segunda-feira, 29 de abril de 2024

BRUCE DICKINSON - THE MANDRAKE PROJECT WORLD TOUR - 25/04/2024 - PEPSI ON STAGE - PORTO ALEGRE/RS

 


BRUCE DICKINSON - THE MANDRAKE PROJECT WORLD TOUR

Abertura: Clash Bulldog's
25/04/2024
Pepsi on Stage - Porto Alegre/RS
Produção: MCA Concerts/ Opinião Produtora

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy (Clash Bulldog's) / Douglas Fischer (Bruce Dickinson)

Há exatamente 01 ano, Porto Alegre recebia a presença de Bruce Dickinson, para celebrar a memória de Jon Lord. Na mesma data, a capital dos gaúchos recebeu o Scorpions que divulgava seu mais recente e ótimo álbum, Rock Believer. O Rebel Rock, solicitou credenciamento para ambos, mas foi credenciado apenas para o show da banda alemã, a qual teve sua cobertura realizada pelo mestre José Henrique Godoy. Cá estamos e, 365 dias depois, fomos credenciados para cobrir "THE MANDRAKE PROJECT WORLD TOUR", turnê de divulgação do mais novo trabalho da carreira solo do vocalista do Iron Maiden. O que nos deixou muito felizes, pois tivemos a certeza que nosso trabalho vem sendo muito bem feito, mas também nos colocou sobre os ombros mais uma responsabilidade, pois estaríamos cobrindo o show de uma das maiores vozes que já pisaram sobre o solo desse planeta. E, depois de tudo que presenciei nesta mágica noite do dia 25 de abril de 2024 no palco do Pepsi On Stage, posso afirmar com a mais "certa" certeza do mundo: BRUCE DICKINSON está cantando muito mais agora do que em 2019, quando esteve pela última vez aqui com a Donzela de Ferro. 

Uma noite bastante agradável estava se desenhando quando me desloquei ao local do show, fato que mudou quando o mesmo se encerrou. Mas fica fica para depois... Ao chegar, num primeiro momento me surpreendi com o tamanho da fila que se formava aguardando a entrada, algo que acabou se mostrando um tanto quanto decepcionante, uma vez que o público final ficou aquém do que o evento merecia. O que eu posso dizer em relação a isso? Azar de quem não foi! 

Tudo começou quando por volta das 21h, a banda CLASH BULLDOG'S adentrou o palco com uma sonoridade pesada, meio hard, meio heavy, meio groove. Pode soar meio estranho, mas ao vivo funcionou muito bem! Ainda que o grupo pratique um som que difere da atração principal, o quarteto formado por Vitor Pernutt (vocal), Daniel Stone (guitarra), Bruno Eller (baixo) e Maurício Tarrago (bateria), mostrou desenvoltura e muita disposição em entreter o público que estava ali por um único motivo: assistir Bruce Dickinson! Tanto que o próprio Vitor falou por diversas vezes que todos estavam ali pra ver a voz do Maiden e puxou o coro de "Olê, Olê, Olê, Olê... Brucêê, Brucêê..." (ao meu ver, um tanto quanto desnecessário. Mas a banda teve personalidade ao executar suas faixas com muita garra, mesmo com os problemas no baixo enfrentados por Bruno por quase todo o set. Faixas muito legais como "Prophets of Time", "Tears of Blood" e a pesada "Evil Within", além de dois covers: "Them Bones" (Alice in Chains) e "Sad But True" (Metallica), ambas pesadas e muito bem executadas pelo grupo. Uma pena que perto do final desta última, a guitarra de Daniel tenha apresentado problemas, ocasionando o término da sua execução antes do fim. Claro que se pensarmos que uma banda autoral executou covers em detrimento ao seu próprio trabalho pode soar como um desperdício de tempo, por outro lado, mostrou que o grupo soube utilizar isso a seu favor, trazendo o público, que aguardava ansiosamente por Bruce, para cantar e vibrar junto. Destaque ainda para o baterista Maurício, que praticamente destruiu seu kit com uma pegada pesada e brutal. Vou acompanhar com mais cuidado o trabalho desse excelente quarteto fluminense!



