terça-feira, 30 de setembro de 2025

KATAKLYSM - HEAVEN'S VENOM (2010/2025 - RELANÇAMENTO)

 


KATAKLYSM
HEAVEN'S VENOM 
Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional

Chegar ao décimo álbum não é tarefa para qualquer banda, muito menos para um grupo que nasceu no caos extremo do Northern Hyperblast. O Kataklysm, veterano da cena canadense, chega a “Heaven’s Venom” mantendo a fidelidade à sua fórmula de brutalidade acessível, mas também arriscando alguns novos elementos que, mesmo discretos, dão outra cor ao som. Não é uma revolução, mas é uma injeção de fôlego.

A primeira impressão já é típica: abrem-se os portões e logo “A Soulless God” despeja riffs cortantes, vocais urrados e a precisão de Max Duhamel na bateria. Mas algo muda. As músicas carregam mais melodia do que antes, sem abandonar o peso. “Determined (Vows of Vengeance)” mistura groove e blast beats com naturalidade, enquanto “As the Walls Collapse” e “Numb & Intoxicated” trazem solos bem encaixados – raridade no passado da banda. Até mesmo detalhes inesperados, como o uso de sitar em “Hail the Renegade”, mostram que o Kataklysm tentou sair do piloto automático.

O problema é que nem tudo acerta em cheio. O excesso de polimento tira parte do caos que sempre foi marca registrada. Os vocais de Maurizio, embora sólidos, soam baixos demais na mixagem, perdendo impacto. E sim, as músicas mais cadenciadas acabam repetitivas, reforçando a sensação de que o grupo poderia ousar mais em climas e dinâmicas.

Ainda assim, o álbum tem momentos que justificam a viagem. “Suicide River” é um dos pontos altos mais intensos e emotivos da banda, “At the Edge of the World” fecha com um breakdown digno de quebrar pescoços no pit. “Heaven’s Venom”, é o Kataklysm sendo o Kataklysm: sólido, brutal, às vezes previsível.

Não é um álbum para colocar o Kataklysm no topo do death metal mundial, mas é coeso, consistente e cheio de passagens que funcionam muito bem ao vivo.

Agora, com o relançamento no Brasil pela Shinigami Records, é a oportunidade perfeita para revisitar esse capítulo da carreira dos canadenses – ou descobri-lo pela primeira vez.

William Ribas



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