quarta-feira, 31 de maio de 2023

DIETH - TO HELL AND BACK (2023)

 

DIETH - TO HELL AND BACK (2023)
Shinigami Records/Napalm Records - Nacional

Acredito que todos sabem os motivos que levaram à saída de David Ellefson do Megadeth, e sinceramente, cada um tem a sua opinião e o que importa aqui é a música, certo?. Desde que Dave Mustaine o demitiu, temos visto o baixista flutuando em alguns projetos, participações e se mostrando totalmente livre para novos desafios, pois bem, chegou o DIETH.

Formado por  Ellefson, Guilherme Miranda (ex-Entombed A.D.) e Michał Łysejko (ex-Decapitated), o trio faz um Death Metal que não se prende as amarras do estilo, aliás, por muitas das vezes “To Hell And Back” viaja para diversos horizontes tornando a audição inesperada e gratificante. A produção é moderna e excepcional, deixando na “na cara” os movimentos brutos, técnicos e belos do álbum, criando assim de imediato uma identidade musical — Um passe “aventureiro” em direção ao seu próprio estilo, podendo se dar ao luxo de tirar rótulos e subgêneros.

O início calmo, com melodia cativante da faixa título, logo é esquecida e ganha peso na trinca “Don't Get Mad ... Get Even!”, “Wicked Disdain” e “Free Us All” com a banda pisando no acelerador e mostrando que estão a fim de criar um legado perante aos fãs. Em “Heavy Is The Crown”, o trio encarna um Corrosion of Conformity “do mal”, carregando um som lento, groovado e explorando o peso do Death Metal nas linhas vocais de Guilherme, desenvolvendo uma mistura grandiosa.

A faixa seguinte é lindamente dolorida “Walk With Me Forever”, uma balada obscura que tem Ellefson como “ator” principal cantando sobre sua perda pessoal. A dupla explosiva “Dead Inside” e “The Mark of Cain” trazem novamente o lado pesado, com destaque para Michał Łysejko onde o kit de bateria adquire vida própria nas mãos e pés do “homi”, ambas são dignas de deixar qualquer sujeito jogado na sarjeta esperando pelo resgate.

O disco é construído muito mais por peso do que por complexidade, e o melhor exemplo está na penúltima faixa “In The Hall Of The Hanging Serpents”, com seus riffs soltos, mas cheio de distorção com um aspecto ríspido e ácido. O fechamento glorioso vem com “Severance” um “devaneio” artístico perfeito que te transporta para o início dessa jornada.

“To Hell And Back” é um renascimento para Ellefson, Guilherme e Michał, onde torço que não passe de um supergrupo de um único disco. A potência sonora e criativa do Dieth merecem longevidade.

William Ribas




terça-feira, 30 de maio de 2023

ELEGANT WEAPONS - HORNS FOR A HALO (2023)

 

ELEGANT WEAPONS - HORNS FOR A HALO (2023)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

O Elegant Weapons é mais um novo supergrupo com cara de projeto. A banda é formada por Richie Faulkner (guitarra - Judas Priest), Ronnie Romero (vocal – Rainbow, Sunstorm, Lords of Black), Dave Rimmer (baixo - Uriah Heep) e Christopher Williams (bateria -Accept). Embora estes dois últimos estejam com seus nomes nos créditos do álbum, o mesmo foi gravado por Rex Brown (baixo – Pantera) e Scott Travis (bateria – Judas Priest). Enfim, um timaço de respeito.

O que é apresentado em “Horns and Halos”, é um Heavy Metal tradicional, poderoso e muito bem produzido por Andy Sneap (mais um da família Priest). A abertura do álbum mostra um excelente riff de Richie, na música “Dead Man Walkin”, o que se repete durante todo o álbum. Nota-se claramente que Richie, se por um lado mostra-se mais livre para criar e compor, por outro não abandona a influência de sua banda principal.

“Blind Leading The Blind”, o primeiro single do trabalho, tem um refrão pegajoso e que fica na memória após a audição, “Ghost of You”, uma faixa mais calma, o que costumo chamar de “semi-balada”, com uma pegada que se aproxima do blues. No lado mais pesado e “bate cabeça”, temos as ótimas “Dirty Pig” e “Downfall Rising”, que nos levam direto a faixas que foram compostas para “Firepower” álbum do Judas Priest de 2018.

Sem querer ser herege, o único “senão” do álbum é “Lights Out” cover do magnífico UFO. É um cover ruim? Não, muito pelo contrário, porém poderiam ter utilizado o “espaço” para outra música autoral. Obviamente, minha opinião.

Enfim, o trabalho de estreia do Elegant Weapons é excelente, e espero que seja uma banda que Richie Faulkner pretenda dar sequência na carreira, e não seja apenas um projeto passageiro. Indispensável para fãs do Priest e de Metal tradicional.

José Henrique Godoy




segunda-feira, 29 de maio de 2023

WINGER - SEVEN (2023)

 

WINGER - SEVEN (2023)
Shinigami Records - Nacional



E o WINGER, uma das melhores bandas da segunda leva do que se costumou chamar de “hair metal” oitentista,  está de volta com “Seven”. Como entrega obviamente o nome, o sétimo álbum da banda. E que álbum monstruoso senhoras e senhores! Com certeza, um dos melhores lançamentos do ano até o momento.

Contando com o retorno em estúdio do guitarrista e tecladista Paul Taylor, a banda conta com a formação original completa desde o lançamento do segundo álbum “In the Heart Of The Young” (1990). O que diferencia e muito o Winger dos seus demais contemporâneos, é a técnica apurada de seus músicos e a classe imponente das suas composições. Kip WInger (baixo e vocal), o virtuoso guitar hero Reb Beach, o monstruoso baterista Rod, o já citado Paul Taylor e o guitarrista John Roth entregam em 12 músicas um Hard Rock que mescla influências que passam pelo pop, o heavy metal e o rock progressivo, de uma forma que essa fusão se apresente heterogênea e espetacular.