Após a saída do Clash Bulldog's do palco, a ansiedade do público ficou maior ainda. Tanto que muitos nem devem ter reparado que no som mecânico, a sequência de 7 ou 8 músicas que foram programadas para serem tocadas antes da abertura e no intervalo, se repetiu por umas 4 ou 5 vezes... Mas esse era o momento de encontrar amigos pela pista, trocar uma idéia, conhecer pessoalmente uma das figuras históricas do metal gaúcho e que em sua humildade veio agradecer o apoio que o Rebel Rock dá às bandas, sejam elas iniciantes, antigas, underground mainstream, etc. Isso me deixou bastante satisfeito e feliz pois não é sempre que alguém como Marco di Martino, baixista da Spartacus, te diz algo motivador. O que eu tenho a dizer a ti, Marco, e a todos os amigos que eu tive a honra de entrevistar, é que nós que agradecemos por poder dar espaço à bandas tão importantes e que mantém a Heavy metal no Brasil respirando. Nosso MUITO OBRIGADO!

Era chegada a hora. As luzes se apagam e a intro "The Invaders/ Toltec 7 Arrival" começa a soar nos P.A's, dando lugar a entrada da banda formada pelos guitarristas Chris Declerq e Philip Nalund, a bela e simpática baixista Tanya O'Callaghan, o tecladista Mistheria e o baterista Dave Moneno (um monstro, diga-se de passagem) que precederam o nosso querido "Bruce Bruce". "Accident of Birth", faixa título do álbum de 1997, abriu o show com o público presente cantando a plenos pulmões, chegando a quase emudecer a voz de Bruce na hora do refrão. De cara, já pudemos perceber o quão afiada a banda estava, tamanho o entrosamento entre os integrantes. Fiquei pensando que todos ali tem idade para serem filhos do "homi" e que o spróprios, devem ter crescido com os pôsters de Dickinson em seus quartos. Em seguida, "Abduction", uma das duas músicas de "Tyranny od Souls" (2005) apresentadas, deu sequência ao peso das guitarras Heavy Metal que nos guiaram durante todo o espetáculo. Bruce Dickinson não parece que beira os 66 anos, não parando um único segundo sequer no palco, seja correndo de um lado pro outro, seja fazendo sua famosa "dança", seja dando esporro em quem cuidava de um determinado portão (mas isso eu escrevo daqui a pouco), o vocalista mostra vitalidade e nem parece ter vencido um câncer há pouco tempo. Já a baixita Tanya, apesar da pouca movimentação, interagiu bastante com o público, além de "duelar" com Bruce em suas "dancinhas". "Starchildren", outro grande momento de "Accident..." se fez presente, em outra performance arrasadora do vocalista, que fez com que a turma do gargarejo quase pulasse pra cima do palco.

"Afterglow of Ragnarok", uma das muitas faixas de "The Mandrake Project" presentes no show, foi executada como se já fosse um clássico da carreira solo de Bruce. Mesmo que o álbum tenha sido lançado a pouco tempo e que não tenha agradado a uma parcela de fãs (a qual eu não me incluo), a faixa foi cantada por todos, assim como "The Chemical Wedding", faixa título do trabalho de 1998. Que música fantástica, e assim como a anterior, soou muito mais intensa ao vivo. Será que é trabalho das duas guitarras? Porque antes, apenas Roy Z. era encarregado das seis cordas, e agora, a dupla simplesmente destrói com solos e bases muito bem timbradas. O novo álbum volta ao set com "Many Doors to Hell", outro momento bem pesado e denso. E não é demais repetir: Como está cantando esse senhor! Se no Iron a voz de Bruce soa mais grave, aqui ele tem liberdade para buscar seu espaço e onde colocar seu timbre de forma certeira. A novidade ficou por conta da inclusão de "Jerusalem", faixa de "Chemical" que não havia sido tocada em Curitiba na noite anterior (aqui não tivemos "Laughing in a Hiding Bush). Uma faixa épica, grandiosa, onde o tecladista Mistheria pode exibir uma performance de altíssimo nível.


