SIN AVENUE
I'M A STRANGER IN MY HOMELAND
True Metal Records - Nacional
I'M A STRANGER IN MY HOMELAND
True Metal Records - Nacional
É gratificante, como crítico musical, mas muito mais como fã de música, poder ouvir um trabalho de uma banda genuína, que busca seu espaço sem precisar se vender a nenhum tipo de modismo. E se torna ainda mais relevante quando esse trabalho vem do underground. Agora imagine, uma banda underground, que pratica Hard Rock em Porto Alegre/RS. Sim, acredito que você, onde quer que esteja lendo essa resenha, saiba das dificuldades que esse tipo de banda enfrenta. Mas a determinação e a vontade de mostrar sua música sempre fala mais alto, ainda mais se a banda em questão for a SIN AVENUE. Uma banda que sabe o que quer e que está na batalha a muito tempo. E depois de dois EPs (When the Shadows Fall - 2019 e Against All the Odds - 2021), o trio gaúcho chega ao seu álbum de estréia I'M A STRANGER IN MY HOMELAND, provando que talento e persistência podem fazer (e fazem) a diferença.
CJ Rebel Son (vocal e guitarra), Markês Bianchi (baixo) e Júlio Sasquatt (bateria) nos apresentam um trabalho homogêneo e cheio de ótimas melodias, além de um belo trabalho de guitarra. Composições bem estruturadas, gravadas no estúdio Cobaia, com o produtor Eduardo Nichele, que também gravou teclados em algumas faixas e também fez backing vocal em outras. Numa forte parceria, o trio mostra entrosamento e criatividade, explorando suas influências (cuja premissa maior é o Hard Rock), sem esquecer de outros elementos caros ao estilo, como o peso em determinados momentos, e traços que, ainda que momentâneos, do nosso bom e querido Heavy Metal.
O álbum abre com a faixa "Inner Voice", que começa com um violão clássico, mas que logo ganha uma identidade Hard Rock, numa linha 80's com uma pegada mais atual. CJ, traz alguns vocais diferentes em determinados momentos, mostrando versatilidade, sem esquecer do talento nas seis cordas. por sua vez, Markês e Sasquatt demonstram entrosamento e coesão, dosando de forma consistente peso (para o estilo) e velocidade. Na sequência, "Living Without You" traz riffs pesados, numa levada mais cadenciada, com aquela pegada mais old school. Dona de um refrão "grudento", com backing vocals característicos, a faixa é um dos destaques do álbum. CJ esbanja classe, e nunca é demais lembrara, o guitarrista/vocalista tem muita influência do estilo em seu jeito de tocar! Ouça e comprove! "Freedom", outro momento pesado e melódico ao mesmo tempo, é um dos melhores momentos, cheia de intensidade uma pegada Dokken/Whitesnake que vai satisfazer qualquer fã das bandas citadas. Em seguida "Acredite em Você", cantada em português, primeira faixa nesse formato gravada pelo grupo, é um Hard/Heavy bem característico, mas confesso que num primeiro momento soou um pouco estranho pra mim, mas longe de ser ruim, apenas diferente.
"Loves Wins All", faixa de trabalho e que ganhou um videoclipe, traz linhas bem trabalhadas, com toques que remetem de certa forma aos teclados (aqui gravados pelo produtor Eduardo Nichele) do saudoso mestre Jon Lord. Ao lado de "Freedom", um dos grandes destaques do trabalho. As guitarras assumem o protagonismo de maneira mais do que eficiente, explorando os limites do estilo, incorporando influências de maneira forte e consistente. "Within", é outro bom momento, mantendo a sequência de adrenalina lá no alto, com riffs típicos e refrão grandioso. Já "It Isn't too Late" é aquela balada que não pode faltar em todo disco de Hard Rock que se preze. Com uma aura "misterbiguiana", é um dos momentos mais suaves e belos do álbum. "The Magic of Love" poderia estar em algum trabalho do Whitesnake dos anos 80, pois tem aquele feeling que só a banda de David Coverdale conseguia emanar em seus álbuns. Pra fechar, "You Are Not The Only I Ever Had (Y.A.N)", presente no primeiro EP, ganhou aqui uma versão acústica, numa atmosfera quase que stoneana, pois traz consigo aquele clima que Jagger/Richards sabiam criar como poucos.
Como disse lá no início, é muito bom ouvir trabalhos que vem envoltos em histórias de persistência e determinação. E o melhor é quando esses trabalhos vem recheados de música boa. E I'M STRANGER IN MY HOMELAND, álbum de estreia do trio SIN AVENUE é um deles. Que a banda siga sua luta em prol do underground e do Hard Rock. Os fãs da boa música agradecem.
Sergiomar Menezes
Nenhum comentário:
Postar um comentário