terça-feira, 2 de setembro de 2025

ROSA TATTOOADA - 31/08/2025 - HARD ROCK CAFE - PORTO ALEGRE/RS


 

ROSA TATTOADA
31/08/2025
HARD ROCK CAFE
PORTO ALEGRE/RS

Texto: José Henrique Godoy
Fotos: Carol Capelleti Peres

Final de tarde de domingo, geralmente é momento de tirar o pé do acelerador, e ir diminuindo os ânimos para iniciar uma semana de trabalho, com calma e com a mente e os músculos relaxados, certo? Errado! Duplamente errado! No domingo 31 de Agosto, o final de tarde foi de Hard Rock de gente grande, e no lugar que tem o nome mais correto para um evento desses: Hard Rock Cafe.

Estamos falando do icônico Rosa Tattooada, um verdadeiro patrimônio do Hard Rock/Rock n' Roll gaúcho e brasileiro. Após a data do “Dia Mundial do Rock”, em 13 de Julho, onde o Rosa lotou o Hard Rock Café, o trio formado por Jacques Maciel (guitarra/vocais), Valdi Dalla Rosa(baixo/vocais) e Matt Thofehrn (bateria), retornou para mais uma tarde/noite onde derreteu o palco com peso e força que só os “Hard Rockers Old School” conseguem fazer, mais uma vez com a casa cheia.

Passavam alguns instantes das 18h30, quando os trabalhos iniciaram com a clássica “Carburador”, seguida de uma das preferidas da casa, “Um Milhão de Flores”. Já com o jogo ganho, são executadas duas faixas do álbum “Carburador” (2001): “Fora De Mim, Dentro De Você” e “Dance em Mim”. Não é novidade nenhuma, mas sempre necessário ressaltar o domínio do palco do trio e a interação com o público, bem como o carisma dos músicos. Jacques e Valdi dispensam apresentações, mas gostaria de destacar aqui a performance do batera Matt Thofehrn, além de ser um baterista completo, é um showman que injetou sangue novo à banda. Quem ainda não teve a oportunidade de assistir o Rosa Tattooada com ele, apresse-se. Matt entrou na banda em 2024, mas parece que o lugar sempre foi dele.


“Born to Be Wild” música do Steppenwolf é o primeiro cover, e a clássica “Tardes de Outono” embala o público do Hard Rock Café. E então é chegada a hora do primeiro convidado ser chamado ao palco: Marcelo Allende, o “Slash Brasileiro” como foi anunciado por Jacques Maciel. Guitarrista do Crazy Guns, um dos melhores tributos ao GNR do Brasil, realmente a semelhança inclusive na forma de tocar guitarra justifica a alcunha. Juntos executam “Na estrada”, com todas as guitarras à cargo de Marcelo e Jacques ficando apenas com os vocais.

É chegada a hora de reverenciar grandes bandas do Rock Gaúcho, como de praxe o Rosa costuma fazer nos seus shows. Valdi assume os vocais para “Você é Tudo Que Eu Quero”, dos Garotos Da Rua e colada nela, “Velhas Fotos” do Tequila Baby. A clássica “Diamante Interestelar” faz todo o Hard Rock Café cantar e segue-se então “Tão Longe”, lá do longínquo ano de 1990, do primeiro álbum do Rosa Tattooada. Na sequência , uma novidade: “Nova York”, música da dupla Country Brasileira "Christian & Ralph” que aqui ganha uma versão devidamente “HardRockzada”. E ficou excelente.

Mais uma homenagem ao Rock Gaúcho, desta vez "Sob um Céu de Blues” dos Cascavelettes, mais uma vez cantada por todos os presentes, e vamos nos encaminhando para o final do show. Matt sai do palco e volta com um “Fraque” estiloso, o que eu chamaria de “roupa de maestro”. E faz a intro num piano imaginário para a mais que clássica “O Inferno Vai ter que Esperar”. Ao final desta Jacques fala, que se “vocês pedirem, a gente toca mais!”, e se retiram do palco. Prontamente atendido, a platéia chama e eles voltam com “Campo Minado”, mais um cover do Rock Gaúcho, desta vez homenagem ao Bandaliera/Fughetti Luz, uma das bandas mais influentes daqui do RS. “Rock N' Roll Até Morrer”, agita todos os presentes, provando ser um clássico mais recente do Rosa e uma das mais fortes canções da banda .

