LUNA KILLS
DEATHMATCH
Shinigami Records/Sharp Tone Records - Nacional
DEATHMATCH
Shinigami Records/Sharp Tone Records - Nacional
As primeiras batidas de “Deathmatch” me levaram direto para os anos 90. Me trouxeram um pouco da acidez e do “peso” que senti da primeira vez que vi um clipe do Prodigy. A agressividade da parte eletrônica é o grande motor da linha instrumental. O álbum dos finlandeses Luna Kills é um daqueles trabalhos que chamam atenção não só pelo som pesado e bem produzido, mas principalmente pela honestidade.
Em um cenário onde muitas bandas novas ainda tentam encontrar identidade, o Luna Kills estreia com um disco que já soa ímpar — intenso e moderno. Com influências do metal alternativo, do nu metal dos anos 2000 e de elementos eletrônicos mais sombrios, o grupo entrega músicas para quem não vive de regras musicais.
A vocalista Lotta Ruutiainen é, sem exagero, o grande destaque do álbum. Sua voz passeia entre momentos suaves e quase frágeis, e explosões rasgadas de emoção. Ela canta como quem está realmente vivendo aquilo — e isso se conecta com o ouvinte. Em faixas como "LEECH" e "sugar rush", dá pra sentir, em cada palavra, a frustração e a dor que as letras carregam. A emoção vem na voz, no tom, na interpretação.
O passeio instrumental é pesado, sim — com guitarras distorcidas, batidas precisas e passagens eletrônicas que ajudam a criar uma atmosfera meio distópica, quase como a trilha sonora de um videogame sombrio. Mas tudo isso está a serviço das músicas, e não para impressionar tecnicamente. O álbum soa atual, com um “doce” flerte com o pop.
Há momentos intensos, como "slay ur enemies" — que funciona quase como uma explosão emocional — e outros mais lentos e melancólicos, como "WAVES" ou "fever dream". Esse equilíbrio entre agressividade e vulnerabilidade é o que dá força ao disco. Ele não é só raiva, não é só tristeza. É confuso, cheio de altos e baixos — como o nosso cotidiano.
“Deathmatch” não reinventa a roda. Ele pega elementos que já conhecemos no metal moderno e os usa de forma honesta, com identidade. Não soa como uma banda querendo imitar alguém. Soa como uma banda que tem algo a dizer — e encontrou sua forma de dizer isso com sinceridade.
É um ótimo álbum de estreia — forte, emotivo e direto. Ideal pra quem esteja aberto a músicas que falam de verdade sobre sentimentos difíceis, sem se importar com rótulos.
William Ribas
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