SAVATAGE & OPETH
ESPAÇO UNIMED
21/04/2025
SÃO PAULO/SP
ESPAÇO UNIMED
21/04/2025
SÃO PAULO/SP
Texto: William Ribas
Fotos: Reinaldo Canto / Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
Fotos: Reinaldo Canto / Ricardo Matsukawa / Mercury Concerts
Sabe aquele tal de “dreams come true”? Pois é. No dia 21 de abril de 2025, eu realizei o meu.
Aquele moleque de 11 anos que conheceu o Savatage na metade dos anos 90, que preenchia todas as listas de “banda que você mais quer ver ao vivo” com o mesmo nome, finalmente viveu o dia em que esse desejo saiu do papel. O mesmo garoto que sonhou tanto, agora com 40 anos, estava lá — de olhos brilhando, alma lavada, vivendo o maior sonho em termos de shows.
E foi inesquecível.
O Espaço Unimed, em São Paulo, foi o cenário escolhido para o primeiro show completo do Savatage desde 2015. E não foi por acaso que essa volta aconteceu aqui. A resposta do público brasileiro foi absurda — não só pela energia, mas pelo carinho, pela entrega, pela forma como cada música foi cantada como se fosse a última. A sinergia entre banda e fãs foi única do começo ao fim.
Aliás, nas redondezas do Espaço Unimed era todo mundo com uma enorme ansiedade.
Dois dias antes, a apresentação no Monsters Of Rock deu o ponta pé para volta do grupo americano, mas agora seria diferente. Os donos da festa eram eles, mas não vinham sozinhos, coube ao Opeth fazer as honras.
Os suecos tinham uma missão árdua, trazer sua música mais introspectiva, cheias de mudanças instrumentais e líricas para um público que não era seu. Um público que chegou com o pé atrás e que aos poucos foi se rendendo a fusão entre o peso e melodia. A precisão técnica e parte emocional são uma das grandes forças do Opeth.
Desde da abertura com “§”, “Master's Apprentices” e “The Leper Affinity” ficou claro que era jogo de paciência, onde cada urro, ou, cada nota mais agressiva ganhava mais ponto com o público, que aos poucos começavam a gritar o nome da banda. O vocalista Mikael possui um humor mais ácido, por vezes soando divertido, por outras incompreendido
Entre músicas do novo álbum, “The Last Will And Testament” e algumas “velharias”, o grupo conseguiu passar o seu recado, principalmente em “Sorceress” e “Deliverance”.
Às 21h30 era chegado o motivo pelo qual estávamos lá — SAVATAGE!
Desde os primeiros acordes de “The Ocean” e “Welcome”, a emoção transbordava. Vieram “Jesus Saves”, “Sirens”, “Another Way”, “The Wake of Magellan”, e o repertório foi revelando um recorte amplo da história da banda — passando por todas as fases e surpreendendo com faixas menos óbvias, mas profundamente celebradas.
O peso e agressividade de “Taunting Cobra” é sempre bem vinda, com Zak e Caffery dando um show a parte. “Handful of Rain” e “Chance” são teatrais, cheias de coro. O grande positivo foi o uso dos telões, com diversas imagens que traziam mais impacto a cada música executada.
A cada nota despejada, a cada nova interação, mais o grupo tinha seus fãs ao seu lado — “This Is The Time (1990)” tem uma grandiosidade ao mesmo tempo que desfila “simplicidade”, com o refrão que se fez ser escutado por todos os cantos do local, aliás, o Savatage é mestre em criar refrãos explosivos e marcantes, víde maravilhosa “Gutter Ballet”. O teclado inicial de “Edge of Thorns” é clássico, e cada nota, cada palavra foi cantada por todos sendo um dos pontos altos da apresentação.
Só perdendo para emocional e arrepiante, “Believe”.
Quando o telão mostrou Jon Oliva em estúdio, cantando sozinho a primeira parte da música, o tempo simplesmente parou. A voz dele — marcada pelo tempo, mas cheia de alma — ecoou pelo espaço como um chamado direto ao coração de cada um ali. A banda entrou logo depois, mas a atmosfera já estava carregada de uma beleza impossível de descrever. As lágrimas foram inevitáveis. Foi um momento de comunhão entre passado, presente e futuro. Como se dissesse: "estamos todos aqui, ainda juntos, ainda vivos e ainda acreditando.
A parte do solo onde no telão foi projeto imagens de Cris Oliva foram lindas e nunca mais sairão da minha memória.
O público foi parte essencial dessa noite mágica. Gente de todos os cantos do país — e de fora também. Era possível ouvir inglês, espanhol, sotaques diversos se misturando aos coros emocionados de Savatage, Savatage, Savatage...O fechamento com “Power Of The Night” e “ The Hall Of Mountain King” foi para todos gritarem e pularem até a última gota de energia.
Sim, algumas músicas ficaram de fora. Daria pra fazer no mínimo mais dois shows sem repetir nenhuma música do setlist. Ficou o gostinho de quero mais, principalmente pela ausência de faixas de “Poets and Madmen”.
Mas ninguém saiu com vazio. Porque o que foi entregue ali foi muito mais do que música — Foi alma, memória e mostrando que algumas noites foram feitas para durar para sempre e essa, definitivamente, será eterna para todos.
Que essa volta seja duradoura, que tenhamos novo álbum, novas turnês, pois o mundo necessita do Savatage e o legado dos Oliva.
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