quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

CRAZY LIXX - THRILL OF THE BITE (2025)

 


CRAZY LIXX
THRILL OF THE BITE
Shinigami Records/ Frontiers Music srl. - Nacional

Não adianta, o Crazy Lixx é a banda que atualmente consegue de maneira magistral emular perfeitamente os dias de glória do Hard Rock/Metal oitentista. Seja na estética, no visual da banda ou na sonoridade, os suecos conseguem trazer de uma forma nostálgica e ao mesmo tempo energética toda a vivacidade do que rolava na Sunset Strip na melhor década da música, sem parecer um pastiche cômico como outras contemporâneas (se você pensou em Steel Panther, sim, estou me referindo a eles).

A abertura com “Highway Hurricane” chega com um riff pé na porta, dando a tônica do álbum , enquanto na sequência “Who Said Rock N Roll Is Dead?” é um recado direto ao mestre Gene Simmons e a todos que acham que o Rock morreu... Morreu não, Sr. Simmons, até os Deuses do Rock se enganam e falam bobagens as vezes. Faixas como “Call of the Wild” e “Midnight Rebels” destacam a habilidade do Crazy Lixx de misturar riffs mais pesados ​​com elementos melódicos, criando músicas que não são apenas poderosas, mas também cativantes.

Caso você tenha dúvida do que está lendo, pare agora, vá até o YouTube e assista ao “oficial vídeo” de “Midnight Rebels”, uma verdadeira “ode” aos filmes de Terror dos anos 80, aqueles mesmos que tinham bailes de formatura onde tudo acabava mal, com muito sangue, garotas tanto lindas como assassinas, e todo aquele contexto que fez a felicidade mundo afora de fãs de filmes como “Noite de Formatura”, “Feliz Aniversário para Mim” e tantos outros “slashers”. Enfim o vídeo de “Midnight Rebels” já nasceu clássico.

Thrill of the Bite” não se arrisca, não cruza nenhuma fronteira desconhecida do grupo, e nem precisa. É sim, um ótimo acréscimo a já excelente discografia do Crazy Lixx. Não espere nenhuma surpresa, aqui é pura diversão Rock n Roll. Saindo em versão nacional via Shinigami Records, procure pelo álbum e divirta-se também!

José Henrique Godoy





HARD ROCK NIGHT - MARCO MENDOZA - 07/02/2025 - HOUSE OF LEGENDS - SÃO PAULO/SP

 


HARD ROCK NIGHT
MARCO MENDOZA

Abertura:
URDZA
AMAZING convida ROD MARENNA

07/02/2025
HOUSE OF LEGENDS
SÃO PAULO/SP

Produção: SOM DO DARMA e CAVEIRA VELHA

Texto: Flávio Soares
Fotos: URDZA (Flávio Soares), AMAZING e MENDOZA (Leandro Almeida - Rock Brigade)

MARCO MENDOZA EM SÃO PAULO  -  UMA VERDADEIRA AULA DE HARD'N'HEAVY

Em mais uma das nossas andanças pela capital cultural do "País Brasilis", no segundo fim de semana de fevereiro de 2025, fomos conferir dois eventos distintos (shows de Marco Mendoza e dos gregos do Rotting Christ), mas que, no fundo, estão íntima e profundamente conectados.

Na sexta feira, dia 07/02, me dirigi para o "House of Legends", pub/casa de shows escolhida pela produção, que incrivelmente havia recebido o show do "duende" Mortiis na noite anterior. Cheguei no horário previsto, mas a programação sofreu um pequeno atraso. Então, fiquei ali pela frente, e pude perceber toda a expectativa dos fãs em assistir ao grande baixista Marco Mendonza, pela primeira vez no Brasil em sua carreira solo. Marco é um grande músico, que já passou por várias bandas famosas como Whitesnake, Thin Lizzy e Journey e já gravou com nomes como Steve Vai e Joe Satriani, por isso a excitação dos fãs podia ser sentida no ar.

Quando finalmente adentrei ao recinto, (nunca havia tido a oportunidade de frequentá-lo), me deparei com um Pub muito bem estruturado, muito bem decorado e com um time de atendentes merecedores de elogios. Depois de reencontrar alguns amigos, me dirigí para perto do palco e peguei um "lugar estratégico" para poder assistir as bandas bem posicionado.

