sexta-feira, 28 de março de 2025

THE DARKNESS - DREAMS ON TOAST (2025)

 


THE DARKNESS
DREAMS ON TOAST
Canary Dwarf/ Cooking Vinyl - Importado

Quando falamos em THE DARKNESS, é quase impossível não lembrar da música e videoclipe de "I Believe in a Thing Called Love", e seus exageros tanto visuais (um tanto quanto bregas), quanto vocais por parte de seu vocalista Justin Hawkins. Muitos até hoje, insistem em colocar a banda em uma bandeja de ironia e não a levam a sério. No entanto, o grupo é muito mais do que isso. óbvio que os exageros vocais de Justin persistem, mas ao mesmo tempo, a guitarra calcada em Thin Lizzy executada por seu irmão e compositor Dan Hankins, que executa seus riffs e linhas de guitarra que exalam o espírito do Hard Rock. DREAMS ON TOAST, o oitavo álbum de estúdio do grupo, vem para corroborar isso, com músicas festivas e que, se não vão mudar o mundo, garantem bons minutos de diversão.

Os já citados irmãos Hawkins, ao lado de Frank Poullain (baixo e backing vocal) e Rufus Tyger Taylor (bateria e backing vocal) apresentam 10 faixas num trabalho que conta com uma boa produção, que ficou por conta de Dan Hawkins, e traz uma capa "inspirada" no álbum "Bugatti & Musker" do duo The Dukes (créditos ao amigo Felipe Izzard). Músicas descompromissadas, guitarras com uma pegada AC/DC, Rolling Stones e o já citado Thin Lizzy, cozinha entrosada e aquela vocal característico de Justin, nos garantem momentos de boa música e, nuca é demais lembrar, provando que o Rock n' Roll não precisa ser militante e chato como alguns insistem em ser.

"Rock and Roll Party Cowboy" abre o álbum com aquele clima de festa, como o próprio nome entrega. Guitarras em profusão, num clima rocker totalmente The Darkness. Os vocais de Justin começam sussurrados, mas se elevam com o desenvolvido da composição. Os backing vocals, outra marca registrada da banda, seguem ativos, enquanto Dan despeja seus riffs e solos. "I Hate Myself", é aquela faixa cheia de adrenalina, rápida e contagiante. Bateria simples e diretamente e uma veia totalmente AC/DC. Os agudos surgem aqui de forma comedida, mas completamente identificáveis. A country music surge em "Hot on My Tail", num momento descontraído e de bom gosto, mostrando que as fontes de influências do grupo não se restringem a um determinado estilo. Os riffs "acedecianos" ressurgem em "Mortal Dread", com um belo refrão, cortesia de Dan, que além de ótimo guitarrista, já deu inúmeras provas de ser um excelente compositor. "Don't Need Sunshine" é uma semi-balada que pouco acrescenta ao trabalho, ainda que possua uma bela melodia. 

Aquele clima de "cabaré americano" surge em "The Longest Kiss", um momento que mostra a versatilidade dos caras, além de explicitar que não estão nem aí pra definição de som e estilo onde se enquadrar. O negócio do The Darkness é fazer música! E a guitarra de Dan comprova isso no decorrer da faixa. Baixo e bateria conduzem "The Battle of Gadget Land", num ótimo momento rock n' roll do álbum. Já aquele clima country n' roll volta a surgir em "Cold Hearted Woman", contratando com a adrenalida de "Walking Through Fire". O encerramento vem com "Weekend in Rome", uma "música" que, acredito eu, é uma brincadeira/piada/homenagem dos músicos à capitam italiana.

Existem discos que entram pra história. Existem discos que passam despercebidos. Mas existem discos que servem para nos divertir e fazer com que, por alguns minutos, esqueçamos dos problemas e nos liguem ao universo musical. Com a mais absoluta certeza, DREAMS ON TOAST não está na primeira, nem na segunda opção. No entanto, como praticamente, todo álbum do THE DARKNESS, ele está entre aqueles que nos garante bons momentos de diversão. Enjoy it!

Sergiomar Menezes




LACUNA COIL - SLEEPLESS EMPIRE (2025)

 


LACUNA COIL
SLEEPLESS EMPIRE
Century Media - Importado

Três anos após a ideia pouco perspicaz de regravar o excelente "Comalies", lançado em 2002 com o título de "Comalies XX", os italianos do LACUNA COIL se redimem de forma considerável com SLEEPLESS EMPIRE, décimo álbum do grupo capitaneado pela bela Cristina Scabbia e por Andrea Ferro. Consagrada pela sua sonoridade gothic metal, a banda tem muito mais a oferecer, pois traz consigo elementos do metal mais moderno e alternativo, apresentando um som original, o que para muitos acaba sendo um fato negativo, enquanto para tantos outros, se torna um atrativo a mais. Marcado pelos duetos vocais de Cristina e, com suas guitarras distorcidas, baixos potentes, o álbum se destaca também pela parte instrumental, trazendo elementos eletrônicos.

Os já citados Cristina Scabia e Andrea Ferro, juntamente com Marco Coti Zelati (baixo/guitarra e teclados), Daniele Salomone (guitarra) e Richard Meiz (bateria) conseguiram manter sua sonoridade que vem estabelecida desde "Dark Adrenaline" (2012). A partir deste álbum, a banda assume um som mais cru e direto em comparação aos clássicos "Comalies" (2002) e "Karmacode" (2006). Por outro lado, Cristina, cada vez mais maravilhosa, alcança tons mais agudos na voz e, como prova da busca por um som mais "pesado", temos uma maior presença vocal de Andrea, que, aliás, nos últimos álbuns começou a usar mais vocais guturais. Dessa forma, temos um álbum mais pesado, em que a intensidade praticamente não diminui, com músicas cheias densas, sombrias e que moldam a atmosfera intensa do trabalho.

"The Siege" abre o álbum e é uma uma música pesada, que nos apresenta um clima denso e de desespero, na qual se destacam os duetos vocais de Andrea, que recorre aos guturais, e Cristina, que, como já mencionado, atinge tons mais agudos de sua voz. O baixista Marco também se destaca, com uma base sólida, acompanhado de Richard Meiz na bateria. "Oxygen" dá continuidade, começando com sons eletrônicos, guitarras e baixos crus que lembram o metal mais moderno, tendo os vocais guturais de Andrea e a voz "suave e forte" de Cristina ao fundo. Momentos mais melódicos de guitarra, vocais de Andrea e um momento mais relaxado caracterizado pelos vocais de Cristina fizeram com que ela fosse escolhida como faixa de divulgação. "Scarecrow" , outra música que começa com sons eletrônicos e a voz de Andrea, embora nesta música, Cristina ganhe maior destaque, transmitindo angústia e desespero. Uma pegada mais moderna, onde o baixo e as atmosferas geradas pelas guitarras se destacam novamente. Já "Gravity", começa de forma original, com corais em italiano, seguidos de uma fórmula semelhante à das músicas anteriores: vocais potentes de Andrea, atmosferas sombrias e modernas e um refrão contagiante, no qual a voz de Cristina assume o comando. "I Wish You Were Dead", é uma faixa mais suave que as anteriores, que começa com o refrão cantado por Cristina, com bases eletrônicas ao fundo.

Com participação especial de Randy Blythe (Lamb of God), a faixa "Hosting the Shadow", começa com uma melodia interpretada pela voz de Cristina e mais bases eletrônicas, com uma melodia que vem acompanhada pelas guitarras. A música depois se torna mais agressiva, provando que a proposta do grupo é inovar a cada composição. "In Nomine Patris" começa com teclados seguida por sons modernos de guitarra que mais uma vez criam uma atmosfera sombria. Cristina assume os vocais principais, alternando com os guturais de Andrea. A faixa título, por sua vez, possui um clima pesado, mas não empolga, ainda que carrega doses generosas de peso e densidade. De outra forma, "Sleep Paralysis" tem forte presença de elementos eletrônicos e um ritmo lento, trazendo alguns toques orientais, o que a torna uma música interessante e original. Destaque para a performance de Cristina. Contando com a participação de Ash Costello (New Years Day) e não acrescenta muito, enquanto o final com a intensa "Never Dawn", traz agressividade e por isso, Andrea acaba se destacando mais.