Mais um convidado é chamado, o baterista Sady Homrich do Nenhum De Nós assume as baquetas, gentilmente cedida por Matt, para tocarem “Não Sei” do TNT. E Pra fechar o Show, “Rock N' Roll All Nite” do KISS, completando a festa!!! Finalizado o show, os músicos se retiram e vão para o lado do palco atenderem todos os fãs, com fotos e autógrafos. Mais uma grande noite propiciada por este monumento do Hard Rock Brasileiro, em um lugar que tem tudo para virar o maior point Rocker de Porto Alegre. Agradecimentos especiais ao Rosa Tattooada, ao Vini Canto e à todo o staff do Hard Rock Café.



DEATH ON THE ROAD - 20 ANOS

 


OS 20 ANOS DE DEATH ON THE ROAD DO IRON MAIDEN

É fato que a donzela de ferro é unanimidade entre os headbangers de qualquer geração. Seja por seus soberbos discos clássicos, capas magníficas, sobretudo pela parceria com Derek Riggs, seja por sua história sempre constante em apresentar novos discos de qualidade. Também é notável a quantidade de discos ao vivo em sua extensa discografia, somando muito na carreira dos ingleses de mesma forma.

O nono disco ao vivo da banda, Death on the Road, completou vinte anos agora dia 29 de agosto de 2025, e parece que foi ontem que isso se deu. O álbum decorre da turnê do álbum “Dance of Death”, e foi gravado na Alemanha em novembro de 2003, em uma Westfallenhallen Arena lotada em Dortmund. E deveria estar quente a beça por lá, porque a coisa foi linda mais uma vez.

A performance de Harris e seus soldados ingleses mesclou músicas do recém lançado álbum na época já mencionado, com as já consagradas da donzela como é de tradicional modo. Uma abertura com “Wildest Dreams” seguida de “Wrathchild”, “Can I Play with Madness” entre outros clássicos encontram com naturalidade novos sons como “Rainmaker”, “Paschendale” e “No More Lies” contando com uma pegada afiada e vontade de conquistar o mundo outra vez. Eles ganham o jogo em definitivo em lindas versões de “Hallowed be Thy Name”, “Fear of the Dark”, o hino “Iron Maiden” como não poderia ser diferente, e culmina na trinca de excelente bom gosto de “Journeyman” com sua pegada mais “acústica” e as definitivas “ The Number of the Beast” e “ Run to the Hills”.

Eu lembro da época que o disco chegou até nós e das comparações que isso ocorreu, como a performance mais aquém de Bruce Dickinson e certas partes mais pontuais que podem ter sido menores por parte de lord Nicko McBrain, mas a aceitação foi massiva entre os mais novos fãs de heavy metal e também agradou os órfãos da frutífera “World Slavery Tour”, na fase mágica da banda.

A bolacha contou com a produção de Kevin Shirley e o boss Steve Harris, saindo pela EMI, e aqueceu os tambores para o vindouro “A Matter of Life and Death”(2006), e foi dedicado a memória de um amigo de longa data de Steve Harris, Manu da Silva. A capa sombria retratando Eddie em um comboio é de autoria de Melvyn Grant.

Ao longo de vinte anos passados, posso dizer com propriedade que não tem comparação com outros grandes momentos ao vivo como em “Maiden Japan“ (81), “Live at Donnington” (88), o soberbo “Rock in Rio” (02) e muitíssimo menos com um dos maiores ao vivo da história , o grande “Live After Death” (85), mas tem obviamente um lugar de respeito na discografia do Maiden, pois evidencia uma banda ativa e cheia de gás nos palcos como de costume, amor e tradição. A banda nunca decepcionou ao vivo, e coube ao tempo ratificar isso.

Válido com certeza, principalmente com a versão tripla em dvd que foi um presente aos fãs lançado no ano seguinte, em 2006.

