JETHRO TULL
RÖKFLUTE TOUR
10/04/2024
Auditório Araújo Vianna - Porto Alegre/RS
Produção: Opinião Produtora
RÖKFLUTE TOUR
10/04/2024
Auditório Araújo Vianna - Porto Alegre/RS
Produção: Opinião Produtora
Texto e Fotos: José Henrique Godoy
Shows no Auditório Araújo Vianna sempre tem um aspecto nostálgico especial aos que são “jovens há mais tempo” como este que escreve aqui. Sejam pelas lembranças dos shows ocorridos lá em tempos passados, seja por estar localizado no bairro Bom Fim, local de aglomerações de todas as tribos rockeiras nas noites portoalegrenses. E não foi diferente na noite de 10 de Abril de 2024, com mais uma visita do Jethro Tull.
Ao chegar no “Araújo”, como é carinhosamente conhecido por aqui, já podia constatar pela quantidade de pessoas com cabelos e barbas brancas, que seria uma noite para os veteranos, e que boa parte deles provavelmente estiveram presentes no primeiro show do Tull na cidade, em Outubro de 1988. Em meio a um que outro que aparentava ter menos idade, a totalidade do bom público presente aparentava ser fã da banda de Ian Anderson há muito tempo. Mas o que vale ressaltar é que todos presentes foram agraciados com um ótimo show.
O telão da casa e o serviço de som vez que outra transmitia um “pedido especial" do Sr. Anderson: durante a apresentação, não seriam permitidas fotos e nem filmagens, para não atrapalhar as performances dos músicos, devido a “complexidade das músicas” do Jethro. Tanto que não tínhamos nenhum fotógrafo profissional cobrindo o evento. Num primeiro momento pode parecer uma atitude antipática, mas Ian Anderson é bem conhecido por suas atitudes excêntricas e como dizia minha saudosa mãe: “maluquete a gente não contraria”.
Por volta das 20h45, sobe ao palco o violinista gaúcho Luciano Reis, com a missão de aquecer o público e fez uma apresentação curta, porém muito agradável, onde sobre bases pré-gravadas executou a clássica ‘O Fortuna”, “Kashmir” (Led Zepellin), “Nothing Else Matters”(Metallica) e “Highway To Hell” (AC/DC). Em apenas 15 minutos o músico demonstrou ser muito carismático trazendo versões muito boas e criativas para estes clássicos. Aguardar para apresentações completas deste ótimo músico.
Contrariando a tradicional pontualidade britânica, as 21h20, após mais um aviso sobre a proibição de fotos e filmagens, o telão ao fundo do palco que exibia uma imagem marítima com o nome Jethro Tull em azul começa a se movimentar e a projeção de um braço segurando um flauta surge das “profundezas”, e para delírio da platéia, um a um os músicos adentram ao palco e iniciam o show com “Sunshine Day” o single do álbum de estréia da banda de 1968. Ao final desta, as primeiras palavras de Anderson com o público, dizendo que era um prazer estar de volta à Porto Alegre para celebrar sete décadas de Jethro Tull. Na sequência vieram “We Used To Know” e a clássica “Heavy Horses”.
A esta altura, todos que possam por ventura ter se incomodado com a proibição de fotos e filmagens já tinham entendido o porque da exigência. A banda formada por John O´Hara (teclados), David Goodier (baixo), Scott Hammond (bateria) e o recém agregado à formação, o guitarrista Jack Clark, executam todas as músicas com maestria nota a nota. O telão é um show a parte, onde são projetadas imagens totalmente conectadas e que interagem com as músicas que são executadas. Ian Anderson, hoje um senhor de 76 anos, se não tem mais a mobilidade de outrora (por óbvio) e o vocal não tenha mais a mesma potência, ainda entrega muito bem no palco, enquanto desfila toda a sua habilidade na flauta.
Bastante falante, Ian pareceu mais a vontade do que nas últimas vezes que visitou Porto Alegre, enquanto desfilava músicas na sequência: “Weathercock”, “Roots To Branches”, “Holly Herald” , “ Wolf Unchained” e “Mine Is The Mountain”, todas elas com projeções fantásticas no telão. Para finalizar a primeira parte, a clássica instrumental “Bourrée”, de J.S. Bach. Ao final desta, Anderson faz sua tradicional pose se equilibrando em uma perna só, enquanto ao fundo aparece a reprodução da sua imagem na capa do álbum “Living In The Past”.
Então temos um intervalo de 20 minutos, tal qual uma ópera. Há aqui que se louvar a atitude da platéia, que atendeu o pedido de não fotografar/filmar e só aplaudiu e gritou ao final das músicas. Público educado é outra coisa... Enquanto aguardávamos o retorno do Tull, uma projeção do Ian Anderson nos encarava. Ao final do período de intervalo, na projeção, Ian puxa um binóculo (tal qual na capa ao álbum Stormwatch) apenas para nos relembrar (mais uma vez) sobre a exigência do “no fotos”... A banda retorna e enfileira “Farm On The Freeway”, a mais recente “Navigators” , “Warm Sporran” , “Mrs. Tibbets” e “Dark Ages” .
A saída para o tradicional “bis” e então o retorno com as mais clássicas do setlist: “Aqualung”, aqui numa versão diferente com John O´Hara executando o reconhecidíssimo riff nos seus teclados, e andamento mais cadenciado. Prefiro o arranjo original, mas aqui a variação soou bem, e o fechamento com a incendiária “Locomotive Breath”, essa com a “autorização” para as fotos liberada, e dai foi um festival de flashes, todos presentes tentando fazer suas melhores fotos para recordação de uma excelente apresentação do Jethro Tull.
Ian Anderson não dá sinais de aposentadoria, então fica aos fãs uma esperança de que esta não seja a última vez que assistiremos o Jethro Tull em terras brasileiras. Que venha (m) a (s) próxima(s) vez(es) . Agradecimentos especiais à Opinião Produtora pelo credenciamento.
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