quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

CRAZY LIXX - THRILL OF THE BITE (2025)

 


CRAZY LIXX
THRILL OF THE BITE
Shinigami Records/ Frontiers Music srl. - Nacional

Não adianta, o Crazy Lixx é a banda que atualmente consegue de maneira magistral emular perfeitamente os dias de glória do Hard Rock/Metal oitentista. Seja na estética, no visual da banda ou na sonoridade, os suecos conseguem trazer de uma forma nostálgica e ao mesmo tempo energética toda a vivacidade do que rolava na Sunset Strip na melhor década da música, sem parecer um pastiche cômico como outras contemporâneas (se você pensou em Steel Panther, sim, estou me referindo a eles).

A abertura com “Highway Hurricane” chega com um riff pé na porta, dando a tônica do álbum , enquanto na sequência “Who Said Rock N Roll Is Dead?” é um recado direto ao mestre Gene Simmons e a todos que acham que o Rock morreu... Morreu não, Sr. Simmons, até os Deuses do Rock se enganam e falam bobagens as vezes. Faixas como “Call of the Wild” e “Midnight Rebels” destacam a habilidade do Crazy Lixx de misturar riffs mais pesados ​​com elementos melódicos, criando músicas que não são apenas poderosas, mas também cativantes.

Caso você tenha dúvida do que está lendo, pare agora, vá até o YouTube e assista ao “oficial vídeo” de “Midnight Rebels”, uma verdadeira “ode” aos filmes de Terror dos anos 80, aqueles mesmos que tinham bailes de formatura onde tudo acabava mal, com muito sangue, garotas tanto lindas como assassinas, e todo aquele contexto que fez a felicidade mundo afora de fãs de filmes como “Noite de Formatura”, “Feliz Aniversário para Mim” e tantos outros “slashers”. Enfim o vídeo de “Midnight Rebels” já nasceu clássico.

Thrill of the Bite” não se arrisca, não cruza nenhuma fronteira desconhecida do grupo, e nem precisa. É sim, um ótimo acréscimo a já excelente discografia do Crazy Lixx. Não espere nenhuma surpresa, aqui é pura diversão Rock n Roll. Saindo em versão nacional via Shinigami Records, procure pelo álbum e divirta-se também!

José Henrique Godoy





HARD ROCK NIGHT - MARCO MENDOZA - 07/02/2025 - HOUSE OF LEGENDS - SÃO PAULO/SP

 


HARD ROCK NIGHT
MARCO MENDOZA

Abertura:
URDZA
AMAZING convida ROD MARENNA

07/02/2025
HOUSE OF LEGENDS
SÃO PAULO/SP

Produção: SOM DO DARMA e CAVEIRA VELHA

Texto: Flávio Soares
Fotos: URDZA (Flávio Soares), AMAZING e MENDOZA (Leandro Almeida - Rock Brigade)

MARCO MENDOZA EM SÃO PAULO  -  UMA VERDADEIRA AULA DE HARD'N'HEAVY

Em mais uma das nossas andanças pela capital cultural do "País Brasilis", no segundo fim de semana de fevereiro de 2025, fomos conferir dois eventos distintos (shows de Marco Mendoza e dos gregos do Rotting Christ), mas que, no fundo, estão íntima e profundamente conectados.

Na sexta feira, dia 07/02, me dirigi para o "House of Legends", pub/casa de shows escolhida pela produção, que incrivelmente havia recebido o show do "duende" Mortiis na noite anterior. Cheguei no horário previsto, mas a programação sofreu um pequeno atraso. Então, fiquei ali pela frente, e pude perceber toda a expectativa dos fãs em assistir ao grande baixista Marco Mendonza, pela primeira vez no Brasil em sua carreira solo. Marco é um grande músico, que já passou por várias bandas famosas como Whitesnake, Thin Lizzy e Journey e já gravou com nomes como Steve Vai e Joe Satriani, por isso a excitação dos fãs podia ser sentida no ar.

Quando finalmente adentrei ao recinto, (nunca havia tido a oportunidade de frequentá-lo), me deparei com um Pub muito bem estruturado, muito bem decorado e com um time de atendentes merecedores de elogios. Depois de reencontrar alguns amigos, me dirigí para perto do palco e peguei um "lugar estratégico" para poder assistir as bandas bem posicionado.

Por algum motivo não explicado, mas muito provavelmente por conta do atraso inicial para abrir a casa, a banda escalada para abrir a noite, Nite Stinger, foi realocada para o final do evento. Com isso, quem teve a responsabilidade de iniciar os trabalhos, foi a banda paulistana Urdza, divulgando o seu primeiro álbum chamado "A War With Myself". Apesar de contar com excelentes músicos (Hugo do Prado numa guitarra, Rodrigo Adwent na outra guitarra, Danilo Abreu na bateria e Cid Costa no baixo) e com os vocais potentes de Heitor Prado, no palco a Urdza não convenceu boa parte do público presente. Parece que ainda falta acharem o tempero certo. Mas a banda tem um futuro promissor, já que individualmente demonstraram bastante técnica e competência.