A produção do álbum é cristalina e pulsante e convida o ouvinte a aumentar o volume para poder apreciar com total atenção a cada detalhe do trabalho. Destaques? O álbum todo, mas creio que consiga apresentar alguns “highlights” aqui. A abertura com “Proud Desperado”, com um riff pesado e vocal forte e vibrante de Kip dá o tom do álbum. Refrão com “gang vocals”? Temos aqui. “Heavens Falling nos apresenta Reb Beach absoluto, num riff inicial que vem num combo juntamente ao teclado, sem falar no solo, meio melódico/meio ”bluesy”

“Ressurect Me’, totalmente oitentista num clima meio Dokken, “Voodoo Fire” e sua linha funkeada de baixo antecedendo um riff pesado e cadenciado, enquanto “Broken Glass”, uma semi balada, cheia de nuances e atmosferas, com mais um solo fantástico de Beach. A rockeira “Its Okay” incia com talk box, no melhor estilo “Living On a Prayer” do Bon Jovi.

Posso afirmar que todas as faixas não citadas são do mesmo nível, mas não vou citar faixa a faixa, porém quero dar um último destaque aqui para a última música do álbum e creio ser o maior destaque entre tantos que temos no álbum: “It All Comes Back Around”, que foi lançada como single e vídeo. Uma faixa de 7min28s, que começa quieta, quase sussurrante e que vai num crescendo até se tornar explosiva e magnifica. Pense num mix entre Tears For Fears e alguma composição do “Black Album” do Metallica, onde Reb Beach, mais uma vez nos mostra o quão genial ele é. Esta faixa é épica e que com certeza constará nas favoritas dos fãs do Winger.

Enfim, não costumamos dar notas aqui no Rebel Rock, mas se tivéssemos o hábito, eu sem dúvida daria nota 10 para este “Seven”. O Winger passou na prova do tempo, e demonstra com esse novo trabalho que é possível fazer hard rock com autenticidade, qualidade, melodia e categoria, sem tentar repetir os clichês do passado. E o melhor? A gravadora Shinigami Records acaba de lançar o álbum no mercado nacional. Não deixe de conferir.

José Henrique Godoy




quinta-feira, 18 de maio de 2023

COLETIVA DE IMPRENSA - ANDRE MATOS, O MAESTRO DO ROCK - PARTE 2



COLETIVA DE IMPRENSA - ANDRE MATOS, O MAESTRO DO ROCK - PARTE 2
The Metal Bar – São Paulo/SP – 16/05/2023
Texto: Mauro Antunes
Fotos: Anderson Hildebrando

Dia de semana em São Paulo sempre é complicado o deslocamento ainda mais no chamado horário de pico. Marcado para as 19hs, fizemos uma correria para chegar em tempo ao bar localizado no bairro de Pinheiros, Zona Oeste da cidade. Felizmente chegamos a tempo para as apresentações que começaram por volta das 19:35hs através do diretor do documentário Anderson Bellini, o jornalista Thiago Rahal Mauro e o primo de Andre Matos, Eco Moliterno.


Por volta das 19:45hs começou a exibição do filme na íntegra. Foram 2 horas e 15 minutos de duração em que os anos 90 da vida de Andre Matos foram cuidadosamente relatados. Obviamente, os anos 90 abrangem a fase Angra na vida do Maestro, desde quando o embrião do Angra nasceu até o racha no final dos anos 90. Dá pra dizer que o filme iniciou exatamente onde acabou a primeira parte.

Após o final por volta das 22hs, alguns convidados fizeram perguntas ao diretor, que nelas falou sobre o árduo trabalho de edição do material que dispunham, sobre a possibilidade de lançamento de todas as partes do documentário em mídias físicas ou em versão reduzida, sobre pessoas importantes que poderiam dar seus depoimentos e não o fizeram, enfim, assunto não faltou.



Conversando após tudo isso com o diretor Anderson Bellini o questionei sobre a previsão para o lançamento da terceira parte, e ele não nos passou nenhuma data específica.

Fãs do maestro não podem deixar de assistir essa 2ª parte já que sua mais famosa empreitada musical é abordada com detalhes, porém preservaremos aqui os spoilers e recomendamos amplamente que reservem duas horas de seu tempo em breve, faça uma pipoca, compre uma cerveja e assista porque vale a pena.

Agradecemos a Milena Gonzales e Anderson Bellini pelo convite e credenciamento para a cobertura deste importante evento.

Mauro Antunes






quarta-feira, 17 de maio de 2023

IMMORTAL - WAR AGAINST ALL (2023)


IMMORTAL - WAR AGAINST ALL (2023)
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Difícil resenhar um álbum novo de uma banda que tanto amamos! As tretas internas pelo nome do Immortal apenas atrapalharam, mas felizmente não foram tão determinantes quanto possam parecer e quase 5 anos após o fantástico “Northern Chaos Gods” (2018) chega a vez de seu sucessor, o aguardado “War Against All” ganhar os holofotes.

Podemos dizer que hoje o Immortal é uma banda de um homem só: Harald Nævdal, mais conhecido como Demonaz, o homem por trás da maioria das letras e composições do Immortal, mesmo enquanto esteve afastado do lineup principal, manteve-se como a veia mais criativa da banda dividindo os créditos com Abbath como compositor principal. Hoje mesmo sem Abbath, temos a certeza de que o Immortal permanecerá vivo por mais muito tempo. Uma pena que o intervalo de lançamento entre seus tempos está muito grande. Nos últimos 20 anos, apenas 3 discos, incluindo este. Então, nos resta aproveitar cada nova faixa e reouvir os trabalhos anteriores.

“War Against All” é um tributo ao Metal de forma geral em seus 38 minutos de duração. A desgraceira começa com a faixa título já lançada há algum tempo, sendo essa a mais rápida e violenta do trabalho seguida pela também rápida ‘Thunders of Darkness”, que chama a atenção pela levada de bateria, muito similar àquela que o ex baterista Horgh praticava, percebe-se que Demonaz escolheu Kevin Kvåle a dedo para o posto, o que deu muito certo.

“Wargod” também já foi lançada anteriormente e vem numa linha mais melódica que pode remeter ao projeto “I” capitaneado pelo ex frontman Abbath que mesmo estando de longe, sua aura parece presente em tudo o que o Immortal faz.

“No Sun” é uma das mais pesadas do disco, com uma diversidade de riffs que beira a insanidade. Outro destaque absoluto vai para “Return to Cold” que vai agradar em cheio os fãs do projeto “I” (de novo!) mesclando o Heavy Metal puro e simples com o Thrash Metal, sendo esta uma das duas melhores do trabalho. Soberba!

A mais surpreendente atende pelo esquisito nome “Nordlandihr”, uma faixa instrumental de mais de 7 minutos que consegue ter aquela aura estilo “Orion” ou “The Call of Ktulu” (sim, caro leitor você não leu errado!), algo ao meu ver, inédito na carreira do Immortal; essa com certeza irá te surpreender. Se eu pudesse fazer minha primeira audição novamente, começaria por ela, porque realmente é algo diferente de tudo o que o Immortal já fez.

