sexta-feira, 27 de junho de 2025

SODOM - THE ARSONIST (2025)

 


SODOM
THE ARSONIST
SPV/Steamhammer - Importado

Direto do forno do inferno, em um mundo hostil que arde em guerra e diante de milhares vidas ceifadas em nome de poder, territórios e crenças, a entidade bélica chamada SODOM nos brinda com o lançamento de seu décimo sétimo álbum, o excelente ”The Arsonist”, lançado agora dia vinte e sete de junho via SPV/Steamhammer. E cabe o registro, além de obviamente ser uma pioneira do metal extremo, os germânicos nunca decepcionaram ou mudaram o seu estilo de compor..

É inegável que diante de um cenário atual cheio de tecnologia em estúdio, se manter em sua essência custa caro, e é gratificante ver que os caras não pouparam munições, se tratando de sonoridade alcançaram um resultado incrível como de costume.

O aquecimento com o single de “Trigger Discipline“, lançado em abril, já havia deixado os fãs empolgados, bem como a homenagem ao lendário baterista Chris Witchhunter (falecido em 2008) em um clipe nostálgico e cheio de imagens, da faixa “Witchhunter” (com a produção do ex-guitarrista Andy Brings), ambas as prévias já alertavam de que valeria a espera.

Inicio aqui mencionando a capa de autoria de Zbigniew M. Bielak (Mayhem, Ghost), uma lembrança boa referente a capa do magnífico M-16 já vem à tona, e já posso imaginar manuseando uma cópia em LP, realmente linda.

Vamos ao ponto: a intro “The Arsonist” já nos transporta a algum lugar perigoso com seu clima dramático e de suspense ao inevitável, a morte…” Battle of Harvest Moon“ invade o recinto com o pé na porta, peso e velocidade na medida certa trazendo a cara da banda em riffs mortais e cozinha precisa. O refrão cadenciado característico da banda é destaque. A já citada faixa do primeiro single, “Trigger Discipline” é uma das melhores do disco, inicia com uma sonoridade familiar e logo desponta em uma faixa rápida e agressiva, lembrando em partes o Slayer dos anos 90, principalmente o vocal que varia do mais aberto ao mais gutural de Tom Angelripper, e finaliza mais pesada. Realmente, o clima como na letra, remete a um cenário de destruição, sem controle do gatilho, devastando tudo à sua mira… matador.

“The Spirit that I Called“ é certeira, talvez seja a mais direta do álbum! ”Witchhunter”, como falei acima, é uma homenagem a lenda que comandou as baquetas da banda de 1982 até 1992, Chris Witchhunter, e influenciou boa parte dos bateristas de metal extremo na época, certamente. Rifferama mortal e bateria insana aos velhos moldes do mestre, uma verdadeira aula de Old School. o baterista Toni Merkel se mostra um discípulo à altura e manda insanas levadas de bumbos duplos!

A sexta faixa, “Scavenger “ é a mais cadenciada do disco, com riffs bem marcantes e embora mais lenta, nos remete a clássica “My Atonement” do clássico "Persecution Mania”. "Gun Without Groom” é uma faixa bem interessante, alia peso, partes bem rápidas e flerta um pouco com o death metal, com palhetadas abafadas ao estilo “Hell Awaits” e até mesmo alguns blast beats bem encaixados. A faixa a seguir “Taphephobia“ mais um ponto alto do disco, já havia sido apresentada em lyric vídeo nas redes oficiais da banda no início de junho. O baterista Toni Merkel colabora com composições de guitarra e a letra é sobre o medo de ser enterrado vivo, se trata de uma pedrada genuinamente Thrash Metal! Peso, velocidade e aquelas paradinhas mortais maravilhosas! (Algumas transições de guitarras com influências punk contidas aqui soam bastante exploradas em estilos como black metal tradicional , reforçando o que eu digo de ser uma influência direta no metal extremo em si).

“Sane Insanity” mantém o alto nível antecedendo a “Motorheadiana“ faixa “A.W.T.F “, onde a banda traz um speed metal bem interessante. Seguindo a sequência, “Twilight Void” e “Obliteration of the Aeons” são boas faixas, com alguns contratempos aqui e ali na primeira, ambas mais cadenciadas. Finalizando a bolacha, “Return to God in Parts” traz belos arranjos de guitarras, aos moldes de “Napalm in the Morning”, dos tempos de M-16, e vai ganhando velocidade para encerrar de maneira apoteótica, deixando um belo clima de devastação e fogo ardente consumindo tudo a sua volta.

Mais um excelente trampo dos caras, que volto a dizer, jamais decepcionam. Gravação honesta, produção de alto nível e um resultado ainda melhor do que alcançado no ótimo “Genesis XIX “ de 2020, primeiro contando com a formação aqui, Frank Blackfire e Yorck Segatz (guitarras), Toni Merkel (bateria ) e o guerreiro Tom Angelripper (baixo/ vocal).
 
Obrigatório, para bangear do início ao fim! Esperamos que as recentes declarações de Tom de que turnês não fazem parte dos planos, sejam reavaliadas e que possamos ver as faixas novas ao vivo… Thrash or be Thrashed!

Gustavo Jardim





Esperamos que as recentes declarações de Tom de que turnês não fazem parte dos planos, sejam reavaliadas e que possamos ver as faixas novas ao vivo…Thrash or be Thrashed!

quarta-feira, 25 de junho de 2025

AVANTASIA CONFIRMA RETORNO AO BRASIL, APÓS GRANDE SHOW NO BANGERS OPEN AIR



Grupo alemão liderado por Tobias Sammet se apresenta, no dia 29 de novembro, na Vibra São Paulo

Após performance arrebatadora como headliner do festival Bangers Open Air, em maio deste ano, o Avantasia está de volta ao Brasil com sua monumental turnê “Here Be Dragons World Tour 2025”. A única apresentação em solo brasileiro acontece no dia 29 de novembro, na Vibra São Paulo, e promete ser uma das noites mais épicas para os fãs de rock e metal.

Com direção artística de Tobias Sammet, criador do projeto e vocalista da banda alemã Edguy, o show, que marca a fase promocional do 10º álbum de estúdio “Here Be Dragons”, traz uma produção ambiciosa e ainda mais elaborada, combinando efeitos especiais, ambientações cinematográficas e elementos imersivos que transportam o público para um mundo de pura fantasia e escapismo.

No palco, o Avantasia entrega o que faz de melhor: músicas grandiosas, vocais marcantes, participações especiais e uma fusão única de metal, rock e elementos sinfônicos. O setlist inclui faixas inéditas, clássicos da discografia e canções raramente tocadas ao vivo, em uma verdadeira ópera rock de tirar o fôlego.

Os ingressos custam a partir de R$140,00 e já estão à venda em uhuu.com e pontos autorizados. Mais informações no serviço abaixo.

Criado em 2000, o Avantasia nasceu da união das palavras “Avalon” e “fantasia”, refletindo o espírito épico e escapista do projeto. Idealizado por Tobias Sammet, o supergrupo rapidamente se destacou ao reunir nomes lendários do rock e metal em álbuns conceituais e turnês grandiosas.

Ao longo de 25 anos de trajetória, o Avantasia acumulou discos de ouro, milhões de streams, primeiras posições nas paradas europeias e shows esgotados em diversos continentes. O projeto se tornou referência mundial por sua qualidade musical, ambição cênica e pela capacidade de criar experiências ao vivo verdadeiramente memoráveis.

Serviço São Paulo:

RIDER2 orgulhosamente apresenta Avantasia
Data: sábado, 29 de novembro de 2025
Local: Vibra São Paulo
Endereço: Av. das Nações Unidas, 17955 – Vila Almeida, São Paulo – SP
Horário:19h30 (open doors) | 21h30 (showtime)
Ingressos: a partir de R$ 140,00
Classificação:18 anos. Menor de 18 anos acompanhado do pai ou responsável.

Setores:

Pista: R$540 / R$ 270 (meia-entrada)
Camarote Setor 1: R$ 690 / R$ 345
Camarote Setor 2: R$ 670 / R$ 335
Platéia Superior 1: R$ 550 / R$ 275
Platéia Superior 2: R$ 520 / R$ 260
Platéia Superior 3: R$ 490 / R$ 245
Platéia Visão Parcial: R$ 280 / R$ 140


Venda online: uhuu.com

Pontos de venda:

A Uhuu é o canal oficial de vendas deste evento. Não nos responsabilizamos por ingressos adquiridos fora dos canais oficiais.

Bilheteria Vibra São Paulo • Sem incidência de Taxa de Serviço
Avenida das Nações Unidas 17955 • Vila Almeida • São Paulo - SP.
Horário de funcionamento bilheteria Vibra SP - Segunda-feira a Sexta-feira 12h às 15h e das 16h às 19h.
Sábados, domingos e feriados - FECHADO, salvo em dias de show com horário das 14h até o início do shows.
Bilheteria do Teatro Bradesco • Sem incidência de Taxa de Serviço
3º Piso do Bourbon Shopping São Paulo
Rua Palestra Itália, nº 500 • Loja 263 • 3° Piso I Perdizes • São Paulo • SP


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Informações à imprensa: Marcos Franke contato@frankecomunicacao.com







NIGHTHAWK - SIX THREE O (2025)

 


NIGHTHAWK
SIX THREE O
Mighty Music/Target Group - Importado

Sem conhecer o Nighthawk, você inicia a audição de “Six Three O”, e o som que sai dos autofalantes do seu equipamento sonoro logo lhe remete a uma banda que você gosta muito e tem todos os Cds na sua coleção. Dai entra a voz do cantor e você pensa: “Mas até o vocalista é parecido com o vocalista do The Night Flight Orchestra!!”.

Então você pega o encarte do cd, abre e lá na foto da banda está Björn Strid, sim ele próprio, o vocalista do The Night Flight Orchestra (e também do Soilwork). Não bastasse isso, temos também mais dois integrantes do TNFO: o tecladista John Lönnmyr e o Rasmus Ehrnborn (guitarrista), porém o mentor e líder da banda é o guitarrista Robert Majd (também da banda Captain Black Beard). Completa o quinteto o baterista Magnus Ulfstedt.

“Six Three O” é o terceiro álbum do Nighthawk, e apesar da similaridade de sonoridade e também por contar com membros em comum, temos algumas diferenças importantes entre os trabalhos do Nighthawk e do The Night Flight Orchestra. Enquanto o TNFO mescla ao seu som Classic Rock, o Funk (verdadeiro, por favor) e a Disco Music dos anos 1970, o NightHawk mantém o Rock clássico vigoroso, porém se aproximando mais do Hard Rock do final da mesma década. riffs mais tradicionais e menos “groovados” nos relembram bandas como Rainbow fase Joe Lynn Turner, Foreigner e Boston, porém com o frescor dos novos tempos.

Em destaque podemos colocar algumas faixas, apesar do álbum ser ótimo na sua totalidade: “Can´t Say Goodbye” com ótimo riff inicial acompanhado de um teclado que soa propositalmente datado, como se fosse uma homenagem ao Rock Arena setenteiro. “Hard Rock Warrior”, que abre o álbum e dá a tom de todo o trabalho. “Home Tonight é cheia de melodia, com destaque para Björn Strid, que canta aqui como se fosse fácil para qualquer ser humano médio. “Cut you Loose” tem uma pulsante veia Hard Rocker, enquanto a semi balada “Turn To Me” lembra bem “de perto” “Stone Cold”, do Rainbow. E para atestar a influência, um cover do Rainbow, mas não da época Joe Lynn Turner, e sim “Man On The Silver Mountain”, da fase do nosso imortal Ronnie James Dio.

Six Three O” é um ótimo trabalho, e que vai agradar os fãs das bandas e dos estilos aqui relatados. E mais uma vez me vem a mente aquela pergunta que nunca quer calar: “O que tem na água da Escandinávia para que possam sair tantos músicos, bandas e projetos de imensa categoria e qualidade?”. Bom, que essa fonte nunca termine.

José Henrique Godoy




terça-feira, 24 de junho de 2025

IN FLAMES - REROUTE TO REMAIN (2002/2025) - RELANÇAMENTO

 


IN FLAMES
REROUTE TO REMAIN (RELANÇAMENTO)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2002, REROUTE TO REMAIN marca uma virada crucial na carreira do IN FLAMES. Conhecida por ser uma das bandas pioneiras do melodic death metal sueco, especialmente pela influência vinda do movimento de Gotemburgo, a banda decidiu aqui, ampliar de vez seu horizonte musical, incorporando elementos mais acessíveis e modernos, o que dividiu opiniões entre os fãs mais puristas e os que abraçaram a evolução. Essa "americanizada" no som do quinteto, chega novamente por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast.

Anders Fridén (vocal), Jesper Strömblad (guitarra), Bjorn Gelotte (guitarra), Peter Iwers (baixo) e Daniel Svensson (bateria) nos entregam uma uma performance diversificada, alternando entre os gritos característicos e vocais limpos de Fridén que, até então, eram menos frequentes na discografia da banda. A dupla de guitarristas Strömblad e Gelotte mostra coesão e entrosamento tanto nas bases quanto nos solos melódicos, que continuam sendo marca registrada do quinteto. A produção ficou por conta de Daniel Bergstrand, que contribui para o som mais moderno e, digamos assim, mais comercial do álbum. A produção é mais polida, com sons mais limpos e arranjos mais estruturados em comparação aos álbuns anteriores, como "Colony" ou "Clayman'. Há uma evidente busca por melodias mais cativantes e refrãos memoráveis, sem abandonar completamente as raízes agressivas.

Isso fica nítido já na faixa-título, "Reroute to Remain", que abre o álbum demonstrando um groove marcante e guitarras afiadas, mas com vocais que exploram tanto o gutural quanto trechos limpos. No entanto, músicas como "Cloud Connected" e "Trigger" se destacam por misturar riffs pesados com refrãos quase radiofônicos, enquanto "Transparent" e "System" mantêm a pegada mais tradicional do death melódico, com baterias rápidas e solos bem trabalhados. Já "Dawn of a New Day" surpreende pela abordagem quase acústica e introspectiva, revelando a versatilidade da banda e a disposição para experimentar.

REROUTE TO REMAIN é, acima de tudo, um álbum de transição. Ele solidificou o caminho para a sonoridade mais voltada ao metal alternativo (leia-se metal americano) que o IN FLAMES mostraria nos álbuns seguintes, como "Soundtrack to Your Escape" e "Come Clarity'. Apesar da polêmica entre os fãs mais antigos, é um trabalho corajoso, bem produzido e que carrega faixas de grande impacto, sendo um divisor de águas dentro da discografia da banda e do próprio gênero. O álbum, como quase todo trabalho do grupo, se mostra uma escuta essencial para entender como o metal melódico pode "evoluir" sem deixar de ser quem é.

Sergiomar Menezes




quarta-feira, 18 de junho de 2025

HAMMERFALL - MASTERPIECES (2008/2025) - RELANÇAMENTO

 


HAMMERFALL
MASTERPIECES - RELANÇAMENTO
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2008, MASTERPIECES é um álbum especial do HAMMERFALL que se destaca por reunir versões cover de músicas que influenciaram diretamente a formação musical da banda. Longe de ser apenas um apanhado de regravações, o disco é uma homenagem ao heavy metal clássico, funcionando como um tributo sincero aos heróis do passado — ao mesmo tempo em que revela as raízes do som poderoso e melódico do quinteto sueco. E a Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast, disponibiliza esse belo trabalho aqui no Brasil.

Apenas Joacim Cans (vocal) e Oscar Dronjak (guitarra) participam de todas as faixas, uma vez que as músicas presentes aqui, navegam por todas as formações do grupo, incluindo os guitarristas Glenn Ljüngstron, Stefan Elmgreen e Pontus Norgren, os baixistas Fredrik Larsson e Magnus RÓsen e os bateristas Patrick Räfling e Anders Johansson. A seleção de faixas é abrangente e cuidadosamente escolhida, variando entre ícones consagrados e nomes mais underground, sempre com uma pegada que casa perfeitamente com o estilo power metal do grupo. A maioria das faixas estavam presentes como bõnus em álbuns anteriores. A produção do disco é cristalina, com todos os instrumentos bem definidos, mas sem tirar o ar oitentista das músicas originais. HammerFall consegue a proeza de soar nostálgico sem parecer datado, provando que os clássicos ainda soam relevantes quando interpretados com paixão e técnica.

A abertura com “Child of the Damned”, do Warlord, já mostra a intenção do álbum: reviver canções marcantes com a energia típica da banda, sem perder o respeito pelas versões originais. A faixa ganha vida nova com a produção mais moderna e o vocal potente de Joacim Cans, além da precisão instrumental de Oscar Dronjak. Outros destaques incluem a ótima versão de “Ravenlord” (Stormwitch), uma escolha menos óbvia, mas que mostra o carinho da banda por pérolas do metal europeu dos anos 1980, assim como "Eternal dark" do Picture. “Breaking the Law”, do Judas Priest, aparece com arranjos fiéis mas com a peculiaridade da troca de posição entre os membros do grupo à época: Dronjak assumiu os vocais, Cans e Rósen foram para as guitarras, Patrick Räfling assumiu o baixo enquanto Stefan Elmgreen foi pra bateria. Ainda, “Angel of Mercy” (Chastain) traz um clima mais dramático, valorizando a interpretação vocal e o feeling das guitarras.

O álbum ainda inclui covers de bandas como Helloween ("I Want Out") que contou com a partricipação de Kai Hansen e Udo Dirkscheneider nos backing vocals, Pretty Maids ("Back to Back") e até mesmo uma cover fiel de “Youth Gone Wild” do Skid Row, demonstrando a diversidade das influências da banda — desde o metal tradicional até o hard rock.

Resumindo, MASTERPIECES é mais do que uma simples coletânea de covers: é uma declaração aberta de amor ao heavy metal. Para os fãs do HAMMERFALL, é uma chance de ver a banda explorando suas raízes em um único local; para os novos ouvintes, é uma porta de entrada para bandas e músicas que ajudaram a moldar o gênero. Um disco que respira o puro metal!

Sergiomar Menezes






THE DEAD DAISIES - LOOKIN' FOR TROUBLE (2025)

 


THE DEAD DAISIES
LOOKIN' FOR TROUBLE
SPV GmbH/Spitfire Music - Importado

The Dead Daisies seguiu os passos do Slash, e resolveu produzir e lançar também seu álbum de covers de Blues. Se por um lado, um trabalho nesse formato não é nenhuma novidade, por outro vai agradar em cheio os fãs da banda. Em contrapartida, os fãs de Blues mais ortodoxos deverão torcer o nariz, já que a banda converte todas as faixas para a sua tradicional sonoridade Hard Rock.

Mas é bem sabido que a maioria doas bandas de Hard Rock tem sua influência principal no Blues. Quem conhece o vocalista John Corabi (um dos meus vocalistas favoritos), sabe das suas influências e raízes no estilo, e sua voz soa fantástica (como sempre) nestas versões. Os guitarristas Doug Aldrich e David Lovy também são familiarizados com a blueseira, e recriam bem os riffs e solos, sem se ater muito aos originais. Obviamente, você vai reconhecer todos os clássicos contidos no pacote.