Celebrando o bom momento de "The Mandrake Project", "Ressurection Men" e "Rain on the Graves" vieram na sequência. Enquanto na primeira tivemos uma faixa que a meu ver, poderia ter sido trocada por "Mistress of Mercy", a segunda é um dos grandes momentos do citado álbum, e além da ótima performance", tivemos o momento "chilique" do nosso querido "Air-Raid Siren". Bruce encasquetou com um portão que estava aberto na lateral do Pepsi on Stage. Talvez por se tratar do espaço destinado aos fumantes (algo que Bruce vem demonstrando um certo desapreço), ele estava muito incomodado, ao ponto de gritar "Shut the fucking door, motherfucker!". Como a pessoa que estava por lá não deve ter entendido, ele voltou a gritar a mesma frase, só que agora com mais intensidade. Só que dessa vez, a porta se fechou, mas Bruce passou toda a música olhando pro local com a típica cara de inglês que atrasou o chá das cinco... Um tanto quanto deselegante, mas estamos falando de Bruce Dickinson, que segundo muitos relatos, não é uma pessoa das mais fáceis de se lidar. "Frankenstein", cover instrumental de The Edgard Winter Group" veio para aquele momento relax que de relax não teve nada! Que banda essa montada pelo inglês! São nesses momentos que você pode apreciar o brilhantismo de um artista, quando ele além da técnica, impõe muito mais que isso à sua interpretação, ou seja, deixa o feeling guiar seu talento e o que tivemos foi uma aula de como prender a atenção do público sem precisar dizer uma palavra. E que baterista desgraçado de bom esse Dave! O que o cara toca não é brincadeira!

Outro momento épico foi a execução de "The Alchemist", quando Bruce citou o escritor inglês William Blake e uma de suas obras surgiu no telão ao fundo palco. Momento que antecedeu aquela música que era uma das mais esperadas pelo público: "Tears of Dragon". Que momento especial, meus amigos! Confesso que a emoção me fez cantar a letra do início ao fim, lembrando quando ouvia "Balls to Picasso" inúmeras vezes lá pela metade dos anos 90. Esse é um daqueles momentos que a gente leva pra sempre, seja pelo envolvimento pessoal, seja pelo que aconteceu durante sua execução. Como lá no início, público e Bruce eram um só, uma voz uníssona que fez todos os presentes se emocionarem, ainda que muitos "camisas pretas" tenham segurado aquele cisco que entrou no olho... Pra encerrar a primeira parte, "Darkside of Aquarius", pesada e metal até o talo, veio para coroar uma apresentação musicalmente irretocável.



Depois de deixarem o palco e aos gritos de "Olê, Olê, Olê, Olê... Brucêê, Brucêê...", a banda retorna com "The Navigates the Seas of the Sun", faixa de "Tyranny...", mas que ao meu ver poderia ser substituída por alguma outra, ainda que seja uma bela composição. Porquê não mais alguma de "Balls.." ou até mesmo alguma coisa do excelente "Tattooed Millionaire", lançado em 1990? Apesar disso, o público curtiu bastante, enquanto aguardava as duas últimas da noite: "Book of Thel", simplesmente espetacular e aquela pra todo mundo cantar junto antes de ir pra casa, a pesada "The Tower" que deu fim a uma apresentação histórica e excelente de Bruce Dickinson, pela primeira vez em carreira solo, na capital gaúcha.

Na saída, fomos surpreendidos por uma chuva, já que quando entramos no Pepsi on Stage, até Lua havia no céu... Fica aqui meu agradecimento em nome do Rebel Rock à Opinião Produtora e a MCA Concerts, em especial ao Paulo Finatto Jr, pelo credenciamento, parceria e confiança em nosso trabalho. 


Sergiomar Menezes

Um comentário:

  1. Boa resenha, Sergiomar!!! Mais uma vez grato pela consideração!!!

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