sexta-feira, 1 de agosto de 2025

STRYPER, NARNIA, BRIDE - 30/07/2025 - TEATRO DA AMRIGS - PORTO ALEGRE/RS

 


STRYPER
NARNIA
BRIDE
30/07/2025
TEATRO DA AMRIGS
PORTO ALEGRE/RS

Texto e fotos: José Henrique Godoy

Três bandas de “Rock Cristão”... Três bandas de “Metal Gospel”... Três bandas de “Crente”, como alguns falam pejorativamente, como se a fé dos caras fosse alguma falha... Na realidade todas estas três descrições, apesar de não serem inadequadas, ficam abaixo do que Stryper, Narnia e Bride na realidade são: três ótimas bandas de Heavy Metal/Hard Rock. E quem compareceu ao Teatro da AMRIGS, em Porto Alegre teve como constatar o poder de fogo da trinca, “in loco”.

O local, como próprio nome já diz, é um teatro, com cadeiras e para assistir o show sentado. Mas logo aos primeiros acordes do Bride, que entrou no palco as 19h10, o público que ainda não era numeroso, se levantou e se direcionou para mais perto do palco. De cara a banda dos irmãos Thompson detonam “Rattlesnake”, de um dos seus álbuns mais cultuados pelos fãs, “Snakes In Paradise” (1992). O som ainda necessitava de alguns ajustes que foram feitos aos poucos, mas o Bride não se importou e agitou desde o início.

Sem muita interação como público, Dale Thompson demonstrou excelente forma vocal, enquanto Troy Thompson é o destaque maior, um excelente guitarrista, com riffs pesados e solos criativos. A “cozinha” brasileira é formada pelo baixista Nenel Lucena e pelo baterista Alexandre Aposan, que diga-se de passagem, é um puta batera, no melhor estilo “lenhador”, e que quase destruiu seu kit. Num set bastante energético de pouco mais de quarenta minutos, os destaques ficaram para “Psychedelic Super Jesus” que agitou e muito a plateia e a clássica e favorita ds fãs “Heroes”, que não era executada ao vivo a quase trinta anos. Uma ótima e energética performance do Bride que se despede do público e se retira. Após o show os músicos atenderam a todos os presentes, com fotos e autógrafos.


Após um intervalo de aproximadamente vinte minutos, é a vez dos suecos do Narnia. Christian Rivel-Liljegren (vocal), C.J. Grimmark (guitarra), Jonatan Samuelsson (baixo), Martin Härenstam (teclados) e Andreas Johansson (bateria) sobem ao palco, Esbanjando técnica, categoria e muita simpatia, iniciaram com a faixa “Rebel” e seguiram com “No More Shadows From the Past”. Nos trabalhos iniciais, o Narnia se aproximavam mais do Prog/Power Metal, mas atualmente é mais próximo do Hard Rock/AOR, uma sonoridade muito agradável. O som da voz de Christian oscilava as vezes mais baixa, as vezes mais alta, mas nada que afetasse a sua performance. O Narnia executou uma faixa pela primeira vez ao vivo, “Ocean Wide”, que foi muito bem recebida pelo público.

Um dos pontos altos do show foi “Long Live The King”, com sua aura meio Rainbow/Deep Purple, onde o destaque ficou por conta de Martin Härenstam, o tecladista que atacava seu teclado da mesma forma que o gênio imortal John Lord fazia. Seria ele o John Lord sueco? O último refrão desta faixa foi cantada em português, pela banda e pelo público presente, que já era bem numeroso à esta altura. Na próxima pausa, o vocalista Christian nos relata, que quando tinha quinze anos, se tornou cristão, e por coincidência ou não, no mesmo ano o Stryper lançou o álbum “Soldiers Under Command” (1985) e que este era o álbum pelo qual ele foi inspirado para criar uma banda de Heavy Metal/Hard Rock com a temática cristã, e que estava muito feliz em tocar no mesmo palco da banda que o influenciou a quarenta anos atrás. O Narnia finaliza sua ótima apresentação com “Living Water”. A banda se despede e deixa o palco.



A troca de palco desta vez levou um pouco mais de tempo, tendo em vista que a bateria de Robert Sweet já estava montada, e pela posição dela e também pelas suas dimensões, obrigou as baterias tanto do Bride como do Narnia, a ficarem mais ao lado do palco.

Sendo assim, precisou de mais tempo para a desmontagem da bateria do Narnia, mas nada que tenha causado algum transtorno maior. Pontualmente , as 21h30, era chegada a hora do “Yellow And Black Attack” em Porto Alegre: Michael Sweet (guitarra vocal), Robert Sweet (bateria), Perry Richardson (baixo) e Howie Simon (guitarra – substituindo OZ Fox) iniciam sua performance com a clássica “In God We Trust”. Eu disse performance, mas eu poderia usar o termo “aula” de show.