“Going Down” (Fredy King), “Boom Boom” (John Lee Hooker), Black Betty (Lead Belly) e as amplamente coverizadas “Crossroads”, “Sweet Home Chicago” e “Little Red Rooster” ,todas do homem que trocou uma ideia como capeta na encruzilhada, Robert Johson, ficaram com versões muito boas, porém o maior destaque fica com “Thrill Is Gone” do mestre B.B. King. Aqui este clássico absoluto ficou com uma versão mais Soul, quase uma balada, e obviamente John Corabi brilha demais.

Enfim, mais um trabalho de alto nível do The Dead Daisies, e que deverá estar na prateleira de todos os
fãs da banda e daqueles que apreciam um bom Rock ´n` Blues. Altamente recomendado.

José Henrique Godoy




CIRCUS OF ROCK - HELLFIRE (2025)

 


CIRCUS OF ROCK
HELLFIRE
Lions Pride Music - Importado

Mirka "Leka" Rantanen é um nome de peso no hard rock e no heavy metal da Finlândia, conhecido por sua carreira como baterista e por ser um artista multi-platina. Com mais de 35 anos de estrada, ele já tocou em mais de 40 álbuns e fez parte de bandas importantes como Thunderstone, King Company, Raskasta Joulua, Kotipelto, Warmen, Northern Kings e Revolution Renaissance. Mas o seu projeto mais audacioso foi o CIRCUS OF ROCK — que começou como algo de estúdio, cheio de convidados famosos e agora virou uma banda completa, forte e com identidade própria e que lançou seu primeiro álbum, "Come One, Come All", em 2021, seguido por "Lost Behind the Mask" em 2023. Os dois discos chamaram atenção pela quantidade de vocalistas de peso que participaram, como Jeff Scott Soto, Johnny Gioeli, Marko Hietala, Danny Vaughn, Bernie Shaw, Rick Altzi, entre outros. Depois da boa repercussão, Mirka Rantanen resolveu transformar o projeto numa banda de verdade, com formação fixa, o que ajudou a dar uma cara mais definida pro som e também facilitou pra cair na estrada e fazer shows ao vivo. Agora, vem a solidificação de seu nome com o terceiro álbum, o coeso e equilibrado HELLFIRE.

Mark Boals, conhecido por tocar com nomes como Yngwie Malmsteen, Dokken e Ted Nugent, é o vocalista, (lembrando que ele já havia participado do Lost Behind the Mask). Compleytam o time os guitarristas Samuli Federley e Vesa Virtanen, o tecladista Jari Pailamo e o baixista JJ Hjelt (Kenziner). Após assinar com a Lions Pride, o grupo lança seu terceiro trabalho, um álbum muito bem produzido e que traz músicas fortes e intensas, mas mergulhadas no melodic hard rock, ainda que em muitas passagens, o peso das guitarras ganhe certo destaque. O trabalho traz ainda a participação especial de Alessandro Del Vecchio nos vocais da faixa "Broken Pieces". Vale destacar a bela capa, que traz o palhaço novamente, sendo ele o "mascote" do grupo.

O álbum abre com "The Great Evil", que traz bons riffs, aliados a uma cama de teclados bem interessante. Mark Boals, dispensa apresentações, pois seus trabalhos prestados ao hard/heavy mundial falam por si só. Destaque para o refrão pegajoso e pesado ao mesmo tempo. Mirka conseguiu realmente dar uma cara de banda ao grupo, o que se verifica com mais precisão na faixa título, uma composição repleta de intensidade. As guitarras são o grande destaque, não só aqui, mas no trabalho como um todo, pois tanto os riffs como os solos são bem estruturados e técnicos, sem esquecer do feeling. na sequência, "On the Lips of Fate", vem para corroborar a linha melódica do grupo. Boals mostra mais uma vez sua técnica, sem exageros e correta, o que só faz abrilhantar ainda mais sua performance. Outro belo refrão, com uma pegada 80's. "Broken Pieces traz os vocais de Alessandro Del Vecchio, mas sem que isso faça com a composição soe genérica, se é que me faço entender. Já "Heat of the Moment" é uma composição mais introspectiva, um tanto quanto densa, mas com melodias que a tornam mais dinâmica. 

"Die Another Day" traz, mais uma vez, as guitarras se sobressaindo, mas dividindo os louros com Boals. Uma das melhores faixas, mostrando que a cozinha composta por Mirka e JJ Hjelt, além de bom entrosamento, tem também uma pegada pesada e certeira, o que podemos perceber na metade da execução da faixa. Enquanto isso, "Lead Tears" tem uma veia pop/comercial que nos remete à época em que as bandas melodic rock/AOR dominavam as "paradas" de sucesso. Boas linhas de baixo/bateria, enquanto a dupla Samuli e Vesa, mais uma vez dão seu recado com precisão. O tecladista Jari Pailamo possui uma característica que merece ser citada: ele sabe inserir suas passagens sem que isso interfira no peso das guitarras, fazendo uma boa diferença. Já "Back for Good" é uma faixa bastante genérica, mesmo com sua boa melodia, não acrescentando muito ao álbum. O que não acontece com "Kill the Lights", um rock de respeito com grande performance de Boals. Próxima do final, "All or Nothing" é outro bom momento, com destaque para as linhas criadas por Jari Pailamo. O encerramento vem com "Tough Pill to Swallow", pesada, mas sem muito a acrescentar.

HELLFIRE é um bom álbum, pois apesar de não reinventar a roda, mantém qualidade e bom gosto em suas composições. Ao término, percebi que não temos nenhuma balada no trabalho, algo raro quando falamos nesse estilo. Mirka acertou em transformar seu projeto CIRCUS OF ROCK em banda e ficamos na espera de que novos álbuns possam alegrar os fãs de melodic rock, bem como os amantes da música em geral. 

Sergiomar Menezes




REBEL ROCK NOSTALGIA - TESTAMENT - LIVE AT THE FILLMORE (1995)

 


TESTAMENT
LIVE AT THE FILLMORE
Nuclear Blast - Nacional

Todo fã de heavy metal, mais cedo ou mais tarde, faz suas listas. Os 10 melhores álbuns da vida, os 10 discos que levaria para uma ilha deserta. Os 10 melhores disto, os 10 melhores daquilo, os 10 melhores ao vivo — Isso é quase um ritual. E em todas essas listas, “Live at the Fillmore”, do Testament, está sempre ali entre os meus preferidos. Sempre beirando o top 5 dos discos ao vivo que eu mais ouvi na vida — e provavelmente sempre vai estar.

