quinta-feira, 26 de outubro de 2023

BLACK FLAG / L7 - 25/10/2023 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 

BLACK FLAG / L7
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS
25/10/2023
Produção: Abstratti Produtora

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Uillian Vargas

A noite de quarta-feira no Bar Opinião foi palco para duas bandas veteranas e clássicas dentro dos seus estilos: as californianas L7 e Black Flag. A primeira surgida no final dos anos 80/início dos 90, fez muito sucesso em meio a explosão mundial do Grunge Rock/Metal Alternativo, enquanto o Black Flag é uma banda seminal do Punk Rock e precursora do Hardcore.

Inicialmente marcado o inicio para as 19h30, o público ainda não se fazia presente de forma numerosa, porém um pequeno atraso foi benéfico, pois quando Donita Sparks (voz/guitarra), Suzy Gardner (guitarra e voz), Jennifer Finch (baixo e Voz) e Demetra “Dee” Plakas (bateria) subiram ao palco, a casa já estava com bom público.

O L7 iniciou com a trinca “Death Wish”, “Andres” e “Everglade”, nesta terceira os primeiros “crowd surfing” iniciaram na platéia. O quarteto das “jovens senhoras" desde o início mostrou a que veio, com som forte, sujo e barulhento, como de costume. Os vocais divididos entre Donita, Suzy e Jennifer, sem muito papo, apesar das quatro demonstrarem muita simpatia e prazer em estarem tocando para um público exclusivamente formado por fãs leais, que cantaram “apenas” todas as letras das músicas. “Scrap”, “One More Thing”, “Shove”, “Bad Things”, todas elas cantadas a plenos pulmões.



Suzy fala que o Halloween está próximo e anuncia então “Monster” um dos clássicos do álbum de maior sucesso da banda: “Bricks Are Heavy”. Aliás, 30 anos depois, este trabalho segue sendo a base para os set lists do L7. Pitorescamente, um fã sobe tranquilamente no palco, vai até o pedestal do microfone de Donita, “furta” uma palheta e retorna quase que tranquilamente para o meio do público, enquanto Donita dá aquele sorriso de quem nada podia fazer.

“Pretend Your Dead”, o maior clássico da banda vem a seguir, e faz os saudosistas lembrarem dos áureos tempos da MTV Brasil, quando o vídeo clip era apresentado à exaustão pela emissora. “Shit List” , “American Society” e “ Fast & Frightening” encerram uma ótima e energética apresentação de 80 minutos. Não importa como você queira rotular o L7: Metal, Hard Rock, Grunge Rock, Punk Rock. A realidade é que o L7 é Rock n' Roll, e o executa como tem que ser: alto e sujo.


30 minutos aproximadamente de intervalo, e tal qual uma partida da NFL, onde o mesmo time troca todo, sai o ataque e entra a defesa, assim ocorreu com a platéia da pista do opinião. O pessoal que estava pelo L7 foi para o bar, banheiro, ou até embora, e a galera do Black Flag tomou a pista. Bem interessante observar este movimento, a troca de publico dentro do mesmo ambiente, mas sem reduzir em numero a quantidade de pessoas da pista.

Enquanto rolava no som mecânico temas de jazz, O Black Flag tomava seu lugar no palco. O icônico guitarrista Greg Ginn , único membro original e praticamente um dos pais do Hardcore, é acompanhado por Mike Vallely nos vocais, Harley Duggan no baixo e pelo excelente baterista Charles Wiley. A atual tour celebra o aniversário de 40 anos do álbum, e como vem sendo feito durante toda a turnê, a apresentação é dividida em duas partes: “My War”, onde o álbum é executado na íntegra, e a segunda “Greatest Hits”, onde por óbvio, como o nome diz, o Black Flag entrega um set cheio de músicas preferidas dos fãs.

Eram 21h40, quando é iniciado o show do Black Flag, com bastante volume, e distorção, com a faixa título “My War”. Interessante verificar que, para quem não é acostumado com o som da banda, ele pode soar estranho e diferente, muito por conta da guitarra de Greg Ginn, cheio de dissonâncias, agudos, acordes fora do comum e timbres únicos. Para quem é familiarizado com a banda, é puro deleite. O álbum é executado de ponta a ponta, com vários improvisos de Greg , que é sustentado por uma excelente cozinha formada por Charles e Harley, enquanto Mike emula bem um Henry Rollins versão domesticada.



Após 45 minutos, ao melhor estilo ópera, o primeiro ato é encerrado. Enquanto a banda se retira o Jazz volta a rolar no som ambiente do Bar Opinião. Passados 15 minutos de intervalo (agora tipo quarta-feira de futebol na TV) e como já mencionado, segundo o “segundo ato” uma reunião dos “grandes sucessos”, o Black Flag desfila mais 60 minutos de clássicos e favoritos dos fãs, dentre eles “Black Coffee”, “Nervous Breakdown”,“ Fix me”, “Depression” , “ Room 13”, “In My Head” entre outras. O final fica com “Louie Louie” cover do clássico de Richard Berry, várias vezes coverizado, mas aqui na versão do Black Flag, cheia de improvisos, mais dissonâncias de Greg , para um final de um show que agradou e muito os fãs da banda.


 Novamente, uma excelente produção da Abstratti, à qual agradecemos o suporte e credenciamento.

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