O público já tomava conta de praticamente todos os espaços do Teatro da AMRIGS e a recepção ao Stryper foi além de calorosa, tendo em vista serem eles a atração principal, e a maioria, senão a totalidade, foi ao show por causa dos californianos. “Revelation” vem em seguida, faixa poderosa do álbum de 2013, “No More Hell To Pay”. Após a primeira pausa, o carismático Michael Sweet saúda e fala com os gaúchos pela primeira vez. Ele brinca que a faixa a seguir e da época que eles armavam o cabelo, usavam maquiagem e apareciam seguidamente na MTV, “na época em que a MTV era realmente um canal de música” ressaltou ele. E a dobradinha é matadora, dois clássicos: “Calling On You” e “Free”, assim como foram lançadas no clássico “To Hell With The Devil” (1986), são sempre tocadas como se fosse uma faixa só. Incrível a precisão da banda ao vivo. Mas Oz Fox fez falta e daqui a pouco comento a respeito de Howie Simon. Após elas, temos a tradicional distribuição das bíblias do Stryper... Independente de ser cristão ou não, todo mundo quer pegar uma, se bobear até satanistas que por acaso sejam fãs do Stryper. Por que não, né? Vivemos num mundo de esquisitices e contradições. 


Dando sequência, foram executadas com maestria “Sorry”, “All For One”, linda faixa do injustiçado álbum “Against the Law (1990), cantada em uníssono por todos os presentes, exatamente como a seguinte e também clássica “Always There For You”. Aqui abro um parênteses para falar sobre a ausência de Oz Fox e seu substituto Howie Simon. Oz Fox, além de exímio guitarrista, tem um carisma sensacional, junto à todos os membros do Stryper. A performance de Howie vai totalmente contra ao que Oz representa no Stryper, num anti-clima total. Não que ele seja mal guitarrista, ao contrário, porém muitas partes de solos que foram gravados originalmente no padrão “guitarras gêmeas/solos dobrados” por Michael e Oz, ficaram apenas nas mãos de Michael, enquanto Howie se limitava a executar as bases das músicas. Fora a postura em palco que deixava a desejar, e escancarando até para quem visse a banda pela primeira vez, que ele não é parte integrante do Stryper. Junte-se ainda, um comportamento desagradável fora do palco, segundo relatos de fãs e jornalistas, que presenciaram uma certa rispidez com alguns fãs, fica aqui o questionamento se realmente Howie Simon foi uma escolha acertada por parte do Stryper, uma banda que sempre tratou e atendeu os seus fãs com alegria e cordialidade. Nos resta torcer para que OZ Fox possa voltar o mais rápido possível.

Voltando ao show, Michael Sweet mais uma vez conversa com a plateia, e conta que adora tocar os clássicos da banda, mas que ama também executar faixas dos trabalhos mais recentes, e então na sequência temos “Divider” e “No Rest For The Wicked”. Não falei dele ainda, mas que baterista é Robert Sweet!! Com sua bateria tradicionalmente montada de lado para o público, podemos ver toda a sua performance, e que performance!!! Carismático, cheio de técnica e força, Robert é sem dúvida um dos melhores bateristas do Hard/Heavy e um dos preferidos deste que aqui digita! Simplesmente o cara é a alegria de tocar bateria, em carne e osso! Junto a ele temos Perry Richardson, o ex-baixista do Firehouse, e que há alguns anos substituiu o original Thimothy Gaines, segura magistralmente os graves do Stryper, além de ótimos backing vocals, sorri e distribui palhetas o tempo todo.



“No More Hell To Pay” é anunciada por Michael, como uma das faixas preferidas dele, de toda a discografia do Stryper, e realmente é uma ótima música, que parece ganhar ainda mais peso ao vivo. Seguimos com “More Than A Man”, uma das minhas preferidas e que também faz parte do álbum “To Hell with The Devil”. Excelente como sempre, mas...  cadê as partes do Oz Fox...?? Pois bem... "The Valley” e a pesadíssima “Yahweh” abrem caminho para duas clássicas do “Soldiers Under Command”(1986): “Surrender” e a faixa título, ambas cantadas por todo teatro da AMRIGS, como se não houvesse amanhã.

O Stryper se retira do palco, sobre muitos aplausos e o coro tradicional de “One More Song!!!”. Em poucos instantes, o quarteto volta ao palco para, infelizmente, finalizar o show. As faixas escolhidas foram “Sing-Along Song” e, por óbvio, “To Hell With The Devil”, novamente entoadas por todos presentes. O Stryper agradece, tira a tradicional foto com o público se despede e deixa o palco.



Foi um senhor show, como já citei anteriormente! E aqui uma nota: O pai de Michael e Robert, faleceu na noite do dia 28/07, dois dias antes do show aqui em Porto Alegre. Só quem já passou por isso sabe a dor que é, e os irmãos Sweet com um profissionalismo acima da média, fizeram um show impecável, como se nada tivesse ocorrido. Realmente são músicos e seres humanos muito diferenciados. O Rebel Rock aproveita aqui para deixar as condolências à Michael, Robert e toda a família Sweet. Agradecemos também à produtora Estética Torta pela grandiosa produção, generosidade e parceria!

KORZUS - 24/07/2025 - SESC AVENIDA PAULISTA - SÃO PAULO/SP


 

KORZUS
24/07/2025
SESC AVENIDA PAULISTA
SÃO PAULO/SP

Texto, fotos e vídeos: William Ribas

As últimas 48 horas (pré show) têm sido estranhas — e acredito que para uma grande parcela dos headbangers também. O falecimento de John Michael Osbourne deixou um gosto amargo. É como perder um amigo, um parente próximo. É como ver aquela época que, em algum momento, passou pelas nossas vidas trazendo alegrias, ensinamentos e emoções.