Por algum motivo não explicado, mas muito provavelmente por conta do atraso inicial para abrir a casa, a banda escalada para abrir a noite, Nite Stinger, foi realocada para o final do evento. Com isso, quem teve a responsabilidade de iniciar os trabalhos, foi a banda paulistana Urdza, divulgando o seu primeiro álbum chamado "A War With Myself". Apesar de contar com excelentes músicos (Hugo do Prado numa guitarra, Rodrigo Adwent na outra guitarra, Danilo Abreu na bateria e Cid Costa no baixo) e com os vocais potentes de Heitor Prado, no palco a Urdza não convenceu boa parte do público presente. Parece que ainda falta acharem o tempero certo. Mas a banda tem um futuro promissor, já que individualmente demonstraram bastante técnica e competência.


Já a Amazing, veio de Brasília e conseguiu "tocar fogo no recinto" com seu Hardão direto e cheio de energia. Divulgando o seu primeiro álbum "Highway to Paradise", Rod ‘n’ Rock (baixo), Felipe Nava e Sir Arthur (guitarras) e Gustavo Henrique (bateria), contaram com a participação de Rodrigo Marenna, já que seu vocalista Matheus Janoski não pode comparecer. Com músicas próprias mais o cover de "Lick It Up" do Kiss, deram o seu recado e saíram do palco bastante prestigiados.



E eis que era chegada a hora... Muita expectativa, nenhuma certeza, pois como já dissemos, era a primeira vez de Mr. Mendoza no Brasil. Mas já na primeira música, todos tivemos a certeza de que a noite seria, no mínimo, mágica ! Que noite e que show, senhoras e senhores. Uma verdadeira aula de amor à música, devoção ao Hard n Heavy e de muitaq competência e profissionalismo. Acompanhando pelo guitarrista Edu Lersch e pelo baterista Arthur Schavinski, ambos da banda gaúcha Marenna (o que são os backing vocals desses dois!), e da metade do show em diante, também pelo próprio Rodrigo Marenna, que assumiu os vocais principais, Marco esbanjou vontade, simpatia, muita competência e muito bom gosto, apresentando um "setlist" recheado de clássicos das famosas bandas pelas quais ele passou e algumas músicas da sua carreira solo. Também não cansou de agradecer ao público presente e elogiar os músicos que o acompanhavam (fica aqui o meu registro de total orgulho dos meus conterrâneos). Destaque para as músicas “Still of the Night”, “Here I Go Again” e “Don’t Stop Believin'". Uma verdadeira aula de simplicidade e amor ao Heavy Metal. E aí está a conexão com o show do dia posterior (veja resenha aqui), pois embora estilos diferentes, a conexão acontece pela atitude, profissionalismo, simplicidade e amor pelo que se faz.




Ah, quem ficou no House of Legends pode conferir a banda Nite Stinger, que entregou um bom show de Hard Rock, pena que pegou um público bem menor, já cansado e em êxtase pelo show maravilhoso do Marco Mendoza.

Um agradecimento mais que especial ao Eliton Tomasi e ao Alan Magno e às suas respectivas produtoras (Som do Darma e Caveira Velha Produções) pela oportunidade.

Até a próxima !

TERMINAL VIOLENCE - MOSHOCALYPSE (2024)

 


TERMINAL VIOLENCE
MOSHOCALYPSE
Independente - Importado

Formado há apenas dois anos, o Terminal Violence, quinteto Tolo (Vocal), Micky (Baixo), Edgar (Guitarra), Pal (Guitarra) e Hector (Bateria) chega de uma maneira rápida e impiedosa com “Moshocalypse”, o seu álbum de estreia. Lançado nos acréscimos de 2024, o disco se estabelece como uma ode a bandas americanas e alemãs da década de oitenta e noventa , mas com um toque mais atual. Com uma abordagem intensa e confrontadora desde a primeira faixa, “Sound The Alarm”, ficando claro que a missão é atiçar o ouvinte a entrar de cabeça no moshpit.

Os riffs cortantes e uma pegada frenética estabelece passagens que remetem tanto à escola clássica do thrash quanto a elementos contemporâneos de outros subgêneros da música pesada, mostrando que uma das regras do grupo é dialogar entre passado e presente. As faixas seguintes continuam a narrativa intensa. “Instinct Suppressor” traz uma combinação agressiva de velocidade e variações que hipnotizam. O peso da composição se alinha perfeitamente com as letras, que refletem a repressão do indivíduo em meio às pressões sociais. Já “Fuck The System” surge como uma catarse coletiva reforçando a bandeira contestadora que o thrash metal sempre carregou.

