terça-feira, 5 de dezembro de 2023

DEAD OR A LIE - AMBIVALENCE (2023)

 

DEAD OR A LIE
AMBIVALENCE
Independente - Nacional

É muito interessante quando a gente acompanha o trabalho de uma banda desde seu primeiro lançamento e pode perceber a evolução do grupo. Essa evolução nem sempre significa melhorar a técnica, mas principalmente, a forma de compor e estruturar suas composições. Tive o privilégio de resenhar os trabalhos anteriores do grupo DEAD OR A LIE e posso afirmar sem medo que o grupo está mais maduro e muito mais seguro da sua musicalidade. Não que anteriormente existisse alguma dúvida sobre a capacidade técnica e criativa do trio, mas em AMBIVALENCE, o casamento entre música e conceito atingiu um nível de excelência que mostra a versatilidade e dedicação da banda na busca de seus objetivos.

Composto por Willian Albino (vocal), Matheus Vieira (guitarra) e Carlos Oliveira (guitarra), o trio contou com ajuda, nas gravações, de Ali Zaher Jr (baixo, CPM 22), Daniel Cestari (bateria) e Matheus Botelho (teclados). Ali Zaher Jr também foi o responsável pela produção, mixagem e masterização do trabalho, que foi gravado em seu estúdio, o Sunrise Music. Outro ponto que cabe ser ressaltado é que este é o primeiro trabalho do grupo que não conta coma s baquetas de Willian, que ficou responsável apenas pelas vozes por uma questão de logística. O conceito do álbum ficou sob a responsabilidade de Matheus Vieira, inspirado pelas teorias Zygmunt Bauman, renomado filósofo polonês. Explorando as contradições da vida, o caos das emoções e a busca por um significado num mundo incerto, o trio abrange diversos estilos em sua musicalidade, embora o Hard Rock e o Stoner sejam predominantemente mais perceptíveis. E o que temos em AMBIVALENCE é um trabalho denso, intenso e de extremo bom gosto.

"Helpless Again" abre o álbum com uma intro suave, que numa crescente dá lugar ao peso das guitarras de Matheus e Carlos. Os vocais de Willian trazem consigo a energia demandada pela faixa, dosando sua voz (inspirado por Mike Patton) de forma correta e concisa. A levada da composição por vezes nos remete ao bom e velho Sabbath, mas com a identidade do grupo. Um começo que nos habilita a mergulhar em "The Price of Beauty", um típico Rock n' Roll, equilibrado entre o peso (cortesia da dupla Ali Zahmer e Daniel, baixo e bateria) que entregam muita energia nessa faixa, que tem um arranjo bem construído. Os riffs também se destacam, com destaque para os timbres das guitarras. O peso mais intenso e cadenciado volta à carga com a faixa-título. "Ambivalence" é outro momento de muita energia, onde a coesão e entrosamento do grupo se destaca, seja pela harmonia, seja pela qualidade na execução da composição. Um belo solo acompanha a faixa que na sequência, dá lugar à "Amazement Garden", uma pérola stoner, coma s características que fizeram do estilo um dos mais intensos do cenário. Andamento moderado, backing bem encaixados e uma atmosfera anos 90, são os pontos a se destacar aqui. E para encerrar, "Eternity of Lies", mais um momento pesado e dotado de intensidade, com vocais soturnos, lembrando os bons momentos de Ville Laihiala à frente do saudoso Sentenced

Ao final, percebi que usei por diversas vezes a palavra "intensidade" para definir a musicalidade do DEAD OR A LIE. E realmente, não há palavra que defina com maior precisão a música de qualidade apresentada pelo trio. Desde seu primeiro lançamento, a evolução, musical e lírica do grupo vem numa crescente respeitável, culminando com AMBIVALENCE, que na opinião deste que vos escreve, é o melhor trabalho do grupo até aqui. Que sigam nessa busca incessante pelo seu lugar dentre as grandes bandas do cenário pois qualidade, técnica e acima de tudo, dedicação e paixão pelo que fazem, dão mostras que esse lugar já está reservado.

Sergiomar Menezes




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