Desde o início da tarde em que vi a notícia, só tenho escutado Ozzy. Seja em CD, seja no streaming — essa tem sido a trilha sonora desses dias de luto por nosso madman.

Estar aqui no Sesc Avenida Paulista trazia dois sentimentos ao mesmo tempo: o amargo e triste da perda de alguém que “esteve” comigo nesses últimos 30 anos em que escuto música pesada, e o “vamos celebrar” tudo o que o mestre nos ensinou. Ver o Korzus celebrando seus 40 anos acabou sendo a primeira música, o primeiro som, que não vinha diretamente de Ozzy nesses dias. E fico feliz que tenha sido assim.

Antes do início do show, o som mecânico tocava Black Sabbath. E, poucos minutos depois das 19h30, ela começou — a música que deu origem a tudo: “Black Sabbath”. No meio da apresentação, Pompeu explicou que, após 25 anos, decidiram mudar a introdução do show justamente para homenagear Ozzy.

Um a um, os integrantes do Korzus foram subindo ao palco. E, nesse momento, deu pra notar que o local estava completamente abarrotado. Marcello Pompeu (vocal), Heros Trench (guitarra), Jean Patton (guitarra), Dick Siebert (baixo) e Rodrigo Oliveira (bateria) chegaram com os dois pés no peito de cada fã ao abrir o show com a maravilhosa “Guilty of Silence”.



O setlist prosseguiu com músicas que passaram por toda a discografia da banda. Digamos que, se o grupo paulistano lançasse um best of dos seus primeiros 40 anos, o que vimos nesta noite representaria 90% desse “álbum”. Faixas como “Raise Your Soul”, “What Are You Looking For”, “Truth”, “Internally” e outras colocaram o Sesc Avenida Paulista literalmente para tremer.

A dupla das seis cordas, Heros e Jean, despejou riffs atrás de riffs. Aliás, a entrada de Jean na banda nitidamente trouxe ainda mais energia — especialmente no palco. O cara é incansável: batendo cabeça, se movimentando, agitando o tempo todo. O comandante pode ser Pompeu, mas Dick e Jean também se encarregam de manter a sinergia entre banda e público sempre lá no alto — QUE TRIO de frente.

“Never Dies”, “Truth”, “Respect” e “Vampiro” foram mais alguns momentos de fúria sonora que não nos deixavam sequer respirar! Os gritos de “Korzus! Korzus!” eram entoados a cada breve intervalo — sim, breve, pois a banda parecia ter um objetivo claro: promover o caos sonoro do começo ao fim.

Gostaria de abrir um parágrafo em particular para Marcello Pompeu. Impressionante como ele tem os fãs “na palma das mãos” do início ao fim. Agitando, pedindo para que o público cante ou berre cada vez mais alto, ou simplesmente conversando com os fãs — mostrando simpatia, respeito e simplicidade. Um verdadeiro frontman. Na minha humilde opinião, um dos últimos “moicanos” daquele amor oitentista, quando “tudo era mato” e bandas como o Korzus foram desbravando cada pedaço do Brasil com muito esforço, suor e atitude.


“Catimba” traz um pouco daquele metal dos anos 90, mais carregado — o lado Pantera do Korzus. A letra, que mistura inglês e português, faz todos baterem cabeça e seguirem o mestre no refrão: “Minha ferida cicatriza com o ódio seu! Minha ferida cicatriza com o ódio seu!” — impossível não repetir, inclusive, estou aqui repetindo mesmo horas depois do show. (risos)

Rodrigo segue sendo um dos melhores bateristas do Brasil. Tenho dó do kit de bateria. O cara simplesmente bate sem dó nem piedade — uma máquina mortífera que mantém a ordem dentro da destruição que o Korzus celebra. O maior exemplo disso veio com “Agony”.

Pompeu avisou que estavam chegando perto do final, então era hora da clássica.

“Guerreiros do Metal” é, pra mim, um dos hinos atemporais do metal nacional. Deveria ser ensinada desde o berço a toda e qualquer pessoa que esteja começando a ouvir música pesada. Afinal, todos os dias... lutamos pelo metal.


O fechamento veio com a caótica “Correria”, e o final foi como o começo — banda e público ensandecidos.

Falando em Back to the Beginning, a banda deixou claro que aquele show era dedicado a Ozzy. No bom lugar onde ele está agora, tenho certeza de que está feliz por ver um de seus filhos detonando e seguindo em frente com o que ele, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward iniciaram há mais de cinco décadas.

O Korzus detonou, lavou a alma e mostrou o motivo de ser considerado um dos grandes pilares do heavy metal brasileiro.

Como diria Pompeu: IS WE!






quarta-feira, 30 de julho de 2025

BRUCE DICKINSON - MORE BALLS DO PICASSO (2025)


 

BRUCE DICKINSON
MORE BALLS TO PICASSO
BMG - Importado

Mexer em material clássico é sempre um terreno espinhoso. Não é incomum os gênios da música revisitarem sua discografia e perceber que algo pode ser melhorado, remixado ou regravado, algo que vem se tornando muito frequente entre grandes nomes do Heavy Metal. Obviamente, os recursos tecnológicos que temos atualmente superam, e muito, o que se podia esperar de um grande trabalho lançado há 30, 40, 50 anos atrás.

A discografia solo da voz do Iron Maiden não chega a ser, digamos, muito extensa. São ao todo, sete trabalhos de estúdio e temos altos e baixos nesses álbuns. Trabalhos fenomenais como “Accident of Birth” (1997) e “The Chemical Wedding” (1998), sendo este o preferido deste redator; trabalhos bons/regulares como “Tattooed Millionaire” (1990) e “Tyranny of Souls” (2005) e os fraquinhos “Skunkworks” (1996) e “The Mandrake Project” (2024). E temos também, o clássico “Balls to Picasso” (1994), aqui revisitado e reimaginado pelo Metal God. Não, o trabalho não foi regravado, nada disso, apenas uma generosa remixagem que deixou o disco com uma roupagem mais moderna e muito, mas muito mais pesada. Tentaremos passar a você, caro leitor, uma leitura de quem realmente aprecia este fabuloso trabalho com pouquíssimas derrapadas. Vamos faixa a faixa:

Cyclops: as guitarras e baixo estão bem mais altos e poderosos. Impressionante como o baixo está grooveado! A faixa continua com aquele levada mais cadenciada, o que combinou e muito com as mudanças. Incontestavelmente, ficou melhor!

Hell No: a faixa menos “reimaginada” que temos aqui. As versões são praticamente idênticas, o que se nota é um cuidadoso processo de remixagem e remasterização. Na dúvida, ouça as duas versões.

Gods of War: Sempre tive ela como faixa favorita do disco, e felizmente, assim como a faixa anterior, não senti ou reconheci mudanças relevantes; o que saltou aos ouvidos foi o vocal de Bruce ainda mais alto, o que obviamente, deixa tudo ainda melhor. Afinal, é de Bruce Dickinson que estamos falando.

1000 Points of Light: a guitarra está bem mais alta. Com o perdão do trocadilho infame, ficou 1000 vezes melhor.

Laughing in the Hiding Bush: sempre achei que essa faixa era deveras superestimada. Mas aqui ela ficou tão poderosa que quase me arrisco a dizer, que ela é sim, a melhor do disco! Tudo aqui ficou encantador. Talvez a mais insana performance de Roy Z com um solo que receberia aplausos qualquer ser humano minimamente bom de ouvido. Soberba!

Change of Heart: acredito que essa seja a faixa que mais diferente de todas. Dá pra sentir aquele clima meio tribal com orquestra em cada batida e nota. Talvez um pouco demais, mas nem de longe, dá pra menosprezar ou dizer que não colou. Passa raspando, mas passa!

Shoot All the Clowns: trocou seis por meia dúzia! Sabe aquela sensação de que houve uma remasterizada caprichada e mais nada. Ela continua sendo a menos inspirada do disco, e isso não será mudado jamais.

Fire: essa sempre foi especial para este redator. Não sei explicar, mas ela me cativou desde a primeira vez que ouvi. O refrão ficou ainda mais poderoso, Roy Z foi incrivelmente original nas linhas de guitarra, deixando um pouco de lado seu perfil latino, e sendo mais melódico do que nunca. Uma das melhores, indiscutivelmente!

Sacred Cowboys: essa faixa é a “Bring Your Daughter... to the Slaughter” da carreira solo de Bruce. Primeiro, por ser a faixa 9, segundo por ter parte das letras faladas ao invés de cantadas. O que falta aqui é apenas o glamour da outra faixa. Tirando a clássica faixa que vem a seguir, é o melhor refrão do disco. Aqui o produtor deu enfeitada desnecessária pra florear aquilo que não precisava. Ficou bom, mas nada acrescenta, poderia ser melhor...

Tears of the Dragon: os primeiros segundos da faixa já irão causar calafrios, do tipo WTF...?!! Mas calma, não é nada de ruim, apenas diferente elevado a milésima potência. Arranjos orquestrais pode ser uma boa para quem gosta, e eu particularmente adoro mas desde que não queiram ser o centro das atenções, e infelizmente, é o que acontece aqui. Algo bem parecido com o que o Guns ‘N Roses fez com a icônica “November Rain”. Mas aqui o buraco é mais embaixo. Se a ideia de Bruce era causar impacto, a proposta foi executada e aprovada com méritos. Ficou melhor ou pior? Difícil dizer, mas eu ainda prefiro a original.

Gods of War (live in studio): é a cara de Bruce lançar faixas ao vivo em estúdio. Aqui, a voz está mais incrível do que nunca, podemos imaginar Bruce tocando ao vivo ela em um pub. Ficou bem diferente das versões anteriores, o que não chega a surpreender, já que aqui é ao vivo e sem firulas.

Shoot All the Clowns (live in studio): se a anterior foi bem diferentona, aqui o negócio ficou mais sério. Tudo soa como uma jam session, a música ficou bem mais longa e nos minutos Bruce disparou uns tradicionais “oooooooo” algo que sempre o acompanhou, em especial, a frente da Donzela de Ferro. Interessante e nada mais.

