Shinigami Records/Napalm Records - Nacional
Um dos momentos mais aguardados por todos os headbangers gaúchos estava prestes a se concretizar. E isso graças à Abstratti Produtora que decidiu trazer ao Rio Grande do Sul, mais precisamente, à capital gaúcha, o show conjunto de Udo Dirkscheneider e Tim Ripper Owens. E sejamos sinceros, qual fã de heavy metal não cresceu ouvindo "Restless & Wild", com o baixinho alemão? Não tinha ao menos uma fita k7 com o clássico "Balls to the Wall" gravado? Não empunhava aquela saudosa "air guitar" quando ouvia "Metal Heart"? Pois bem, o vocalista que deu voz (perdoem a redundância) a esses clássicos inesquecíveis do Accept, desembarcou em Porto Alegre pra trazer alguns desses hinos em uma ótima parceria de show conjunto com o ex-vocalista do Judas Priest, o carismático e gente boa Tim Ripper Owens. Acompanhados por uma excelente banda (composta por músicos brasileiros do mais alto nível), os dois proporcionaram àqueles que estiverem no Opinião na quinta-feira, dia 27/04, momentos repletos de nostalgia e muita paixão pelo estilo. Afinal Ripper cantaria músicas do Judas Priest e UDO do Accept. Tinha como ser ruim? Não. E não foi!
Mas é preciso dizer que o público deixou um pouco a desejar. Obviamente que na semana do show ocorreram dois festivais em SP: O Monsters of Rock e a primeira edição do Summer Breeze Brazil. Ou seja, a grana deveria estar mais do que curta. Mas ainda assim, caberia um esforço, tendo em vista que dificilmente UDO volte a se apresentar por aqui, ainda mais cantando clássicos do Accept... Só que também foi um momento para reencontrar velhos e novos amigos, tomar uma cerveja, falar sobre Heavy metale confirmar mais uma vez, que nosso amado e querido Heavy Metal, segue firme e forte, apesar dos jornalistas militantes (ou irritantes) que preferem dar vazão às suas frustrações do que falar sobre àquilo que se comprometeram a fazer. Mas vamos falar daquilo que realmente importa: os shows! E que shows, meus amigos!
Passavam poucos minutos das 21h, quando a banda formada por Johnny Moraes - guitarra (Hevilan, Warrel Dane, entre outros), Wagner Rodrigues - guitarra, Fábio Carito - baixo (ex-Shadowside, Warrel Dane) e Marcus Dotta - bateria (Warrel Dane, Roland Grapow, entre outros) subiram ao palco e lofgo de cara, Ripper entra e já coloca o Opinião sob seu domínio com "Metal Gods". Confesso que lembre de 2001, oportunidade em que pude, pela primeira vez, assistir o Judas Priest, na turnê do Demolition, e a banda iniciou também com essa faixa. Um Ripper mais magro e cantando cada vez mais, foram algumas das características que pudemos perceber. Ainda que em outros trabalhos, o vocalista cometa alguns "exageros" (o que acaba atraindo admiradores e haters ao mesmo tempo) nas músicas do Judas ele se manteve "na linha" dando voz à música que o "levou" a entrar no Priest. "Whats my name?", perguntou. Em uníssono, veio a resposta: Ripper! E a banda toca "The Ripper" numa interpretação emocionada por parte do vocalista. Cabe destacar o belo entrosamento entre os guitarristas Johnny e Wagner, que conduziram as linhas criadas por K.K. Downing e Glen Tipton com extrema categoria. Na sequência, a primeira música da fase Ripper no Judas: Burn in hell, recebida com entusiasmo pelo público. Algo engraçado de se notar é ver como hoje os dois álbuns lançados por ele com a banda são cultuados pelos fãs, algo que na época de seus lançamentos, não ocorreu...
E se era porrada que todos queriam, Marcus Dotta deixou a todos satisfeitos com a introdução precisa e milimétrica de "Painkiller". Não é preciso escrever aqui o que aconteceu, não é mesmo? Era uma alegria entre os "tiozões do rock", como alguns acéfalos tem se referido à turma mais velha e que ajudou e muito a manter a chama do metal viva até hoje, e os jovens que ali estavam. O Heavy Metal nunca teve e nunca terá idade! Fica o recado para os oportunistas de plantão! A minha música preferida da fase Ripper, veio em seguida: "Hell is Home". Sei de muitos amigos que não gostam dessa faixa, mas ao vivo ela fica ainda melhor! pesada, arrastada, com uma cozinha afiada e coesa, cortesia da dupla Fabio Carito e Marcus Dotta. "Hell Bent for Leather" precedeu "One on One", outro grande momento do show e uma das melhores músicas da sua fase no Judas. E aqui fica um questionamento: se até o Iron Maiden não renega músicas da fase Blaze, porque o Judas renegas as músicas da fase Ripper? Seria até uma homenagem ao cara que segurou as pontas quando Halford saiu da banda... Pra fechar sua participação solo, "Electric Eye" veio coroar a apresentação, sendo cantada por todos ali presentes.
Sem intervalo, Ripper deixa o palco e a lenda, a voz do Accept entra detonando tudo com "Starlight". E aquilo que eu previa, acabou se confirmando: vi muitos amigos emocionados, parecendo não acreditar que o baixinho com cara de quem chupou um limão azedo estava ali, na nossa frente! Que sensação incrível, pra não dizer histórica! Durante todo o show, Udo deixou transparecer o contrário daquilo que muitas vezes se falou dele: que era um cara quieto, até mesmo rude com seus companheiros de banda. Um cara extremamente gentil, cumprimentando a todo momento os músicos, interagindo com o público. Não à toa, atingiu o status de LENDA! Na sequência, "Living for Tonite", mais um momento grandioso, com destaque mais uma vez para a dupla de guitarristas, que trouxe todo aquele "feeling" do metal germânico à atmosfera ali criada. "Midnight Mover"! O que dizer dessa faixa? Era visível o sorriso no rosto de cada um dos presentes, tamanha a empolgação demonstrada em sua execução. Assim como em "Breaker", que deixou todos os fãs com aquela sensação de o Heavy metal corre sim, em nossas veias!
Como disse lá no começo, foi a primeira vez que Udo esteve na capital gaúcha, ainda que o próprio tenha se confundido e falado que era muito bom estar de volta à cidade. Totalmente perdoável, não é mesmo? Afinal, é tanto show, cidade, turnê, carreira solo, Accept... Tá de boa, Udão... A gente fez que nem viu...