SLEEPLESS EMPIRE é um álbum que, do começo ao fim, mantém sua agressividade, tensão e densidade sombria. O LACUNA COIL sempre se caracterizou pela interação vocal entre Cristina e Andrea, e aqui encontramos uma maior participação do vocalista que investiu de vez nos vocais guturais. Embora seja um bom álbum, o trabalho dificilmente irá angariar novos fãs, mas com certeza, manterá a base atual firme e forte, pois traz consigo tudo aquilo que os admiradores de Cristina e cia apreciam nos trabalhos do grupo.

Sergiomar Menezes




quinta-feira, 27 de março de 2025

ARCH ENEMY - BLOOD DYNASTY (2025)

 


ARCH ENEMY
BLOOD DYNASTY
Vahall Music/Century Media - Nacional

No início dos anos 2000, o Arch Enemy abalou estruturas ao colocar Angela Gossow no lugar de Johan Liiva. Os três primeiros álbuns com a alemã nos vocais estabeleceram uma base sólida e um pilar extremamente forte para os anos – ou décadas – seguintes. Não que os sucessores de “Wages of Sin” (2001), “Anthems of Rebellion” (2003) e “Doomsday Machine” (2005) estejam abaixo desse nível, muito pelo contrário, mas o sucesso e o nome da banda já estavam fincados no heavy metal.

Desde que assumiu os vocais em 2014, Alissa White-Gluz se consolidou como uma das vocalistas mais marcantes do metal moderno, trazendo não apenas sua potência nos guturais, mas também um equilíbrio com vocais limpos estrategicamente inseridos. Em Blood Dynasty, sua performance demonstra um amadurecimento ainda maior, transitando entre agressividade e melodia com naturalidade.

O quarto trabalho de estúdio com Alissa no comando segue uma linha evolutiva, mostrando a vocalista cada vez mais à vontade e impondo suas habilidades de forma mais expressiva, o que abre novas possibilidades para o som do Arch Enemy crescer e explorar novas direções. Um fator adicional também pode ter feito diferença nas novas composições: o disco marca a estreia do guitarrista Joey Concepcion, que adiciona uma nova camada à potente dinâmica instrumental liderada por Michael Amott.

"Dream Stealer" segue a velha cartilha: uma rápida introdução e uma “bicuda” na orelha com um urro infernal. A faixa entrega uma fusão poderosa entre death e thrash metal, repleta de variações rítmicas e camadas vocais, funcionando como um excelente cartão de visitas para o que está por vir. "Illuminate the Path" chega de maneira mais “contida”, diminuindo a velocidade, mas sem perder o peso. É, possivelmente, aquela faixa que fará o público pular nos shows – o refrão, parcialmente cantado com voz limpa, é cativante e irresistível.

Uma das minhas favoritas é "March of the Miscreants", que me fez viajar no tempo. Esta é a faixa que mais remete ao velho Arch Enemy, com uma forte presença do “metal da morte”, guturais raivosos e riffs que comandam o bate-cabeça. "A Million Suns" se desenvolve sobre uma base instrumental mais solta, leve e até “alegre” – um exemplo perfeito do melhor que o death metal melódico pode oferecer.

"Don't Look Down" mantém o clima pesado característico da banda, mas encaixa elementos novos aqui e ali, mantendo a evolução constante do som do Arch Enemy. A música lembra um pouco "Handshake with Hell", do álbum “Deceivers” (2022). Já a faixa que mais me despertou curiosidade pelo título foi "Vivre Libre". O que esperar? Peso e agressividade ou uma balada? Pois bem, a terceira opção foi a escolhida. Lenta, climática, com instrumental pesado apenas no refrão e carregada de sentimento, a música segue um caminho totalmente diferente de "Reason to Believe". Aqui, Alissa canta quase 100% com a voz limpa, utilizando apenas algumas incursões de drive e gritos.

"Blood Dynasty" volta a decolar com "The Pendulum", onde a cozinha formada por Sharlee D'Angelo (baixo) e Daniel Erlandsson (bateria) brilha, destacando-se pelo groove e pela precisão. Vale ressaltar que eles não são músicos que tentam impressionar com malabarismos técnicos, mas sim jogadores de equipe, sempre certeiros no que fazem. Outro ponto digno de nota é como o álbum transita por incursões do death metal tradicional e melódico, mesclando-se ao thrash habitual da banda, mas sem deixar de lado pitadas da New Wave of British Heavy Metal. Seja nos riffs cavalgados ou nos solos repletos de feeling, de alguma maneira sempre há um pouco de Judas Priest, Iron Maiden e seus contemporâneos.

