DIMMU BORGIR
ENTHRONE DARKNESS TRIUMPHANT - DELUXE EDITION
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
ENTHRONE DARKNESS TRIUMPHANT - DELUXE EDITION
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
A segunda geração de bandas norueguesas de black metal estava muito ligada às origens do estilo praticado no país, seus primeiros álbuns tinham uma sonoridade mais crua, mais densa, cheio de climas envolventes de teclado durante a execução das músicas. O Dimmu Borgir não era exceção, cantando inclusive em norueguês nos álbuns antecessores à este Enthrone Darkness Triumphant, que saiu da escuridão norueguesa em 1997 e agora é relançado no Brasil numa edição deluxe com faixa bônus. Esse álbum marca um divisor de águas gigantesco na carreira dos “garotos” de Oslo, que mudam seus conceitos tanto na forma lírica, abordando mais profundamente temas como satanismo e ocultismo, passando a escrever suas letras em inglês, quanto na forma musical, mantendo todos os elementos de black metal primitivo, mas indo muito além, acrescentando muito mais trabalhos de guitarras e incorporando uma dinâmica mais de metal extremo contemporâneo tanto nos andamentos quanto nos arranjos muito mais elaborados e de um bom gosto e originalidade até então não praticados por nenhum conterrâneo. Enthrone Darkness Triumphant se consolida como um dos pilares do black metal mundial passando a figurar facilmente num top 10 do estilo, tamanho é seu brilhantismo e sua inspiração.
Iniciamos o álbum com "Mourning Palace", um dos clássicos absolutos da banda e que figura até hoje no set lista executado ao vivo, já de cara nota-se a diferença na produção, no que diz respeito aos timbres, se compararmos aos 2 trabalhos anteriores. Talvez a produção no renomado Abyss estúdio tenha dado a tônica de como o Dimmu Borgir passaria a soar nos próximos anos, e a produção aqui creditada a própria banda, explica também porque o som não saiu igual a todos os outros que saíram do Abyss estúdio quando tinham a produção assinada pelo lendário produtor Peter Tägtgren. Provavelmente, a banda tenha acertado finalmente como deveria soar, e isto está claro aqui na faixa de abertura que inicia com um teclado soturno e logo adentra a um riff de guitarra poderoso com uma bateria cheia de variações. Incrível como a junção de melodia e agressividade aqui se mostra totalmente eficaz e a música mantém uma incrível linha como de introdução, clímax e desenvolver pro final com arranjos perfeitos desembocando no primeiro blast beat acertado do baterista Tjodalv. A próxima é "Spellbound (by the Devil)" mantendo o mesmíssimo estilo da anterior. Essa comparação será notada ao longo de todo o álbum, mostrando como o trabalho é coeso e ligado musicalmente entre si. A banda executa sua música transitando por vários estilos diferentes, mostrando a versatilidade que estaria incorporada a partir daqui nos próximos trabalhos. Em "In Death’s Embrace" seguimos com inspiração máxima, os teclados de Stian Aarstad são usados de forma cirúrgica e sem aquele excesso de outrora, se encaixando de forma natural ao agora muito mais visível trabalho de guitarras de Silenoz. Além dos vocais sensacionais de Shagrath, apenas o baixista Nagash é novo na formação, e talvez, o entrosamento de todos tenha sido peça fundamental na concepção dessa pérola chamada Enthrone Darkness Triumphant, nome enorme com três palavras, fórmula que passaria a ser usada pela banda para nomear todos os seus próximos álbuns. "In Death’s Embrace" nos brinda com um lindo solo de guitarra antecedendo o final da música. O sonoramente renovado Dimmu Borgir inicia "Relinguishment of Spirit and Flesh" debaixo de pesada tempestade num blast beat violento e muito coeso, sendo difícil não se repetir nos adjetivos de todas as músicas do álbum, pois no tempo que as resenhas traziam notas, aqui emplacaríamos facilmente uma nota10. Dê-lhe riff inspirado e batida que nos remete instantaneamente ao headbanging com "The Night Masquerade", dois bumbos dando o norte e adentrando numa bateria cheia de variações novamente. Os vocais de Shagrath aqui soam como uma alma amaldiçoada gritando no inferno, são 10 faixas todas mantendo o mesmo nível de extremo bom gosto, e o final dessa música ainda temos o vocal feminino da norueguesa Bente Engen como convidada especial, dando um clima soturno ao corpo da música.
A velocidade é mantida em "Tormentor of Christian Souls" com um riff principal que nos lembra o antigo Dimmu Borgir antes de seguirem novamente no novo estilo perseguido, assim como "Entrance" que mantém o mesmo nível de uma forma impressionante, não há música mediana aqui, e como já citado, os adjetivos começam a se repetir, mas aqui o trampo de teclado é impressionante ao logo dessa que soa um pouco mais cadenciada e melódica, talvez para justamente contrastar com a "Master of Disharmony" que novamente emerge com total velocidade e voracidade. "Prudence’s Fall", faixa mais rápida e "A Succubus in Rapture", dando um clima de despedida mantém o altíssimo nível desse álbum perfeito do início ao fim, selando de vez a qualidade musical e o talento e sucesso do Dimmu Borgir no cenário extremo, estabelecendo a banda em certo momento no topo do estilo a nível mundial, angariando uma nova geração de fãs que provavelmente antes deles e talvez o Cradle of Filth não participassem e somassem tanto a cena do black metal em geral. Não esqueçam do presente que a Shinigami colocou aqui nessa nova edição com a faixa bônus "Raabjorn Speiler Draugheimens Skodde" vista originalmente no álbum "For All Tide" e também já conhecida numa roupagem diferente no EP "Godless Savage Garden" de 1998, para fechar com chave negra de ouro este tão aclamado terceiro álbum dos noruegueses, que se mantém um clássico até os dias de hoje.
Márcio Jameson
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