Que é um material indispensável para os fãs do Metal God, isso é inquestionável, porém “Balls to Picasso” não é o único trabalho que mereça essa versão mais elaborada. Quem sabe mais pra frente, o mestre nos brinde com mais trabalhos desse tipo. Os fãs iriam adorar!

Mauro Antunes




terça-feira, 29 de julho de 2025

REBEL ROCK RESEARCH - TESTAMENT

 


REBEL ROCK RESEARCH - TESTAMENT

Às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma desculpa para revisitar alguma discografia — e o Testament, me deu a desculpa perfeita.
Agora, com a chegada da banda ao Brasil para cinco shows em agosto de 2025, bate aquela vontade de voltar no tempo e ouvir tudo — olhar a discografia completa com outros olhos? Mais atentos, talvez mais generosos. Ou mais exigentes, quem sabe.
Este texto não pretende ser um veredito. É só uma conversa entre fãs — um passeio por cada disco, do menos favorito ao mais emblemático, passando por fases em que o som mudou, a banda arriscou, e os fãs se dividiram. Mas mesmo nos momentos mais tortos, há ali faíscas de genialidade.
Então, antes de vê-los no palco, por que não mergulhar novamente nesses álbuns?

Embarque conosco nessa jornada de quase 40 anos.

Por William Ribas


13º - DEMONIC (1997)


Acredito que é quase unanimidade que “Demonic” seja o “estranho no ninho” na discografia do Testament. O mergulho profundo numa sonoridade mais death metal (nas linhas vocais, sejamos sinceros) acabou por fazer com que os fãs torcessem o nariz. Os vocais guturais de Chuck Billy e o instrumental com afinação mais baixa, assumindo uma atmosfera densa, não funcionam. Teria o grupo inventado o seu próprio “New Metal”? Exemplo: “The Burning Times”, uma faixa de 5 minutos que parece ser eterna graças a barulhinhos irritantes. “Jun-Jun”, em seus momentos rápidos, agrada, mas a banda não colabora, pisando no freio nos momentos em que deveria pisar fundo no acelerador. “John Doe” é estranha — um experimento que falha miseravelmente. A formação é reduzida, com Eric Peterson na guitarra, Gene Hoglan na bateria e Derrick Ramirez no baixo — nitidamente, todos estão perdidos. Faixas como “Demonic Refusal” e “Murky Waters” mostram brutalidade, mas o disco sofre com produção abafada e composições com quase zero inspiração. Um experimento que, embora corajoso, quase sempre está na prateleira apenas para manter a coleção completa.

A melhor coisa a se fazer é sempre pular para o álbum seguinte.


12º - LOW (1994)


Primeiro álbum sem o guitarrista Alex Skolnick, Low marca uma guinada para o groove e para elementos modernos dentro do Testament. Com James Murphy na guitarra solo e John Tempesta na bateria, o som se torna mais encorpado e denso. A faixa-título é um hino. O refrão simples e marcante — acertaram em cheio. “Legions (In Hiding)” e “Dog Faced Gods” flertam com o death metal — brutais. Mas, apesar da força, “Hail Mary”, “Trail of Tears” e “Ride” são pequenos fragmentos de momentos gloriosos. Em suma, Low é a tentativa de um novo rumo que fica à deriva. Experimentos e mais experimentos soltos, sem amarras e, muitas vezes, sem agressividade — “Shades of War”: barulho por barulho, infelizmente. Por sorte, a turnê do álbum deu origem a um dos melhores ao vivo (na minha opinião) já lançados — Live at the Fillmore.


11º - BROTHERHOOD OF THE SNAKE (2016)


Eu não acho “Brotherhood of the Snake” um álbum ruim. Infelizmente, ele é sucessor de um clássico e não manteve a sequência dos seus dois antecessores — muito pelo contrário. O grande problema é soar um pouco repetitivo demais. Chuck e Eric Peterson compuseram quase todo o material sozinhos, o que resultou em uma abordagem mais “fria” e reta, com pouca variação dentro do tracklist. Não me entenda mal: não queria uma volta do modelo “Low” e “Demonic”, mas, pelo time que gravou o álbum, a expectativa é sempre alta. Ouvindo o álbum neste momento, sinto falta de um pouco mais de senso melódico. Obviamente temos ótimos momentos. A faixa-título, “The Pale King” e “Stronghold” são uma trinca de respeito. Gene Hoglan entrega uma precisão gigantesca — “Centuries of Suffering” demonstra todo o poder e a genialidade da dupla Hoglan e Steve DiGiorgio. No final, “Brotherhood of the Snake” é aquele álbum que fica na prateleira intermediária.


