terça-feira, 30 de abril de 2024

AMORPHIS - 26/04/2024 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 


AMORPHIS
Abertura: Exterminate
26/04/2024
Bar Opinião - Porto Alegre/RS
Produção: Ablaze Productions

Texto e fotos: José Henrique Godoy

Os finlandeses do Amorphis vieram visitar Porto Alegre pela segunda vez (a primeira vez foi em 2019) na sexta-feira, 26 de abril, e nos entregaram uma apresentação de muita intensidade e que envolveu ao bom público presente ao Bar Opinião desde os primeiros acordes.

Para a abertura da noite, a Exterminate foi a banda escolhida. Com 17 anos de estrada, o quarteto porto-alegrense formado por Adriano Martini (vocal/guitarra), Felipe Nienow (guitarra), Marcelo Feijó (baixo) e Sandro Moreira (bateria) subiu pontualmente ao palco do Opinião as 20h para não deixar pedra sobre pedra, como de costume! Seu Death Metal brutal, conseguiu agradar a todos os presentes, e após uma apresentação de quarenta minutos, saíram do palco sob aplausos da platéia que já contava com um bom número de presentes.



Seguindo a pontualidade, exatamente às 21h, as luzes se apagam e começa a “intro” para que os seis finlandeses entrassem um ao um no palco e começassem a apresentação com “Northwards”, do álbum “Halo”. Uma sequencia perfeita com “On The Dark Waters”, “The Smoke", “Sky Is Mine” e “The Moon” fez o Amorphis conduzir seu show com o “jogo ganho”, e o entusiasmo e prazer em estar presente no Opinião estava estampado no rosto dos músicos, o que foi retribuído obviamente por um público que cantava todas as músicas junto ao vocalista Tomi Joutsen.

Os guitarristas Esa Holopainen e Tomi Koivusaari, juntamente com Olli-Peka Laine (baixo), Santeri Kallio (teclados) e o baterista Jam Rechberger, e o já citado vocalista Tomi Joutsen, conseguem criar uma aura mística e poderosa que se estendeu por todos os cantos do Opinião, durante os noventa minutos da sua apresentação. Seja em músicas dos trabalhos mais recentes, seja em clássicos como “My Kantele”, “House of Sleep” e “The Castaway”, os presentes seguiram a banda e cantaram a plenos pulmões, seja quando Tomi colocava o microfone para que pudesse ouvir o público, ou mesmo quando não o fazia, maioria dos presentes entoaram as letras do Amorphis com correção , demonstrando que a platéia era formada por fãs de verdade e de longa data do grupo.



“The Bee” fechou esta ótima apresentação do Amorphis, e ao final desta, foram atiradas palhetas e adesivos da banda para as primeiras filas, que se degladiaram para pode levar embora um souvenir desta excelente apresentação. Enfim, uma excelente noite de metal finlandês em Porto Alegre. Agradecemos mais uma vez para a Ablaze Produtora pelo credenciamento e a equipe do Bar Opinião pelo tratamento e camaradagem costumeiras.



segunda-feira, 29 de abril de 2024

BRUCE DICKINSON - THE MANDRAKE PROJECT WORLD TOUR - 25/04/2024 - PEPSI ON STAGE - PORTO ALEGRE/RS

 


BRUCE DICKINSON - THE MANDRAKE PROJECT WORLD TOUR

Abertura: Clash Bulldog's
25/04/2024
Pepsi on Stage - Porto Alegre/RS
Produção: MCA Concerts/ Opinião Produtora

Texto: Sergiomar Menezes
Fotos: José Henrique Godoy (Clash Bulldog's) / Douglas Fischer (Bruce Dickinson)

Há exatamente 01 ano, Porto Alegre recebia a presença de Bruce Dickinson, para celebrar a memória de Jon Lord. Na mesma data, a capital dos gaúchos recebeu o Scorpions que divulgava seu mais recente e ótimo álbum, Rock Believer. O Rebel Rock, solicitou credenciamento para ambos, mas foi credenciado apenas para o show da banda alemã, a qual teve sua cobertura realizada pelo mestre José Henrique Godoy. Cá estamos e, 365 dias depois, fomos credenciados para cobrir "THE MANDRAKE PROJECT WORLD TOUR", turnê de divulgação do mais novo trabalho da carreira solo do vocalista do Iron Maiden. O que nos deixou muito felizes, pois tivemos a certeza que nosso trabalho vem sendo muito bem feito, mas também nos colocou sobre os ombros mais uma responsabilidade, pois estaríamos cobrindo o show de uma das maiores vozes que já pisaram sobre o solo desse planeta. E, depois de tudo que presenciei nesta mágica noite do dia 25 de abril de 2024 no palco do Pepsi On Stage, posso afirmar com a mais "certa" certeza do mundo: BRUCE DICKINSON está cantando muito mais agora do que em 2019, quando esteve pela última vez aqui com a Donzela de Ferro. 