Os gritos de “Testament, Testament, Testament...”, Chuck Billy anunciando “The Preacher” continuam arrepiando mesmo após tantos anos escutando o álbum. Mas é a próxima faixa que foi a amor à primeira “ouvida” — "Alone in the Dark", o solo inicial, o riff, e quando você vê... já foi. É como se a banda invadisse sua casa, sua mente e dissesse: "Agora você está sozinho no escuro”, e a sua única saída é o “bate-cabeça”.

Mal dá pra se recuperar e temos “Burnt Offering”, “A Dirige”, “The New Order” e “Low”. Chuck Billy está no auge. E digo com toda certeza: pra mim, ele é o melhor vocalista do gênero. Consegue cantar rasgado, fazer guturais, dominando o palco como poucos.Não é só técnica, é alma. Quando ele solta os urros graves, aquele LOW! LOW! LOW!, arrepia!

O desfile de clássicos é surreal. Você anda, tropeça, "Into the Pit". Anda de novo, cai em, "Souls of Black", se levanta e...“Ptactice What You Preach”. O Testament tem o thrash sujo, urgente, direto, mas carrega técnica e uma boa dose de virtuosidade e o maior exemplo é na quase jam session “Urotsukidoji”. A banda inteira agitadíssima — Greg Christian (baixo) e Jon Dette (bateria) mantendo tudo no lugar, enquanto os riffs e solos são um verdadeiro vindo da dupla Eric Peterson e James Murphy, o melhor de tudo é que tudo percorre por todo o tracklist.

Mas o que me marca de verdade nesse álbum é como ele consegue ser completo. Porque no final, depois de toda a destruição e energia de “Apocalyptic City”, “Hail Mary” e “Dog Faced Gods”, vêm três faixas em estúdio. Três momentos onde o disco te convida a desacelerar — onde o Testament mostra sua outra face. “Return to Serenity”, "The Legacy"e “Trail to Tears”. É como voltar a respirar depois da tempestade — um final perfeito para um álbum que foi, do começo ao fim, uma viagem cheia de energia.

Live at the Filmore” é atemporal, um trabalho ao vivo que pode ser comparado aos tais famosos “best of” que as bandas lançam — é clássico atrás de clássico. Merece ser revistado de tempos em tempos, e, muito provavelmente, você ouvirá como se fosse sempre a primeira vez.

William Ribas




O POP É PUNK ANOS 90 - VÁRIOS ARTISTAS (2025)

 


O POP É PUNK - ANOS 90
VÁRIOS ARTISTAS
Grudda Records - Nacional

A 4ª edição da coletânea "O POP É PUNK", chega agora aos anos 90. Para quem não está familiarizado, o projeto da Grudda Records é resgatar músicas das décadas de 60, 70, 80 e transformá-las em faixas punk/hc. Se nas primeiras edições o resultado foi além do satisfatório, aqui a coisa ganhou status de "sensacional"! Para deixar bem explicado: o projeto reúne 25 bandas da cena independente de diversas regiões do país. O repertório, além do rock nacional, passeia com irreverência entre gêneros populares como pagode, sertanejo e axé. Músicas conhecidas na voz de Los Hermanos, Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Hawaii e Cássia Eller, dividem espaço com Roupa Nova, Raça Negra e Banda Cheiro de Amor, em versões aceleradas.

Como já citado, são 25 faixas que nos trazem à memória várias músicas que fizeram sucesso durante os anos 90. Todas elas receberam, devidamente, versão que as deixaram mais divertidas e em alguns casos, muito melhores. Já a capa, por sua vez, é uma homenagem a "Dookie" do Green Day, icônico álbum da banda norte americana que se tornou um clássico da referida década. 

Dentre todas as gravações, todas com um ótimo nível de gravação (algo a se destacar quando falamos em coletâneas, ainda mais por estarmos diante de um trabalho underground), podemos citar a abertura com um "Globo Medley" da banda Os Torto, que nos traz uma levada punk/hc para a trilha de abertura da Escolinha do Professor Raimundo! E ficou muito legal! Mas o que Julio Igrejas fez com "Arerê" é de cinema... Simplesmente, o grupo transformou um dos "clássicos" do Axé numa versão que deixaria o Rancid orgulhoso. "Paparico", um dos pagodes mais conhecidos do Molejo também ganhou uma ótima releitura pelas guitarras do Estragonoff", assim como "Tempo Perdido" do Raça Negra, que virou um punk rock de respeito com o FSnipes. Bruno e Marrone não poderiam faltar com "Dormi na Praça", devidamente "hardcorizada" por Tiago Horácio e Rafa Heck. "Entre a Serpente e a Estrela", um dos maiores sucessos de Zé Ramalho nos anos 90, ganhou nova vida com Emerson Ramone numa versão que lembra... adivinhem? A abertura da novela Corpo Dourado, gravada originalmente por Paulo Ricardo, virou outra música com o Atox, que deu uma cara bem mais rocker à composição.

Ainda podemos destacar "Eu que Não Amo Você", que ganhou as rádios com os Engenheiros do Hawaii, também virou um punk rock de respeito com o Rosa Tigre, assim como "Vai Sacudir, Vai Abalar", hit do Axé, que ganhou peso e consistência com o Fajuto e os Imprestáveis. Agora deu algumas coisas que só acontecem com o punk rock: quem mais poderia regravar "Xô Satanás"? Cristhian Satã & Seus Demônios! Até "Ana Júlia", da banda mais chata de todos os tempos, conseguiu ficar bem melhor do que a original ( e olha que, apesar de não gostar do Los Hermanos, acho a música boa sim, mas o exagero das rádios e TV's a transformou em algo quase intragável). Pra encerrar alguns outros destaques: Os Ildefonsos com o pagode "Ela é Demais", que ficou próximo daquilo que o mestre Wander Wildner faz em sua carreira solo, e Bramones com "Lua e Flor", outro grande momento de Zé Ramalho.

O álbum encontra-se disponível no Spotify (link no final do texto), e vale muito a pena ser ouvido! Se você viveu os anos 90, vai curtir, independente do seu estilo preferido. A Grudda Records já avisou que teremos também uma 5ª edição, dessa vez focada nos anos 2000. Ficamos no aguardo e com a certeza que coisa boa vem por aí!