Já a Amazing, veio de Brasília e conseguiu "tocar fogo no recinto" com seu Hardão direto e cheio de energia. Divulgando o seu primeiro álbum "Highway to Paradise", Rod ‘n’ Rock (baixo), Felipe Nava e Sir Arthur (guitarras) e Gustavo Henrique (bateria), contaram com a participação de Rodrigo Marenna, já que seu vocalista Matheus Janoski não pode comparecer. Com músicas próprias mais o cover de "Lick It Up" do Kiss, deram o seu recado e saíram do palco bastante prestigiados.



E eis que era chegada a hora... Muita expectativa, nenhuma certeza, pois como já dissemos, era a primeira vez de Mr. Mendoza no Brasil. Mas já na primeira música, todos tivemos a certeza de que a noite seria, no mínimo, mágica ! Que noite e que show, senhoras e senhores. Uma verdadeira aula de amor à música, devoção ao Hard n Heavy e de muitaq competência e profissionalismo. Acompanhando pelo guitarrista Edu Lersch e pelo baterista Arthur Schavinski, ambos da banda gaúcha Marenna (o que são os backing vocals desses dois!), e da metade do show em diante, também pelo próprio Rodrigo Marenna, que assumiu os vocais principais, Marco esbanjou vontade, simpatia, muita competência e muito bom gosto, apresentando um "setlist" recheado de clássicos das famosas bandas pelas quais ele passou e algumas músicas da sua carreira solo. Também não cansou de agradecer ao público presente e elogiar os músicos que o acompanhavam (fica aqui o meu registro de total orgulho dos meus conterrâneos). Destaque para as músicas “Still of the Night”, “Here I Go Again” e “Don’t Stop Believin'". Uma verdadeira aula de simplicidade e amor ao Heavy Metal. E aí está a conexão com o show do dia posterior (veja resenha aqui), pois embora estilos diferentes, a conexão acontece pela atitude, profissionalismo, simplicidade e amor pelo que se faz.




Ah, quem ficou no House of Legends pode conferir a banda Nite Stinger, que entregou um bom show de Hard Rock, pena que pegou um público bem menor, já cansado e em êxtase pelo show maravilhoso do Marco Mendoza.

Um agradecimento mais que especial ao Eliton Tomasi e ao Alan Magno e às suas respectivas produtoras (Som do Darma e Caveira Velha Produções) pela oportunidade.

Até a próxima !

TERMINAL VIOLENCE - MOSHOCALYPSE (2024)

 


TERMINAL VIOLENCE
MOSHOCALYPSE
Independente - Importado

Formado há apenas dois anos, o Terminal Violence, quinteto Tolo (Vocal), Micky (Baixo), Edgar (Guitarra), Pal (Guitarra) e Hector (Bateria) chega de uma maneira rápida e impiedosa com “Moshocalypse”, o seu álbum de estreia. Lançado nos acréscimos de 2024, o disco se estabelece como uma ode a bandas americanas e alemãs da década de oitenta e noventa , mas com um toque mais atual. Com uma abordagem intensa e confrontadora desde a primeira faixa, “Sound The Alarm”, ficando claro que a missão é atiçar o ouvinte a entrar de cabeça no moshpit.

Os riffs cortantes e uma pegada frenética estabelece passagens que remetem tanto à escola clássica do thrash quanto a elementos contemporâneos de outros subgêneros da música pesada, mostrando que uma das regras do grupo é dialogar entre passado e presente. As faixas seguintes continuam a narrativa intensa. “Instinct Suppressor” traz uma combinação agressiva de velocidade e variações que hipnotizam. O peso da composição se alinha perfeitamente com as letras, que refletem a repressão do indivíduo em meio às pressões sociais. Já “Fuck The System” surge como uma catarse coletiva reforçando a bandeira contestadora que o thrash metal sempre carregou.

Um dos momentos mais marcantes do álbum é a colaboração com Guillermo Izquierdo, vocalista do Angelus Apatrida, em “Smart Is The New Dumb”. A presença de Izquierdo adiciona uma dose extra de ferocidade, enquanto a música aborda, de forma sarcástica e crítica, o culto à ignorância do mundo atual, elevando o peso emocional da faixa.

O álbum também sabe explorar momentos em que o peso se sobrepõe à velocidade. “All Hail Zyon” aposta em uma atmosfera mais cadenciada, destacando riffs densos e um groove arrastado que dá espaço para uma versatilidade não se limitando apenas em “pisar no acelerador”. “One Step To The Front” é outro ponto alto, com mudanças bruscas e linhas de baixo que soam mais evidentes, adicionando camadas ao som deixando-o “sofisticado”em termos de estrutura.

A dupla, “Seeds” e “Slaves Of Greed” mantêm o nível elevado, com solos de guitarra inspirados e refrões marcantes. São faixas que demonstram a consistência do álbum, sem momentos de fraqueza. O grand finale com “Pedal to the Metal” é estratégico. A faixa resume a proposta do disco, trazendo à tona todos os elementos trabalhados anteriormente — peso, velocidade e técnica instrumental — em uma conclusão intensa e memorável que atinge em cheio o coração dos thrashers.

Moshoocalypse” não é apenas uma homenagem ao thrash metal clássico , mas também projeta o Terminal Violence para novos horizontes — sendo um verdadeiro moshpit de ideias brilhantes de uma banda que tem a faca e o queijo para ter uma vida longa na estrada da música pesada.

William Ribas




sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

DREAM THEATER - PARASOMNIA (2025)

 


DREAM THEATER
PARASOMNIA
Vahall Music/ Inside Out - Nacional

O Dream Theater retorna em 2025 com “Parasomnia”, um álbum que já nasce marcante não apenas por sua música, mas também pelo tão aguardado retorno de Mike Portnoy, lendário baterista e co-fundador da banda. Após anos afastado, Portnoy reassume as baquetas trazendo não apenas sua técnica impecável, mas também uma identidade que muitos fãs sentiam falta.

A título de curiosidade, o trabalho foi lançado exatamente um ano depois que a banda se reuniu para compor material inédito pela primeira vez após mais de uma década.

Contudo, “Parasomnia” não se apoia na nostalgia. O álbum apresenta um conceito intrigante, uma produção refinada e composições que equilibram peso, melodia e complexidade progressiva de forma envolvente. Seu título faz referência às parasomnias — um termo que abrange distúrbios do sono, como sonambulismo, paralisia do sono, pesadelos recorrentes e terrores noturnos. Essa temática permeia o disco, influenciando tanto as letras quanto a atmosfera instrumental.

A capa, assinada por Hugh Syme (conhecido por seus trabalhos para Rush, Fates Warning e Iron Maiden), visualmente traz uma conexão sutil com a icônica arte de “Images and Words” (1992), sugerindo um diálogo com a história da banda, sem necessariamente tentar recriar o passado.

Desde os primeiros segundos do álbum, somos transportados para esse universo inquietante. Sons de relógios, sussurros e texturas eletrônicas sutis criam a sensação de estar preso entre a realidade e o mundo dos sonhos. Essa abordagem imersiva faz de “Parasomnia” um dos trabalhos conceituais mais coesos do Dream Theater.

Com a volta de Portnoy, surge naturalmente a pergunta: o Dream Theater retomou o som clássico dos anos 2000? A resposta é sim e não. A sonoridade remete bastante a álbuns como “Train of Thought” (2003), “Systematic Chaos” (2007) e “Black Clouds & Silver Linings” (2009), ou seja, é mais pesada, sombria e direta. A banda não ignora os anos com Mike Mangini na bateria, mas há um resgate da dinâmica natural e do groove característico de Portnoy.

A instrumental, “In the Arms of Morpheus”, abre o tracklist e estabelece o tom grandioso do disco, com transições dinâmicas e complexidade rítmica. Ela prepara o terreno para “Night Terror”, faixa que aborda os terrores noturnos e a sensação de estar preso em pesadelos. Riffs pesados e mudanças constantes de andamento criam um clima perfeito de tensão crescente. John Petrucci, como sempre, se destaca como o maestro do grupo. Seus solos são melódicos e emocionais, equilibrando-se com riffs excepcionais — algo evidente em faixas como A “Broken Man” e “Dead Sleep”. Vale o destaque para John Myung, sempre discreto mas essencial, entrega linhas de baixo precisas, ajudando a amarrar as seções mais trincadas.

O álbum também explora diferentes atmosferas. “Midnight Messiah” cresce progressivamente até explodir em um refrão frenético e contagiante. E claro, não há como ignorar James LaBrie — um vocalista que divide opiniões. Ele é o melhor do mundo? Não. Mas é possível imaginar o Dream Theater com outra voz? Também não. Aqui, ele se mostra mais contido, evitando exageros nas notas altas e tornando a audição mais agradável, mas, eternamente seguirá sendo o ponto de maior discórdia entre os fãs.

Caminhando para o desfecho do álbum, temos a belíssima “Bend the Clock”, uma faixa que equilibra intensidade emocional e instrumentação refinada, se destacando como um dos ápices do disco. O encerramento épico fica por conta de “The Shadow Man Incident”, uma suíte de 19 minutos que traz um Jordan Rudess, desfilando charme e bom gosto à jornada sonora.

Em suma, “Parasomnia” representa uma renovação para o Dream Theater, trazendo nova vitalidade à banda e entregando um trabalho à altura das expectativas. E sejamos sinceros: poder finalmente escrever Portnoy is back é um sentimento que todos os fãs esperavam há anos.

William Ribas




JINJER - DUÉL (2025)

 


JINJER
DUÉL
Vahall Music/ Napalm Records - Nacional

Após consolidar sua posição como um dos grandes nomes da atualidade, JINJER retorna com “Duél”, seu quinto álbum de estúdio. O trabalho reafirma a identidade única da banda ucraniana, entregando uma experiência sonora que combina complexidade, intensidade emocional e uma sonoridade ousada que desafia as convenções do heavy metal. Inclusive , logo de cara, a primeira percepção após finalizar a audição, é como o quarteto soa cada vez mais confiante —equilibrando brutalidade e melodia, se tornando ímpar a cada novo capítulo.

A parceria com o produtor Max Morton continua sendo essencial para o som do grupo, proporcionando uma mixagem cristalina e explosiva. Cada nota dentro do álbum é um testemunho da habilidade instrumental da banda, com riffs pesados, mudanças de tempo, dinâmicas e a impressionante versatilidade vocal de Tatiana Shmayluk, que alterna guturais ferozes e vocais limpos com maestria, enquanto Eugene Abdukhanov (Baixista), Roman Ibramkhalilov (Guitarra) e Vlad Ulasevich (Bateria) sustentam a energia visceral do álbum.

A abertura com “Tantrum”, é assustadora. Uma explosão que estabelece o tom do disco. A faixa combina agressividade e complexidade, criando uma certa introdução para a envolvente e impactante, “Hedonist”. Que segue com um peso avassalador, explorando temas de indulgência e prazer, com riffs intensos e as variações incríveis de Tatiana.

Já em “Rogue”, o grupo traz uma estrutura dinâmica, cheia de “quebras” de andamento e atmosferas densas, enquanto “Tumbleweed” oferece mais melodias, mas, sem perder a força característica do Jinjer. “Green Serpent” e “Kafka” mergulham em águas mais sombrias, trazendo um instrumental bastante técnicos. Ambas as faixas evidenciam a maturidade sonora que chegaram neste novo álbum. A intensidade volta com “Dark Bile” e “Fast Draw”, duas músicas cheias de adrenalina. “Someone’s Daughter” traz uma abordagem lírica mais profunda, abordando temas de identidade e pertencimento, enquanto “A Tongue So Sly” se destaca por seu jeito cativantes e instrumental intricado.

O grand finale, a faixa-título. Posso dizer que ela encapsula toda a essência do disco —riffs intrincados, grooves pesados e mudanças de andamento inesperadas. Sua estrutura épica, alternando entre calmaria e tempestade “brutal” faz a música se tornar um dos momentos mais memoráveis, encerrando a jornada com maestria — mostrando que o Jinjer não apenas segue tendências, mas as cria.

Duél”, é uma demonstração de como se reinventar sem perder sua identidade e domínio técnico, oferecendo um equilíbrio perfeito, reafirmando o espírito visionário do Jinjer.

William Ribas




quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

DGM - ENDLESS (2024)

 


DGM
ENDLESS
Shinigami Records/ Frontiers Music srl - Nacional

O Metal Progressivo, não é novidade para ninguém, não é um dos meus gêneros musicais favoritos. No entanto, volta e meia, acaba caindo em minhas mãos trabalhos do estilo e, como profissional que sou, procuro ouvir seu meus pré-conceitos já estabelecidos em relação ao estilo, e foi exatamente isso que fiz ao ouvir ENDLESS, o décimo segundo e mais recente trabalho da banda italiana de metal progressivo DGM, que mais uma vez entrega um álbum repleto de técnica, peso e melodia na medida certa. Combinando riffs marcantes, refrãos cativantes e instrumentação de alto nível, o disco mantém a tradição da banda de lançar trabalhos consistentes e envolventes. O lançamento nacional foi feito pela parceria Shinigami Records/Frontiers Music.

Mark Basile (vocal), Simone Mularoni (guitarra), Andrea Arcangeli (baixo), Emanuele Casali (teclados) e Fabio Costantino (bateria) capricharam numa produção cristalina, como todo bom álbum do estilo, permitindo que cada instrumento brilhe sem sobrecarregar a mixagem. A guitarra é um destaque absoluto, alternando entre riffs mais agressivos e solos incrivelmente melódicos. A bateria de imprime uma base sólida e variada, enquanto o vocalista de Mark Basile entrega interpretações fortes e emocionantes, com linhas melódicas que grudam na mente. De forma conceitual, "Endless" narra a jornada imaginativa de um homem para entender as escolhas que moldaram sua vida. Por meio de uma narrativa dinâmica, o álbum explora a eterna questão: "Como a minha vida seria se eu tivesse seguido por outro caminho?"

O álbum começa de forma bastante intensa com "Promises", que inicia de forma amena, acústica, mas se volta para um prog metal de respeito. onde o grupo mostra versatilidade e uma pegada bem pessoal, o que fica mais identificado pela voz de Mark Basile. O trabalho se mantém numa constante ao longo de sua execução, mas algumas faixas acabam tendo um maior destaque, como "The Wake", que traz linhas bem intrincadas, com variações e muita criatividade por parte dos músicos, ainda que em determinados momentos, soe um pouco autoindulgente, "From Ashes", com uma pegada mais vibrante, trazendo elementos épicos e bem diversificados e ainda a faixa que encerra o álbum, a longa (com mais de 14 minutos) "... Of Endless Echoes", onde os músicos demonstram toda sua técnica sem esquecer que a musicalidade deve SEMPRE falar mais alto. 

Como disse no início dessa resenha, o prog metal não é um dos meus estilos preferidos. Muitas vezes, acabo por min ha própria culpa, deixando passar bandas e álbuns que tem algo mais a oferecer além daqueles momentos que alguns artistas acreditam que nasceram com o dom divino de mostrar toda sua técnica ao mundo, sem que o mundo precise saber disso. Por sorte, o DGM se mostra muito mais preocupado com melodias, harmonias e classe do que a maioria das bandas do estilo. Por isso, ENDLESS reafirma o grupo como um dos  mais sólidos e subestimados do gênero. Combinando técnica e emoção, o álbum tem tudo para agradar tanto aos fãs de longa data quanto aos que estão descobrindo a banda agora, como este que vos escreve. Se você curte Symphony X, Evergrey e afins esse disco é uma audição obrigatória.

Sergiomar Menezes





quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

IN FLAMES - LUNAR STRAIN/SUBTERRANEAN (1994/1995 - RELANÇAMENTO 2024)


 

IN FLAMES
LUNAR STRAIN/SUBTERRANEAN (EP)
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Quando se fala em IN FLAMES, é impossível não lembrar do impacto que o grupo causou ao apresentar uma sonoridade inovadora em seu início e tudo que representou na cena do Heavy Metal. Podemos afirmar com certeza, que a banda criou um estilo. Lunar Strain/Subterranean, relançado por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclera Blast, reúne o álbum de estreia Lunar Strain (1994) e o EP Subterranean (1995), oferecendo aos fãs uma visão completa dos primórdios da banda que, anos depois, se tornaria uma referência mundial no death metal melódico. Se pouco depois o quinteto inovou ao acrescentar doses "generosas" de melodia em suas composições, aqui ainda podemos notar uma performance mais crua e agressiva, mesmo que já possamos perceber aquilo que ouviríamos logo ali adiante.

Para a gravação do trabalho, o mastermind Jesper Strömblad (guitarra, teclados e bateria), recrutou o vocalista Mikael Stanne (Dark Tranquility) e com isso garantiu uma dose extra de agressividade, vez que Mikael possui um timbre mais selvagem do que o de Anders Fridén (que entraria na banda após uma participação no EP). Pra completar a formação, Karl "Carl" Naslund (guitarras), Glenn Ljungström (guitarras) e Johan Larsson (baixo) e assim, o projeto assumiu cara de banda. E que banda! Afinal, a criatividade explorada pelo grupo atingiu pontos que se tornou marca definitiva em sua sonoridade, sem se apegar a limites (o que pode ser conferido alguns álbuns mais tarde). 

Sobre LUNAR STRAIN, podemos destacar algumas faixas, ainda que o trabalho soe brutal e bastante regular, admitindo influências fortíssimas de death metal e até mesmo do black metal (musicalmente). "Behind Space" abre o álbum com riffs cortantes e uma energia que prepara o ouvinte para a jornada que se segue, mostrando logo de cara que o grupo não estava para brincadeira. a faixa título, por sua vez, representa toda a essência do álbum, mesclando elementos atmosféricos e dinâmicos, e que já traz indícios do que seria o som característico da banda, como citado anteriormente. Outro ótimo momento é a faixa "Clad in Shadows" que combina com precisão agressividade e momentos mais melódicos, demonstrando a dualidade presente na sonoridade do disco.