Uma noite bastante agradável estava se desenhando quando me desloquei ao local do show, fato que mudou quando o mesmo se encerrou. Mas fica fica para depois... Ao chegar, num primeiro momento me surpreendi com o tamanho da fila que se formava aguardando a entrada, algo que acabou se mostrando um tanto quanto decepcionante, uma vez que o público final ficou aquém do que o evento merecia. O que eu posso dizer em relação a isso? Azar de quem não foi! 

Tudo começou quando por volta das 21h, a banda CLASH BULLDOG'S adentrou o palco com uma sonoridade pesada, meio hard, meio heavy, meio groove. Pode soar meio estranho, mas ao vivo funcionou muito bem! Ainda que o grupo pratique um som que difere da atração principal, o quarteto formado por Vitor Pernutt (vocal), Daniel Stone (guitarra), Bruno Eller (baixo) e Maurício Tarrago (bateria), mostrou desenvoltura e muita disposição em entreter o público que estava ali por um único motivo: assistir Bruce Dickinson! Tanto que o próprio Vitor falou por diversas vezes que todos estavam ali pra ver a voz do Maiden e puxou o coro de "Olê, Olê, Olê, Olê... Brucêê, Brucêê..." (ao meu ver, um tanto quanto desnecessário. Mas a banda teve personalidade ao executar suas faixas com muita garra, mesmo com os problemas no baixo enfrentados por Bruno por quase todo o set. Faixas muito legais como "Prophets of Time", "Tears of Blood" e a pesada "Evil Within", além de dois covers: "Them Bones" (Alice in Chains) e "Sad But True" (Metallica), ambas pesadas e muito bem executadas pelo grupo. Uma pena que perto do final desta última, a guitarra de Daniel tenha apresentado problemas, ocasionando o término da sua execução antes do fim. Claro que se pensarmos que uma banda autoral executou covers em detrimento ao seu próprio trabalho pode soar como um desperdício de tempo, por outro lado, mostrou que o grupo soube utilizar isso a seu favor, trazendo o público, que aguardava ansiosamente por Bruce, para cantar e vibrar junto. Destaque ainda para o baterista Maurício, que praticamente destruiu seu kit com uma pegada pesada e brutal. Vou acompanhar com mais cuidado o trabalho desse excelente quarteto fluminense!



Após a saída do Clash Bulldog's do palco, a ansiedade do público ficou maior ainda. Tanto que muitos nem devem ter reparado que no som mecânico, a sequência de 7 ou 8 músicas que foram programadas para serem tocadas antes da abertura e no intervalo, se repetiu por umas 4 ou 5 vezes... Mas esse era o momento de encontrar amigos pela pista, trocar uma idéia, conhecer pessoalmente uma das figuras históricas do metal gaúcho e que em sua humildade veio agradecer o apoio que o Rebel Rock dá às bandas, sejam elas iniciantes, antigas, underground mainstream, etc. Isso me deixou bastante satisfeito e feliz pois não é sempre que alguém como Marco di Martino, baixista da Spartacus, te diz algo motivador. O que eu tenho a dizer a ti, Marco, e a todos os amigos que eu tive a honra de entrevistar, é que nós que agradecemos por poder dar espaço à bandas tão importantes e que mantém a Heavy metal no Brasil respirando. Nosso MUITO OBRIGADO!