O encerramento fica por conta de "Liars & Thieves", que amarra o disco de forma impactante, coroando a jornada construída ao longo das 10 faixas anteriores.

Seria repetitivo afirmar que “Blood Dynasty” é o melhor álbum do Arch Enemy com Alissa White-Gluz nos vocais. A cada novo lançamento, essa impressão se repete, pois a banda sempre entrega algo novo e surpreendente sem se prender ao passado. Mas, sendo sincero, o que nunca muda é a mente criativa e a palhetada digna de aplausos de Michael Amott.

O Arch Enemy mais uma vez se firma entre os gigantes do metal mundial.

Sim! De novo, de novo e de novo...

William Ribas




GRAVE DIGGER - BONE COLLECTOR (2025)

 


GRAVE DIGGER
BONE COLLECTOR
RPM/ROAR - Importado

A instituição do metal alemão chamada GRAVE DIGGER parece ser incansável. Completando 45 anos de carreira (se desconsiderarmos o hiato entre os anos de 1987 - 1991), o grupo chega ao seu 22º trabalho de estúdio e mostra que ainda tem o Heavy Metal correndo nas veias. Obviamente que não podemos (e nem devemos) esperar mudanças na sonoridade da banda, no seu estilo de composição ou seja lá o que for. A verdade é que BONE COLLECTOR é um álbum repleto de peso, pegada e envolta naquela atmosfera típica do quarteto: heavy metal com momentos mais épicos e sem nenhum tipo de acomodação ou incorporação de elementos estranhos à sua personalidade.

Chris Boltendahl (vocal), Tobias Kersting (guitarra), Jens Becker (baixo) e Markus Kniep (teclados, bateria), chegam mais uma vez revigorados, apresentando músicas fortes e de acordo com aquilo que sempre permeou a carreira da banda: guitarras intensas, baixo e bateria por vezes simples, por vezes mais estruturados, e os vocais mais do que característicos de Boltendahl, uma verdadeira marca registrada da banda. No entanto, temos mais uma modificação no line up, com a entrada de Tobias "Tobi" Kersting no lugar de Axel Ritt, que ficou 14 anos na banda. Mas isso não interferiu, acredito até, que injetou uma dose extra de vitalidade ao grupo, que parece ter renovado suas forças e nos apresenta um trabalho melhor e mais encorpado do que o já muito bom "Symbol of Eternity" de 2022.

A faixa título abre o álbum em grande estilo. Rápida, com riffs que beberam (e que também criaram) do metal germânico, a composição traz aquela pegada característica do Grave Digger, qual seja, ríspida, ao mesmo tempo imponente e bastante pesada. Um início bem escolhido, pois logo na sequência, "The Rich The Poor The Dying", traz a guitarra do estreante "Tobi" em perfeita carga de peso e intensidade. Outro momento bem rápido e calcado naquilo que o grupo faz como poucos: músicas diretas e mortais! "Kingdom of Skulls", por sua vez, começa com um clima soturno, dando destaque para a dupla Jens Becker/Markus Kniep (baixo e bateria, respectivamente), despejando peso ao longo dos quase 4min da composição. Já "The Devils Serenade" tem uma levada Hard/Heavy, que todo disco do Grave Digger possui. Os riffs mortais e típicos voltam com tudo em "Killing is my Pleasure", outro momento em que "Tobi" se destaca.

"Mirror of Hate" é uma faixa que, se antes falamos sobre o Hard/Heavy do grupo, aqui os contornos ganham maiores linhas, pois apesar dos momentos mais introspectivos da composição, o peso das guitarras e o andamento mais marcado acabam dando a direção. "Riders of Doom" é puro metal oitentista, ainda que adaptado ao momento atual. Peso e cadência, como o Judas Priest ensinou ao mundo a maneira certa de se fazer. Por outro lado, "Made of Madness" é um momento mais suave, melódico e até mesmo "bonito" dentro do trabalho... quer dizer, apenas em seu início! A porradaria come solta, com os vocais de Boltendahl, alternando alguns momentos mais "limpos", sendo um dos destaques do álbum! "Graveyard Kings" é outro momento Hard/Heavy, enquanto "Forever Evil & Buried Alive" resgata o peso e velocidade de forma bem eficaz. O encerramento vem com "Whispers of the Damned", uma espécie de balada, se é que podemos chamá-la assim...