Um dos momentos mais marcantes do álbum é a colaboração com Guillermo Izquierdo, vocalista do Angelus Apatrida, em “Smart Is The New Dumb”. A presença de Izquierdo adiciona uma dose extra de ferocidade, enquanto a música aborda, de forma sarcástica e crítica, o culto à ignorância do mundo atual, elevando o peso emocional da faixa.

O álbum também sabe explorar momentos em que o peso se sobrepõe à velocidade. “All Hail Zyon” aposta em uma atmosfera mais cadenciada, destacando riffs densos e um groove arrastado que dá espaço para uma versatilidade não se limitando apenas em “pisar no acelerador”. “One Step To The Front” é outro ponto alto, com mudanças bruscas e linhas de baixo que soam mais evidentes, adicionando camadas ao som deixando-o “sofisticado”em termos de estrutura.

A dupla, “Seeds” e “Slaves Of Greed” mantêm o nível elevado, com solos de guitarra inspirados e refrões marcantes. São faixas que demonstram a consistência do álbum, sem momentos de fraqueza. O grand finale com “Pedal to the Metal” é estratégico. A faixa resume a proposta do disco, trazendo à tona todos os elementos trabalhados anteriormente — peso, velocidade e técnica instrumental — em uma conclusão intensa e memorável que atinge em cheio o coração dos thrashers.

Moshoocalypse” não é apenas uma homenagem ao thrash metal clássico , mas também projeta o Terminal Violence para novos horizontes — sendo um verdadeiro moshpit de ideias brilhantes de uma banda que tem a faca e o queijo para ter uma vida longa na estrada da música pesada.

William Ribas




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

DREAM THEATER - PARASOMNIA (2025)

 


DREAM THEATER
PARASOMNIA
Vahall Music/ Inside Out - Nacional

O Dream Theater retorna em 2025 com “Parasomnia”, um álbum que já nasce marcante não apenas por sua música, mas também pelo tão aguardado retorno de Mike Portnoy, lendário baterista e co-fundador da banda. Após anos afastado, Portnoy reassume as baquetas trazendo não apenas sua técnica impecável, mas também uma identidade que muitos fãs sentiam falta.

A título de curiosidade, o trabalho foi lançado exatamente um ano depois que a banda se reuniu para compor material inédito pela primeira vez após mais de uma década.

Contudo, “Parasomnia” não se apoia na nostalgia. O álbum apresenta um conceito intrigante, uma produção refinada e composições que equilibram peso, melodia e complexidade progressiva de forma envolvente. Seu título faz referência às parasomnias — um termo que abrange distúrbios do sono, como sonambulismo, paralisia do sono, pesadelos recorrentes e terrores noturnos. Essa temática permeia o disco, influenciando tanto as letras quanto a atmosfera instrumental.

A capa, assinada por Hugh Syme (conhecido por seus trabalhos para Rush, Fates Warning e Iron Maiden), visualmente traz uma conexão sutil com a icônica arte de “Images and Words” (1992), sugerindo um diálogo com a história da banda, sem necessariamente tentar recriar o passado.

Desde os primeiros segundos do álbum, somos transportados para esse universo inquietante. Sons de relógios, sussurros e texturas eletrônicas sutis criam a sensação de estar preso entre a realidade e o mundo dos sonhos. Essa abordagem imersiva faz de “Parasomnia” um dos trabalhos conceituais mais coesos do Dream Theater.

Com a volta de Portnoy, surge naturalmente a pergunta: o Dream Theater retomou o som clássico dos anos 2000? A resposta é sim e não. A sonoridade remete bastante a álbuns como “Train of Thought” (2003), “Systematic Chaos” (2007) e “Black Clouds & Silver Linings” (2009), ou seja, é mais pesada, sombria e direta. A banda não ignora os anos com Mike Mangini na bateria, mas há um resgate da dinâmica natural e do groove característico de Portnoy.

A instrumental, “In the Arms of Morpheus”, abre o tracklist e estabelece o tom grandioso do disco, com transições dinâmicas e complexidade rítmica. Ela prepara o terreno para “Night Terror”, faixa que aborda os terrores noturnos e a sensação de estar preso em pesadelos. Riffs pesados e mudanças constantes de andamento criam um clima perfeito de tensão crescente. John Petrucci, como sempre, se destaca como o maestro do grupo. Seus solos são melódicos e emocionais, equilibrando-se com riffs excepcionais — algo evidente em faixas como A “Broken Man” e “Dead Sleep”. Vale o destaque para John Myung, sempre discreto mas essencial, entrega linhas de baixo precisas, ajudando a amarrar as seções mais trincadas.

