stone” mostra o lado mais Hard Rock, lembrando bastante Van Halen fase Sammy Hagar, enquanto “ More Than Less”, “Your Enemy” e “True Colors” trazem uma calmaria maior, fazendo a alegria dos fãs daquele AOR clássico.

“Dinner´s on the House” retorna o clima progressivo, mas dessa vez remetendo ao Rush fase “Power Windows”, enquanto “ The Knight” fecha brilhantemente o álbum de forma acústica. Com certeza este álbum será destaque em 2023 para os amantes dos estilos e bandas citadas. Se você é fã de AOR/Melodic Rock, não deixe de conhecer o Tarmat.

José Henrique Godoy



quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

UMA OUTRA NOITE CHUVOSA... GEOFF TATE TOCA "RAGE FOR ORDER" e "EMPIRE"

 

GEOFF TATE 
Tokio Marine Hall - São Paulo (SP)
Data: 21/01/2023
Abertura: MARENNA
Produção: Top Link
Assessoria: Isabelle Miranda Press

Texto e fotos: Fábio Hoffmann

Geoff Tate toca na integra os álbuns “Rage for Order” e “Empire”

Sexta-Feira 20 de janeiro, em meio a uma chuva que ia e voltava em São Paulo, eu estava as pressas juntando as coisas para fazer a cobertura fotográfica do show do Geoff Tate no Tokio Marine Hall, e também resenhar este evento mais do que especial. O ex-cantor do Queensrÿche anunciou um show onde tocaria todas as músicas dos álbuns “Rage For Order” (1986) e “Empire” (1990). E de quebra ainda rolou o show de abertura da banda gaúcha Marenna.

O Marenna entrou no palco pontualmente às 20h40, conforme anunciado. Em seu show energético tocaram 5 músicas de seu recente álbum “Voyager” (2022), além de uma musica de cada trabalho anterior lançado pela banda. Rod Marenna, fundador da banda, está com um excelente time de músicos na formação atual da banda, que conta com Edu Lersch (guitarra), Bife (baixo), Arthur Schavinski (bateria) e Luks Diesel (teclados). Com AOR oitentista cheio de refrões fortes e marcantes, a banda deu o sangue em sua apresentação de aproximadamente 40 minutos. Uma pena o publico não ter chegado a tempo para conferir o show de abertura, pois foi uma apresentação energética e impecável.

Setlist - Show MARENNA:

Voyager
Never Surrender
Pieces Of Tomorrow
Breaking The Chains
You Need To Believe
Wait
Out Of Line
Too Young To Die
Had Enough







Após alguns minutos de intervalo, as luzes se apagaram, o banner de Geoff Tate apareceu ao fundo do palco, iluminado por uma luz vermelha e o publico presente podia ouvir os acordes iniciais de “Walk In The Shadows”, música marcante do segundo álbum do Queensrÿche. Lembro quando saiu este álbum, eu tinha 15 anos, voltei empolgado da Woodstock Discos para ouvi-lo, e a partir da segunda música, “I Dream In Infrared” eu achei o disco totalmente estranho e simplesmente guardei ele junto com os outros vinis e só fui ouvir novamente alguns anos depois, no começo dos anos 90. Quando ouvi novamente este álbum a ficha caiu e desde então considero o melhor álbum da banda, imaginem a emoção que eu estava em ouvi-lo ao vivo na integra!

Voltando ao show, a banda de Geoff Tate estava impecável, e com um figurino numa pegada glam/glitter do inicio dos anos 70. Eu estava bem na frente do carismático guitarrista escocês Kieran Robertson, que com sua Les Paul branca vinha sempre a beira do palco e gritava “hey” para o público. Ele juntamente com Alex Hart, de Boston (Massachussets), reproduziram fielmente os riffs, solos e timbres do álbum de estúdio. A cozinha da banda, formada por Danny Laverde (Bateria) e Jack Ross (Baixo) não ficou atrás, trazendo groove e energia para o som. O tecladista carioca Bruno Sá, deu um show a parte, agitava e cantava todas as músicas empolgadíssimo com o que estava fazendo, mantendo todas as atmosferas e nuances do complexo álbum “Rage For Order”. Com isso, o performático cantor Geoff Tate arrebentou cantando tudo e mais um pouco aos seus 64 anos de idade. Tenho que admitir que sua performance vocal está impressionante.

Entre os destaques desta primeira parte do show ficaram as energéticas “Surgical Strike” e “Chemical Youth (We are Rebelion)”, e a canção final do álbum, a belíssima balada “I Will Remember”.

Após um intervalo de apróximadamente 30 minutos, que deu tempo para comer um hamburger, tomar uma coca-cola e comprar uns CDs, a banda retornou ao palco ao som da abertura de “Best I Can”, do álbum de maior sucesso da banda “Empire” (1990). Com um novo visual, desta vez rementendo ao mesmo estilo de roupas que a banda Queensryche usou nos clipes e na turnê do álbum que estavam executando ao vivo, Geoff Tate e CIA. iniciaram mais uma viagem no tempo para os que estavam ali presentes.

Quando a intro de “Jet City Woman” começou, o publico veio a baixo, todos ficaram empolgadíssimos com a canção. E e a sequencia de hits não parava, “Another Rainy Night” novamente as pessoas cantaram em unísono os versos e o refrão com o vocalista.

As poderosas musicas “Empire” e “Resistence” chegaram, e agitaram ainda mais ainda a platéia. Após uma sequencia de músicas fantásticas Geoff Tate apresentou uma das principais baladas da história do Heavy Metal, “Silent Lucidity”. O publico cantou a música do começo ao fim e Geoff agradeceu com emoção a todos por aquele momento. “Hand on Heart”, “One and Only” e “Anybody Listening” fecharam o set com chave de ouro! E eu estava ali em extase por ter presenciado aquele momento com dois álbuns na integra de uma banda que curto muito.

E apesar de ter acabado o show prometido, o publico pediu bis e foi presenteado com “Eyes of the Stranger” do álbum “Operation: Mindcrime”, ou seja, a cereja do bolo. Agora vamos aguardar, quem sabe no futuro ele toque o “Operation: Mindcrime” e o “Promised Land” na integra, e se fizer isso, com certeza estarei lá!

Setlist GEOFF TATE

Rage For Order:
Walk In The Shadows
I Dream In Infrared
The Whisper
Gonna Get Close To You
The Killing Words
Surgical Strike
Neue Regel
Chemical Youth (We Are Rebellion)
London
Screaming In Digital
I Will Remember

Empire:
Best I Can
The Thin Line
Jet City Woman
Della Brown
Another Rainy Night (Without You)
Empire
Resistance
Silent Lucidity
Hand On Heart
One And Only
Anybody Listening?

Bis:
Eyes Of A Stranger







Fica o agradecimento do Rebel Rock à Top Link  e à Isabelle Miranda pela cordialidade  e respeito como fomos tratados. Eventos de sucesso só obtém resultado quando organizados de forma profissional, e essa noite, foi uma das provas disso.