terça-feira, 29 de abril de 2025

GHOST - SKELETÁ (2025)

 


GHOST
SKELETÁ
Concord Music/ Loma Vista - Importado

Falar sobre o GHOST não é uma tarefa fácil. Banda amada por muitos e odiada por tantos outros, o grupo (ou o projeto musical de Tobias Forge), chega agora ao seu 6º álbum de estúdio, resgatando de certa forma, um pouco daquilo que a banda fazia em "Opus Eponymous" (2010) e "Meliora" (2015). Em tempos de Conclave (nos cinemas e na vida real), o grupo agora é liderado pelo Papa V Perpétua. Como todos sabemos, os nomes mudam, mas a qualidade e capacidade de criação de seu mentor continuam acima da média, ainda que algumas escorregadas tenham acontecido nesse percurso ("Prequelle", lançado em 2018). SKELETÁ mostra um grupo que incorpora climas mais densos, pesados e soturnos, mesclados ao mesmo tempo com passagens que nos remetem ao pop dos anos 80, bem como ao Heavy Metal da melhor década do estilo. 

O já citado Papa V Perpétua, seguido pelos seus Nameless Ghouls, nos traz um álbum característico, sem surpresas, mostrando a supracitada influência da sua estreia e do terceiro trabalho, por sinal, um voltado ao lado mais atmosférico e soturno, outro usando e abusando do peso das guitarras. Produzido por Gene Walker e mixado por Andy Wallace, SKELETÁ (derivado do grego, que além de "esqueleto", também pode significar "murcho" ou "seco"), vem com 11 faixas que navegam por climas e atmosferas introspectivos, pesados e que deixam o ouvinte mergulhado numa imensidão de sentimentos que se transformam em pessoais, tamanha a dramaticidade emprestada às composições. Volto a repetir, Aqui, o GHOST volta a ser o GHOST que moldou sua personalidade buscando sempre temas ocultos, obscuros e, principalmente, voltados a mistura de peso e melodia.

Abrindo com "Peacefield", o trabalho traz um clima introspectivo, com corais, que dá lugar aos vocais temáticos de Papa V Perpétua, recebendo o auxílio de guitarras pesadas, lembrando os momentos mais pesados de "Meliora", ainda que os elementos pop (no quesito melodia) se façam presentes. Uma abertura bem pensada e que nos prepara "Lachryma", pesada e forte, totalmente ligada aos momentos mais ligados ao heavy metal do grupo. Outra vez, a genialidade de Tobias Forge em criar uma linha tênue entre peso e melodia se mostra muito mais do que eficiente, pois os riffs de guitarra aqui se destacam de forma concisa. Já "Satanized", por sua vez, traz uma cozinha focada em criar bases técnicas e pesadas, liberando a possibilidade das melodias se tornarem a parte dominante da composição. Apesar do nome, a faixa possui um certo apelo pop. algo bastante característico ao grupo. No entanto, os solos de guitarra buscam um meio termo entre o metal mais pesado e linhas mais melódicas. Mas chega um momento que se mostra um dos destaques, senão o maior, de SKELETÁ: "Guiding Lights". Uma composição intimista, repleta de sentimento, onde a capacidade criativa de Tobias extrapola as vertentes do pop, criando uma atmosfera simples e ao mesmo tempo, intensa e emotiva. Que bela composição!  "De Profundis Borealis", é voltado a um clima hard/heavy, com passagens de teclado no refrão que ensejam possibilidades de novas perspectivas ao "pop disfarçado" do grupo.

A veia pop/rock oitentista ressurge em "Cenotaph", com vocais em coro que criam um brilho diferente à faixa. As guitarras novamente mostram serviço com uma pegada mais Hard, sem interferir na proposta inicial da composição. "Missila Amori" propõe peso e melodias contratando de forma fácil no decorrer de sua execução enquanto "Marks of the Evil One" é uma daquelas faixas que se a gente lê o título, imagina que vem uma chuva de guitarras e vocais guturais, no entanto, temos aqui mais uma vez o bom e "velho" GHOST, despejando mais uma faixa totalmente "ghostniana", carregada de influências gothic pop dos anos 80 (The Mission, The Sisters of Mercy, entre outros). "Umbra" é outro ótimo momento, pois começa num clima um tanto quanto "new age" e descamba pra um belo heavy/rock, com uma pegada bem trabalhada de guitarras e vocais soturnos. O encerramento vem com "Excelsis", que fecha o trabalho de maneira envolvente, com passagens climáticas, e por vezes, "orbitais" (não achei palavra que definisse de outra forma).

Muito tem se falado que SKELETÁ é um álbum fraco, que decepcionou os fãs, que não entrega tudo aquilo que a banda pode oferecer e que não pode ser comparado aos primeiros trabalhos do GHOST. Das duas uma: ou quem disse isso não conhece a sonoridade da banda, ou, a hipótese mais provável, quer criar discussões, fazer valer sua opinião e mostrar que está tentando se tornar um novo Régis Tadeu. Menos, meus amigos, menos. SKELETÁ é um belo trabalho de um grupo que não está nem aí pra sua opinião. E nem pra minha. No entanto, eu pelo menos, ouvi o disco e conhece a trajetória da banda...

Sergiomar Menezes






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