quarta-feira, 20 de novembro de 2024

HAMMERFALL - (r)EVOLUTION (2014 - RELANÇAMENTO 2024)


HAMMERFALL
(r)EVOLUTION (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2014, o nono álbum do HAMMERFALL, (r)Evolution, simboliza um retorno às origens que estabeleceram a banda como uma das principais potências do power metal global. Depois da recepção aquém de Infected (2011), que se aventurou por caminhos mais obscuros e experimentais, o quinteto optou por revisitar sua sonoridade clássica, repleta de músicas cativantes que resgatavam a aura mágica do quinteto. Assim, dez anos após seu lançamento, a parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, recoloca no mercado o álbum que devolveu o grupo ao estilo que o tornou um dos nomes mais queridos pelos headbangers a partir do final dos anos 90.

Joacim Cans (vocal), Oscar Dronjak (guitarras, teclados), Pontus Norgren (guitarras), Fredrik Larsson (baixo) e Anders Johansson (bateria) chamaram o produtor Fredrik Nordström que acompanhado de James Michael, deixou o trabalho com uma produção pesada e contemporânea, sem perder a atmosfera "old school" que caracteriza o grupo. A arte da capa, concebida pelo renomado artista Andreas Marschall, representa esse resgate, trazendo de volta Hector, o personagem principal da banda, em uma postura imponente. E confesso que, só por isso, o álbum já desperta aquele desejo de ouvi-lo, sabendo exatamente o que vamos encontrar. Em termos musicais, (r)Evolution apresenta riffs intensos, refrãos grandiosos e uma energia contagiante, elementos que fazem referência a álbuns clássicos como Glory to the Brave (1997) e Renegade (2000). 

A abertura com "Hector's Hymn", já é uma verdadeira declaração de amor aos fãs, fazendo referência a canções e álbuns anteriores. A canção apresenta riffs tipicamente "Hammerfall" e traz um vocal inspirado de Joacim Cans, proporcionando um refrão que merece ser cantado por todos com os punhos erguidos! "Bushido" por sua vez, tarz influências orientais e uma letra que exalta o código de honra samurai. "Live Life Loud" é uma música otimista, perfeita para elevar o ânimo de qualquer fã da banda e do estilo. Ainda podemos destacar "Winter Is Coming", uma balada épica, que apresenta um clima melancólico, com uma interpretação vocal bem interessante de Joacim Cans, além de arranjos orquestrais que conferem certa dramaticidade à faixa.

(r)Evolution é um disco que agrada tanto aos fãs mais saudosistas quanto aos que procuram um power metal produzido com atual mas sem soar moderno demais. Não se trata de uma inovação, mas de uma reafirmação do que HAMMERFALL é uma banda muito acima da média. Com faixas que agregam força e melodia, o álbum reafirma a posição da banda como um dos principais pilares do estilo. Com total justiça, diga-se de passagem.

Sergiomar Menezes







TOBIAS SAMMET's AVANTASIA - GHOSTLIGHTS (2016 - RELANÇAMENTO 2024)

 


TOBIAS SAMMET's AVANTASIA
GHOSTLIGHTS (RELANÇAMENTO 2024)
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Quem conhece a história do Edguy sabe bem o que vou dizer: o Avantasia foi criado para ser um projeto do seu mentor Tobias Sammet, e de uns anos para cá com a pausa do Edguy, o Avantasia passou a ser a única banda deste gigante do Heavy Metal mundial.

Se dermos uma repassada na discografia da banda, perceberemos que não há quase nada descartável, tudo muito bem feito, muito bem produzido, aquele ar épico em todas as composições, obviamente com passagens sinfônicas muito bem pensadas e elaboradas.

Ghostlights” foi o sétimo trabalho do Avantasia e que como sempre, contou com inúmeras participações especiais, como Geoff Tate (ex-Queensryche), Ronnie Atkins (Pretty Maids), Michael Kiske (Helloween), Jørn Lande (ex-Masterplan), Bruce Kulick (ex-Kiss), Bob Catley (Magnum), Dee Snider, Marco Hietala (Tarot, ex-Nightwish) e Sharon Den Adel (Within Temptation). Como todo os trabalhos anteriores, o trabalho é conceitual e aqui deixamos para o mentor Tobias Sammet explica-lo melhor: “O conceito geral é sobre um círculo de cientistas megalomaníacos, liderados por um ocultista misantrópico, que querem manipular o sentido de tempo de um indivíduo e alinhá-lo com a sociedade; essencialmente para construir pontes, mas na verdade para obter o máximo controle”. E acrescentou: “O protagonista, um jovem cientista agnóstico, encontra-se entre duas frentes. Por um lado, estão os seus valores morais e, por outro, está o seu ‘eu’ científico e a sua procura de desenvolvimento e progresso Ao longo da história, ele enfrenta cada vez mais diferentes aspectos da espiritualidade, da aceleração do tempo e de questões sobre o sentido da vida.

No lado musical, o Avantasia em nada mudou desde seus inesquecíveis trabalhos iniciais, os clássicos “The Metal Opera Pt. 1 e Pt. 2”, lançados há quase 25 anos atrás. Obviamente, há algumas faixas que se destacam como “Let the Storm Descend upon You”, a faixa título que tranquilamente poderia estar nos álbuns mais antigos do Edguy, por seu lado virtuoso e melódico, evidenciado pela participação do mestre Michael Kiske.

O lado mais progressivo também fica em evidência em “Seduction of Decay” com a voz de Geoff Tate, o que mostra que Tobias tem a percepção de dar aos seus convidados a música perfeita para desempenharem da melhor possível. Quase impossível não se emocionar com o dueto Tobias/Jørn Lande em “Lucifer” que começa como uma baladinha e acaba num tremendo Power Metal do jeito que ambos sabem fazer de melhor. Um dos destaques do disco!

Há quem prefira que Tobias siga focando seus esforços no Avantasia e deixe definitivamente o Edguy no limbo, o que é até compreensível afinal Tobias não é mais nenhum garoto e manter o "PROJETO" em evidência requer muito trabalho. Tanto essa parece ser a tendência, que a esta altura, no final de 2024, Tobias já anunciou um novo trabalho de estúdio para o outono de 2025, com o título de “Here Be Dragons”. Se for o melhor para todos, que assim seja!

Mauro Antunes





SIMONE SIMONS - VERMILLION (2024)


 

SIMONE SIMONS
VERMILLION
Shinigami Records / Nuclear Blast - Nacional

Sendo uma artista com muito reconhecimento e com uma base sólida de fãs mundo afora, era de se estranhar que até então a cantora holandesa Simone Simons, do Epica, ainda não tivesse lançado um trabalho solo. Pois com o lançamento de “Vermillion”, esta lacuna foi preenchida.

Este trabalho de estreia da carreira solo de Simone inclui muitos músicos ilustres como Arjen Anthony Lucassen, o baterista Koen Herfst (VANDENBERG), o colega de Epica no baixo, Rob van der Loo. Além disso, Alyssa White-Gluz (ARCH ENEMY) e Marc Jansen (EPICA) são os vocalistas convidados do álbum. Logo na primeira faixa, temos a tônica do álbum: o trabalho é feito para a voz de Simons brilhar . A primeira música do álbum é “Aeterna” e apresenta uma vibração oriental no decorrer dela. Na sequência vem “ In Love We Rust”, com teclados proeminentes e um belo solo de guitarra.

“Cradle to the Grave” vem mais pesada, com Alyssa White-Gluz dividindo os vocais, enquanto ”Fight or Flight” é uma música muito forte, sendo um dos destaques do álbum. “Weight Of My World” como  deixar de ser, não poderia segue a sonoridade da faixa anterior. Uma mistura de riffs estrondosos e teclados fornecem a base melódica para a faixa. As melodias das partes do refrão são cativantes e as linhas do refrão se assemelham a um hino.

"Vermillion Dreams” se aproxima mais para uma balada, lente e nostálgica, enquanto The Core” é mais uma faixa de Metal moderno. É uma das poucas faixas com uma estrutura musical simples, e se apresenta como uma faixa de nível abaixo as outras do álbum, mesmo que as habilidades vocais de Simone Simons casem bem para os efeitos eletrônicos, se assemelhando um pouco ao som praticado pelo AMARANTHE. As fixas “Dystopia” e “R.E.D.” seguem em um clima denso e pesado, enquanto “Dark Night of the Soul” vem envolta de teclados e belos arranjos, com um clima mais suave.

Finalizando, o álbum de estreia de Simone Simons é um trabalho muito forte. Obviamente vamos lembrar do Epica durante a audição, e nem teria como ser diferente. Um pacote que engloba Symphonic Metal, Prog Metal e “Modern” Metal. Mesmo eu não sendo um apreciador de carteirinha do estilo praticado por Simone, não tenho como negar a qualidade e a categoria de “Vermillion”.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 18 de novembro de 2024

SWEET - FULL CIRCLE (2024)

 


SWEET
FULL CIRCLE 
MetalVille - Importado

Tive contato com o Sweet desde muito cedo. Era natal de 1977, e a minha prima, quase 10 anos mais velha que eu comprou o estupendo álbum “Sweet Fanny Adams” de 1976, cuja versão nacional trazia “Ballroom Blitz” abrindo o lado B. Esta música é praticamente a marca registrada da banda e tocava em tudo que era lugar à época, e inclusive nas festinhas que a minha prima ia. Ela, apesar de ter bom gosto musical, nunca se considerou roqueira, e obviamente comprou apenas pela citada faixa. Eu tinha 7 anos e nem sabia o que era Rock n' Roll, mas me lembro como se fosse hoje ela colocar o LP pra rodar incessantemente na mesma música.

Com o passar dos anos e já “contaminado” com o vírus do Rock/Metal, quando tinha uns treze anos, comecei a pesquisar por bandas que faziam parte do meu novo ‘vício” e qual a minha surpresa ao “descobrir” que o tal Sweet, aquela banda que só tocava uma música, fazia parte deste novo universo que eu tinha adentrado. “Sweet Fanny Adams” é fantástico da primeira a última faixa e até hoje considero uma das “pedras fundamentais” da minha formação musical.

Bom, estes dois primeiros parágrafos foram para deixar claro a relação que eu tenho com o Sweet e o porquê da minha pequena decepção com este novo trabalho, “Full Circle”. È um trabalho ruim? De forma alguma e longe disso. É um bom trabalho , com excelente produção e boas músicas. Talvez o grande problema seja o nome da banda na capa. Obviamente não quero ser aqueles chatos que quer o mesmo som de quase 50 anos atrás, ainda mais levando em consideração que da formação original só restou o guitarrista Andy Scott, tendo em vista que infelizmente Brian Connolly, Steve Priest e Mick Tucker já não estão mais entre nós, mas se me permitem o trocadilho, o trabalho soa “adocicado” demais.

O que nós temos em “Full Circle” é um bom álbum de “Melodic Rock”. Mas a questão é, o Sweet nunca foi “melódico”. Obviamente tinha seus momentos de “doçura” (desculpem o trocadilho novamente), mas o grupo sempre foi uma banda de hard/glam Rock n' Roll. Então, ao escutar “Full Circle” temos a nítida impressão de estarmos escutando o novo lançamento de uma nova banda, pois pouco se encontra de alguma raíz ou marca registrada do “velho” Sweet. Temos bons momentos, como a abertura com “Circus” (o início até lembrou um pouco o clássico ”Action”), “Don´t Bring Me Water” e “Coming Home” que tentam emular um Whitesnake 80's enquanto “Everithing“, “Changes” e “Defender” poderiam ser apresentadas a alguém como faixas perdidas do Journey. Todas elas destacam o ótimo vocalista Paul Manzy. Porém a faixa mais marcante é “Destination Hannover”, nesta sim, você consegue sentir a presença do Espírito do “velho” Sweet.

