terça-feira, 29 de abril de 2025

PAIN - NOTHING REMAINS THE SAME (2002/2025) - RELANÇAMENTO

 


PAIN
NOTHING REMAINS THE SAME
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional

Lançado em 2002, “Nothing Remains the Same” é o momento em que o Pain deixa de ser apenas um experimento de Peter Tägtgren e se transforma, de fato, em uma entidade própria - viva, dançante e cheia de atitude. Depois de dois álbuns em que ainda faltava uma identidade definida ao projeto, esse disco chega como um soco bem dado. O título já entrega o espírito: Não resta mais nada como antes.

Desde a primeira batida de “It’s Only Them”, já dá pra sentir a virada. A guitarra é seca, o ritmo é marcial, os teclados criam um clima quase paranoico - e aí entra a voz de Tägtgren, carregada de raiva. O refrão explode como um alerta: essa fase do Pain é para ser festejada, na pista. Mas é com “Shut Your Mouth” que o álbum realmente vira a chave. Um verdadeiro hino da revolta moderna, com riff grudento, batida eletrônica hipnótica e uma letra que, entre ironia e desabafo, gruda na cabeça. É o tipo de música que você ouve uma vez e já sai cantando sem perceber.

O mais legal é como o disco mantém o nível alto. “Just Hate Me” tem um clima melancólico irresistível - quase uma balada obscura, mas sem perder o peso. “Fade Away” é carregada de sintetizadores, revelando o lado emocional que Tägtgren passa a explorar com mais força aqui. Já “Save Me” vem como uma pancada eletrônica, agressiva e direta, perfeita para pistas sombrias ou para momentos de fúria silenciosa.

A grande sacada de “Nothing Remains the Same” é esse equilíbrio entre ser acessível e nebuloso. As músicas têm refrãos fortes, são cheias de ganchos e funcionam muito bem. O som é industrial, sim, mas é sombrio; é pop, mas jamais sem soar agressivo. A produção é de altíssimo nível, como se espera de Peter Tägtgren, e tudo soa limpo, poderoso e bem amarrado.

É um disco que convida à repetição - não só pela qualidade das composições, mas porque traduz perfeitamente o sentimento de frustração e desconexão de uma geração inteira. Cada faixa tem sua personalidade, seu impacto, seu lugar.

Nothing Remains the Same” é Peter Tägtgren do avesso - pesado, sem precisar urrar.

William Ribas




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