AVANTASIA
29/11/2025
VIBRA
SÃO PAULO/SP
Texto: Mauro Antunes
Fotos: Leandro Almeida
Sábado a noite em São Paulo é algo especial. Em meio à disputa da partida final da Libertadores da América, nós, paulistanos, headbangers, tínhamos uma espécie de chamamento: conferir de perto mais uma apresentação do Avantasia, que já há alguns anos, é o projeto único do mentor e mestre Tobias Sammet, após a pausa (ou fim?) das atividades do Edguy.
O recém-lançado trabalho de estúdio, “Here Be Dragons” (2025), já é o décimo trabalho completo do Avantasia, e pelo que podemos ver, muitos outros ainda deverão vir pela frente.
Como o jogo da Libertadores se encerrou por volta das 20h15, ficou tranquilo para acessar o Vibra, encontrar os amigos, fazer aquela resenha sobre o Avantasia e outras bandas que curtimos, e esperar o relógio bater 21h, horário programado para o show.
Com apenas 6 minutos de atraso, o show começou com o single amplamente divulgado, “Creepshow”, uma das faixas do já citado trabalho lançado este ano. Sua pegada mais comercial e Hard Rock, parece perfeita pra conquistar a plateia.
Aí veio “Reach Out for the Light” um clássico absoluto onde Tobias fez um dueto com a vocalista Adrienne Cowan, uma de suas fieis escudeiras. Já neste pequeno espaço de tempo, me dei conta de que o Avantasia continua grande e imponente como sempre foi. Apesar de no passado, a banda já ter contado com nomes de maior peso e destaque no cenário (Michael Kiske, Geoff Tate, Andre Matos, Kai Hansen, Jorn Lande, Russel Allen, dentre tantos outros...), penso não haver na cena, algo tão grandioso quanto eles, ao menos em termos de Metal Opera.


Em “The Witch” foi a vez de Tommy Karevik (Kamelot) entrar em ação e poucas vezes vi alguém com tanto sangue no olho no palco, parecia que o cara estava fazendo o último show de sua vida. Dentre os vocalistas convidados, ele foi o destaque, indiscutivelmente. Após o clássico “The Devil in the Belfry”, mais duas faixas Do mais recente trabalho “Phantasmagoria” e “Against the Wind”. Após essas faixas, Tobias deixou claro que o Avantasia não é como outras bandas que usam e abusam de playbacks. Segundo ele, Avantasia é puro Heavy Metal sem playbacks. Tobias Sammet sendo Tobias Sammet, mais do que nunca!
“Dying for na Angel” contou novamente com a potente voz de Karevik substituindo o mestre Klaus Meine (Scorpions) que gravou a versão original. Apesar da missão inglória, Karevik foi um par e tanto no dueto com Tobias. Ao meu lado havia um casal que quase me deu banho de cerveja na hora do refrão, mas foi por uma boa causa.
“Avalon” e “Promised Land” (primeira a não ter Tobias no palco), precederam outro momento pra lá de especial: “Avantasia” é a “Fear of the Dark” do show. Como não vibrar com um dos mais legais refrãos da história do Power Metal em todos os tempos. Não tem como, é chover no molhado, não tem o que errar.
“Let the Storm Descend Upon You” contou com a presença de outros 2 vocalistas de categoria: Herbie Langhans (Firewind) e Ronnie Atkins (Pretty Maids). Ë sempre muito bom ver gente desse quilate em ação ao vivo e no caso de Atkins, em especial, o tempo parece não passar pra ele.
Após outro clássico, “The Toy Master”, Tobias deixou o palco por mais de 15 minutos e confesso ter me decepcionado não vê-lo no palco assim que o marcante riffi de “Twisted Mind” começou a ecoar. Sou suspeito para falar qualquer coisa que venha de “The Scarecrow” (2008), meu disco favorito dentre todos os gravados por Tobias. Ali, nada é mais ou menos, tudo é impecável! Ainda tivemos outro hino, “Shelter from the Rain” vindo deste espetacular disco. Não é exatamente o tema aqui proposto, mas se você não é um grande conhecedor de Avantasia, comece por ele e torne-se fã, não tem como ser diferente!
Aí, Tobias apelou: junto com a cantora Chiara Tricarico, fez um dueto digno de Oscar, Grammy, ou sei lá o que com a linda balada “Farewell”. Que momento! Impossível não cantar junto a não ser que você seja alguém que caiu lá de paraquedas! “The Scarecrow” é um hino, mas muito longo pra ser tocada após quase duas horas de show... Ela deveria estar antes no set que entendo seria melhor compreendida pelo público. Eu mesmo, que não sou mais nenhum garoto, me senti deveras sem forças pra ela, mas assisti incrédulo mais uma ótima performance de Ronnie Atkins.
O bis veio com a rápida “No Return” (faltou Michael Kiske nessa, mas aí seria querer demais né!), o hino Hard Rock, “Lost in Space”, minha faixa (deste planeta!) favorita já gravada pelo Avantasia, já que “The Seven Angels” não é deste universo! Não sei se Chiara foi a melhor escolha para um dueto, mas valeu cada milésimo de segundo!
Aí veio o grand finale com “Sign of the Cross” e um pedacinho do hino máximo, “The Seven Angels”. Mesmo a versão original tendo imensos 14 minutos, ninguém reclamaria de ouvi-la na íntegra. Foi o encerramento perfeito!
Outro ponto a se destacar foi a linha homenagem que Tobias prestou a Andre Matos, o que claro, faz a banda ganhar ainda mais, se é que isso é possível, o carinho dos brasileiros.
O Avantasia continua grande, gigante mesmo sendo ainda uma banda que podemos chamar de underground, mas com eles o espetáculo é garantido! Se você, caro leitor, ainda não os viu ao vivo, planeje-se para ir, porque vale a pena e muito! São mais de 2 horas e meia de show que passa voando. Um digno encerramento de turnê!
Nossos mais sinceros agradecimentos ao amigo Marcos Franke pela parceria, credenciamento e, principalmente, pelo respeito ao trabalho do Rebel Rock.