10º - TITANS OF CREATION (2020)


Em “Titans of Creation”, Alex Skolnick e Peterson desfilam um entrosamento ímpar. O trabalho por completo é repleto de riffs perfeitos — um disco digno de thrash metal. É como se o Testament olhasse para seu início e falasse: “Vamos um pouco nessa direção!” A abertura com a maravilhosa “Children of the Next Level” e sua sequência, “WWIII”, já mostra que a missão era o caos. “Dream Deceiver” é mais “parada”, mas com um senso melódico nas linhas vocais que gosto bastante. Olhando para o tracklist, o álbum tem uma das melhores sequências de um trabalho dos norte-americanos. As cinco primeiras músicas te jogam para diversos horizontes: agressivo, pesado, denso, melódico e dinâmico. “City of Angels” carrega peso e calmaria na medida certa — Chuck mostra por que é o melhor (e meu favorito) vocalista da Bay Area. O grande “problema” fica pela ordem das músicas, fazendo com que o disco perca impacto. Uma sequência de faixas arrastadas — “Ishtar’s Gate” e “Symptoms” —, quando deveriam ter soltado os cachorros, tira o brilho inicial. Mas, por sorte, temos “The Healers”, “Code of Hammurabi” e “Curse of Osiris”. O que “Titans of Creation” faz é recolocar o Testament nos trilhos da genialidade novamente.


9º - THE FORMATION OF DAMNATION (2008)


Com o retorno de Alex Skolnick após 16 anos sem gravar algo inédito, e Chuck Billy vencendo o câncer, o Testament lança seu primeiro álbum com músicas novas em 9 anos — “The Formation of Damnation” é direto, pesado e técnico — um verdadeiro soco no estômago. A abertura épica com “For the Glory Of...” prepara o terreno para “More Than Meets the Eye”, que já mostra força. Riffs atrás de riffs, vocais furiosos e uma banda em plena forma. Eric Peterson e Skolnick estão afiados, equilibrando agressividade e melodia como poucos. A produção é impecável, com destaque para o baixo de Greg Christian e a bateria precisa e criativa de Paul Bostaph.

O álbum respira thrash metal e peso. A faixa-título, “The Persecuted Won’t Forget”, “Henchmen Ride”, “F.E.A.R.” e “Afterlife” mostram o melhor do Testament — brutalidade, técnica e refrões fortes. “The Evil Has Landed” e “Dangers of the Faithless” descem para momentos mais contidos, mas a energia nunca cai — é um respiro dentro de um tracklist cheio de brutalidade.

“The Formation of Damnation” se mostra coeso, agressivo, empolgante e, após 17 anos do seu lançamento, ainda soa maravilhosamente incrível.


8º - THE RITUAL (1992)


O álbum mais melódico e acessível do Testament. Parece que, de maneira consciente ou inconveniente, existia uma moda onde algumas bandas tentavam surfar na onda do Black Album, do Metallica. “The Ritual” é contido, deixando o peso de lado. Falta punch, mas sobra melodia e bom gosto. Alex Skolnick explora solos mais inspirados no hard rock e jazz. Inclusive, se existe um álbum do Testament que mostra a habilidade ímpar de Skolnick, “The Ritual” é o nome. O solo de “Let Go of My World” é de tirar o chapéu. Chuck Billy entrega vocais limpos e poderosos. “Electric Crown”, “So Many Lies” e a balada “Return to Serenity” são destaques que mostram a versatilidade do vocalista. A faixa-título é introspectiva, sombria e cheia de carga emocional — o épico até então da carreira da banda. Se as guitarras tivessem um pouco mais de peso e fossem presas aos riffs, “Deadline”, “As the Seasons Grey” e “Agony” certamente seriam as queridinhas do álbum. Na época, por ser mais cadenciado e melódico, o trabalho ganhou diversas críticas por parte dos fãs mais extremos. Agora, 33 anos depois, é uma joia perdida dentro da discografia do grupo, mostrando que, mesmo pegando carona na tendência da época, The Ritual é extremamente maduro e mostra que o Testament era mais do que thrash metal.


7º - FIRST STRIKE STILL DEADLY (2001)


“First Strike Still Deadly” é daqueles álbuns que coloco lado a lado com Let There Be Blood, do Exodus, e The Greater of Two Evils, do Anthrax. Trabalhos regravados que deram mais valor ao original — leia-se mais peso e agressividade. As músicas ganharam nova vida com produção moderna, timbres mais encorpados e uma execução de primeira. Chuck Billy entrega uma performance matadora, mesclando os gritos clássicos do thrash com seu gutural característico. Skolnick destrói nos solos, e Tempesta dá nova dimensão nas baquetas.

“Over the Wall”, “Disciples of the Watch”, “The Preacher”, “Burnt Offerings”... tudo aqui soa mais brutal, mais preciso. Os riffs de Eric Peterson estão NA CARA. Mesmo com pequenas alterações, o espírito das originais permanece intacto — só que turbinado. E o final? Zetro Souza em “Alone in the Dark” e “Reign of Terror” é um bônus nostálgico que funciona bem, ainda que... Chuck era e é o cara certo para o Testament.

A verdade é que este disco não tenta substituir os clássicos — ele os celebra com maturidade e técnica, sem nostalgia barata.


6º - SOULS OF BLACK (1990)


Após uma trinca matadora com “The Legacy”, “The New Order” e “Practice What You Preach”, o Testament retornou com Souls of Black — um capítulo intenso de transição, onde a banda pisa no freio da velocidade, mas pisa fundo no peso e no lado sombrio.