Com relação às faixas de SUBTERRANEAN, podemos afirmar que s faixas deste exploram o universo sonoro e a criatividade do In Flames, trazendo experimentações que complementam e enriquecem o material de Lunar Strain. A abordagem mais aberta e menos convencional se alinha perfeitamente com a busca por novas experiências.

Lunar Strain/Subterranean pode não ter o polimento dos álbuns que viriam depois, como The Jester Race (1996) ou Whoracle (1997), mas é fundamental para entender a evolução do IN FLAMES e do próprio death metal melódico. A banda que, mesmo em seus primeiros passos, já demonstrava ousadia e uma visão única. Em resumo, esse relançamento é uma obra essencial para quem deseja compreender o início de um dos nomes mais influentes do metal melódico e porque não dizer, do metal em geral. Apesar da produção mais crua e de uma abordagem experimental que foge ao padrão dos lançamentos posteriores, o álbum oferece uma experiência mais agressiva, que ainda ressoa com a força dos pioneiros da cena. Se você é fã de metal e quer mergulhar na história do grupo, este álbum é, sem dúvida, um item obrigatório.

Sergiomar Menezes




terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

SIN AVENUE - I'M A STRANGER IN MY HOMELAND (2024)

 


SIN AVENUE
I'M A STRANGER IN MY HOMELAND
True Metal Records - Nacional
É gratificante, como crítico musical, mas muito mais como fã de música, poder ouvir um trabalho de uma banda genuína, que busca seu espaço sem precisar se vender a nenhum tipo de modismo. E se torna ainda mais relevante quando esse trabalho vem do underground. Agora imagine, uma banda underground, que pratica Hard Rock em Porto Alegre/RS. Sim, acredito que você, onde quer que esteja lendo essa resenha, saiba das dificuldades que esse tipo de banda enfrenta. Mas a determinação e a vontade de mostrar sua música sempre fala mais alto, ainda mais se a banda em questão for a SIN AVENUE. Uma banda que sabe o que quer e que está na batalha a muito tempo. E depois de dois EPs (When the Shadows Fall - 2019 e Against All the Odds - 2021), o trio gaúcho chega ao seu álbum de estréia I'M A STRANGER IN MY HOMELAND, provando que talento e persistência podem fazer (e fazem) a diferença.

CJ Rebel Son (vocal e guitarra), Markês Bianchi (baixo) e Júlio Sasquatt (bateria) nos apresentam um trabalho homogêneo e cheio de ótimas melodias, além de um belo trabalho de guitarra. Composições bem estruturadas, gravadas no estúdio Cobaia, com o produtor Eduardo Nichele, que também gravou teclados em algumas faixas e também fez backing vocal em outras. Numa forte parceria, o trio mostra entrosamento e criatividade, explorando suas influências (cuja premissa maior é o Hard Rock), sem esquecer de outros elementos caros ao estilo, como o peso em determinados momentos, e traços que, ainda que momentâneos, do nosso bom e querido Heavy Metal.

O álbum abre com a faixa "Inner Voice", que começa com um violão clássico, mas que logo ganha uma identidade Hard Rock, numa linha 80's com uma pegada mais atual. CJ, traz alguns vocais diferentes em determinados momentos, mostrando versatilidade, sem esquecer do talento nas seis cordas. por sua vez, Markês e Sasquatt demonstram entrosamento e coesão, dosando de forma consistente peso (para o estilo) e velocidade. Na sequência, "Living Without You" traz riffs pesados, numa levada mais cadenciada, com aquela pegada mais old school. Dona de um refrão "grudento", com backing vocals característicos, a faixa é um dos destaques do álbum. CJ esbanja classe, e nunca é demais lembrara, o guitarrista/vocalista tem muita influência do estilo em seu jeito de tocar! Ouça e comprove! "Freedom", outro momento pesado e melódico ao mesmo tempo, é um dos melhores momentos, cheia de intensidade uma pegada Dokken/Whitesnake que vai satisfazer qualquer fã das bandas citadas. Em seguida "Acredite em Você", cantada em português, primeira faixa nesse formato gravada pelo grupo, é um Hard/Heavy bem característico, mas confesso que num primeiro momento soou um pouco estranho pra mim, mas longe de ser ruim, apenas diferente. 

