quarta-feira, 4 de outubro de 2023

MICHAEL CATTON - POINT OF NO RETURN (2023)

 

MICHAEL CATTON
POINT OF NO RETURN 
Target Group/Mighty Music - Importado

É muito bom quando quando somos surpreendidos por alguns trabalhos que, talvez mesmo de forma um tanto quanto equivocada da minha parte, aparentemente não despertam uma atenção maior, seja pela capa seja pelas informações apresentadas no release. No entanto, POINT OF NO RETURN, trabalho de estreia do vocalista britânico/dinamarquês MICHAEL CATTON, é mais que uma grata surpresa. Posso afirmar que é um dos melhores trabalhos que ouvi esse ano, ainda mais dentro da seara Hard/AOR/Heavy! Com uma ótima produção e indicado para fãs de Van Halen, Whitesnake, Dio e Aerosmith, o trabalho é um prato cheio para quem curte uma música bem feita e recheada de classe e bom gosto. Mais uma grande jogada da Target Group/Mighty Music!

As gravações foram realizadas por um super time, o qual acompanhou um dos mais talentosos vocalistas da nova safra do estilo. Se não, vejamos: Soren Andersen (Glenn Hughes, Electric Guitars) na guitarra, Chris Catton (Boys From Heaven) nos teclados, Allan Tschicaja (Pretty Maids) na bateria e Michael Gersdorff (Superfuzz) no baixo. Produzido pelo guitarrista Soren Andersen no lendário Medley Studios, em Copenhagen, “lar” de algumas bandas como Tygers Of Pan Tang, Marco Mendoza, Artillery, Stargazer, etc, Point of no Return, é um trabalho que nos entrega muita adrenalina, e como já citado, muita classe e bom gosto, seja nos arranjos, seja na ótima performance de Michael, seja nos arranjos muito bem elaborados e trabalhados. Catton, aliás, possui um belo timbre, numa mistura de estilos que por vezes nos remete a Steven Tyler, Ian Gillan e até mesmo Bruce Dickinson (este, de forma mais moderada).

"Faith" abre o álbum de forma a mostrar todos os elementos presentes na sonoridade do trabalho, passeando pelo Hard/AOR, mas com uma maior ênfase nas guitarras. Catton já mostra toda sua categoria, sem exageros, entregando a composição aquilo que ela pede, ou seja, melodia na medida certa. Os backing vocals também ajudam a criar um clima quase oitentista durante a execução da faixa. EM seguida, "Livin' Lovin'" traz uma pegada mais festiva, com toques mais atuais, numa mistura interessante entre o inusitado e o clássico. Aerosmith e Whitesnake poderiam facilmente gravar essa faixa, sem dúvida alguma. E se você lembra, eu citei que que Dio era uma das influências do trabalho, não é mesmo? "Armageddon Again", traz uma atmosfera que nos lembra um pouco da carreira do baixinho gigante, ainda que o Whitesnake continue se mostrando um norte para Catton. E como não poderia deixar de ser, "Never Say Goodbye" (não é cover do Bon Jovi não), é uma balada repleta de sentimento, com uma melodia simples e bela, mas acaba destoando um pouco do restante do álbum. 

"Hearts in Danger", provavelmente a faixa mais pesada (dentro daquilo que o estilo se propões, fique bem claro), tem momentos de maior intensidade, fazendo com seja um dos pontos de destaque, com Catton explorando bem o potencial de sua voz. Soren, por sua vez, nos brinda com o melhor solo deste homogêneo trabalho. Navegando com mais intensidade pelo AOR, "Ready for the Takin"", possui um refrão que facilmente serviria de trilha sonora para aqueles comerciais dos anos 80! Ótima composição! "Lights Out", o momento mais Van Halen de todos, é um "petardo", como nos bons tempos. Bateria e baixo cavalgantes, enquanto a guitarra evoca a atmosfera dos anos 80 de forma brilhante. EVH ficaria orgulhoso! E acho que Diamond Dave também... "Gas on the Fire" mantém o clima Hard 80's, assim como "Going Down". O encerramento vem com "Brother", uma balada que, aí sim, empolga pelas melodias e pela bela interpretação de Catton.

POINT OF NO RETURN não é um trabalho inovador, que mudará os cursos do mercado, nem tampouco venderá milhares de discos pelo planeta. No entanto, é um trabalho honesto, dono de uma identidade e energia que fazem com que todo aquele fã de Hard, Heavy e AOR venham a curtir. Classe, bom gosto e qualidade técnica fazem do álbum de estreia de MICHAEL CATTON, um dos grandes lançamentos do estilo em 2023.

Sergiomar Menezes





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