Logo após a breve introdução acústica “Beginning of the End”, somos lançados à pancada de “Face in the Sky”, mostrando que o grupo ainda sabia como esmagar crânios. A guitarra de Alex Skolnick está mais melódica, enquanto Eric Peterson mantém os riffs afiados como navalha. Chuck Billy, embora menos agressivo do que nos álbuns anteriores, apresenta uma performance sólida, com timbres que oscilam entre vocais limpos e rasgados. O baixo de Greg Christian ganha destaque, como na abertura da faixa-título. E sim, Louie Clemente não é um monstro da bateria, mas faz o que precisa com precisão e energia. Quando a banda se solta, como em “One Man’s Fate”, alcança o ápice: riffs brutais, linhas imprevisíveis e um clima quase apocalíptico.

Souls of Black é direto, mais curto, sem firulas. Mas ainda há espaço para momentos calmos, como “The Legacy”. Músicas como “Love to Hate”, “Malpractice” e “Seven Days of May” são bons exemplos da versatilidade rítmica e da pegada mais seca e ameaçadora do disco. No final, aqui temos atitude, riffs marcantes e energia genuína jorrando no tracklist.


5º - THE LEGACY (1987)


Todas as vezes que olho para a contracapa de “The Legacy”, me impressiona a quantidade que o primeiro álbum de estúdio do Testament produziu. O mais impressionante é que pelo menos mais da metade do disco é basicamente obrigatória no setlist de seus shows: “Over the Wall”, “The Haunting”, “Burnt Offerings”, “First Strike Is Deadly”, “Alone in the Dark” e “Apocalyptic City”. Falando em obra-prima, temos que adicionar à lista “Do or Die”. Mesmo que não tenha o modus operandi das citadas acima, ela se faz certeira, com um excelente refrão que funciona muito bem ao vivo.

“The Legacy” é curto, pouco menos de 40 minutos de duração, ou seja, não existe muito tempo para respirar. A dupla Alex Skolnick e Eric Peterson, mesmo ainda novatos, já chegou com os dois pés na porta — é cada riff nota 10 que me faz pensar que este álbum merece sempre desfilar ao lado de “Kill ’Em All”, “Bonded by Blood” e “Show No Mercy” como melhor estreia de uma banda de thrash metal na história.

“The Legacy” é amostra crua e gratuita de uma banda que ama o caos e adora ver o circo pegar fogo na pista desde os primórdios.


4º - PRACTICE WHAT YOU PREACH (1989)


“Practice What You Preach” foi o álbum que fez o Testament não só crescer musicalmente, mas também se destacar de vez entre os grandes nomes do estilo. É o trabalho que solidificou o nome do grupo, mostrando que podia ir além da brutalidade e do peso — um equilíbrio entre as fórmulas de “The Legacy” e “The New Order”.

O impacto da linha instrumental na faixa-título, cada instrumento ganhando espaço e explodindo antes de Chuck Billy virar o comandante — principalmente no refrão, chamando todos para gritar — é arrebatador. “Envy Life” tem um groove inesperado, quase dançante, mas sem perder o peso. “Sins of Omission” é outro momento grandioso. Seu lado sombrio, quase dramático, evolui para ataques vindos das guitarras de Skolnick e Peterson — uma avalanche rítmica cheia de mudanças de andamento que pode ser admirada por todos, graças ao belíssimo entrosamento entre os dois guitarristas, Greg Christian e Louie Clemente.“The Ballad” — o nome entrega o que vamos ouvir: intensa, melancólica e poderosa. Como de praxe na época, a calmaria antes da tempestade, mostrando o quanto o Testament sabia construir atmosferas diferentes sem soar forçado. Mais para o fim, “Nightmare (Coming Back to You)” surge cheia de tensão quase sufocante, com riffs sendo jogados na cara do ouvinte. Não sei para vocês, mas sempre que ouço essa música, me traz à lembrança o Anthrax — o jeito “despojado” do instrumental.

São 10 faixas, 46 minutos. Practice What You Preach é daqueles álbuns que não envelhecem. O som da banda evoluindo, “Confusion Fusion”, o final surpreendente — pelo menos pra mim (risos). Mostrando que, 36 anos depois, o resultado continua simplesmente inesquecível.


3º - DARK ROOTS OF EARTH (2012)


Que álbum, senhores e senhoras. 
Q-U-E  Á-L-B-U-M!!!
“Dark Roots of Earth” já podemos classificar como atemporal. Passada pouco mais de uma década, o álbum continua soando destruidor. “Rise Up” continua sendo uma das melhores aberturas de um trabalho de uma banda de thrash metal. Aliás, a faixa segue no setlist da banda.

O que falar da sequência “Native Blood”, faixa-título e “True American Hate”? Essa última, por sinal, vem com a grata missão de destroçar pescoços. “A Day in the Death” carrega consigo a bandeira do Testament do início dos anos 90 (leia-se Souls of Black e The Ritual) — pesada, mas trazendo consigo um ar acessível. “Cold Embrace” é bela: linhas acústicas, emotiva e transparecendo uma certa dor na voz de Chuck Billy.

O que falar da dupla Peterson e Skolnick? Existe algum álbum do Testament que esses dois tenham gravado que tenha falhado em alguma faixa? O timbre que Eric e Alex alcançaram neste disco é maravilhoso — a cada riff é como se levássemos um voleio na fuça. A cada solo despejado, é de tirar lágrimas — QUE DUPLA.