Era chegada a hora. As luzes se apagam e a intro "The Invaders/ Toltec 7 Arrival" começa a soar nos P.A's, dando lugar a entrada da banda formada pelos guitarristas Chris Declerq e Philip Nalund, a bela e simpática baixista Tanya O'Callaghan, o tecladista Mistheria e o baterista Dave Moneno (um monstro, diga-se de passagem) que precederam o nosso querido "Bruce Bruce". "Accident of Birth", faixa título do álbum de 1997, abriu o show com o público presente cantando a plenos pulmões, chegando a quase emudecer a voz de Bruce na hora do refrão. De cara, já pudemos perceber o quão afiada a banda estava, tamanho o entrosamento entre os integrantes. Fiquei pensando que todos ali tem idade para serem filhos do "homi" e que o spróprios, devem ter crescido com os pôsters de Dickinson em seus quartos. Em seguida, "Abduction", uma das duas músicas de "Tyranny od Souls" (2005) apresentadas, deu sequência ao peso das guitarras Heavy Metal que nos guiaram durante todo o espetáculo. Bruce Dickinson não parece que beira os 66 anos, não parando um único segundo sequer no palco, seja correndo de um lado pro outro, seja fazendo sua famosa "dança", seja dando esporro em quem cuidava de um determinado portão (mas isso eu escrevo daqui a pouco), o vocalista mostra vitalidade e nem parece ter vencido um câncer há pouco tempo. Já a baixita Tanya, apesar da pouca movimentação, interagiu bastante com o público, além de "duelar" com Bruce em suas "dancinhas". "Starchildren", outro grande momento de "Accident..." se fez presente, em outra performance arrasadora do vocalista, que fez com que a turma do gargarejo quase pulasse pra cima do palco.

"Afterglow of Ragnarok", uma das muitas faixas de "The Mandrake Project" presentes no show, foi executada como se já fosse um clássico da carreira solo de Bruce. Mesmo que o álbum tenha sido lançado a pouco tempo e que não tenha agradado a uma parcela de fãs (a qual eu não me incluo), a faixa foi cantada por todos, assim como "The Chemical Wedding", faixa título do trabalho de 1998. Que música fantástica, e assim como a anterior, soou muito mais intensa ao vivo. Será que é trabalho das duas guitarras? Porque antes, apenas Roy Z. era encarregado das seis cordas, e agora, a dupla simplesmente destrói com solos e bases muito bem timbradas. O novo álbum volta ao set com "Many Doors to Hell", outro momento bem pesado e denso. E não é demais repetir: Como está cantando esse senhor! Se no Iron a voz de Bruce soa mais grave, aqui ele tem liberdade para buscar seu espaço e onde colocar seu timbre de forma certeira. A novidade ficou por conta da inclusão de "Jerusalem", faixa de "Chemical" que não havia sido tocada em Curitiba na noite anterior (aqui não tivemos "Laughing in a Hiding Bush). Uma faixa épica, grandiosa, onde o tecladista Mistheria pode exibir uma performance de altíssimo nível.


Celebrando o bom momento de "The Mandrake Project", "Ressurection Men" e "Rain on the Graves" vieram na sequência. Enquanto na primeira tivemos uma faixa que a meu ver, poderia ter sido trocada por "Mistress of Mercy", a segunda é um dos grandes momentos do citado álbum, e além da ótima performance", tivemos o momento "chilique" do nosso querido "Air-Raid Siren". Bruce encasquetou com um portão que estava aberto na lateral do Pepsi on Stage. Talvez por se tratar do espaço destinado aos fumantes (algo que Bruce vem demonstrando um certo desapreço), ele estava muito incomodado, ao ponto de gritar "Shut the fucking door, motherfucker!". Como a pessoa que estava por lá não deve ter entendido, ele voltou a gritar a mesma frase, só que agora com mais intensidade. Só que dessa vez, a porta se fechou, mas Bruce passou toda a música olhando pro local com a típica cara de inglês que atrasou o chá das cinco... Um tanto quanto deselegante, mas estamos falando de Bruce Dickinson, que segundo muitos relatos, não é uma pessoa das mais fáceis de se lidar. "Frankenstein", cover instrumental de The Edgard Winter Group" veio para aquele momento relax que de relax não teve nada! Que banda essa montada pelo inglês! São nesses momentos que você pode apreciar o brilhantismo de um artista, quando ele além da técnica, impõe muito mais que isso à sua interpretação, ou seja, deixa o feeling guiar seu talento e o que tivemos foi uma aula de como prender a atenção do público sem precisar dizer uma palavra. E que baterista desgraçado de bom esse Dave! O que o cara toca não é brincadeira!

Outro momento épico foi a execução de "The Alchemist", quando Bruce citou o escritor inglês William Blake e uma de suas obras surgiu no telão ao fundo palco. Momento que antecedeu aquela música que era uma das mais esperadas pelo público: "Tears of Dragon". Que momento especial, meus amigos! Confesso que a emoção me fez cantar a letra do início ao fim, lembrando quando ouvia "Balls to Picasso" inúmeras vezes lá pela metade dos anos 90. Esse é um daqueles momentos que a gente leva pra sempre, seja pelo envolvimento pessoal, seja pelo que aconteceu durante sua execução. Como lá no início, público e Bruce eram um só, uma voz uníssona que fez todos os presentes se emocionarem, ainda que muitos "camisas pretas" tenham segurado aquele cisco que entrou no olho... Pra encerrar a primeira parte, "Darkside of Aquarius", pesada e metal até o talo, veio para coroar uma apresentação musicalmente irretocável.



Depois de deixarem o palco e aos gritos de "Olê, Olê, Olê, Olê... Brucêê, Brucêê...", a banda retorna com "The Navigates the Seas of the Sun", faixa de "Tyranny...", mas que ao meu ver poderia ser substituída por alguma outra, ainda que seja uma bela composição. Porquê não mais alguma de "Balls.." ou até mesmo alguma coisa do excelente "Tattooed Millionaire", lançado em 1990? Apesar disso, o público curtiu bastante, enquanto aguardava as duas últimas da noite: "Book of Thel", simplesmente espetacular e aquela pra todo mundo cantar junto antes de ir pra casa, a pesada "The Tower" que deu fim a uma apresentação histórica e excelente de Bruce Dickinson, pela primeira vez em carreira solo, na capital gaúcha.

Na saída, fomos surpreendidos por uma chuva, já que quando entramos no Pepsi on Stage, até Lua havia no céu... Fica aqui meu agradecimento em nome do Rebel Rock à Opinião Produtora e a MCA Concerts, em especial ao Paulo Finatto Jr, pelo credenciamento, parceria e confiança em nosso trabalho. 


Sergiomar Menezes

quinta-feira, 25 de abril de 2024

SUFFOCATION - HYMNS FROM THE APOCRYPHA (2023)

 


SUFFOCATION
HYMNS FROM APOCRYPHA
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

É puramente insano se sentar para ouvir o mais novo trabalho de estúdio do lendário Suffocation. A brutalidade e o peso descomunal que a banda despejou aqui é algo fora de série, não existe um único momento para o ouvinte respirar, é cacetada atrás de cacetada, é matador. O trabalho veio cheio de expectativa, pois seria a primeiro álbum de estúdio de Ricky Myers, que entrou no lugar do cativante Frank Mullen, que comandou o microfone do grupo por 20 anos, sendo o único membro oficial que ainda constava na formação. Uma responsa e tanta para Myers, que urrou como se sua vida dependesse disso em “Hymns From The Apocrypha”.

Como Ricky está na banda desde 2019, o entrosamento que encontramos e ouvimos nas 9 faixas, é resultado dos anos excursionando ao lado de Charlie Errigo (guitarra), Derek Boyer (baixo) e Eric Morotti (bateria). Acredito que estar na estrada foi fundamental para banda soar tão coesa em estúdio. As músicas carregam entre si uma mistura entre aquela rispidez dos primeiros trabalhos, com uma boa dose do que essa nova geração vem fazendo — o groove, o pé no freio para novamente acelerar com tudo, e tudo na brutalidade característica do Suffocation.

A faixa-título abre de maneira esperada, o alinhamento perfeito entre a técnica, velocidade e as lindas “paradinhas” inesperadas. A genialidade do instrumental beira o absurdo — as linhas progressivas, cheias de notas quebradas, reviravoltas inesperadas e blast beats mostram que “só fazer barulho” não completaria o que é essa máquina de destroçar pescoços. Obviamente que aniquilação sonora chama atenção, pegue trinca “Perpetual Deception”, “Dim Veil Of Obscurity” e “Immortal Execration”, são aulas grátis de como sangrar os tímpanos de seres sensíveis. Tudo graças ao peso de várias toneladas que estão nos riffs de Charlie Errigo.

Não vale destacar essa ou aquela música, o trabalho é coeso e carrega dentro de si uma força motriz para vindouros clássicos do grupo. É um desfile ímpar do melhor que o Death Metal pode oferecer. Quem é fã sabe o que esperar, quem não é, mas gosta de Death Metal, vale conferir. Não existem segredos, não existe nenhuma surpresa, Ricky Myers é o cara certo para o Suffocation. Aliás, após a audição de “Hymns From The Apocrypha”, ele nasceu para comandar os vocais dessa banda.

Bem-vindos a era, Ricky Myers!

William Ribas




terça-feira, 23 de abril de 2024

THE VINTAGE CARAVAN - THE MONUMENTS TOUR (2023)

 



THE VINTAGE CARAVAN
THE MONUMENTS TOUR
Shinigami Records/ Napalm Records - Nacional

O Vintage Caravan é um power-trio que vem da Islândia e pratica/revive os melhores dias do Hard Rock setentista. A sua discografia conta com quatro álbuns de estúdio e esse novo lançamento é um trabalho ao vivo gravado durante a turnê do seu último lançamento, “Monuments” de 2021.

Caso você não esteja habituado ou desconhece o som do Vintage Caravan, podemos descrevê-los como uma fusão das bandas mais agressivas e pesadas do Hard Rock setentista, com uma pegada “bluesy/funky” em alguns momentos (se alguém lembrou do Deep Purple MK3, sim, lembrou correto), algumas passagens mais psicodélicas e até progressivas.

Se você é familiarizado, é apreciador ou fã dessa linha de som, não tem a mínima possibilidade de você não curtir músicas como “Whisppers”, “Cristalyzed” e “Forgotten”. Momentos mais lentos e lisérgicos como em “Innerverse”, se por um lado tiram o pé do acelerador, diminuindo o frenético ritmo inicial, por outro lado, mostram  o quão talentosos e melódicos podem soar os islandeses.

Outro ponto alto é a produção, onde deixa todos os instrumentos com som cristalino, dando a impressão ao ouvinte de que você está no show do The Vintage Caravan. Tudo é extremamente perfeito e você pode ouvir cada nota perfeitamente, de qualquer um dos instrumentos.

Enfim, um ótimo trabalho que nos brinda o The Vintage Caravan, seu primeiro álbum ao vivo. Quem teve oportunidade de assisti-los na tour brasileira do ano passado sabe o quão valioso é este trio. O lançamento nacional é por parte da Shinigami Records.

José Henrique Godoy









TYGERS OF PAN TANG - LIVE BLOOD (2024)

 


TYGERS OF PAN TANG
LIVE BLOOD
Mighty Music - Importado


O baluarte da New Wave Of British Heavy Metal, Tygers of Pan Tang, está de volta, agora com o lançamento de “Live Blood”, o seu novo álbum ao vivo, gravado durante a turnê de 2023, que deu suporte ao ótimo “Bloodlines” lançado no mesmo ano. Este novo “Live” do Tygers busca dar uma geral em praticamente toda a discografia da banda.

Gravado no The Patriot, tradicional casa de shows na cidade de Newport, País de Gales, durante o verão europeu de 2023, a gravação e produção deste álbum soa cristalina, de tal forma que, se você não for um conhecedor da discografia do Tygers, fica muito difícil distinguir quais são as músicas antigas e as mais recentes. Isso se dá também pela vibração e entrosamento dos músicos do Tygers, liderados pelo guitarrista Rob Weir, único membro original da banda. Além de Rob, a formação atual conta com Jackopo Meile como vocalista, Francesco Marras na guitarra, Huw Howlding no baixo, Craig Ellis na bateria.

Esta formação atual faz justiça a todos os clássicos: “Euthanasia”, “Slaves To Freedom”, “Suzie Smiled”, “Gangland”, “Hellbound”, “Do It Good” e “Paris by Air”. Todos eles lado a lado com composições mais recentes como “Destiny”, “Blood Red Skies” e “Only The Brave”, que fizeram os álbuns mais recentes do Tygers a ser, inclusive, comparados com clássicos como “Spellbound” e “Wild Cat”.

A química da formação junto ao esmerado trabalho de produção, sem falar da bela capa, fazem este lançamento ao vivo ser um item obrigatório para os fãs do Tygers, ou para quem ainda não conhece o trabalho dos britânicos, sendo um excelente ponto de partida para ter um contato inicial com o prolífico trabalho da banda.

José Henrique Godoy










JEFF SCOTT SOTO / JELUSICK / SINISTRA - 19/04/2024 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS


JEFF SCOTT SOTO / JELUSICK / SINISTRA
19/04/2024
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE/RS
Produção: Ablaze Produtora

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carolina Capelleti Peres


O evento com JEFF SCOTT SOTO , JELUSICK e SINISTRA no Bar Opinião na sexta-feira passada pode ser definido como uma excelente noite de Hard/Heavy Metal para uma reduzida platéia. Os motivos para tal fato realmente podem ser muitos: o horário de inicio às 18 horas em um dia que muitas pessoas ainda estão saindo de seus trabalhos, o período do mês onde as pessoas não tem aquela grana sobrando (apesar do preço justo dos ingressos), ou outros menos votados. O que realmente podemos definir é que é lamentável um show desses para um público de 200 pessoas.

Às 18h15, as luzes se apagam e podemos ouvir a introdução e a seguir o Sinistra adentra o palco. Para quem ainda não sabe, o Sinistra é um super grupo formado pelo vocalista Nando Fernandes (Cavalo à Vapor/Hangar e outros), o guitar hero brasileiro Edu Ardanuy (Dr. Sin, Anjos da Noite), o baixista Luis Mariutti (Angra, Shaman, Henceforth) e o baterista Rafael Rosa(ex-Andre Matos). A primeira música, a pesada “Mente Vazia” já ganhou os poucos mas entusiasmados presentes. Quem estava lá conhecia e realmente era fã do Sinistra e a retribuição foi em alto nível por conta da banda.

O som estava alto, pesado e incrivelmente limpo, podendo ser completamente audível todos os instrumentos. Edu Ardanuy não precisa de apresentações, riffs e solos perfeitos, Luis Mariutti mais contido e sem se afastar do fundo do palco durante toda a apresentação garante a gestão dos graves, e junto ao baterista Rafael Rosa nos apresentam um peso descomunal. Nando Fernandes, na minha opinião de fã, o melhor vocalista de Heavy Metal do Brasil e vou além: Nâo deve nada aos vocalistas internacionais, sua postura no palco e timbres vocais nos lembram muito o mestre imortal Ronnie James Dio. Músicas como “Viver”, “Santa Inquisição” (esta é puro Black Sabbath fase Dio) ficam ainda melhores ao vivo. Nando Fernandes manda um recado antes da fantástica “Umbral”: “meninos e meninas, sejam bonzinhos, senão vocês irão para o Umbral!!!!”... Puro Heavy Metal!!

Mais próximo ao final, em uma pausa entre músicas, um “desavisado” grita “toca a saideira!!!”... para a reprovação de todos os presentes. Ao ouvir isso, Nando Fernandes pergunta ao “super bonitão querendo aparecer”: “Você cara? É sério?/Você é músico?”. Perante a negativa do “c*gão, Nando com muita classe pergunta se o restante gostaria que o Sinistra continuasse, e a resposta foi obviamente positiva. Fico pensando o que faz um sujeito sair de casa para ter uma atitude dessas. Falta de educação, respeito e noção. Em tempo: diante da “ enquadrada” do Nando, ele negou ser músico, mas é baixista de uma banda no underground Porto Alegrense. Omitirei nomes para não dar publicidade para o individuo. O Sinistra finaliza com “ O Amanhã”, e aos gritos de “mais uma” Nando agradece e explica que os horários tem que ser respeitados. O Sinistra sai do palco após uma apresentação de 45 minutos, sobre aplausos e os músicos ovacionados, para desespero do “loser frustrado” que pediu pela saideira.



Após um intervalo de 20 minutos, sobe ao palco a banda a banda liderada pela mais grata revelação vocal do Rock/Metal dos últimos anos, Dino Jelusick, a banda que carrega seu sobre nome, Jelusick. Acompanhado por Ivan Keller (guitarra), Luka Brodaric (baixo) e Mario Lepoglavec (bateria) o quarteto croata toma de assalto o palco do Opinião e despeja a excelente “Reign Of Vultures”, faixa de abertura do ótimo álbum de estréia ”Follow The Blind” lançado em 2023. Com um público ligeiramente melhor do que no Sinistra, porém definitivo, os croatas desfilaram perfeitamente a classe das suas composições. Interessante verificar que, se no álbum, a sonoridade hard/heavy da banda é envolta numa timbragem mais moderna e porque não dizer até meio prog, ao vivo elas soam muito mais Hard Rock.

Muito dessa pegada mais Rock, se deve a performance dos músicos: O baixista Luka é simplesmente insano, não pára um minuto e agita o tempo todo. A sua performance é um misto de Rob Trujillo e Steve Harris, sem errar nenhuma nota. O guitarrista Keller é o perfeito guitar hero, tocando tudo o que pode e mais um pouco, o batera Mario é um monstro no seu instrumento. O vocalista Dino é realmente tudo que se tem falado dele. Um ótimo frontman, com um vocal excelente, e vez que outra ainda ataca nos teclados, com a mesma maestria.

Ao longo de 50 minutos, um uma performance contagiante, o Jelusick tocou as músicas contidas no seu excelente álbum de estréia, como “Acid Rain”, “Healer” e “All I Want”, finalizando com “Fly High Again”. Esperamos por uma nova visita do Jelusick num futuro próximo, pois nos deixaram uma excelente impressão e com vontade de assisti-los novamente.



