quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

URIAH HEEP - 09/12/2023 - CWB HALL - CURITIBA/PR

 


URIAH HEEP
CWB HALL - CURITIBA/PR
09/12/2023

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Godoy

Magos existem sim! Eu assisti a 5 deles no sábado a noite, na bela Curitiba. Estou falando da lendária banda Uriah Heep, que fez a magia fluir no Curitiba Hall, e emocionou a todos os presentes, que lotaram o local para presenciar ao espetáculo dado por estes senhores que completaram este ano 54 anos de estrada.

Eu, sendo gaúcho de Porto Alegre, tenho que fazer uma constatação: “perdemos” nosso posto para Curitiba no ranking de cidades em que os grandes e médios shows aportavam antigamente. Não é de hoje que isso vem acontecendo, mas agora me parece definitivo. Ponto mais que positivo para o povo curitibano pois no sábado 09 de dezembro, tínhamos vários eventos de diversos estilos musicais acontecendo na cidade, e pelos relatos todos com ótimo público.

A ressalva foi o local escolhido para o evento: o CWB Hall não é um local apropriado para receber uma banda do porte do Uriah Heep. Dependendo do local, se você fica mais atrás, não consegue ver o palco por completo, e dividiram o local em pista VIP e pista normal. Até aí, já estamos acostumados, mas a divisão de tais pistas era feita apenas por segurança com lanternas (sim, tipo cinema, assim mesmo como você pensou), e para descobrir os limites de ambas era humanamente impossível. Imagine a confusão pra quem pagou a tal VIP e via a todo momento seu local ocupado por quem pagou pista normal? Para ir até os banheiros era uma verdadeira batalha, e no bar, o sistema com pagamento via comanda/cartão funcionaria perfeitamente...até que desse errado. E deu, pois o sistema parou de funcionar e se você chegasse ao balcão e pedisse duas cervejas tendo pago apenas uma certamente seria atendido...mas não, não é vantagem, pois o contrário poderia acontecer também.

Bem, mas vamos ao que interessa: o show magnifico do Uriah Heep. Às 22h em ponto, a lenda inglesa sobe ao palco, detonando “Grazed by Heaven” seguida de “Taken My Soul Away”, ambas do álbum “Living The Dream” de 2018. Logo de inicio os rapazes “jovens há mais tempo” Bernie Shaw (vocal) e Mick Box (guitarra) demonstram uma vitalidade e vontade de estar no palco poucas vezes vistas inclusive em bandas mais jovens, escoltados pelos fantásticos Davey Rimer (baixo), Russel Gilbrook (bateria) e o maestro Phil Lanzon (teclados). O primeiro clássico da “Era-Byron”, “Traveller in Time” do magistral e mais que clássico “Demons And Wizards” nos faz realmente nos tornarmos viajantes no tempo, e mesmo aqueles que tinham pouca idade ou nem sonhavam em ter nascido, são imediatamente transferidos para a década de 1970 e para uma época que muitos fãs indicam como a fase de ouro do Uriah.

“Beetween Two Worlds” do “esquecido” álbum de 1998 , “Sonic Origami” segue com classe e firmeza, mas é com a próxima música “Stealin”, que o CWB Hall vem abaixo, com o público cantando junto a Bernie em uníssono. A seguir, uma surpresa, ao menos para mim..."Too Scared too Run” do clássico álbum “Abominog” de 1982. Este disco é muito lembrado aqui no Brasil, por ter o “macaco-diabo” na capa, onde muitos que não conheciam a banda à época e apenas viam a capa, pensavam ser um álbum de metal pesadíssimo, e na real se trata de um excelente álbum de Hard Rock/AOR. Constatei pela quantidade de camisetas com a capa do álbum presentes no show e alguns LPs mostrados para a banda, que este álbum ser um dos preferidos da discografia do Uriah, não é uma particularidade minha. Mais uma vez a versatilidade de Bernie Shaw é estampada, pois ele canta com perfeição qualquer fase da banda, e de uma música para outra ele vai de David Byron a Peter Goalby sem nem um deslize e colocando sua própria personalidade nas interpretações. Sem contar que é um monstro de um frontman.



Daí pra diante, o que os olhos e ouvidos dos 800 presentes no CWB Hall foi algo próximo de um êxtase coletivo. Clássicos atrás de clássicos, a saber: “Rainbow Demon", “Sweet Lorraine”, a “quase metal” “Free and Easy”, do “álbum da cobra” “Innocent Victim” gravado com o também saudoso John Lawton nos vocais. Não preciso dizer que mais uma vez Bernie Shaw é perfeito. Russel Gilbrook demostra toda a sua excelência nas baquetas e tambores, como bate forte esse sujeito! Sem dúvida um dos melhores bateristas da atualidade.

Hora da apresentação da banda, e Bernie, ao apresentar o Mago-mór, Mick Box, fala que o Uriah Heep só existe até hoje por “culpa” de Mick, que é ovacionado por todos! Incrível como pode um cidadão ser uma lenda e ao mesmo tempo um poço de simpatia. Todos os integrantes, na realidade esbanjam simpatia, porém não existe um único segundo que o Sr. Box não esteja sorrindo no palco, mesmo durante os solos mais intrincados ou quando ele esmerilha sua pedaleira wah-wah. “Gipsy” segue o set list, ou poderia dizer, “celebração”. A faixa de “Very ´Eavy, Very ´Umble”, primeiro álbum da banda do longínquo ano de 1970, pesada e cadenciada, mais uma vez cantada por todos os presentes. “Look at Yourself” uma das músicas mais clássicas da banda é executada e abre caminho para a lindíssima “July Morning”. Nesse momento, teve marmanjo marejando os olhos ...E só não se emociona com essa, quem já morreu...e olhe lá.

Pequena pausa e Mick Box retorna ao palco com um violão em mãos. Bernie brinca com a plateia: “Mick box e um violão, esta não precisarei anunciar..”. Sim, a clássica composição do inesquecível Ken Hensley “Lady In Black” é executada e adivinhe? Tome cantoria da plateia de novo. Não só o público está em êxtase, a banda também está feliz em participar destes momentos com os fãs. Sentimento estampado na fisionomia do quinteto. Nova pausa e o manjado “final falso”. A banda se retira do palco para voltar em seguida. Mick Box agradece o carinho e entusiasmo do público e então é executado mais um momento brilhante da discografia do Uriah Heep: “ Sunrise” faixa de “Magician´s Birthday” e que também abre um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tampos: “Uriah Heep Live!” de 1973...Executada de forma magistral como todas as anteriores, mais lágrimas caindo dos olhos de boa parte dos presentes...E o encerramento veio com “Easy Living” talvez a faixa mais conhecida da banda. Após 100 minutos de show, o Uriah Heep se despede do palco, deixando a todos os presentes com a alma lavada.



Se por um lado, sentimos falta das músicas do excelente último trabalho “Chaos and Colour”, lançado este ano, por outro a explicação da ausência nos deixa entusiasmados: em conversa nos bastidores com o baterista Russel Gilbrook, o mesmo relatou que a banda não teve tempo para aprontar o show para a tour dedicada ao álbum, no que diz respeito a preparar músicas novas, devido a incessante agenda de tour em 2023. A tour de “Chaos and Colour” terá início apenas em 2024, ele confirmou que a banda voltará para a América do Sul para promover o trabalho. Uma ótima noticia para todos os fãs. O Uriah Heep não apenas envelheceu muito bem...Como disse um amigo meu, eles são um patrimônio do Rock Mundial. Que voltem ao Brasil quantas vezes forem possíveis. Uriah Heep ao vivo é pura magia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário