TWILIGHT FORCE – AT THE HEART OF WINTERVALE (2023)
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional
Dados multifacetados rolam sobre um tabuleiro ante miniaturas de chumbo de cavaleiros, magos, dragões e monstros. Uma voz surge de trás do escudo:
Aproximem-se, aventureiros, sentem-se em torno da lareira de minha humilde taverna. Aproveitem o lume que o fogo ainda cintila em meu aposento, esse que outrora recebeu os mais bravos heróis dos reinos, aqueles que dominaram a mágica do Power Metal Melódico, como os bardos do Blind Guardian ou cavaleiros da espada de esmeralda do Rhapsody, cujos encantamentos defenderam com honra uma era dourada e que atraiu tantos outros acólitos e aprendizes os quais vieram por sua trilha, sedentos por seu poder.
Porém, nobres aventureiros, a magia tornou-se comum e, alguns audaciosos a disseminaram com a velocidade insensata dos tolos, como os bufões do Dragonforce, elevando o poder à quintessência hoje conhecida com Epic Symphonic Power Metal. Entretanto, nesse caminho, alguns bravos e nobres de coração empunharam sua armas e almas na defesa desse conhecimento ancestral. Sim, eu falo do valente grupo de heróis vindo dos vales gelados escandinavos, da distante Suécia, aqueles que os feiticeiros e menestréis sussurram pelo nome de Twilight Force.
Esses corajosos guerreiros possuem nomes inspirados nos seus feitos, talvez pelas outras vezes em que enfrentaram magos das trevas e criaturas das profundezas. São eles: Alessandro Conti, o Ayylon, cujo poder vem da voz, dos vocais agudos e melodiosos; Philip Lindh, o Lind, ágil menestrel das guitarras e solos velozes; Jocke Johansson, o Aerendir, poderoso estrategista da guitarra base; Daniel Beckman, o Blackwald, mago dos teclados e das sinfonias fantásticas, e; Isak Olsen, o De’Azsh, elfo da bateria e dos tambores cadenciados. Vestem-se inspirados como seus feitos, não se confundindo, talvez, com as vestes dos bárbaros do Manowar. Juntos desde 2011, o grupo desvenda sua quarta missão “At The Heart of Wintertale”. Eu sei que muitos dirão que este novo desafio não se diferencia das jornadas anteriores, mas a verdade é que a busca desses guerreiros é manter seu poder em apogeu, provando aos incautos que eles podem representar sua fé ante esta árdua batalha e ter, mais uma vez, seu nome nas lendas eternizadas do Symphonic Power Metal.
A primeira missão é entendida nesta nova empreitada pelo nome homônimo do bando: Twilight Force, um desfile de todas suas armas e magias como se espera. Vocais poderosos, guitarras em velocidade, bateria acelarada, teclados e temas em plena insanidade: tudo que a mágica desses sempre apresentou está lá. Sua segunda aventura é intitulada pelo nome da campanha em questão: At The Heart of Wintervale. Mais uma vez, esses aventureiros fazem o que os elevam a grandes heróis. Coros e orquestras para narrar a aventura de um herói solitário entre ruínas geladas até o encontro de um dragão que desperta de um sono centenário. Há aqui uma musicalização que aposta em vocais emocionais e teclados despertos à adrenalina dessa quest. Quando chegamos à terceira façanha de nossos aventureiros, encontramos eles desfilando flautas e instrumentais mais folks, remetendo a cultura celta – tom que é elevado durante vários pontos do percurso. Dragonborn apresenta mais uma canção power em que os vocais te incentivam a encontrar um dragão e voar com ele. Entoam boatos pelas florestas dos reinos que esta aventura não foi tão fantástica assim, pois o grupo não apresentou nada demais nessa luta.
No entanto, se duvidaram do poder dos suecos em sua última jornada, todos devem reverenciar sua quarta aventura: Highlands of The Elder Dragon. Nesta majestosa história, encontramos vários momentos ambientalmente bem trabalhados. Há um tom progressivo que narra a história, com evidentes destaques à Blackwald cujo solo de piano foi executado com extremo bom gosto e sabedoria. Você embarca no desafio heroico de adentrar na colina do Grande Dragão em busca da salvação do reino em uma fábula de 10 minutos e 32 segundos em que você será brindado por instrumentais e corais poderosos, além do solo mágico de Lind. Skynights of Aldaria imprime uma tensão cinematográfica em seu instrumental incidental. A trilha, diferente das anteriores, busca um tom sombrio em sua composição. Certamente, conforme as lendas já cantam, é um dos feitos elevados desses aventureiros nesta empreitada. Logo após essa batalha, A Familiar Memory oferece repouso e descanso à campanha. Neste momento, os heróis curam suas feridas e bebem um hidromel, em uma trilha folk composta como ponte para a próximo e grande desafio.
E este momento é Sunlight Knight, a melhor canção da jornada. A história de um cavaleiro que enfrenta um demônio que roubou o sol é encantada pela precisão e criatividade do grupo ao nos levar para uma missão épica que conta com o ápice instrumental do grupo em todos os sentidos. O destaque, ironicamente, trata-se de ao final do percurso, após o teclado devastar com sua mágica, a música abre espaço PARA UMA RUMBA! SIM, EU NÃO ESTOU ENFEITIÇADO PARA DIZER-LHES ISSO! Evidentemente, Lind, após esse momento único na história do Symphonic Power Metal forja um solo indestrutível, veloz e técnico a fim de mostrar que são reis entre as trevas. A missão final dos suecos chama-se The Last Crystal Bearer, um momento em que o grupo enfrenta a morte, mas não da maneira que se imagina. Um mago perde o domínio de sua magia e ergue mortos das trevas. Uma batalha épica de 10 minutos e 20 segundos é travada pelo grupo, momento em que todos poderes conhecidos pela mágica sinfônica do metal melódico é evocada. Os vocais melódicos e rasgados representam a batalha dos magos. Destaque, sim, à orquestra que eleva o fim desta mágica aventura.
Ao final de tudo que passamos e já que as brasas dessa estalagem não ardem mais como ao início do que contei, sei que muitos de vocês duvidarão dos feitos e dos brados do Twilight Force, e dirão que eles nada mais fazem diferente do que muitos já fizeram. Certamente, muitos ainda desdenharão do poder da magia do metal sinfônico, como muitos já o fazem nas épocas atuais, em que a fantasia é devastada pela perdição da falta de imaginação. Ainda assim, ao final dos meus dias de contador de lendas e mitos, direi que os heróis e aventureiros do Twilight Force ainda partirão para novas e incríveis jornadas. Eles merecem a guarda do poder que ostentam. Da última vez que os vi, antes de adentrarem profundezas infernais, disse que eram os heróis do Dungeons & Dragons Metal. Eles riram, eu também. Afinal, acredito que é assim que eles acreditam na missão que carregam: felizes com o que fazem. Longa vida ao Twilight Force! Agora parto, pois as sombras começam a me consumir...
Gregory Weiss Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário