sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

GOATEN - MIDNIGHT CONJURING (2023)

 


GOATEN
MIDNIGHT CONJURING
Independente - Nacional

Nos dias de hoje é bastante difícil encontrar bandas com personalidade, que não se prendam a nenhum estilo específico. E, mais raro ainda, é saber que alguma banda quer ser vista dessa forma. E não há outra forma para definir a GOATEN, trio gaúcho que pratica uma música quase que inclassificável dentro metal. Heavy Metal, Hard Rock, Thrash, Gothic, Classic Rock... Tem tudo na salada musical de extremo bom gosto encontrada em MIDNIGHT CONJURING, primeiro full lenght do grupo, que já carrega consigo dois EP's e um single. Se no primeiro single, a banda flertava com o metal tradicional, no segundo, as influências de outros gêneros se tornaram mais latente e culminaram num álbum consistente, com personalidade e de muita qualidade. E, já deixo adiantado aqui, se o Brasil fosse um país que pudesse ser levado ( e se levasse) a sério, esses caras teriam status de banda grande.

Francis Lima (baixo/vocal), Daniel Limas (guitarra) e Rafah Drink Wine (bateria), voltaram ao já consagrado Estúdio Hurricane, como fizeram nas gravações dos EPs, e sob o comando de Sebastian Carsin, gravaram dez faixas que navegam com facilidade por diversos estilos, mantendo sempre o peso e porque não dizer, as características que vem moldando o trabalho do trio ao longo da sua curta, mas prolífera carreira. O álbum, além de faixas inéditas, traz também os singles lançados anteriormente, além de uma faixa que compõe seu último EP (Crimson Moonlight - 2021). Faixa essa que, segundo os integrantes da banda, representa bem aquilo que o grupo procura fazer com sua sonoridade. A capa traz consigo uma atmosfera totalmente anos 80, com aquele clima de filmes de terror que fizeram, e ainda fazem, a cabeça que quem cresceu na melhor época de todas.

O álbum já abre com uma faixa que, sem dúvidas, é um dos grandes destaques do trabalho: "Witches' Serenade", repleta de referências ao heavy/hard. Com uma introdução de impacto, cortesia do batera Rafah, a música é dona de um refrão que não sai mais da sua cabeça após a primeira audição. Duvida? Escute e me diga. Além disso, Daniel caprichou no timbre da guitarra, enquanto Francis encaixou o vocal de forma "quase" descompromissada, dando à composição aquilo que vai fazer dela presença obrigatória nos shows da banda. Na sequência, outro grande momento, "Phantom Chaser", single lançado anteriormente. A guitarra dita o ritmo, enquanto a cozinha capricha no peso, imprimindo uma pegada intensa. Mais uma vez, o refrão causa impacto e sendo de fácil assimilação, também vai obrigar o trio a tocá-la constantemente em suas apresentações. Muitos pessoas tem comparado, de forma errônea, a sonoridade do grupo ao Ghost. Talvez, uma das causas seja "Pride or Dust", que traz guitarras muito próximas daquilo que o Papa Emeritus (seja lá qual a denominação dele agora) faz com sua banda. Inclusive o andamento nos remete à banda, mas não dá pra colocar isso como uma referência, haja vista que essa gama é bem maior e diversificada.

"Until I Come Again" é aquela faixa tipicamente Hard Rock, feita pra dirigir em alta velocidade e, sendo o amis politicamente correto possível, bebendo uma cerveja gelada. Empolgante, a composição traz riffs interessantes e aquela levada anos 80 que a casa tanto admira. É chegada a hora da faixa que traz a "cara" do grupo: "Bells". Resgatado do EP já citado anteriormente, a faixa é pesada, densa, e com um clima um tanto quanto gótico (ou dark, chame como quiser). A estrutura da composição mostra a versatilidade do grupo, e Francis tem sua melhor performance do trabalho aqui, vez que sua voz tem uma maior intensidade em faixas mais cadenciadas. A bela balada "When Midnight Comes", dá uma acalmada nos ânimos, mas isso não significa perda de qualidade, pois Daniel traz aqui o solo mais legal do trabalho. Outra faixa que foi lançado junto com "Phantom Chaser", "Finally Free" vem na sequência, e também ratifica aquilo que todos que conhecem a banda já sabem: o hard/heavy dos anos 80 corre nas veias do músicos. Mais acelerada e com linhas de guitarra mais diretas, o refrão me remeteu a algo do Pop 80's também, mas pode ter sido apenas uma impressão. Em seguida, "Hell Bent...", ops... "Metal Blade", com um pé no Thrash Metal, carrega uma aura Judas Priest em seu andamento. Talvez por isso a intro tenha me remetido ao clássico dos Metal Gods. Pra fechar o trabalho, a faixa mais "estranha" do álbum. "The Thing at the Camp". Pesada, com um andamento cadenciada, e levadas que mudam de em alguns momentos, A composição encerra o álbum com a cara da banda, qual seja, inclassificável...

MIDNIGHT CONJURING, ainda que seja o primeiro álbum da GOATEN, já coloca o grupo como um dos principais do Rio Grande do Sul, seja pela qualidade, seja pela persistência, seja pela batalha no underground. Que público e crítica saibam valorizar o trabalho do grupo, que comprova que nem só de Angra, Krisiun, e Sepultura vive o metal nacional. Basta vontade pra conhecer nosso rico cenário!

Sergiomar Menezes





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