Ah, e após 10 álbuns de estúdio, é lançada uma faixa título denominada simplesmente “Immortal” que segue a linha de “No Sun” com uma levada Thrash Metal, sendo também uma das mais violentas do disco. E por último, a melhor de todas com o lindo título “Blashyrkh My Throne” que faz muitíssimo bem o papel de fechar com chave de ouro o trabalho, uma das marcas registradas do Immortal. Uma intro a la Iron Maiden seguida de muita melodia e que descamba num Death/Black Metal bem elaborado e arranjado. Cheiro de novo clássico!

Na humilde opinião deste redator, o Immortal é uma banda única, não há nenhuma outra banda neste planeta que se pareça com eles (ou ele, no caso Demonaz): não são sinfônicos como Dimmu Boirgir e Cradle of Filth por exemplo, nem fazem trabalhos mal gravados ou mal produzidos como Darkthrone e Mayhem por exemplo, sua música nem sempre é veloz, buscar melodias pesadas e densas é o seu mantra, mantendo o visual de uma banda Black, os tornam um show a parte. Talvez o Bathory seja quem mais se aproxime pelo conjunto de sua obra. Não vejo a hora de ter minha cópia física em mãos, porque vou furar ela com certeza. A partir de 26 de maio de 2023, ouça bem alto! Eu o farei muitas vezes...

Mauro Antunes




segunda-feira, 15 de maio de 2023

BOOBY TRAP - THE END OF TIME (2023)

 

BOOBY TRAP - THE END OF TIME (2023)
Firecum Records - Internacional

Formada em 1993, a banda portuguesa Booby Trap teve um início de idas e vindas até se estabelecerem de vez em 2012. De lá para cá, o grupo está chegando à marca de 6 álbuns lançados, um número bastante expressivo mostrando que ou estão na estrada, ou estão criando músicas em estúdio.

“End of the Time”, a mais nova empreitada, mostra uma banda que aposta na diversidade musical, colocando um trabalho inquieto, rápido e com boa dose de groove. Digamos que trazem bons momentos de bandas como Anthrax, Suicidal Tendencies, Infectious Grooves, Primus e Biohazard, com essas referências, o Booby Trap merece uma chance, amigo leitor.

Vamos às músicas.

A fórmula é conhecida e não tem erros ou segredos: guitarras ácidas e rápidas, batidas técnicas, baixo pulsante e o vocal “falador”, encorpado sem tantos gritos. O disco contém 13 faixas muito bem distribuídas ao longo do tracklist fazendo com que o trabalho não tenha quedas na audição, um trabalho consciente em deixar o ouvinte sempre ligado e curioso para o que vem depois.

A banda costumeiramente tem um “vicio” em começar as músicas com a linha de baixo estrelando no alto-falante para depois entrar o restante dos instrumentos. É errado? Não, mas acaba sendo um pecado ter “regra” num grupo tão livre.

Um conselho: Deixem essa mania para o Steve Harris, ok?

Por diversas vezes, o meio das músicas viraram 'jam sessions', experimentando, viajando e voltando para agressividade de forma espontânea, mostrando quão bons e versáteis podem ser sem tirar o feeling. As faixas “Ready to Die”, “Infektion”, “Dark as the Night”, “Sick, Six, Six” e “Spank Me” são as cerejas criativas de um trabalho consistente, prazeroso e saudoso.

William Ribas




SUICIDAL ANGELS - SANCTIFY THE DARKNESS (2009/2023)

 

SUICIDAL ANGELS - SANCTIFY THE DARKNESS (2009/2023) - RELANÇAMENTO
Shinigami Records - Nacional

Lançado há 14 anos, “Sanctify the Darkness” fez o nome do Suicidal Angels subir diversos degraus no underground. De lá para cá, os gregos viraram realidade com uma discografia irreparável.

O trabalho foi tão estrondoso que as cópias sumiram, viraram moscas-brancas. Quem tem, não se desfaz, e quem não tem, quer a todo custo. Mas, quando os riffs são infernais, o mundo merece reviver o caos e, aproveitando a grande repercussão do show do grupo, no Setembro Negro, do ano passado, a Shinigami Records acaba de relançar o disco no mercado, trazendo alegria aos lares thrashers desse Brasil.

Cada nota tocada é uma rasteira nos puristas, é o êxtase para quem nasceu pro moshpit. As letras têm como temas a morte, o ódio, atacam igrejas, padres, religiões e destruição do mundo, ou seja, literalmente bebendo da mesma cerveja do Slayer, Sepultura (antigo), Kreator e Sodom. Não, em “Sanctify the Darkness”, você não verá nada novo, ou a reinvenção da roda, mas isso pouco importa, pois tudo é elaborado com extrema propriedade, que surpresas não são necessárias.

A agressividade jorrada em cada uma das 11 faixas é algo surreal, os ouvidos são jogados em meio a uma manada de elefantes putos se gladiando por 38 minutos, sem qualquer tipo de descanso. O instrumental é seco, direto e crú, transparecendo o sangue nos olhos que estavam no estúdio, como se suas vidas dependessem daquilo.

Poucos álbuns soam tão brutais nessas últimas décadas, mas “Sanctify the Darkness” é uma das exceções, podendo se gabar de ser uma espécie de bisneto bastardo furioso de “Reign in Blood”. Pegue as faixas: “Bloodthirsty”, “Inquisition”, “... Lies” e “No More Than Illusion” e veja se a vontade de destruir tudo não percorre suas entranhas tamanho o peso descomunal.

As viscerais “Atheist”, “Apokathilosis”, “Beyond the Laws of Church” e “Dark Abyss (Your Fate is Colored Black)” são cruéis e ríspidas, a velocidade e riffs característicos fazem ode ao thrash americano e alemão. O fechamento com “Child Molester” tem a banda pisando de vez no acelerador transbordando guitarras corrosivas como último ato.

Nossos heróis estão nos deixando órfãos, mas, por sorte, a terra é habitada por nomes como Suicidal Angels, que se reciclam no estilo.

