HEADSPAWN
PARASITES
Independente - Nacional
PARASITES
Independente - Nacional
Eu já escrevi isso diversas vezes por aqui mas é sempre bom repetir: como é bom quando a gente se surpreende ao ouvir bandas que não conhecíamos e acabamos descobrindo trabalhos sensacionais. E não é nenhum exagero colocar nessa situação a banda paraibana HEADSPAWN, trio que pratica um som intenso, pesado, e que nos mostra que o Brasil vem se renovando dentro do estilo, provando assim que nem só de Angra, Sepultura, Krisiun e outros "medalhões" o metal brasileiro vive. "PARASITES", primeiro álbum da banda, formada em 2019, é uma amostra do poderio de uma das regiões mais castigadas do país quando o assunto é música pesda. E bota pesada nisso!
Formada por Alf Cantalice (vocal/guitarra), J.P. Cordeiro (baixo) e Marconi Jr. (bateria), a banda tem pouco mais de 4 anos de atividades, mas demonstra uma capacidade criativa e dedicação ao trabalho como se estivessem na estrada há muito tempo. Lançado em novembro de 2023, o trabalho foi produzido, mixado e masterizado por Victor Hugo Tangino. A sonoridade do grupo traz um mix muito interessante de peso, agressividade e energia, trazendo como influências o Sepultura, Biohazard e Pantera, mas repletos de referências à música e tradições regionais, mostrando personalidade e criatividade ao longo das dez faixas que compõem o álbum.
A intro "Terra Solis" já nos situa dentro da perspectiva de "Parasites". Uma guitarra nervosa acompanhada pelo peso da cozinha e da sonoridade tradicional da região nos preparam para o primeiro petardo: "Butches". Logo de cara, podemos afirmar que as definições de peso foram atualizadas com sucesso! Que paulada, meu amigo! Alf alterna vocais guturais com momentos de canto mais limpo, criando um contraste muito interessante. JP e Marconi, baixo e bateria respectivamente, demonstram um entrosamento e coesão que se reflete na estrutura firme e intensa. "Sinking Jetsam", na sequência, traz um toque de modernidade ao som do grupo, mas sem com que isso soe "atual", na forma pejorativa do termo. Um groove denso, em alinhamento com uma rispidez que surge ao natural, criam a atmosfera perfeita para a agressividade da composição. E os ritmos regionais retornam em "Failure, Death and Decay", ainda que de forma tímida (mais voltada para a introdução). Mais cadenciada e com passagens recheadas de groove e vocais limpos, a faixa é um exemplo de como soar brutal sem muito esforço. "Everybody Hates Somebody" (título genial), traz o mix de sujeira e criatividade, onde os vocais limpos me trouxeram os momentos iniciais da carreira de Mr. Ozzy Osbourne. E quando menos esperamos, somos surpreendidos por um momento mais "ritmado", com aquela pegada regionalista que se encaixou muito bem na proposta.
A instrumental "Fili Caatinga", é um momento bonito e introspectivo, também calcado nos ritmos regionais, quebrando o clima de brutalidade que vinham dosando o trabalho até aqui. No entanto, seu 01'11" de duração, antecedem a porradaria de "Ghost of Myself", onde o baixo de JP comanda a festa. Como é bom ouvir uma banda madura, sem medo de experimentar e dona de suas vontades. E digo isso com propriedade, pois o que vemos de grupos que procuram sua identidade por dois, três álbuns antes de se encontrarem com sua sonoridade é quase uma regra! E o baile segue com "You Are", groovada e pesada. Eu fico pensando o que deve ser uma apresentação do trio, principalmente em um local menor. O potencial de destruição é enorme! "Brought Into This World", mais cadenciada, destaca o trabalho do batera Marconi, com quebradas certeiras, sem exageros, mostrando que a técnica pode sim estar a serviço da criatividade e não apenas o contrário! O trabalho encerra com "The Grotesque Factory of Files", outro momento que traz uma proximidade com o metal atual norte americano, mas com a identidade "Headspawn".
PARASITES, não á toa, acabou entrando na minha lista de melhores álbuns nacionais de 2023. E olha que esse ano foi repleto de ótimos lançamentos, o que criou uma dificuldade boa na hora de organizar tal lista. Isso só vem a comprovar que o HEADSPAWN tem potencial de não ser apenas uma promessa, mas sim, uma REALIDADE do nosso cenário!
Sergiomar Menezes
Eu fico excitado ouvindo essa banda
ResponderExcluir