quarta-feira, 3 de maio de 2023

OVERKILL - SCORCHED (2023)

 

OVERKILL - SCORCHED (2023)
Shinigami Records/Nuclear Blast

Certa vez o mestre Ricardo Batalha descreveu assim o OVERKILL: "Thrash Metal Workshop". E sendo o mais honesto possível, não há outra maneira de classificar o que o quinteto norte americano faz ao longo de sua exitosa carreira. Muitas vezes eu até brinco que um dia o grupo vai lançar um disco ruim... Mas pelo vimos e ouvimos nesse maravilhoso "SCORCHED", lançado no Brasil pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, isso está muito longe de acontecer. Chega a ser impressionante  a qualidade do material apresentado pelo grupo que, por mais clichê que possa soar, parece vinho. Ou seja, só melhora com o passar do tempo. Riffs nervosos e brutais, cozinha estupidamente agressiva e técnica e um dos vocais mais característicos do estilo fazem deste álbum, figurinha certeira entre as listas de melhores do ano de 2023.

Bobby Blitz (vocal), Dave Linsk (guitarra), Derek Tailer (guitarra), D.D. Verni (baixo) e Jason Bittner (bateria) integram uma das formações mais consistentes que o grupo já teve. E juntos, proporcionam aos fãs da banda e do thrash metal em geral, músicas fortes, intensas e calcadas naquilo que o estilo pede: riffs! Ainda que o quinteto seja muito uniforme, as guitarras ganham um destaque um pouco acima, tamanha a intensidade do que emana das seis cordas de Dave e Derek. Falar da qualidade de D.D. é chover no molhado, e isso se mostra ainda mais ao ver seu entrosamento com Jason Bittner, criando uma das cozinhas mais brutais e violentas da atualidade. Já Blitz... Não há muito o que se falar. Um dos maiores frontman ao vivo, dono de uma voz peculiar e que imprime personalidade a cada palavra por ele disparada em seus vocais. Em mais de 35 anos de carreira, o grupo prova, mais uma vez, sua relevância dentro do Heavy Metal.

Ainda que Blitz tenha dito que o álbum traz muito mais elementos de Heavy Metal do que Thrash, a faixa título, que abre o play, é uma verdadeira aula de como uma banda de Thrash deve soar: rápida, intensa, pesada, brutal e visceral. Os pouco mais de 6 min da composição passam numa velocidade que quando vamos nos dar conta, já entramos de cabeça em "Going Home", uma pedrada na mente que carrega consigo uma certa dose de melodia, mas dentro daquilo que o Overkill sempre se propôs a fazer. Não á toa, o grupo traz junto de si influências de punk rock/hardcore e isso é perceptível em alguns momentos do trabalho (assim como em todos os discos da banda). "The Surgeon" é um massacre aos ouvidos, com destaque para D.D. e Jason, que entregam um peso absurdo ao andamento da faixa. Blitz continua mandando muito bem, sem demonstrar que a idade vem chegando. Se o início sombrio de "Twist of the Wick" deixa transparecer que teremos uma daquelas faixas densas e carregadas, não se deixe enganar. A porrada corre solta, com os riffs de Dave Linsk e Derek Tailer conduzindo um das faixas mais violentas do CD. Mas em seguida, temos outra dose cavalar de peso em "Wicked Place", faixa mais cadenciada e com uma interpretação de blitz cheia de energia.

"Won't Be Coming Back" talvez seja a faixa mais melódica do trabalho e que possui uma atmosfera um pouco fora dos padrões clássicos do Thrash Metal, mas nada que possa destoar do padrão de qualidade Overkill. Assim como a "sabbathica" "Fever", um momento que traz consigo mudanças de andamento, vocais limpos, passagens introspectivas, mas que também traz riffs e muito peso durante sua execução. Assim que seus acordes chegam ao fim, um soco na boca do estômago chamado "Harder They Fall" nos atinge com uma precisão cirúrgica, quase nos levando ao nocaute, sem chance de abrir contagem. Que pedrada!!!! "Know Her Name" é daquelas faixas clássicas, feitas pro "circle pit" enquanto que "Bag O Bones" fecha o trabalho com uma mistura interessante de vários estilos (thrash, metal tradicional, pitadas de punk, solos inspirados e andamento cadenciado). Se num primeiro momento soa um pouco estranho, principalmente no refrão, aos poucos a guitarra se sobressai e mostra que o grupo ousou sem sair do seu território.

SCORCHED é o 20º trabalho de estúdio do OVERKILL. Poucas bandas (realmente, muito poucas) podem se orgulhar de manter em sua trajetória, uma discografia tão linear e nivelada. Sem dar mostras de que pretende se aposentar ou diminuir o ritmo, o quinteto segue sua jornada em mostrar àqueles que pretendem um dia ter uma banda, como se manter íntegra e direcionada sem perder sua essência. Que os deuses do Metal sigam iluminando os caminhos da banda. LONGA VIDA AO OVERKILL!

Sergiomar Menezes




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