William Ribas




sexta-feira, 12 de maio de 2023

LORDI - SCREEM WRITERS GUILD (2023)


LORDI - SCREEM WRITERS GUILD (2023)
Shinigami Records/Atomic Fire - Nacional

Os dias se passaram, o sucesso não veio. As “máscaras caíram”, mas, o LORDI se manteve firme, o som e a imagem” horripilante” ficaram intactos, fazendo a felicidades de alguns e assustando outros tantos. No ano passado, o grupo lançou um box com 7 álbuns inéditos, e, quase 1 ano depois, aqui estão eles novamente — Um novo ciclo, uma nova história de terror e mostrando quão “workaholic” e arrepiantes eles são.

Screem Writers Guild”, saiu há alguns meses, com seu título tirado de uma associação de roteiristas de Hollywood em atividade entre as décadas de 1920 e 1950. O disco não segue algum roteiro, não existem histórias interligadas, apenas terror, sangue e bizarrices em suas letras despojadamente, uma banda que sabe muito bem pegar o Hard Rock dos anos 80, o Pop e criar algo divertido, dançante e alegremente doentio.

O início sinistro e bombástico com “Dead Again Jayne” dá o ponta inicial num tracklist consciente com diversas nuances pesadas, outras arrastadas e cheias de suspense acessível, ainda mais com os backing vocals cheios de harmonia e charme, exemplo: “Unliving Picture Show”, “Thing in the Cage” e “In the Castle of Dracoolove”. O bom é que não para por aí, pois temos “Vampyro Fang Club”, “Lucyfer Prime Evil” e “Lycantropical Island” para te fazer berrar, aliás, somente Deus, Satã, e Mr. Lordi sabe como fazem para criar tanto refrão chiclete e tudo com maestria, é incrível!

Aliado a tudo isso temos as baladas. Sim, aquele momento “fofo” ou quebra corações dependendo do ponto de vista. Aqui temos duas maravilhas: “The Bride” traz voz, piano e um jeitão acústico MTV. Já “End Credits”, é uma daquelas músicas que crescem à medida que os minutos vão se passando, da calmaria até o fechamento apoteótico.

Não existem notas, estrelinhas ou mãozinhas, mas, “Screem Writers Guild”, é muito mais do que posso dissertar. Com o perdão da palavra, mas que DISCÃO DA P****!

William Ribas




quinta-feira, 11 de maio de 2023

THE 69 EYES - DEATH OF DARKNESS (2023)

 


THE 69 EYES - DEATH OF DARKNESS (2023)
Shinigami Records/Atomic Fire Records

E os "Vampiros de Helsinki" estão de volta com seu "Goth N Roll”, após o ótimo “West End” de 2019. O novo lançamento do The 69 Eyes chama-se “ Death Of Darkness”, e posso garantir que quem curte o som dos finlandeses, pode adquirir sem medo este novo trabalho.

O The 69 Eyes adota a fórmula vencedora do “time que tá ganhando não se mexe”, e da mesma forma que bandas consagradas fizeram e/ou fazem, gravam sempre o “mesmo álbum”, com uma variação aqui e a outra ali. Se por um lado esta forma de trabalhar desagrada a muitos, na contramão agrada sempre os fãs do determinado artista que se utiliza desta estratégia. Eu sou seguidor do segundo time, pois particularmente não gosto muito de surpresas (principalmente as desagradáveis, por óbvio), e prefiro que a banda siga seu estilo consagrado.

Voltando a “Death OF Darkness”, o que temos aqui é a velha mescla do Hard Rock, Rock n' Roll, Gothic Rock, como se numa reunião perfeita onde membros do Mötley Crüe, Sisters Of Mercy, Guns n' Roses e The Cure se juntassem para escrever músicas juntos. A abertura com a faixa título, teclados discretos e um riff cativante, quando entra o vocal grave de Jyrki 69, e você sabe que está ouvindo The 69 Eyes. A faixa poderia estar nos últimos 5 álbuns da banda tranquilamente, mas e daí? Repetição com qualidade? Eu aprecio, e sem moderação!

Alguns outros pontos altos podemos citar “Gotta Rock” com um clima muito oitentista, e uma linha de baixo que me lembrou “Living On A Prayer” do Bon Jovi, e um refrão grudento, que vai demorar sair da sua cabeça. “This Murder Takes Two é a faixa “ diferentona” do álbum , um clima meio country e com a participação da “ex-Sra. Nikki Sixx”, Kate Von D, dividindo os vocais com Jyrki. Praticamente uma versão vampiresca de Johnny e June Cash. “California” totalmente “Hard n' Roll”, na mesma linha “Call me Snake” – a minha preferida na primeira audição.

Como falei no início do texto, é um típico álbum do The 69 Eyes, e se você é fã ou apreciador, é item obrigatório. O The 69 Eyes está iniciando uma tour americana junto ao Pretty Boy Floyd, e resta a nós brasileiros aguardar que voltem ao Brasil para “ pagar” os shows cancelados da época da pandemia.

José Henrique Godoy



segunda-feira, 8 de maio de 2023

UDO + TIM RIPPER OWENS - 27/04 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS


UDO + TIM RIPPER OWENS
Dia 27/04/2023
Bar Opinião - Porto Alegre/RS
Produção: Abstratti Produtora

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: Uillian vargas

Um dos momentos mais aguardados por todos os headbangers gaúchos estava prestes a se concretizar. E isso graças à Abstratti Produtora que decidiu trazer ao Rio Grande do Sul, mais precisamente, à capital gaúcha, o show conjunto de Udo Dirkscheneider e Tim Ripper Owens. E sejamos sinceros, qual fã de heavy metal não cresceu ouvindo "Restless & Wild", com o baixinho alemão? Não tinha ao menos uma fita k7 com o clássico "Balls to the Wall" gravado? Não empunhava aquela saudosa "air guitar" quando ouvia "Metal Heart"? Pois bem, o vocalista que deu voz (perdoem a redundância) a esses clássicos inesquecíveis do Accept, desembarcou em Porto Alegre pra trazer alguns desses hinos em uma ótima parceria de show conjunto com o ex-vocalista do Judas Priest, o carismático e gente boa Tim Ripper Owens. Acompanhados por uma excelente banda (composta por músicos brasileiros do mais alto nível), os dois proporcionaram àqueles que estiverem no Opinião na quinta-feira, dia 27/04, momentos repletos de nostalgia e muita paixão pelo estilo. Afinal Ripper cantaria músicas do Judas Priest e UDO do Accept. Tinha como ser ruim? Não. E não foi!

Mas é preciso dizer que o público deixou um pouco a desejar. Obviamente que na semana do show ocorreram dois festivais em SP: O Monsters of Rock e a primeira edição do Summer Breeze Brazil. Ou seja, a grana deveria estar mais do que curta. Mas ainda assim, caberia um esforço, tendo em vista que dificilmente UDO volte a  se apresentar por aqui, ainda mais cantando clássicos do Accept... Só que também foi um momento para reencontrar velhos e novos amigos, tomar uma cerveja, falar sobre Heavy metale confirmar mais uma vez, que nosso amado e querido Heavy Metal, segue firme e forte, apesar dos jornalistas militantes (ou irritantes) que preferem dar vazão às suas frustrações do que falar sobre àquilo que se comprometeram a fazer. Mas vamos falar daquilo que realmente importa: os shows! E que shows, meus amigos!

Passavam poucos minutos das 21h, quando a banda formada por Johnny Moraes - guitarra (Hevilan, Warrel Dane, entre outros), Wagner Rodrigues - guitarra, Fábio Carito - baixo (ex-Shadowside, Warrel Dane) e Marcus Dotta - bateria (Warrel Dane, Roland Grapow, entre outros) subiram ao palco e lofgo de cara, Ripper entra e já coloca o Opinião sob seu domínio com "Metal Gods". Confesso que lembre de 2001, oportunidade em que pude, pela primeira vez, assistir o Judas Priest, na turnê do Demolition, e a banda iniciou também com essa faixa. Um Ripper mais magro  e cantando cada vez mais, foram algumas das características que pudemos perceber. Ainda que em outros trabalhos, o vocalista cometa alguns "exageros" (o que acaba atraindo admiradores e haters ao mesmo tempo) nas músicas do Judas ele se manteve "na linha" dando voz à música que o "levou" a entrar no Priest. "Whats my name?", perguntou. Em uníssono, veio a resposta: Ripper! E a banda toca "The Ripper" numa interpretação emocionada por parte do vocalista. Cabe destacar o belo entrosamento entre os guitarristas Johnny e Wagner, que conduziram as linhas criadas por K.K. Downing e Glen Tipton com extrema categoria. Na sequência, a primeira música da fase Ripper no Judas: Burn in hell, recebida com entusiasmo pelo público. Algo engraçado de se notar é ver como hoje os dois álbuns lançados por ele com a banda são cultuados pelos fãs, algo que na época de seus lançamentos, não ocorreu...

            

E se era porrada que todos queriam, Marcus Dotta deixou a todos satisfeitos com a introdução precisa e milimétrica de "Painkiller". Não é preciso escrever aqui o que aconteceu, não é mesmo? Era uma alegria entre os "tiozões do rock", como alguns acéfalos tem se referido à turma mais velha e que ajudou e muito a manter a chama do metal viva até hoje, e os jovens que ali estavam. O Heavy Metal nunca teve e nunca terá idade! Fica o recado para os oportunistas de plantão! A minha música preferida da fase Ripper, veio em seguida: "Hell is Home". Sei de muitos amigos que não gostam dessa faixa, mas ao vivo ela fica ainda melhor! pesada, arrastada, com uma cozinha afiada e coesa, cortesia da dupla Fabio Carito e Marcus Dotta. "Hell Bent for Leather" precedeu "One on One", outro grande momento do show e uma das melhores músicas da sua fase no Judas. E aqui fica um questionamento: se até o Iron Maiden não renega músicas da fase Blaze, porque o Judas renegas as músicas da fase Ripper? Seria até uma homenagem ao cara que segurou as pontas quando Halford saiu da banda... Pra fechar sua participação solo, "Electric Eye" veio coroar a apresentação, sendo cantada por todos ali presentes.

Sem intervalo, Ripper deixa o palco e a lenda, a voz do Accept entra detonando tudo com "Starlight". E aquilo que eu previa, acabou se confirmando: vi muitos amigos emocionados, parecendo não acreditar que o baixinho com cara de quem chupou um limão azedo estava ali, na nossa frente! Que sensação incrível, pra não dizer histórica! Durante todo o show, Udo deixou transparecer o contrário daquilo que muitas vezes se falou dele: que era um cara quieto, até mesmo rude com seus companheiros de banda. Um cara extremamente gentil, cumprimentando a todo momento os músicos, interagindo com o público. Não à toa, atingiu o status de LENDA! Na sequência, "Living for Tonite", mais um momento grandioso, com destaque mais uma vez para a dupla de guitarristas, que trouxe todo aquele "feeling" do metal germânico à atmosfera ali criada. "Midnight Mover"! O que dizer dessa faixa? Era visível o sorriso no rosto de cada um dos presentes, tamanha a empolgação demonstrada em sua execução. Assim como em "Breaker", que deixou todos os fãs com aquela sensação de o Heavy metal corre sim, em nossas veias!

Como disse lá no começo, foi a primeira vez que Udo esteve na capital gaúcha, ainda que o próprio tenha se confundido e falado que era muito bom estar de volta à cidade. Totalmente perdoável, não é mesmo? Afinal, é tanto show, cidade, turnê, carreira solo, Accept... Tá de boa, Udão... A gente fez que nem viu...

"Princess of the Dawn", também cantada por todos os presentes antecedeu um momento mágico. E não é que um aquela velha e inesquecível introdução ""Ein Heller und ein Batzen", também conhecida por "Heidi, heido, heida, heidi, heido, heida, heidi, heido, heida, ha ha ha ha ha ha ha" (vai dizer que você não leu cantando?), foi puxada pelo baixinho e por todos e então tivemos o petardo "Fast as a Shark", obra prima do heavy metal, que mostrou como esses caras estavam à frente de seu tempo, criando as bases para o que viria a se tornar o thrash metal! Que momento! Da mesma forma, "Metal Heart" fez as estruturas do Opinião se abalarem, ainda que o público não fosse o esperado. Impressiona a força dessa faixa, apesar de tantos anos! E o final da parte "UDO" chegava ao fim com a espetacular "Balls to the Wall". Eu sei que vou me tornar repetitivo, mas é indescritível a sensação de presenciar algo tão especial pra quem é fã de heavy metal. Um hino cantado por sua voz original. Sem palavras.


Para encerrar de vez, Ripper retorna e juntos, ambos os vocalistas dividem as vozes em dois clássicos do Judas Priest: "Breaking the Law" e "Living After Midnight". Clássicos absolutos e interpretados com paixão e amor ao Heavy Metal! Os dois agradecem ao público, à banda e se despedem fazendo aquela tradicional foto com a galera ao fundo. Simplesmente, espetacular!


