SCOUR
GOLD
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional
GOLD
Shinigami Records/ Nuclear Blast - Nacional
O Scour chegou com tudo em “Gold” e, sinceramente, chutou a porta do black metal moderno. Depois de anos lançando EPs matadores (“Grey”, “Red” e “Black”), Phil Anselmo e companhia resolveram despejar toda a fúria acumulada em um álbum completo — e o resultado é simplesmente devastador. Uma verdadeira aula de brutalidade, misturando o veneno do black metal noventista com a sujeira do grindcore e aquela pegada ríspida do thrash. Nada aqui é domesticado: a produção é cristalina sem perder o peso absurdo, cada riff parece querer arrancar a sua cabeça fora, e a bateria de Adam Jarvis é uma avalanche impossível de segurar.
O disco abre com a insana "Cross", e não desacelera nem por um segundo. Desde os primeiros acordes, o ouvinte é lançado em um redemoinho agressivo e impiedoso, uma bateria que mais parece uma máquina de guerra e vocais que exalam ódio e desespero. Phil Anselmo entrega uma performance monstruosa, misturando urros viscerais e gritos que soam como se estivessem rasgando a carne. Aliás , a banda inteira soa como uma entidade faminta: John Jarvis no baixo, Mark Kloeppel e Derek Engemann nas guitarras constroem uma muralha sonora e destroem qualquer possibilidade de calmaria.
A sequência das faixas é um ataque ininterrupto. "Blades" e "Infusorium" são pancadas secas, afiadas como navalhas, e "Coin", que ainda conta com a participação de Gary Holt (Exodus), transborda ódio e solos cortantes. A música arrasta, grita, sangra, mas sem jamais perder o controle. Tudo é muito bem amarrado: “Gold” é caótico na energia jorrando toneladas de metal pesado sobre os fãs.
As letras mergulham no horror mais sufocante, claramente inspiradas por contos macabros, criando uma atmosfera de desolação e insanidade que vai além da música — é quase uma dor física. O disco constrói um ambiente sombrio que parece se infiltrar em cada canto, como uma névoa negra e sufocante, dominando tudo ao redor enquanto o tracklist avança.
Musicalmente, “Gold” reverencia as raízes do black metal, mas sem soar datado ou caricato. Há ecos evidentes de Satyricon e Darkthrone, por exemplo, mas sempre misturados a outros elementos da música extrema, trazendo um frescor agressivo e urgente que evita qualquer traço de nostalgia vazia. Cada uma das 13 faixas é uma explosão, como gasolina jogada na fogueira, incendiando tudo com uma violência que soa tão viva quanto necessária — um disco feito para quem quer ser esmagado pela música e, mesmo assim, levantar sorrindo, pedindo mais.
William Ribas
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