Full Circle” parece ser o álbum que será o encerramento da carreira do Sweet. O que se pode concluir após uma audição é o seguinte: se você quer conhecer o que o Sweet fez de melhor, esqueça “Full Circle” e busque “Off The Record”, “Sweet Fanny Adams”, “Give us A Wink” e “Desolation Boulevard”. Se você procura apenas um bom álbum de rock, com boas musicas e excelente execução/produção, pode adquirir “Full Circle” sem medo de ser feliz. Eu vou comprar o meu e curtir numa boa, esquecendo o nome da banda na capa e tudo que ela representou.

José Henrique Godoy




MR. BIG - THE BIG FINISH LIVE! (2024)

 


MR BIG
THE BIG FINISH LIVE
Evoxs - Importado

O Mr. Big foi formado em 1989, e por mais de 3 décadas conseguiu atingir grande popularidade no mundo do Hard Rock, seja pela excelência técnica dos seus integrantes, seja por sucessos radiofônicos, ou simplesmente pelas suas incendiárias apresentações ao vivo. E não por acaso, é uma das bandas com mais discos ao vivo, dentro do estilo.

Este novo lançamento porém, tem um significado e motivo muito especial. Provavelmente este será o último lançamento da carreira da banda, tendo em vista o desejo de Eric Martin vocais), Paul Gilbert (guitarras) e Billy Sheehan (baixo), finalizar as atividades do Mr. Big, muito por não verem sentido em continuar sem o grande baterista Pat Torpey, infelizmente falecido em 2018. Coube então a Nick D`Virgillio gravar o último álbum de estúdio, “Ten” e realizar a as tour de divulgação, sendo a última da carreira da banda.

Corretamente batizada de “The Big Finish”, a tour empresta o nome a este novo Live do Mr. Big. Logo de cara salta aos olhos a excelente qualidade de gravação/produção. A abertura é com a mais que clássica “Addicted To That Rush” e ao final dela, Eric Martin anuncia que o show será especial, pois será executado o álbum “ Lean Into It”, o álbum de maior sucesso da banda, e o preferido dos fãs, junto a outros clássicos. A segunda faixa é “Take Cover”, que é dedicada à Pat Torpey , que segundo o próprio Martin cita, é uma das introduções de bateria mais bonitas e criativas existentes. E aqui mais pontos para Nick D`Virgillio: Ele mantém todas as linhas de bateria intactas e sem alterações, o que justifica plenamente a sua escolha para o posto.

“Undertow” de 2010 vem na sequência, para que depois “Lean Into It” seja executado por completo, de “Daddy , Brother, Lover and Little Boy” até “ To be With You”. Passados mais de 30 anos, “Lean Into It” prova ter vencido a barreira do tempo, e sim, é um clássico do Hard Rock, muito pela qualidade das composições e talento dos músicos. O restante do setlist tem músicas como “Big Love”, “Promise Her The Moon”, “Colorado Bulldog” (esta separando os solos de Paul Gilbert e Billy Sheehan), e alguns covers clássicos já gravados pelo Mr. Big, como “Shy Boy” ( Talas/Dave Lee Roth), “30 Days In a Hole" (Humble Pie) e Baba O`Riley (The Who).

Concluindo, “The Big Finish Live” é um ótimo álbum ao vivo e uma excelente forma de dizer adeus (ou será m até breve?). E como diz a letra de “Just Take My Heart”: “Se esse for mesmo um adeus”, o Mr. Big vai levar os corações dos seus fãs junto.

José Henrique Godoy