Sobre os show, algumas considerações importantes. Ripper é dono de um excelente carisma e de uma ótima técnica vocal. Uma verdadeira lástima que sempre seja lembrado como o ex-vocalista do Judas e que em alguns trabalhos, acabe por exagerar nas vocalizações. Merecia (e merece) uma posição melhor dentro do cenário!

E o que falar sobre Udo Dirkscheneider? Vou resumir de uma forma simples, direta e bastante objetiva: no dia 27 de abril de 2023, no Bar Opinião, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, eu finalmente assisti a um show do ACCEPT!

Obrigado à Abstratti Produtora por nos proporcionar esse grande momento metálico e pelo credenciamento e respeito sempre destinado ao REBEL ROCK. Juntos somos mais fortes!






NERVOCHAOS – CHTHONIC WRATH

NERVOCHAOS – CHTHONIC WRATH (2023)
Emanzipation Productions/SPV

Esse 11° álbum de estúdio do Nervochaos, o Chthonic Wrath, entrega ao ouvinte tudo o que a banda paulista sempre construiu com maestria ao longo dos anos, mesmo com constantes mudanças de formação, o bom e velho death metal old school pedreira! Sem rodeios, direto ao ponto, cru e ríspido.

A capa, uma belíssima ilustração do artista mexicano Nestor Avalos, numa perfeita sintonia com as letras e som do Nervochaos, que abre esse petardo com "Son of Sin" num grito de ódio e agonia seguido pelo já citado death metal old school já característico da banda mostrando uma produção de altíssimo nível quanto a timbres e mixagem. Na sequência temos "Chaos Prophets"  que para mim tem um início inspirado nas partes mais lentas de Slayer antes de descambar novamente pra parte porrada da música. Os dois solos que temos no fim com as guitarras sendo esmerilhadas mostra os toques de extremo bom gosto por parte dos guitarristas Quinho e Woesley. 

"Kill for Pleasure" traz uma pitada do nosso saudoso Death na sua fase intermediária, dando uma equilibrada antes da música seguir toda ela com partes rápidas. "Taphephobia" inicia como um Motörhead death metal, se é que isso é possível, e aqui a cozinha do baixista Pedro Lemes junto ao batera Edu Lane, mostra todo seu entrosamento em várias passagens trampadas apenas de baixo e a bateria junto com dois bumbos tocando num arranjo muito bem feito. "Tomb Mold" nos traz uma belíssima passagem instrumental com cordas limpas gravadas com a participação de Ricardo Vignini, e se mostra perfeita para anteceder a próxima, "Lullaby Obliteration", que traz um ponto de equilíbrio ao álbum num clima meio doom mas que no decorrer de seu percurso nos traz até umas leves pitadas de blast beat mescladas no andamento da bateria. 

"Torn Apart" volta a trazer o Nervochaos direto e ríspido mas com alguns trampos muito bem elaborados de bateria em algumas paradas muito precisas. Em "Arrogance of Ignorance" aí sim, metal rápido e direto, talvez o som mais rápido desse Chthonic Wrath. "Avant-Garde" já sai num solo rápido junto aos bumbos de Edu Lane. Vocal rápido e muito acertado por parte do alemão Brian Stone, os solos seguem dando a linha dessa composição com blasts alternados da bateria no final. "Falling" é um tema muito homogêneo, segue um ritmo que é a cara da banda mas nos traz uma parte mais densa numa virada de ritmo do meio pro final num arranjo muito bem encaixado. "Descending Into Madness" com sua rifferama, apresenta o som já tradicional do Nervochaos, mesclando partes rápidas e lentas. "Perpetual War" inova começando com o baixo num arranjo surpreendente seguindo com bateria e guitarras rápidas. 

A influência thrash metal se mostra presente em "Ouroboros" e nos lembra como a banda consegue desfilar entre o thrash, o death e o black várias vezes ao longo desse e de todos seus outros trabalhos. As partes rápidas com riff muito inspirado e um solo no final pra acabar com qualquer possibilidade de descanso já encaminhando de forma soberba esse álbum para a última música, a curta e certeira "Weed Smoker’s Dream" com seus apenas 1:13 de pura agressividade, que fecha com chave de ouro mostrando o porque de tamanha longevidade do Nervochaos.

Márcio Jameson




                                        

 

sexta-feira, 5 de maio de 2023

HOLY MOSES - INVISIBLE QUEEN (2023)

 


HOLY MOSES - INVISIBLE QUEEN (2023)
Shinigami Records - Nacional

Bandas clássicas são eternas. O último ato de um grupo que sempre lutou e sangrou pelo thrash metal, que antes de virar moda tinha uma guerreira urrando e comandando o front. Sim, o Holy Moses está nos dando adeus, mas não sem antes deixar mais um trabalho brutal para posteridade

O grupo pode ser classificado como “operários da porradaria germânica”. São 40 anos de atividades, “trocentos” lançamentos entre EPS, coletâneas e discos de estúdio, nunca parando e sempre garimpando novos soldados para serem comandados por Sabina Classen.

Saiu há pouco na praça, “Invisible Queen”, um trabalho que não traz surpresas, mas não deixa de surpreender. Assim como o Overkill, o Holy Moses, a gente pega um novo álbum já sabendo os clichês de um estilo, sem novidades, sem risco e fãs felizes — A fórmula da integridade sonora.

Os primeiros minutos são como levar um voleio na “fuça”, não há tempo para recuperar tamanha agressividade despejada. São 4 décadas onde não diminuíram um segundo sequer, muito pelo contrário, é possível sentir as palhetas sangrentas nos riffs cortantes das faixas “Downfall of Mankind”, “Order Out of Chaos” e “Visions is Red”.

O instrumental ora cadenciado, ora acelerado de “Alternative Reality” chama a atenção pela montanha-russa com certo tom jovial em meio ao thrash oitentista praticado. A dobradinha final “Depersonalized” e “Through The Veils Of Sleep” fazem a alma queimar, o corpo clamar por mosh pit. São hipnotizantes e deixam um gosto amargo por serem os minutos de uma história de superação e muito metal.

“Invisible Queen”é o fechamento de maneira ímpar de uma banda que começou num colégio em 1981. Se tiver espaço na sua prateleira, compre! Se não houver, arrume e honre a sua camisa preta surrada.