“Man Kills Mankind” é um thrash que encontra o modo sorrateiro dos anos 80, com linhas mais expansivas de The Formation of Damnation. Aliás, The Dark Roots of Earth é a evolução perfeita de seu antecessor. Exemplo? “Throne of Thorns”. Cheia de momentos quebrados, mas agressiva e brutal até o osso, com a cozinha Greg Christian e Gene Hoglan mostrando entrosamento ímpar.
O fechamento do disco vem de maneira apoteótica com “Last Stand for Independence”. “The Dark Roots of Earth” é perfeito do início ao fim — um dos grandes álbuns dos anos 2000.


2º - THE GATHERING (1999)


Dez anos após “Practice What You Preach”, o Testament voltava com um álbum que remetia ao passado glorioso de riffs, destruição e gritos ensandecidos — mas tudo isso só foi possível depois que a banda quase se dissolveu diante dos olhos de todos. A sequência de tropeços na segunda metade dos anos 90, marcada por mudanças de formação, direções confusas e um álbum como “Demonic”, deixava a sensação de que o fim era questão de tempo. Mas, por sorte, uma resposta veio — um ressurgimento! Um míssil, uma verdadeira catarse. “The Gathering” não apenas resgatou o espírito original do Testament, mas mostrou uma banda com sangue nos olhos, pronta para atropelar tudo e todos — e o mais incrível: com mais foco e direção do que nunca. Um trabalho impecável. A música de abertura, “D.N.R. (Do Not Resuscitate)”, já chega esmagando — um rolo compressor, um tanque de guerra. Em seguida, “Down for Life” traz um groove cavalar que remete ao Overkill, e se consolida como uma das músicas de metal mais destruidoras que já ouvi. “Sewn Shut Eyes”, direta, técnica e brutal. “Allegiance” — pesada e pulsante, quase um metal industrial. E um dos grandes destaques do disco, “Legions of the Dead” — riffs frenéticos, com uma pegada épica e incontrolável.

O fechamento é brilhante com a dupla insana: “Fall of Sipledome” (agressiva até o osso) e “Hammer of the Gods” (cadenciada, uma jam session, uma aula rítmica onde o instrumental fala por si próprio).
Este é um daqueles raros álbuns de heavy metal que não tem absolutamente nenhuma falha. O Testament forjou aqui a combinação perfeita entre peso e velocidade. Desde os vocais furiosos de Chuck Billy, passando pela dupla matadora de guitarras entre Eric Peterson e James Murphy, Steve DiGiorgio segurando as pontas no baixo com linhas cheias de groove, fazendo com que o instrumento tenha vida própria. E, claro, o monstruoso Dave Lombardo na bateria — que entrega uma das performances mais violentas e criativas de sua carreira.Tudo aqui transborda energia, precisão, brutalidade e alma.
Não estamos diante apenas de um dos melhores álbuns do Testament — honestamente, um dos grandes discos de metal da história.

Tem peso, tem técnica, tem personalidade, tem agressividade, tem coração e, principalmente...Foi com ele que o Testament deixou de ser apenas mais uma banda da cena da Bay Area e se transformou em uma entidade dentro da cena mundial.


1º - THE NEW ORDER (1988)


Um ano após lançar o magistral “The Legacy”, o Testament voltava à cena com outro álbum — e não era só uma continuação: “The New Order” não apenas solidificou a banda como uma potência da Bay Area, mas também entregava um dos trabalhos mais coesos, furiosos e melódicos do thrash metal mundial.Você pode estar escutando esse disco pela primeira ou pela milésima vez — não importa. “The New Order” arranca sua cabeça todas as vezes.

O tracklist soa como um best of... “Eerie Inhabitants”, “The New Order”, “Trial by Fire”, “Into the Pit”, “Disciples of the Watch”, “The Preacher”... cada faixa é um marco, um grito, um riff impiedoso. É quase desonesto o quanto esses caras acertaram.

Se o seu antecessor é o nascimento violento de uma promessa, “The New Order” é o momento em que essa promessa vira realidade. Não era apenas sorte. Os vocais de Chuck Billy, mais graves e controlados — mas a fúria ainda está ali, agora com mais peso e direção. O brilho técnico de Alex Skolnick sobe de nível neste disco. Os solos são não apenas virtuosos, mas carregados de feeling. A guitarra base de Eric Peterson traz a fundação perfeita para que a dupla brilhe como nunca.E sim, Greg Christian e Louie Clemente são gigantes aqui. Greg encontra espaço, especialmente em músicas como “Trial by Fire”.
A faixa-título tem aquele clima apocalíptico misturado à energia juvenil — e soa hoje tão poderosa quanto em 1988. “Into the Pit” é um convite direto ao mosh pit nos shows. “Disciples of the Watch” une força e melodia em equilíbrio sublime. “The Preacher”... ah, “The Preacher” — um hino! Até os momentos mais suaves têm impacto: “Hypnosis” é um respiro antes de mergulhar novamente na pancadaria — o encerramento com “Musical Death (A Dirge)” é seu jeito elegante de jorrar agressividade em nossos tímpanos.

“The New Order” não é apenas um álbum.
É um eterno convite:

“Join the insanity
Or die as you fall”