Gustavo Jardim






AMBUSH - EVIL IN ALL DIMENSIONS (2025)


 

AMBUSH
EVIL IN ALL DIMENSIONS
Napalm Records - Importado

Evil in All Dimensions” é uma prova inegável da paixão do Ambush pelo heavy metal. Aliás, é muito mais do que isso: é a confirmação de como precisamos que aquele “velho amigo” da década de oitenta permaneça vivo, firme e forte. Eu sei que é interessante ouvir música pesada recheada de passagens climáticas ou sons que se expandem preenchendo todos os espaços, mas, sinceramente, nada consegue superar o heavy metal forjado no aço — riffs, riffs e mais riffs, afiados e cortantes.

Desde a primeira nota, sorri de orelha a orelha, pois sabia que os suecos não tinham abandonado o jeans rasgado e a jaqueta de couro — eles continuam seguindo a cartilha de nomes como Judas Priest, Saxon, Running Wild, Accept, Iron Maiden e tantos outros. O baterista Linus Fritzson rompe o silêncio na faixa-título para, em seguida, a dupla Karl Dotzek e Olof Engqvist despejar notas ácidas em uma música elétrica, onde é impossível não querer bater cabeça. A sequência vem com a maravilhosa e viciante, “Maskirovka”: guitarras cavalgadas e o baixo pulsante do estreante Oskar Andersson fazem dessa faixa um verdadeiro hino.

Já o talentoso vocalista Oskar Jakobsson é um show à parte. Ele coloca emoção a cada vez que abre a boca: “Iron Sign” e “The Night I Took Your Life” são exemplos ímpares dessa forma. Não sei, mas em certas partes ele me lembra uma boa mistura de Tobias Sammet (Edguy) e Joacim Cans (HammerFall), graças à forma teatral com que interpreta as músicas do quarto álbum de estúdio da banda. E quando chega “I Fear the Blood”, vemos o lado calmo do Ambush — é como voltar no tempo das grandes power ballads, cheias de sentimento, com uma letra que carrega uma certa dor:

"I finish the bottle
Goodbye my dear friend
You know where to find me
I’ll see you again…”

Uma das coisas mais legais dentro da proposta do Ambush é a intensidade das guitarras gêmeas. Elas trazem no ar uma boa dose de nostalgia, algo que me faz voltar no tempo de quando ouvia os primeiros álbuns do Maiden, e de como Adrian Smith e Dave Murray eram (e ainda são) minha dupla de guitarristas favorita — aquelas linhas cheias de harmonias fantásticas!

É em “Come Angel of Night” que o Ambush mostra sua veia mais dramática: com baterias rápidas, guitarras cortantes e vocais em tons agudos, a faixa fala sobre reconciliação quando tudo parece perdido, culminando em solos inspiradíssimos, que transmitem o melhor do heavy metal clássico. É impressionante como a banda nunca precisou de muitos truques — o que os sustenta é a capacidade de recriar a chama dos anos 80 sem soar datada. Eles conquistaram os fãs na base da honestidade: riffs certeiros, refrãos que grudam e energia de sobra. E é justamente todos esses ingredientes que encontramos no trio final: “The Reaper”, “Bending the Steel” e “Heavy Metal Brethren”.

Com “Evil in All Dimensions”, o Ambush não apenas reafirma seu lugar como uma das bandas mais empolgantes do heavy metal atual, mas também prova que a tradição ainda pode soar viva, pulsante e relevante. É um disco que carrega a alma do passado sem medo de olhar para frente, unindo hinos velozes, grooves marcantes, momentos memoráveis e a energia imortal que somente a música pesada pode transmitir — O legal é que, agora em novembro, a banda passa pelo Brasil, com 6 datas pela “Evil In South America 2025 Tour”:

09.11.25 — São Paulo
11.11.25 — Brasília
12.11.25 — Curitiba
14.11.25 — Fortaleza
15.11.25 — Recife
16.11.25 — Limeira

“All hell is breaking loose
Ambush is here for you!
Heavy Metal Brethren
Won’t you break free?
The sword is in your hands
All hell is breaking loose
Ambush is here for you!”

William Ribas