"Loves Wins All", faixa de trabalho e que ganhou um videoclipe, traz linhas bem trabalhadas, com toques que remetem de certa forma aos teclados (aqui gravados pelo produtor Eduardo Nichele) do saudoso mestre Jon Lord. Ao lado de "Freedom", um dos grandes destaques do trabalho. As guitarras assumem o protagonismo de maneira mais do que eficiente, explorando os limites do estilo, incorporando influências de maneira forte e consistente. "Within", é outro bom momento, mantendo a sequência de adrenalina lá no alto, com riffs típicos e refrão grandioso. Já "It Isn't too Late" é aquela balada que não pode faltar em todo disco de Hard Rock que se preze. Com uma aura "misterbiguiana", é um dos momentos mais suaves e belos do álbum. "The Magic of Love" poderia estar em algum trabalho do Whitesnake dos anos 80, pois tem aquele feeling que só a banda de David Coverdale conseguia emanar em seus álbuns. Pra fechar, "You Are Not The Only I Ever Had (Y.A.N)", presente no primeiro EP, ganhou aqui uma versão acústica, numa atmosfera quase que stoneana, pois traz consigo aquele clima que Jagger/Richards sabiam criar como poucos.

Como disse lá no início, é muito bom ouvir trabalhos que vem envoltos em histórias de persistência e determinação. E o melhor é quando esses trabalhos vem recheados de música boa. E I'M STRANGER IN MY HOMELAND, álbum de estreia do trio SIN AVENUE é um deles. Que a banda siga sua luta em prol do underground e do Hard Rock. Os fãs da boa música agradecem.

Sergiomar Menezes




HAMMERFALL - INFECTED (2011 - RELANÇAMENTO 2024)

 


HAMMERFALL
INFECTED
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2011, INFECTED, o oitavo álbum de estúdio do HAMMERFALL, é um dos momentos mais controversos e polêmicos da carreira do grupo sueco. Consagrado por praticar um heavy metal mais voltado para o lado do power/tradicional, o quinteto decidiu fazer uma mudança até certo ponto radical: abandonou Hector (o cavaleiro presente em todas as capas do grupo até aqui) e investiu numa sonoridade mais obscura, densa e com pitadas mais modernas e atuais. Talvez pela produção, talvez pela busca de uma nova identidade, o fato é que o trabalho, que tem seu relançamento por aqui pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast, é bastante irregular, alternando bons momentos (coincidência ou não, são aqueles que mais mantém as características do grupo) com outros de menor brilho e qualidade.

Joacim Cans (vocal), Oscar Dronjak (guitarra), Pontus Norgren (guitarra, em seu segundo trabalho com a banda), Fredrik Larsson (baixo) e Anders Johansson (bateria) decidiram mudar de ares na produção e recrutaram James Michael, produtor norte americano (Sixx A.M.) e por consequência, assumiram o risco por tal empreitada. Desde a capa, como já citado anteriormente, que nos remete a uma atmosfera que foge totalmente aos padrões do grupo, lembrando de certa forma, a banda do produtor do álbum, INFECTED carrega consigo o peso de tentar modernizar o som do HAMMERFALL, que abem da verdade, vinha soando bastante repetitivo. Deu certo? Bom... Aí é questão, literalmente, de opinião...

Como pontos positivos do álbum podemos citar "Patient Zero", faixa de abertura que é uma das mais diferentes da carreira da banda, com uma introdução atmosférica e um riff pesado que remete ao metal tradicional, dando o tom sombrio do álbum. E po falar em diefrente, "Bang Your Head", é uma composição mais direta, com refrão marcante e uma pegada mais hard rock, claramente influenciado pela produção moderna, com a provável influência de James Michael. Já "666 – The Enemy Within" é um dos momentos mais épicos do álbum, trazendo de volta o lado mais teatral e grandioso da banda, com a pegada mais t´pica do quinteto. E por falar em "tipicidade", "Immortalized" também merece citação, sendo uma das músicas mais rápidas e vibrantes do álbum, com uma pegada mais tradicional do power metal.

INFECTED é um álbum que divide opiniões. Mas tenho certeza que a maioria absoluta dos fãs, ou mesmo daqueles que apreciavam os trabalhos do grupo voltados ao metal tradicional, não curtiram essa tentativa de mudança. Tanto que a própria banda decidiu voltar ao estilo que a consagrou no trabalho vindouro. No entanto, acredito que este álbum foi uma espécie de necessidade para o grupo, pois ainda que mantivesse sua capacidade nos trabalhos anteriores, a chama vinha perdendo intensidade. O HAMMERFALL, após esse álbum, mostrou que podia se reinventar sem precisar mudar suas características.

Sergiomar Menezes




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

BATTLE BEAST - UNHOLY SAVIOR (2015 - RELANÇAMENTO 2024)

 


BATTLE BEAST
UNHOLY SAVIOR
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

O Battle Beast é uma banda que podemos dizer que já nasceu grande. Em 2011, seu álbum de estreia, “Steel” alcançou expressiva repercussão e não por acaso, assinaram contrato com uma gravadora do porte da Nuclear Blast onde permanecem até hoje.