São 47 minutos que fazem qualquer headbanger sorrir de orelha a orelha.

William Ribas




SIENA ROOT - REVELATION (2023)

 

SIENA ROOT - REVELATION (2023)
Shinigami Records/Atomic Fire

Ao abrir o cd do quarteto sueco Siena Root, você se depara com a foto da banda e, sem ter conhecimento anterior da existência da mesma, imagina logo ser produto do início dos anos 70. Ao escutar os primeiros acordes da faixa inicial, “Coincidence and Fate”, você vai ter certeza, tendo em vista o proeminente órgão Hammond e os riff de guitarra e timbres típicos da era setentinta. Porém, não é.

O Siena Root é uma banda sueca formada em 1997, na cidade de Estocolmo, e sim, as raízes são totalmente baseadas na década que alguns apontam como a melhor época do Rock n' Roll. Vindo de uma mesma leva que conta com bandas como Blue Pills e Lucifer, a voz da banda é feminina e fica por conta de Zubaida Solid, e a sonoridade neste seu oitavo álbum de estúdio passeia pelo Hard Rock, Rock n' Roll, Soul Music e Folk Rock, e diga-se de passagem, o resultado é muito bom, apesar de obviamente não ser nada original. Mas quem disse que um bom trabalho precisa ter originalidade?

O Guitarrista Johan Borgström entrega riffs e solos brilhantes, tanto quando invoca Hendrix em “Personal Procrastination” ou em partes acústicas, como quando revisita o Fleetwood Mac em “Dusty Roads”. A cozinha formada pelo baixista Sam Riffer e pelo baterista Love Forsberg dão um show de coesão e maestria. Riffer deve ter estudado muito Jack Bruce enquanto aprendia seu instrumento, pois a influência é evidente, enquanto Forsberg não deixa nenhum espaço vazio em nenhuma das composições, com viradas e conduções esplêndidas. A vocalista Zubaida é dona de uma voz potente e capaz de alternar notas altas com partes mais graves e suaves, lembrando de longe Jinx Dawson, a bruxa do Coven.

Destacando mais algumas músicas, a lisérgica “No Peace”, a grooveada e quase “funky” “Fighting Gravity”, a instrumental e viajante “Dalecarlia Stroll” e “Winter Solstice”, esta mais uma “ invocação”, e desta vez o espírito invocado é do velho Jethro Tull, sendo uma composição que relembra muito os primeiros trabalhos da banda de Ian Anderson. Sim, com flauta e tudo no arranjo.

Enfim, um álbum feito por e para apreciadores do rock n' roll dos anos 1970. Se você está incluso neste nicho, corra atrás de “Revelation” do Siena Root, uma vez que o mesmo foi lançado nacionalmente pela gravadora Shinigami Records/Atomic Fire.

José Henrique Godoy




quinta-feira, 4 de maio de 2023

DYNASTY OF METAL – BACK TO THE PAST (2023)


DYNASTY OF METAL – BACK TO THE PAST (2023)
ROXX RECORDS

Surgida oficialmente no longínquo ano de 1996 na cidade de Nova Lima/MG, o Dynasty desde cedo pensava grande, querendo sair o mais rapidamente possível das fronteiras de seu estado e transformar-se em referência no Heavy Metal nacional abordando as mais diversas influências que vão desde o NWOBHM até ritmos tipicamente latinos sem esquecer do peso das guitarras.

De lá pra cá, foram alguns EPs e 3 álbuns completos de estúdio, sendo o mais recente intitulado “Step By Step” (2017) e para evitar transtornos indesejáveis com direitos autorais, passou a se chamar “Dynasty of Metal”, mas ainda é chamada por muitos de seus fãs apenas por Dynasty.

Após a mudança de nome, a banda lançou alguns singles digitais como “Open Your Eyes”, “Goldenland's Urban Tales” além da belíssima “The Mud” (A Lama), um tributo às famílias que perderam suas vidas após o terrível episódio ocorrido na cidade de Brumadinho em 2019.

E não é que em 2023 a banda reaparece chutando a porta lançando um álbum de mais de 70 minutos de duração com nada menos que 17 faixas, sendo 16 covers e uma nova faixa inédita?

Quanto aos covers já dá pra saber o que esperar destacando-se covers do Stryper, Sacred Warrior, Tourniquet (a melhor de todas!), Impellitteri, Narnia, e a mais surpreendente de todas, “Web of Fire” do Mortification que ficou um generoso e pomposo Power Metal com flertes de Thrash, dentre várias outras. A faixa nova “Everlasting Life” é tipicamente Hard Rock com uma interessante linha de baixo e mostra definitivamente que a banda sabe caminhar por vários terrenos do Rock e Metal com a mesma maestria. Sonzeira!

Que retorno incrível do Dynasty Of Metal, se você ainda não os deu a devida atenção, siga-os nas redes sociais e prestigie o Metal nacional, porque aqui tem som de primeira. Dê uma chance à boa música e divirta-se!

Mauro Antunes







quarta-feira, 3 de maio de 2023

NIGHTHAWK - PROWLER (2023)

 

NIGHTHAWK - PROWLER (2023)
Target Group/Mighty Music

O novo trabalho da banda sueca Nighthawk é viciante! Um álbum fantástico com todos os elementos que fazem um trabalho baseado no Classic/Melodic Rock geralmente ser tão cativante. Podemos elencar aqui alguns ingredientes que ajudaram na fórmula de “Prowler", que fazem dele um trabalho acima da média.

O álbum foi todo  feito nos Estúdios Abbey Road. Este local não precisa de apresentações, e se listarmos todos os artísticas históricos que trabalharam nele, impossível que não haja uma aura mágica nas salas do icônico local. Junte-se a isso o talento dos músicos envolvidos, e pronto, temos uma obra excelente aqui.

O guitarrista e capitão da empreitada Robert Majd – (Captain Black Beard, Metalite) é acompanhado por Björn Strid - vocal (Soilwork, The Night Flight Orchestra), Magnus Ulfstedt - bateria (Ginevra), John Lönnmyr - teclado (The Night Flight Orchestra) e Christian Ek - baixo e backing vocals (Captain Black Beard) e o que temos é um verdadeiro “Dream Team” de músicos escandinavos. A voz potente de Björn casa muito bem com os riffs de Robert, enquanto o mago das teclas John entrega um som por oras nostálgico, por oras empolgante, nos lembrando e muito o que de melhor encontramos nos trabalhos do Rainbow (fase Joe Lynn Turner) ou Europe. Já nos primeiros instantes da faixa de abertura “Highest Score”, o ouvinte apreciador do estilo ficará impressionado, e lembrará, e muito, da “outra banda” do vocalista Björn, o The Night Flight Orchestra.

