quarta-feira, 14 de junho de 2023

SCAR SYMMETRY - THE SINGULARITY (PHASE II - XENOTAPH) (2023)


SCAR SYMMETRY - THE SINGULARITY (PHASE II - XENOTAPH)
Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional

O Scar Symmetry teve um início meteórico. Uma banda que viveu seus primeiros nove anos entre estúdios e turnês. Por exemplo, de 2005 a 2014, o grupo lançou 6 álbuns estúdios, era comum ler resenhas ou entrevistas deles nas revistas especializadas naquele período.

Em 2014, inclusive, foi lançado “The Singularity (Phase 1 – Neohumanity)”, a primeira parte de uma trilogia de um mundo tomado de tecnologia, inteligência artificial, digamos, um “apocalipse tecnológico”. O álbum foi aclamado pelo público e mídia, um conceito realista da era moderna, cérebros cibernéticos se tornando vidas. Humanos cada vez mais derrotados pelas máquinas e tudo alinhado a um instrumental duelando entre agressividade, melodias, viagens progressivas e vocais (ora urrados, ora limpos).

O tempo passou, o nome que ganhava notoriedade na cena e em festivais grandes já não era mais visto, era comum pensar que entraram num buraco e de lá o grupo possivelmente não sairia. O guitarrista Per Nilsson, um dos únicos membros originais que continua na banda, resolveu passear por novos lugares. Por alguns anos, Per foi guitarrista integral do Meshuggah nos shows e assumiu também as 6 cordas do grupo Nocturnal Rites, mas, os fãs clamavam pelo ressurgimento de um dos mais brilhantes grupos do Melodic Death Metal, Scar Symmetry.

O hiato durou quase uma década, mas assim como a tempestade que não dura para sempre, inesperadamente a felicidade deu as caras com a chegada de “The Singularity (Phase II — Xenotaph)”. No release para o lançamento do single “Scorched Quadrant”, a banda declarou: “Vimos o surgimento da IA diante de nossos olhos e, embora todos olhemos maravilhados para o que pode criar, é fácil pensar em alguns cenários muito perturbadores. Neste novo álbum exploramos mais uma vez esses temas de neo-humanidade, da inteligência artificial e da singularidade tecnológica de um ponto de vista distópico”.

O disco será um deleite para os fiéis do Scar Symmetry ao mesmo tempo que poderá fazer a felicidade de fãs aleatórios, não há necessidade de já conhecer a discografia dos suecos, por mais que conceito do novo álbum seja sequência do anterior, o mesmo possui elegância e sonoridade própria. Mostrando que humanidade pode, em breve, não ser mais dominante neste mundo. O trabalho começa com a bombástica “Chrononautilus”. Urros logo de início dão o impacto ameaçador com o instrumental agressivo, com o contraste de um vocal limpo nos refrãos duelando com gritos. Sim, algo como uma versão masculina daquele modismo “bela e a fera” das bandas de Gothic Metal no final dos anos 90 e início dos anos 2000.

Por muitas vezes, eu senti como se o grupo fosse uma mistura entre Stratovarius, Soilwork, Children of Bodom, Dimmu Borgir e Dream Theater. As camadas de teclado, os recursos sinfônico, as passagens milimetricamente trabalhadas — cheias de notas e viagens progressivas somam-se a elementos sombrios e densos, resultando numa musicalidade inteligente, exposta em faixas como: “Altergeist”, “Digiphrenia Dawn”, “Hyperborean Plains” e “Gridworm”. O disco prende de vez o ouvinte na sua curva final, com “A Voyage With Tailed Meteors”, “Soulscanner” e “Xenotaph”. Uma trinca repleta de suspense, ornamentada com corais suntuosos e equilibrando-se entre brutalidade e virtuose — euforia e alegria.

Resumindo, quando uma banda desaparece por um tempo, a volta é árdua, o disco precisa preencher as lacunas deixadas. Por sorte, o Scar Symmetry com “The Singularity (Phase II — Xenotaph)” fez o trabalho certo, recolocando o grupo não apenas de volta nos trilhos, mas avançando inúmeras milhas com o mesmo.

William Ribas




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