MESHUGGAH
OBZEN (2008/2023) (Relançamento)
Shinigami Records - Nacional
OBZEN (2008/2023) (Relançamento)
Shinigami Records - Nacional
Primeiramente lançado em 2008, ObZen também foi fator de um impacto na carreira do Meshuggah. A banda que já tinha ditado seu ritmo em Destroy, Erase, Improve (1995), também havia implementado sua identidade sonora em Nothing (2002) e sedimentou uma nova subdivisão, no metal, em Catch Thirtythree (2005), havia deixado algo “cair pelo caminho” nessa construção. Pois bem, para os que estavam curtindo os breakdowns e viradas, mas estavam com saudade da velha velocidade do Meshuggah, o ObZen foi um analgésico.
É interessante acompanhar o dinamismo progressivo da banda e o quanto exploraram seus limites musicais. Mas não se engane, ObZen pode não proporcionar uma audição muito prazerosa, num primeiro momento. Pense em toda aquela complexidade que a banda já carregava na bagagem, porém com um pouco mais de peso e velocidade. Claro, pra quem já está acostumado com o estilo do Meshuggah, não vai encontrar tanta resistência assim ao escutar. Mas o aviso de “estranheza”, se faz necessário. Ao partir pra audição, vais perceber que em ObZen a banda voltou a focar suas composições “nas músicas” e não com propósito de massificar o nome da banda. Ou seja, construções mais secas.
Bem, o ano de 2023 marca então o ano de décimo quinto aniversário da bolachinha. E como tem sido com outros trabalhos do grupo, o ObZen ganhou nova prensagem e relançamento. Que no Brasil, chegam pelas mãos da Shinigami Records, para comemorar seu 15º aniversário. O relançamento é uma sobrevida da obra. Não vai encontrar nada novo ou especial na nova remessa, mas é uma excelente oportunidade de poder ter o disco nas mãos, já que estava fora de catálogo. Ao dizer que não encontrará nada de novo no disco, afirmo que aquela mesma raiva contida no original, portanto, estará presente nesta nova leva. Quem ainda lembra (ou quem ainda não ouviu), vai encontrar uma produção mais pesada, dura, e com andamento cadenciadamente rápido. O interessante é que o timbre das guitarras não muda em relação aos discos passados, mas o baixo denota peso diferenciado em relação aos trabalhos anteriores. Pontos para o Dick Lövgren (baixo) que seguiu as orientações do Fredrik Thordendal (guitarra, letras e produção) e Björn Engelmann (produção) que coordenaram os processos produtivos do disco. Esses elementos reforçaram (na época - e continuam no fronte da informação) o quanto o Meshuggah exerce esse papel vanguardista dentre o estilo.
ObZen é um disco com composições repletas de raiva, acidez que escorrem pelas cordas enquanto a guitarra dispara uma sequência de riffs estrondosos. Apesar da banda ter abandonado a conceitualidade na composição do disco, as faixas não deixam de dialogar entre si, quando se trata de protesto. Outra percepção muito clara é o quanto ObZen flerta com estilos que compuseram a velha escola, como o Thrash Metal em alguns momentos, enquanto na sua grande maioria, os dois pés estão cravados na modernidade sonora, já característica da banda. Então é uma audição que se aproxima da experiência de ter que atravessar um campo de batalha composto por lasers e naves espaciais, enquanto cai uma fina garoa de serrotes, do céu. Peso, agressividade, futurismo e velha escola, num único material. Quem sabe não será essa a ideia que a banda quis, também, abordar no Zen Obsceno, o Zen sem nenhum pudor de flertar abertamente com a violência. A leitura assim, parece trazer um misto de sentimentos não agradáveis, mas eu garanto que as ondas sonoras revelarão muito mais do que estas linhas entregam.
Desafie-se a ter ObZen na sua prateleira. Ele não fará nenhuma vergonha para sua coleção. E quem está lendo esse texto, aprecia o estilo e conhece a obra, sabe que não há inverdade na afirmação. Senhoras e senhores, da Suécia para o mundo, Meshuggah com o relançamento do ObZen, no Brasil pelas mãos da Shinigami Records. Aprecie sem nenhuma moderação. Mas antes, remova a mesa de centro, da sala. Só por precaução!
Uillian Vargas
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