quinta-feira, 24 de abril de 2025

FABULOUS DESASTER - CRUCIFY THIS (2025)

 


FABULOUS DESASTER
CRUCIFY THIS
MDS Records - Importado

Os alemães do Fabulous Desaster estão de volta com seu terceiro trabalho de estúdio, Crucify This. Para os fãs de longa data, não há surpresa: a banda continua afiada na sua missão de moer ossos com composições brutais. Já os marinheiros de primeira viagem não precisam ir muito longe para entender o que vem pela frente - o próprio nome do quarteto entrega o jogo: thrash metal na veia, reverência explícita aos mestres do gênero e uma promessa de 45 minutos de destruição sonora.

Formado por Jan (voz e guitarra), Mathes (guitarra), Andi (voz e baixo) e Luke (bateria), o grupo não deixa pedra sobre pedra. Seu thrash vem direto da fonte de Gary Holt e companhia - o Exodus é claramente o farol sonoro da banda. Mas que fique claro: não se trata de um grupo “cover”. O Fabulous Desaster sabe dosar suas influências com identidade própria, e isso se reflete nas 11 faixas do disco, onde até mesmo momentos mais melódicos encontram espaço na sinfonia do mosh.

A abertura com “Menace to Sobriety” surpreende com uma introdução calma e bela, marcada por duetos de guitarra que evocam Judas Priest e Iron Maiden, o prelúdio perfeito para o caos.

E quando “Misanthropolis” dispara, rompendo a velocidade da luz, aí sim o bicho pega: cadeira, mesa, cama, televisão - tudo voa. A “rifferama” é infernal, e Jan comanda a destruição com vocais cheios de fúria. O comparativo com Steve "Zetro" Souza, é inevitável - o timbre é tão semelhante que chega a ser assustador. Os primeiros segundos de “Trenchmouth” são totalmente alucinantes e mantêm a música em alta rotação, com um refrão gritado de forma enlouquecida que prepara o terreno para a maravilhosa “Coffin Dwellers”. Essa sequência já valeria o disco - uma dobradinha que certamente vai deixar muito thrasher com torcicolo, tamanha a ignorância sonora despejada nos nossos tímpanos.

A faixa-título, “Crucify This”, é a minha favorita. Cada nota aqui é de precisão ímpar - riffs marcantes e sujos alinhados com um baixo pulsante e cada “martelada” de bateria (que certamente foi trocada depois da gravação, de tanto apanhar). O resultado são espasmos de brutalidade. E a letra? Impossível tirar da cabeça:

Never have I ever rigged the law for my own needs.
Nor never have I ever raised taxes for deceit.
Never have I ever glorified my own greed.

Os caras estavam inspirados, e isso dá pra sentir toda vez que o play é acionado. “Crucify This” é um passo adiante dentro da discografia do grupo - possivelmente, a tão esperada virada de chave rumo a mais visibilidade e reconhecimento entre os thrashers de plantão.

“Rip It Up” poderia ter sido retirada de Bonded by Blood - pisaram no acelerador, e a faixa não para até atingir os 180 km/h, deixando um rastro de poeira seguido pelas hipnóticas “A Hard Day's Fight” e “May Your Mother Wear Black”. “Ten Year Chaos” ganha um tom mais festivo, digamos, mais solto - obviamente sem perder o riff como carro-chefe. O álbum se encerra com a dupla “Before the War” e “Trapped in the Dark”.

Ouvindo e ouvindo, é como se fôssemos jogados na Bay Area dos anos 80. É possível notar a grande homenagem a discos como Kill 'Em All, Killing Is My Business..., Hell Awaits, Pleasures of the Flesh e tantos outros daquela época. Crucify This é o trabalho perfeito de um grupo que pisa fundo numa viagem “de volta ao passado”.

Um fabuloso ataque sonoro - Ouça!

William Ribas




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