“Running Wild” é um sensacional e melódico AOR, típico de bandas clássicas como Reo SpeedWagon, Boston, Survivor. “Action” é a mais Rock n' Roll do álbum, enquanto “Burn The Night” faria Glenn Hughes ficar orgulhoso. Temos espaços ainda para dois covers: Kiss “God Of Thunder” e “Cover Me" de Bruce Springsteen. Sinceramente, achei as duas desnecessárias. Sendo eu um grande fã do Kiss, achei a versão um pouco fraca e destoando do resultado final, enquanto a versão para o clássico do “The Boss” é um cover apenas “OK”, ficando bem abaixo da sua versão original. Seria um acerto colocar mais duas faixas autorais. De qualquer forma, o banho de qualidade das demais 9 faixas fazem com que estes covers passem desapercebidos.

Conforme é destacada no release oficial da banda, o som de “Prowler” é a trilha sonora perfeita para uma sexta-feira a noite. Eu acrescentaria que é um álbum que agradará tanto fãs de Hard Rock, AOR, Melodic Rock, e fãs de música de qualidade e bem feita, tendo em vista a categoria das composições e músicos aqui envolvidos neste projeto. Procure conhecer.

José Henrique Godoy





OVERKILL - SCORCHED (2023)

 

OVERKILL - SCORCHED (2023)
Shinigami Records/Nuclear Blast

Certa vez o mestre Ricardo Batalha descreveu assim o OVERKILL: "Thrash Metal Workshop". E sendo o mais honesto possível, não há outra maneira de classificar o que o quinteto norte americano faz ao longo de sua exitosa carreira. Muitas vezes eu até brinco que um dia o grupo vai lançar um disco ruim... Mas pelo vimos e ouvimos nesse maravilhoso "SCORCHED", lançado no Brasil pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, isso está muito longe de acontecer. Chega a ser impressionante  a qualidade do material apresentado pelo grupo que, por mais clichê que possa soar, parece vinho. Ou seja, só melhora com o passar do tempo. Riffs nervosos e brutais, cozinha estupidamente agressiva e técnica e um dos vocais mais característicos do estilo fazem deste álbum, figurinha certeira entre as listas de melhores do ano de 2023.

Bobby Blitz (vocal), Dave Linsk (guitarra), Derek Tailer (guitarra), D.D. Verni (baixo) e Jason Bittner (bateria) integram uma das formações mais consistentes que o grupo já teve. E juntos, proporcionam aos fãs da banda e do thrash metal em geral, músicas fortes, intensas e calcadas naquilo que o estilo pede: riffs! Ainda que o quinteto seja muito uniforme, as guitarras ganham um destaque um pouco acima, tamanha a intensidade do que emana das seis cordas de Dave e Derek. Falar da qualidade de D.D. é chover no molhado, e isso se mostra ainda mais ao ver seu entrosamento com Jason Bittner, criando uma das cozinhas mais brutais e violentas da atualidade. Já Blitz... Não há muito o que se falar. Um dos maiores frontman ao vivo, dono de uma voz peculiar e que imprime personalidade a cada palavra por ele disparada em seus vocais. Em mais de 35 anos de carreira, o grupo prova, mais uma vez, sua relevância dentro do Heavy Metal.

Ainda que Blitz tenha dito que o álbum traz muito mais elementos de Heavy Metal do que Thrash, a faixa título, que abre o play, é uma verdadeira aula de como uma banda de Thrash deve soar: rápida, intensa, pesada, brutal e visceral. Os pouco mais de 6 min da composição passam numa velocidade que quando vamos nos dar conta, já entramos de cabeça em "Going Home", uma pedrada na mente que carrega consigo uma certa dose de melodia, mas dentro daquilo que o Overkill sempre se propôs a fazer. Não á toa, o grupo traz junto de si influências de punk rock/hardcore e isso é perceptível em alguns momentos do trabalho (assim como em todos os discos da banda). "The Surgeon" é um massacre aos ouvidos, com destaque para D.D. e Jason, que entregam um peso absurdo ao andamento da faixa. Blitz continua mandando muito bem, sem demonstrar que a idade vem chegando. Se o início sombrio de "Twist of the Wick" deixa transparecer que teremos uma daquelas faixas densas e carregadas, não se deixe enganar. A porrada corre solta, com os riffs de Dave Linsk e Derek Tailer conduzindo um das faixas mais violentas do CD. Mas em seguida, temos outra dose cavalar de peso em "Wicked Place", faixa mais cadenciada e com uma interpretação de blitz cheia de energia.

"Won't Be Coming Back" talvez seja a faixa mais melódica do trabalho e que possui uma atmosfera um pouco fora dos padrões clássicos do Thrash Metal, mas nada que possa destoar do padrão de qualidade Overkill. Assim como a "sabbathica" "Fever", um momento que traz consigo mudanças de andamento, vocais limpos, passagens introspectivas, mas que também traz riffs e muito peso durante sua execução. Assim que seus acordes chegam ao fim, um soco na boca do estômago chamado "Harder They Fall" nos atinge com uma precisão cirúrgica, quase nos levando ao nocaute, sem chance de abrir contagem. Que pedrada!!!! "Know Her Name" é daquelas faixas clássicas, feitas pro "circle pit" enquanto que "Bag O Bones" fecha o trabalho com uma mistura interessante de vários estilos (thrash, metal tradicional, pitadas de punk, solos inspirados e andamento cadenciado). Se num primeiro momento soa um pouco estranho, principalmente no refrão, aos poucos a guitarra se sobressai e mostra que o grupo ousou sem sair do seu território.

SCORCHED é o 20º trabalho de estúdio do OVERKILL. Poucas bandas (realmente, muito poucas) podem se orgulhar de manter em sua trajetória, uma discografia tão linear e nivelada. Sem dar mostras de que pretende se aposentar ou diminuir o ritmo, o quinteto segue sua jornada em mostrar àqueles que pretendem um dia ter uma banda, como se manter íntegra e direcionada sem perder sua essência. Que os deuses do Metal sigam iluminando os caminhos da banda. LONGA VIDA AO OVERKILL!

Sergiomar Menezes