Sergiomar Menezes

Link do álbum:

terça-feira, 17 de junho de 2025

ALICE COOPER - BEST OF BLUES AND ROCK 2025 - 14/06/2025 - PARQUE DO IBIRAPUERA - SÃO PAULO/SP

 


ALICE COOPER
BEST OF BLUES AND ROCK 2025
14/06/2025
PARQUE DO IBIRAPUERA 
SÃO PAULO/SP

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Leandro Almeida (Rock Brigade)

Sou “sócio-torcedor” de Vincent Damon Furnier, mais conhecido há quase 60 anos como Alice Cooper, e assim sendo, tentarei não fazer uma resenha “tendenciosa” sobre o que este senhor e seus companheiros de banda entregaram na noite de sábado, 14 de Junho, no Auditório do Parque Ibirapuera. Verdade seja dita: impossível não afirmar que o que presenciei não foi apenas um show, foi na realidade um espetáculo que apenas justifica o título de uma das maiores lendas da história, não apenas do Rock, mas da música universal.

Passavam alguns instantes das 20h30, quando no palco vemos dois espectros sombrios, com máscaras de corvo, representando os médicos da época da Peste Negra, tocando sinos enquanto uma cortina em formato de jornal, com uma manchete que noticia sobre o julgamento de Alice Cooper, que está sendo acusado de crimes contra a humanidade, e que ele está “banido” no Brasil!!! A sombra no nosso “Malvado Favorito” surge por trás da cortina, e Alice atravessa a mesma, rasgando-a , e dando início ao espetáculo, com um trecho de “Lock Me Up” faixa do pesadíssimo “Raise Your Fist and Yell” (1988), e na sequência “Welcome to The Show”, faixa do seu álbum mais recente , “Road” (2023).

A partir de então, uma sequência de clássicos toma de assalto o palco e deixa qualquer fã-nático por Alice Cooper (este que tecla, incluso) com todos os pelos do corpo arrepiados: “No More Mr. Nice Guy”, “I m Eighteen” e “Under My Wheels”, uma trinca de alguns dos maiores clássicos de Alice.



Não posso deixar de destacar a classe “rocker” e a qualidade da banda de Alice Cooper: Nita Strauss, talentosa e carismática, é o maior destaque da banda, e sem dúvida um fenômeno no seu instrumento. Tommy Henriksen é o guitarrista que toma mais destaque nas bases das músicas, mas também brilha muito quando chamado a fazer seus solos, e Ryan Roxie é o que tem mais o estilo “Classic Rock” dos três. Sua aura mais “setentista” relembra um pouco o saudoso guitarrista Glenn Buxton, guitarrista original do Alice Cooper Group, que infelizmente nos deixou em 1997. OS três guitarristas são fantásticos, cada um ao seu estilo, e é incrível a forma como um complementa o outro, fazendo um trio perfeito.

Chuck Garrick é o baixista e está com Alice há mais de 20 anos, e é aquele tipo de “baixista mesmo”, que dá peso e uma base sólida ao som da banda, e também fica com boa parte dos backing vocals. Glen Slobel é um “senhor” baterista, um monstro, cheio de técnica e peso. Não é à toa que quando Alice o apresentou, se referiu à ele como o “ Number One Drummer!”.

Dando sequência ao show, “Bed OfNails” clássica faixa de um dos álbuns favoritos aqui da casa, “Trash” (1989) tem os holofotes sobre Nita Strauss, mostrando que a moça destrói nas seis cordas, e “Billion Dolar Babies”, faixa título do álbum de 1973 apresenta Alice Cooper “esgrimando” uma espada. “Snakebite” , faixa hard Rock do ótimo álbum “Hey Stoopid” (1991) é a próxima, e nos últimos tempos era a música que Alice se apresentava com as suas inseparáveis cobras, porém, desta vez o “animalzinho” não compareceu.



“Be My Lover” e “Lost In America” dão sequência, duas faixas de fases distintas e com a peculiaridade de terem ótimas letras. È então, que a hora mais teatral do espetáculo se inicia, com a faixa “He`s Back! (The Man Behind The Mask), faixa da trilha sonora do filme “Sexta-Feira 13, parte 6” (1986), e que marcou o retorno de Alice ao mainstream, após seu tratamento e cura definitiva do alcoolismo que o atormentava desde o meio da década de 1970. E durante esta, quem adentra o palco? Jason Voorhees em pessoa, pra dar um “jeitinho” numa “fã histérica” que resolveu infernizar o Alice para uma “selfie”. O mesmo ocorre com um “fotógrafo credenciado”, durante “Hey Stoopid”, mas dessa vez quem se livra do sujeito é o próprio Cooper, transpassando o infeliz desavisado com o pedestal do microfone.

Chega a vez de Glen Slobel mostrar sua imensa habilidade nos tambores, com um ótimo e curto solo, que abre caminho para a sinistra “Welcome To My Nightmare”, com mais um show à parte dos três guitarristas. “Cold Ethyl” é uma excelente surpresa, com Alice dançando com a boneca Ethyl, supostamente fria e morta, como a letra sempre deu a entender. Em “Go To Hell”, Alice ataca com um par de maracas, enquanto sua esposa Sheryll Cooper faz a sua primeira aparição, dançando com um chicote, antes de ser “escurraçada” do palco por Alice. “Poison” então é executada para o delírio dos presentes, uma faixa que lá na década de 1980 recolocou Alice no topo das paradas, e se tornou uma faixa clássica que não pode faltar nos shows.

Após todas as “acusações” e “ crimes” cometidos no palco, Alice é finalmente preso e colocado em uma camisa de força, e então chega a vez da belíssima “Ballad Of Dwigh Fry”. Antes dela, um solo maravilhoso de Nita Strauss. Vincent Price, o saudoso mestre do cinema de terror aparece no telão e, tal qual como a gravação original de 1975, narra a descrição de uma “Black Widow”, e a faixa de mesmo título é executada no formato instrumental, enquanto novamente Sheryll Cooper adentra o palco, num misto de Pirata (por conta de seu tapa-olho) e dama da nobreza da idade média, posiciona Alice na guilhotina e o carrasco o executa ao som de uma versão também instrumental de “Killer”. Pra completar o clássico momento “terrir”, a “Dama” desfila pelo palco, com a cabeça de Alice pelo palco ao som de “I Love The Dead” e ao final do desfile, ela taca um apaixonado beijo na boca da cabeça decapitada de Alice. Como diria aquele outro cantor: “é o amor...que mexe com a minha cabeça...”  bom, chega disso.