Pra quem não os conhece, imagine uma banda como Sabaton e Powerwolf, por exemplo, com vocal feminino. Pois é, essa é a proposta musical do Battle Beast, algo não tão comum pelas bandas de Power Metal mundo afora, talvez isto faça-os soar de forma ímpar. Não que seja algo diferente, mas o vocal é tão marcante, que fica impossível não destaca-los, para o bem ou para o mal.

Unholy Savior” foi o terceiro trabalho de estúdio e ficou mais do que evidenciada a evolução musical que o Battle Beast apresentou aqui em relação aos trabalhos anteriores. Ouça por exemplo, a faixa de abertura, “Lionheart”, um misto de Sabaton, com Helloween, que além da marcante voz de Noora Louhimo, tem uma levada de bateria que me fez lembrar os mestres alemães. Muito legal de se ouvir.

A faixa título e “Madness” exploram um lado mais comercial, com interessantes backing vocals, porém o lado mais Heavy Metal é deixado um pouco de lado. A melhor de todas atende pelo nome de “Speed and Danger”, essa sim, um Metal de responsa, que fará os fãs de bandas como Sabaton e Powerwolf sorrirem de orelha a orelha. O trabalho de guitarras nesta faixa em particular me deixou espantado, e seu executor, Anton Kabanen, fundou posteriormente o Beast in Black, mas este não é o assunto aqui neste momento.

Outro momento de destaque é “Far Far Away”, que tem uma levada simples com muita melodia e os backing vocals dão um tom levemente épico a faixa. O encerramento com “Angel Cry” poderia estar em qualquer álbum do Nightwish por exemplo, ou seja, apesar de ser um trabalho mais voltado ao Power Metal, a banda procura explorar outras vertentes e deixar seu trabalho mais acessível.

No geral, é um disco agradável de se ouvir, com momentos realmente bons e outros descartáveis. Em tempos onde o material físico das bandas está cada mais um desuso, vale destacar a arte gráfica e a capa uma das mais bonitas que já vi.

O headbanger que não curte muito a proposta do vocal feminino deve passar longe. Mas é inegável que a banda tem seus méritos e até este momento, ainda buscava seus horizontes musicais, e se encontraram ou não, eles próprios quem deverão nos dizer. Se fosse dar uma nota de 0 a 10, daria um 7,5. Que é bom, isso é!

Mauro Antunes




MACERATION - SERPENT DEVOURMENT (2025)

 


MACERATION
SERPENT DEVOURMENT
Emanzipation Productions/ Target Group - Importado

O Maceration retorna com força total em seu terceiro álbum, “Serpent Devourment”. Após o bem-sucedido “It Never Ends...” de 2022, que marcou o retorno da banda após três décadas de silêncio, o novo trabalho mostra que o grupo pretende recuperar “o tempo perdido” e solidificar sua posição dentro da cena, mostrando muita brutalidade, complexidade e velocidade.

A proposta sonora segue um misto daquele "old school" de seu primeiro disco de estúdio, “A Serenade of Agony”, de 1992, com a mistura de melodias cativantes e mixagem cristalina das produções mais atuais, mas, o amigo leitor e fã do estilo pode ficar tranquilo, a agressividade nada se perdeu nessa escolha, muito pelo contrário — a produção deixou tudo bem impactante e à frente, fazem os tímpanos jorraren sangue durante os 39 minutos de audição.

Faixas como "The Den of Misery" e "A Corrosive Heart Fell Below" destacam-se pela agressividade e complexidade rítmica, enquanto "Where Leeches Thrive" apresenta uma abordagem mais cadenciada, com riffs pesados e atmosféricos. Em “Suffering”, a banda literalmente pisa fundo na velocidade. Os urros de Jan Bergmann Jepsen contribuem para tornar tudo bem caótico, e algo que vale destacar sobre o vocalista é sua versatilidade, passeando também por momentos mais rasgados e densos nas músicas.

“Emptiness Embraced” traz o equilíbrio necessário para o ouvinte respirar; o peso do instrumental carrega uma certa dose de passagens mais arrastadas, algo que também pode ser ouvido em “When Torment Befell My Pain” e “In Riot Unleashed”, proporcionando uma experiência equilibrada dentro da agressividade ímpar do Maceration. A dupla final “Revolt The Tyrant Dream” e “For The End Alone” fecha o tracklist com chave de ouro.

Ambas as faixas são impiedosas, com agressividade até o talo, deixando claro que se você não tinha perdido a cabeça antes, é agora que ela será “arrancada” da forma mais brutal possível.

Serpent Devourment” não busca reinventar “a roda”, mas entrega uma execução impecável — repleto de riffs esmagadores, clima sufocante e com blast beats devastadores. Criando um ataque sonoro em um álbum que certamente se destacará como um dos lançamentos de death metal mais fortes de 2025.

William Ribas