quinta-feira, 27 de março de 2025

ARCH ENEMY - BLOOD DYNASTY (2025)

 


ARCH ENEMY
BLOOD DYNASTY
Vahall Music/Century Media - Nacional

No início dos anos 2000, o Arch Enemy abalou estruturas ao colocar Angela Gossow no lugar de Johan Liiva. Os três primeiros álbuns com a alemã nos vocais estabeleceram uma base sólida e um pilar extremamente forte para os anos – ou décadas – seguintes. Não que os sucessores de “Wages of Sin” (2001), “Anthems of Rebellion” (2003) e “Doomsday Machine” (2005) estejam abaixo desse nível, muito pelo contrário, mas o sucesso e o nome da banda já estavam fincados no heavy metal.

Desde que assumiu os vocais em 2014, Alissa White-Gluz se consolidou como uma das vocalistas mais marcantes do metal moderno, trazendo não apenas sua potência nos guturais, mas também um equilíbrio com vocais limpos estrategicamente inseridos. Em Blood Dynasty, sua performance demonstra um amadurecimento ainda maior, transitando entre agressividade e melodia com naturalidade.

O quarto trabalho de estúdio com Alissa no comando segue uma linha evolutiva, mostrando a vocalista cada vez mais à vontade e impondo suas habilidades de forma mais expressiva, o que abre novas possibilidades para o som do Arch Enemy crescer e explorar novas direções. Um fator adicional também pode ter feito diferença nas novas composições: o disco marca a estreia do guitarrista Joey Concepcion, que adiciona uma nova camada à potente dinâmica instrumental liderada por Michael Amott.

"Dream Stealer" segue a velha cartilha: uma rápida introdução e uma “bicuda” na orelha com um urro infernal. A faixa entrega uma fusão poderosa entre death e thrash metal, repleta de variações rítmicas e camadas vocais, funcionando como um excelente cartão de visitas para o que está por vir. "Illuminate the Path" chega de maneira mais “contida”, diminuindo a velocidade, mas sem perder o peso. É, possivelmente, aquela faixa que fará o público pular nos shows – o refrão, parcialmente cantado com voz limpa, é cativante e irresistível.

Uma das minhas favoritas é "March of the Miscreants", que me fez viajar no tempo. Esta é a faixa que mais remete ao velho Arch Enemy, com uma forte presença do “metal da morte”, guturais raivosos e riffs que comandam o bate-cabeça. "A Million Suns" se desenvolve sobre uma base instrumental mais solta, leve e até “alegre” – um exemplo perfeito do melhor que o death metal melódico pode oferecer.

"Don't Look Down" mantém o clima pesado característico da banda, mas encaixa elementos novos aqui e ali, mantendo a evolução constante do som do Arch Enemy. A música lembra um pouco "Handshake with Hell", do álbum “Deceivers” (2022). Já a faixa que mais me despertou curiosidade pelo título foi "Vivre Libre". O que esperar? Peso e agressividade ou uma balada? Pois bem, a terceira opção foi a escolhida. Lenta, climática, com instrumental pesado apenas no refrão e carregada de sentimento, a música segue um caminho totalmente diferente de "Reason to Believe". Aqui, Alissa canta quase 100% com a voz limpa, utilizando apenas algumas incursões de drive e gritos.

"Blood Dynasty" volta a decolar com "The Pendulum", onde a cozinha formada por Sharlee D'Angelo (baixo) e Daniel Erlandsson (bateria) brilha, destacando-se pelo groove e pela precisão. Vale ressaltar que eles não são músicos que tentam impressionar com malabarismos técnicos, mas sim jogadores de equipe, sempre certeiros no que fazem. Outro ponto digno de nota é como o álbum transita por incursões do death metal tradicional e melódico, mesclando-se ao thrash habitual da banda, mas sem deixar de lado pitadas da New Wave of British Heavy Metal. Seja nos riffs cavalgados ou nos solos repletos de feeling, de alguma maneira sempre há um pouco de Judas Priest, Iron Maiden e seus contemporâneos.

O encerramento fica por conta de "Liars & Thieves", que amarra o disco de forma impactante, coroando a jornada construída ao longo das 10 faixas anteriores.

Seria repetitivo afirmar que “Blood Dynasty” é o melhor álbum do Arch Enemy com Alissa White-Gluz nos vocais. A cada novo lançamento, essa impressão se repete, pois a banda sempre entrega algo novo e surpreendente sem se prender ao passado. Mas, sendo sincero, o que nunca muda é a mente criativa e a palhetada digna de aplausos de Michael Amott.

O Arch Enemy mais uma vez se firma entre os gigantes do metal mundial.

Sim! De novo, de novo e de novo...

William Ribas




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