Passava um pouco das 21 horas, quando entra no palco a atração principal da noite, o “quase brasileiro” Jeff Scott Soto. Brincadeiras a parte, Jeff já é figurinha carimbada do público brasileiro, devido as suas inúmeras passagens e turnês desde a sua primeira aparição por aqui, lá no distante ano de 2002 (já são mais de 50 shows em solo brasileiro, seja como artista solo, seja como integrante de banda). A banda de Jeff é formada por renomados e conhecidos músicos brasileiros, que o acompanham há mais de 15 anos, à saber: Leo Mancini (guitarra), BJ (vocais de apoio, teclado e guitarras), Henrique Canale (baixo) e Edu Cominatto (bateria).

A abertura é com a incendiária “Now Your Ships Are Burned”, música do primeiro disco do sueco Yngwie J. Malmsteen e que apresentou Jeff ao mundo. Na sequência “Livin The Life”, da banda fictícia Steel Dragon, trilha sonoro do filme Rock Star, gravada com Jeff no vocal, e logo a seguir “ Warrior” de Axel Rudi Pell. Na primeira fala de Jeff com a platéia, ele saúda Porto Alegre, diz que o Brasil é a sua segunda casa e emenda “Eyes Of Love” do álbum solo “Prism” de 2002.

Jeff estava ligeiramente menos performático do que o de costume e a causa foi uma lesão no seu joelho ocorrida aqui no Brasil alguns dias antes, porém nada afetou a simpatia, carisma e uma visível sensação de se divertir o tempo todo enquanto está no palco. Fã incondicional da nossa tradicional “Caipiroska”, ele comenta que o médico dele “prescreveu” que tomasse apenas duas no palco, por conta dos remédios que estava tomando para a sua lesão. Após “Stone Cold Crazy”, cover do Queen, ele seguiu as orientações médicas e entornou um copo ao coro dos presentes “ vira, vira, vira”...e virou mesmo.

Para os fãs de Malmsteen, mais duas pérolas do álbum “Marching Out “ foram tocadas em sequência:“I´m a Viking“ e “I`ll See The Light Tonight”. Em seguida, o anti-climax do show, ao meu ver: um pequeno Medley de músicas “piano/vocal” dos primeiros álbuns do Queen, como “The March Of Black Queen” e “ Nevermore”, onde Jeff Scott Soto, ficou sozinho no palco e cantou por cima das bases pré-gravadas originais do Queen. Não me entendam mal, sou apreciador da música do Queen, mas creio que este “intervalo” quebrou o clima do show que vinha num crescendo. A seguir mais Queen, porém com um dos seus maiores clássicos, “Love Of My Life”, onde Jeff convida Dino Jelusick para um dueto, e o mesmo o fez lá do segundo andar do Opinião.



Na sequência, um outro medley, só que dessa vez muito mais vibrante: Várias músicas da banda Talisman, onde Soto tem uma vasta discografia. “Coming Home”, “Misterious”, “Colour My Xtc”, entre tantas outras elevaram o clima às alturas, tendo em vista que alguns dos trabalhos mais celebrados de Soto estão na discografia do Talisman. Cover de “Frozen” (Madonna) e “Crazy” (Seal) gravados pelo Talisman também estiveram presentes neste Medley. “Stand Up And Shout”, clássico da fictícia “Steel Dragon”, também do filme Rock Star faz a platéia vibrar e a mais que clássica “I'll Be Waiting” vai ser a próxima, porém desta vez com convidados: “Dino Jelusick e Nando Fernandes voltam ao palco e junto a BJ e Soto dividem os vocais, com direito a Nando Fernandes, a pedido de Jeff cantar o refrão em português. Dino não quis cantar em ucraniano, em meio a risadas de todos.

Para finalizar, com todos ainda no palco, Jeff traz um cover/Medley de Disco Music, estilo que também Jeff é apreciador. “Play That Funky Music/Jungle Music/Shake Your Booty/Kung Fu Fighting/Another One Bites The Dust (e tome mais Queen)/Staying ALive”, dividiram o público, pois a galera menos radical (eu incluso) curtiu muito, enquanto os mais “trues”, de braços cruzados e torcendo o nariz, provavelmente preferiam que o medley de músicas de Yngwie Malmsteen. Show encerrado, a tradicional foto com o público e todos se retiram do palco.