Alice retorna vivo e triunfal, vestido de professor, para nos felicitar com a mais que clássica “School´s Out”. Balões gigantes são jogados para a nossa diversão, e entre um pequeno trecho de “Another Brick in The Wall” (Pink Floyd) e a apresentação da banda, o show vai se direcionando para (infelizmente ) o seu final. No bis, “Feed My Frankenstein”, pesadona e divertida, enquanto no palco, entra um ser de alta estatura, e com a maquiagem do Alice. Basicamente nosso vilão em uma versão gigante e frankesteinizada. Final de festa, final de show.

Alice Cooper não tem mais nada o que provar. Seu carisma sem falar uma única palavra com a plateia durante todo o show encanta até hoje. Sua voz segue a mesma, inalterada, muito pelos hábitos saudáveis e quase de atleta que ele segue. Sua performance, é de artista hollywoodiano. Alice é o cara, simples assim, ele é o patrão da coisa toda! Longa vida ao Alice, e obrigado por existir. A sua existência faz a minha vida e de todos os fãs muito mais feliz. Volte sempre!







TIM "RIPPER" OWENS - 13/06/2025 - SESC SANTO ANDRÉ - SANTO ANDRÉ/SP


 

TIM "RIPPER" OWENS
13/06/2025 
SESC SANTO ANDRÉ
SANTO ANDRÉ/SP

Texto e fotos: William Ribas

Sexta-feira 13.

Um dia cercado de superstições: azar, má sorte, gato preto, não passar debaixo da escada, espelho quebrado… e, claro, figuras do terror como Jason e Freddy Krueger rondando o imaginário coletivo.
Mas, no ABC Paulista, nem essas lendas teriam força suficiente para atrapalhar o show de um ex-Judas Priest.

Naquela noite, só havia um vilão à espreita: o bicho-papão do frio cortante (risos). Impiedoso, dominou o dia inteiro e, confesso, fiquei preocupado se isso poderia atrapalhar a presença do público nas instalações do Sesc Santo André.

No início da tarde, porém, veio a boa notícia: todos os ingressos para a apresentação de Tim “Ripper” Owens estavam esgotados. O vocalista americano está nos acréscimos de uma tour sul-americana que já dura quase dois meses, com diversas datas pelo Brasil. Acompanhado por um verdadeiro dream team — Bruno Luiz e Wander Cunha nas guitarras, Fabio Carito no baixo e Marcus Dotta nas baquetas —, a promessa era de uma noite perfeita de heavy metal na veia.

A rede Sesc, ano após ano, vem abrindo espaço para a música pesada. Com suas excelentes instalações e horários pontuais (shows que começam e terminam cedo), tornou-se uma opção ideal para bandas, produtores e para o público que já não é mais tão jovem assim. O local estava cheio. Meu temor — por graças a "Dio" — passou longe de se concretizar. O frio ficou do lado de fora, porque, dentro do anfiteatro, o clima era quente e de pura diversão, com um maestro no palco conduzindo tudo de forma primorosa.

Um dos meus DVDs favoritos de todos os tempos chama-se “Live in London”, do Judas Priest. Decorei cada cena daquele show na minha retina. Adoro o disco “Jugulator”, e foi justamente com a faixa-título do álbum de estreia de Owens na lendária banda inglesa que ele deu o pontapé inicial. A música carrega peso, agressividade — e, logo de cara, os agudos característicos que marcaram sua carreira apareceram com força total.

E a gente já percebe que os cinco músicos em cima do palco não estavam ali pra brincadeira quando colocam, como segunda música do setlist, nada menos que “The Green Manalishi (With the Two Pronged Crown)”. Ripper estava bastante comunicativo. A cada pausa, fazia questão de conversar e brincar com os fãs — especialmente com o fato de quase todos estarem comportados (mas barulhentos) em seus devidos lugares, como mandam as normas da casa… normas que, felizmente, em algum momento foram pro “ralo”.


Seguindo o show, vieram “Burn in Hell” (Judas Priest), a brutal “Scream Machine” (do Beyond Fear, banda que Ripper fundou na metade dos anos 2000), além de duas faixas do seu projeto KK’s Priest, com K.K. Downing (ex-guitarrista e fundador do Judas Priest): “Hellfire Thunderbolt” e “One More Shot at Glory” — ambas soaram excelentes ao vivo, com aquele sabor do Priest clássico misturado à pegada mais agressiva da era Jugulator e Demolition.

Aliás, falando no último trabalho de Ripper pelo Judas, tivemos também “Hell Is Home” — e é impressionante como essa música funciona maravilhosamente bem no palco. Sua letra, sua levada introspectiva, sua construção crescente… tudo contribui para um momento quase hipnótico. No meio desse turbilhão sonoro, o que mais se via era gente tentando — em vão — imitar os gritos insanos que Owens solta ao final de cada frase.

Um dos momentos mais altos da noite foi “Beyond the Realms of Death”. A música foi dedicada ao ex-baterista do Judas Priest, Les Binks, falecido em abril deste ano. Clássico absoluto, ela mostrou, de forma impressionante, a versatilidade e o alcance vocal de Ripper, mesmo já beirando os 60 anos.
Dizem por aí que regras foram feitas para serem quebradas, certo? Pois então: mais uma homenagem, mais uma salva de palmas… e “Wrathchild”, do Iron Maiden, dedicada ao eterno Paul Di'Anno, fez com que todos se levantassem para não mais se sentar. O refrão foi cantado com tanta paixão e vontade que, onde quer que esteja, Di'Anno certamente sentiu que será sempre eterno.


“When the Eagle Cries”, do Iced Earth, trouxe uma leve sensação de calmaria. Leve, pois “Electric Eye” e “Living After Midnight” entraram no jogo. Ripper mostrou o seu respeito pela história que ele ajudou a carregar por um tempo. Com uma entrega gigantesca, ele mostrou que não se trata de substituir ninguém — mas de honrar um legado com paixão, técnica e carisma. O fechamento dos shows vinha sendo com “One On One”, mas, não aqui. Aqui tivemos prorrogação, tivemos o “golden goal”.

Santo André e o ABC Paulista tiveram o que tanto se gritou no decorrer do show — PAINKILLER!

O público, nesse momento, estava completamente rendido. Uma catarse coletiva, não era mais só ficar em pé, o negócio era ir pra frente do palco. A sinergia entre banda e plateia se intensificou a cada acorde, a cada agudo ou a cada “He is the Painkiller”, “This is the Painkiller” — e, a essa altura, já não havia mais cadeiras, regras ou frio que importassem. O Sesc virou um templo do heavy metal — e Tim Owens, seu sacerdote.

Uma noite que, por mim, ainda estaria lá. Afinal, na manga ficaram guardadas “Death Row”, “Bullet Train”, “Cathedral Spires”, “Bloodsuckers”, “Metal Messiah”, “Lost and Found”, “Declaration Day”, “Greenface”, “Waterloo”, “Ten Thousand Strong”, tantas e tantas outras...

KIKO LOUREIRO - THEORY OF MIND TOUR 2025 - CONVIDADO ESPECIAL MARTY FRIEDMAN - 05/06/2025 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 


KIKO LOUREIRO
THEORY OF MIND TOUR 2025
CONVIDADO ESPECIAL: MARTY FRIEDMAN
ABERTURA: 
PHORNAX
ANDY ADDAMS
05/06/2025
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS
Produção: TOP LINK Music/ ABLAZE Productions

Texto e fotos: José Henrique Godoy

Um público “dividido” entre camisetas do Megadeth e camisetas do Angra. Era assim o público presente no Bar Opinião, na quinta-feira dia 05 de junho, e não necessita muito para identificarmos que a atração em cartaz seriam os guitarristas Kiko Loureiro e Marty Friedman, ambos ex-guitarristas do Megadeth, e Kiko anteriormente sendo membro fundador do Angra.

Abertura da noite, ficou por conta da banda gaúcha Phornax. Formada em 2009, a banda retornou em 2024, com uma nova formação, contando com duas lendas do underground gaúcho, o baixista Sfinge Lima (Crossfire) e o guitarrista Eduardo Martinez (ex-Panic, ex-Hangar). E fizeram bonito, com músicas pesadas, técnicas e intrincadas, na sua maioria composições presentes no seu EP “Silent War”(2024). Destaco também o excelente vocalista Cristiano Poschi, um ótimo frontman que conseguiu agitar o público já numeroso no Opinião.



Por volta das 20h30, a segunda atração da noite sobe ao palco: o guitarrista Colombiano/americano Andy Addams. Com sua jaqueta cheia de luzes piscando intermitentemente, lembrando algum herói “lado B” da Marvel, Andy demonstrou muita técnica, com muitas notas a velocidade da luz e “arpeggios” a vontade. Me remeteu ao meio da década de oitenta, quando a cada semana, a gravadora Shrapnel lançava meia dúzia de guitarristas nesse estilo. Muita velocidade e técnica, mas que, para meu gosto, não chega a lugar nenhum. A apresentação animou um pouco, quando Andy tocou trechos de “Separate Ways” do Journey, “Eruption” e “Ain t Talk About Love” do Van Halen e “Pegasus Fantasy” – trilha dos Cavaleiros do Zodíaco, todas em versões instrumentais. Com certeza esse tipo de som tem seus fãs, mas para mim, foi uma apresentação monótona, que agrada apenas a guitarristas shredders.


Passava um pouco das 22h, quando Kiko Loureiro e banda invadem o palco do Opinião. Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), ambos do Angra, e o guitarrista Luiz Rodriguez escoltam Kiko Loureiro através das suas composições solo, sendo “Blindfolded” do seu mais recente trabalho, “Theory Of Mind”, e na sequência “Reflective” e “Overflow”, respectivamente dos álbuns solo de 2012 e 2020. Kiko Loureiro demonstra desde o início não apenas técnica, mas bom gosto nas composições, sem exageros, mas também com muita técnica, mesclando sentimento e categoria. Sem contar na sua presença de palco, onde aparenta estar mais a vontade e mais solto.

Em seguida ele anuncia que a próxima música ele executou muitas vezes nos últimos anos, e era a hora de Megadeth e “Dystopia” do álbum de mesmo nome, e Kiko não faz feio nos vocais, para delírio dos fãs da banda de Dave Mustaine. Kiko relembra que há 20 anos, lançava seu primeiro disco solo, e executa a faixa título do mesmo: “No Gravity”. A seguir, um dos momentos mais esperados pelo público, o Angra-Medley: "Carry On", "Spread Your Fire", "Nova Era", 'Morning Star", "Evil Warning" e "Speed', tocadas de forma instrumental levam os presentes que lotavam o Opinião ao delírio. Um pouco mais de Megadeth, com “Conquer Or Die!”, também do álbum Dystopia (2016) e mais uma de “Theory Of Mind”, a faixa “Mind Rise”.

Kiko então convida o vocalista Alírio Neto para vir ao palco, e então executam “Nothin To Say”, um dos maiores clássicos do Angra. "Angels And Demons”, do álbum “Temple of Shadows” dá sequência ao show, e esse bloco finaliza com a acústica “Late Redemption” do mesmo trabalho, e dessa vez Kiko divide os vocais com Alirio, fazendo “as vezes” do Milton Nascimento, o que convenhamos, é uma baita responsabilidade, mas ficou bom.


E então chegamos ao momento mais aguardado da noite: Kiko chama ao palco Marty Friedman! Carismático, assume seu lugar de lenda da guitarra e começa uma jam session de tirar o fôlego. ”Hyper Doom” do seu álbum solo “Inferno” (2014) é executada com pura maestria, e o que se segue é a mais que clássica “Tornado Of Souls” do Megadeth, faixa daqueles que consideram o melhor álbum da banda “Rust In Peace” o primeiro trabalho de Marty na banda. Todos parecem se divertir muito e Friedman demonstra muita alegria por estar ali tocando. Demonstrando mais uma vez o talento gigantesco de ambos, Kiko e Marty executam dois clássicos da música brasileira: “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e “Brasileirinho” de Waldir Azevedo. Estas duas músicas são símbolos da musicalidade brasileira, e Kiko e Marty as executaram com maestria, não apenas demonstrando todo o talento de ambos, mas também versatilidade e sentimento.


Marty Friedman apresenta então “Tearful Confessions” faixa do seu mais recente trabalho, “Drama” (2024) e na sequência, Kiko vai ao violão, Alírio Neto volta ao palco e juntos todos executam “Rebirth”, mais um clássico do Angra. O Opinião veio abaixo! Após os agradecimentos e o “final falso”, Kiko e banda voltam ao palco e fecham o show com a pesadíssima “Enfermo” do primeiro álbum solo de Kiko, lançado em 2004. Uma noite memorável para fãs do Angra, do Megadeth e desses dois gênios da guitarra mundial. 


Agradecimentos especiais a Ablaze Productions pelo credenciamento.