KATAKLYSM
SORCERY/THE MYSTICAL GATE OF REINCARNATION
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
SORCERY/THE MYSTICAL GATE OF REINCARNATION
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional
Em 1995, o Kataklysm lançou “Sorcery”, o disco que colocou de vez o death metal canadense no mapa. Três décadas depois, a Shinigami Records resgata esse momento histórico em uma edição especial que vai além do simples relançamento: traz também o EP “The Mystical Gate of Reincarnation” e três faixas bônus, somando 16 músicas que mostram o Kataklysm em sua forma mais crua, mas com uma veia criativa ímpar.
O legal desse pacote é que ele funciona como um verdadeiro retrato dos primórdios da banda. Dá pra sentir a fome, a fúria e aquela vontade de soar diferente de tudo. “Sorcery” é brutal, mas ao mesmo tempo cheio de ideias fora da curva. A guitarra de Jean-François Dagenais entrega riffs que alternam entre peso sufocante e melodias obscuras, enquanto Maurizio Iacono segura um baixo gordo e cheio de presença. Max Duhamel, por sua vez, praticamente inaugura aqui o conceito do Northern Hyperblast, com uma bateria que é puro massacre — e nunca previsível.
E aí tem Sylvain Houde. O cara soa como se estivesse possuído: guturais cavernosos, gritos alucinantes, berros quase de black metal. Não existe nada “polido” nos vocais, e talvez seja justamente isso que os torna tão únicos. Ele não só canta — ele despeja insanidade, transformando músicas como “Mould in a Breed”, “Elder God” e “Garden of Dreams” em experiências quase desconfortáveis de tão intensas.
Já o EP “The Mystical Gate of Reincarnation”, gravado em 1992, mostra o Kataklysm ainda mais cru, mas cheio de potencial. “Frozen in Time” e “Shrine of Life” já têm a marca registrada da banda — riffs intrincados, atmosferas densas —, enquanto “The Orb of Uncreation” é praticamente um show à parte de Houde, testando todos os limites da própria voz. É o tipo de registro que deixa claro como a banda foi evoluindo em pouco tempo.
As três faixas bônus — “Eternal, I Reach Infinity”, “Rays of Râ” e “L’Odyssée” — fecham o pacote ampliando ainda mais a visão de mundo que o Kataklysm tinha naquela época: extremo, caótico, mas sempre com uma pitada de experimentação.
No fim das contas, este relançamento é muito mais do que uma coletânea. É uma cápsula do tempo — um pedaço da história que nos leva direto aos anos em que o Kataklysm estava forjando sua identidade.
William Ribas
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