BONE COLLECTOR não está entre os melhores álbuns do GRAVE DIGGER. No entanto, é digno de figuras entre aqueles que mantém viva a chama do metal germânico nos dias de hoje. Sendo fiel às suas raízes, o grupo mostra que continua relevante num cenário que parece ter esquecido de como o heavy metal deve soar. Com certeza, eles não esqueceram!

Sergiomar Menezes




quarta-feira, 26 de março de 2025

WARFIELD - WITH THE OLD BREED (2025)

 


WARFIELD
WITH THE OLD BREED
Napalm Records - Importado

Estava ansioso pelo novo álbum do trio alemão Warfield. O grupo, formado pelos irmãos Johannes Clemens (vocal, baixo) e Matthias Clemens (guitarra), junto com o baterista Dominik Marx, lançou em 2018 o maravilhoso Wrecking Command, trabalho que os levou a dividir palcos com nomes como Tankard, Evil Invaders e Exodus.

Agora, após longos sete anos, eles retornam com “With The Old Breed”, um álbum que apresenta um retrato cru e emocional de guerras sociais, históricas e internas, expressando críticas afiadas às realidades da vida. O disco é ríspido, uma sequência de golpes impiedosos do mais puro thrash germânico, prestando homenagem aos gigantes Kreator, Destruction e, principalmente, Sodom.

A abertura já chega como um voleio na fuça: “Melting Mass”. Os riffs iniciais trazem uma leve lembrança de Metal Militia, do Metallica, e não há forma melhor de iniciar um álbum de thrash metal do que com riffs brutais e um belo grito rasgado - "Abra os olhos e seja banhado por falsidade".

A sequência é ainda mais cruel com os nossos pescoços. “Appetitive Aggression”, “Soul Conqueror” e “Tie the Rope” formam uma trinca avassaladora que não deixa pedra sobre pedra. A velocidade impera, as batidas são violentas, os graves pulsantes – não há espaço para descanso.

"Como a guerra é um jogo de azar entre a vida e a morte, vivo no limite
A adrenalina da batalha me leva a uma viagem, meu vício diário
O prazer insano de matar dorme dentro de mim, sou um perigo encarnado para minha tropa
Minha sede interna por guerra vem à luz do dia, mas eu não dou a mínima."

O trecho acima pertence à poderosa “Fragmentado", uma faixa que me faz fechar os olhos e imaginar que essas palavras poderiam muito bem ter saído da mente de Jeff Hanneman, Tom Araya e companhia - puro Slayer, meus amigos. O Warfield não brinca em serviço e está determinado a recuperar o tempo "sumido". “Inhibition Atrophy” e “Dogs For Defense” formam uma dupla implacável, cheia de agressividade e aniquilação gratuita. Já “Gasp” marca o momento de desaceleração. A música é mais arrastada, trazendo um ar denso — um leve respiro instrumental para uma letra insana:

"A perdição sobe – névoa crescente
Parede rastejante – praga fluindo
Máscaras esqueléticas contam a história
O vento entrega a lei química

Gritos de 'gás' – a fumaça preenche a trincheira
Arrastando-se para dentro da presa ofegante
A guerra psicológica fode as mentes
Asfixiados, afogados em um mar verde."

O ponto alto do disco está nos riffs. Não há um único deslize ao longo das faixas, e a vontade de banguear é constante. “With The Old Breed” é um álbum feito de fã para fã, e fica nítido o sangue e o suor derramados nessas 11 faixas. O encerramento é apoteótico: a faixa-título retorna com o caos, repleta de bumbo duplo e uma velocidade descomunal, mas com quebras de tempo bem encaixadas, tornando-a perfeita para os palcos. O ponto final do tracklist vem com um cover de “F# (Wake Up)”, do Nuclear Assault.

Em “With The Old Breed”, o Warfield não deixa nada pela metade. Homenageia seus ídolos com maestria, ao mesmo tempo em que acende um alerta para a nova geração que está surgindo no velho continente.

Ouça e ganhe um bom e pesado torcicolo.
Thrash til' Death!

William Ribas