O álbum também explora diferentes atmosferas. “Midnight Messiah” cresce progressivamente até explodir em um refrão frenético e contagiante. E claro, não há como ignorar James LaBrie — um vocalista que divide opiniões. Ele é o melhor do mundo? Não. Mas é possível imaginar o Dream Theater com outra voz? Também não. Aqui, ele se mostra mais contido, evitando exageros nas notas altas e tornando a audição mais agradável, mas, eternamente seguirá sendo o ponto de maior discórdia entre os fãs.

Caminhando para o desfecho do álbum, temos a belíssima “Bend the Clock”, uma faixa que equilibra intensidade emocional e instrumentação refinada, se destacando como um dos ápices do disco. O encerramento épico fica por conta de “The Shadow Man Incident”, uma suíte de 19 minutos que traz um Jordan Rudess, desfilando charme e bom gosto à jornada sonora.

Em suma, “Parasomnia” representa uma renovação para o Dream Theater, trazendo nova vitalidade à banda e entregando um trabalho à altura das expectativas. E sejamos sinceros: poder finalmente escrever Portnoy is back é um sentimento que todos os fãs esperavam há anos.

William Ribas




JINJER - DUÉL (2025)

 


JINJER
DUÉL
Vahall Music/ Napalm Records - Nacional

Após consolidar sua posição como um dos grandes nomes da atualidade, JINJER retorna com “Duél”, seu quinto álbum de estúdio. O trabalho reafirma a identidade única da banda ucraniana, entregando uma experiência sonora que combina complexidade, intensidade emocional e uma sonoridade ousada que desafia as convenções do heavy metal. Inclusive , logo de cara, a primeira percepção após finalizar a audição, é como o quarteto soa cada vez mais confiante —equilibrando brutalidade e melodia, se tornando ímpar a cada novo capítulo.

A parceria com o produtor Max Morton continua sendo essencial para o som do grupo, proporcionando uma mixagem cristalina e explosiva. Cada nota dentro do álbum é um testemunho da habilidade instrumental da banda, com riffs pesados, mudanças de tempo, dinâmicas e a impressionante versatilidade vocal de Tatiana Shmayluk, que alterna guturais ferozes e vocais limpos com maestria, enquanto Eugene Abdukhanov (Baixista), Roman Ibramkhalilov (Guitarra) e Vlad Ulasevich (Bateria) sustentam a energia visceral do álbum.

A abertura com “Tantrum”, é assustadora. Uma explosão que estabelece o tom do disco. A faixa combina agressividade e complexidade, criando uma certa introdução para a envolvente e impactante, “Hedonist”. Que segue com um peso avassalador, explorando temas de indulgência e prazer, com riffs intensos e as variações incríveis de Tatiana.

Já em “Rogue”, o grupo traz uma estrutura dinâmica, cheia de “quebras” de andamento e atmosferas densas, enquanto “Tumbleweed” oferece mais melodias, mas, sem perder a força característica do Jinjer. “Green Serpent” e “Kafka” mergulham em águas mais sombrias, trazendo um instrumental bastante técnicos. Ambas as faixas evidenciam a maturidade sonora que chegaram neste novo álbum. A intensidade volta com “Dark Bile” e “Fast Draw”, duas músicas cheias de adrenalina. “Someone’s Daughter” traz uma abordagem lírica mais profunda, abordando temas de identidade e pertencimento, enquanto “A Tongue So Sly” se destaca por seu jeito cativantes e instrumental intricado.

O grand finale, a faixa-título. Posso dizer que ela encapsula toda a essência do disco —riffs intrincados, grooves pesados e mudanças de andamento inesperadas. Sua estrutura épica, alternando entre calmaria e tempestade “brutal” faz a música se tornar um dos momentos mais memoráveis, encerrando a jornada com maestria — mostrando que o Jinjer não apenas segue tendências, mas as cria.

Duél”, é uma demonstração de como se reinventar sem perder sua identidade e domínio técnico, oferecendo um equilíbrio perfeito, reafirmando o espírito visionário do Jinjer.

William Ribas