O saldo final deste mini-festival é que o pequeno público presente foi privilegiado com três excelentes shows com três ótimas bandas, e os artistas mereciam muito mais público sem sombra de dúvidas. Enfim, felizes os que foram. Agradecimentos especiais para Ablaze Produtora pelo credenciamento e que Sinistra, Jelusick e JSS possam retornar mais vezes a Porto Alegre, para públicos maiores.

VLTIMAS - EPIC (2024)

 


VLTIMAS
EPIC 
Urubuz Records - Nacional

Jogando a palavra "Épico" no Google, achamos o seguinte significado: “Uma palavra que classifica uma ação heroica, que pode ser baseada em fatos apurados ou inventados — do latim "epicus". Épico é usado também para adjetivar um feito memorável, extraordinário, uma proeza, algo muito forte e intenso”. Agora indo atrás dos sinônimos da palavra temos: “Esplêndido, admirável, notável, fabuloso, heroico, imponente, magnífico, nobre, pujante, soberbo e sublime”.

Tudo o que foi descrito acima pode-se colocar na classificação de “Epic”, o segundo ato da banda VLTIMAS. O trabalho eleva o nível da banda, foge da mesmice que às vezes assola o lado extremo do metal. O grupo foi formado em 2015 por três gigantes, David Vincent (ex-Morbid Angel), Flo Mounier (Cryptosy) e Rune "Blasphemer" Eriksen (ex-Mayhen) e conseguiu um certo “burburinho” com “Something Wicked Marches In” (2019), mas, uma pandemia adiou os planos do power-trio. O novo álbum chega com algumas mudanças (musical e de formação), o grupo adicionou Ype TVS (Baixo), passando agora ser agora um quarteto. Na parte estrutural das músicas, a surpresa fica para uma banda mais densa, mais pesada e “menos agressiva”.

É como se tivéssemos a explosão do Black Metal, o peso do Death Metal e fossem adicionadas doses excessivas de Doom Metal, criando pilares indestrutíveis para um álbum rico em detalhes, que vão sendo descobertos a cada nova audição. A abertura “Volens Discordant”, uma breve intro que causa tensão e se encarrega de abrir as portas para entrada da faixa-título. “Epic” (a música) tem consigo um instrumental arrastado, partes mais fortes e jogadas e uma interpretação ímpar de David Vincent, que “deixa” claro que os urros dos tempos passados não terão vez aqui — Os vocais serão mais “limpos” e “decifráveis”, trazendo grandiosidade nas interpretações.

“Misere”, tem Flo Mounier, simplesmente destruindo seu kit de bateria — Bumbo duplo, viradas insanas e uma levada agressiva! A música em si, transita entre thrash/death metal. “Exercitus Irae” segue sua antecessora, elevando o nível e alegrando os fãs do primeiro álbum. Os riffs cortantes de Rune são um deleite, ao carregarem dentro de si “maldade”, uma certa volta à cena norueguesa do início dos anos 90. Uma curiosidade no disco sobre as 6 cordas da banda é que, em “Epic”, temos a participação de João Duarte, colocando um feeling à mais nos solos e fazendo uma dupla implacável com Ericksen. Essa adição poderosa ganha mais clareza em “Mephisto Manifesto”, faixa criada para ganhar novos adeptos por sua “simplicidade” — É impossível não querer gritar com David Vincent o refrão grudento e não querer ser um “guitar-hero” no solo curto, mas cheio de precisão e sentimento da música.

“Scorcher” volta a colocar velocidade ao trabalho, aliás, a variedade de estilo e andamentos do tracklist é o que chama mais atenção. É quase um trabalho “12 por 36”, entre a agressividade e a cadência, ambos não andam juntos, por poucas vezes se “esbarram” nos corredores de “Epic”, mas, é nítido que precisam um do outro para fazer funcionar de maneira que prendam atenção do ouvinte. Os três últimos atos de um trabalho que deve entrar para posteridade — “Invixtus”, “Nature's Fangs” e “Spoils Of War”, são como “chover no molhado”. Não há defeitos, seguem uma subida rasante, cheia de nuances e quebradeiras num Metal Extremo cheio de particularidades do VLTIMAS.

Os cinco anos de “Somethind Wicked Marches In” para “Epic”, mostra que o caos da humanidade trouxe a criação de um trabalho que carrega dentro de si a chama matriz chamada EVOLUÇÃO — Onde os 37 minutos de duração, é pouco para “o estrago” eterno.

O ano de 2024, dificilmente terá outro nome de destaque que não seja, “Epic”!!!

Obrigatórias a audição e aquisição.

William Ribas