quinta-feira, 25 de setembro de 2025

KRISIUN, MALEVOLENT CREATION, CONTORTION, BESTIAL - 21/09/2025 - BAR OPINIÃO - PORTO ALEGRE/RS

 


KRISIUN
MALEVOLENT CREATION
CONTORTION
BESTIAL
21/09/2025
BAR OPINIÃO
PORTO ALEGRE RS
Produção: Xaninho Discos/Caveira Velha/Nevoeiro Produções

Texto e fotos: Gustavo Jardim

A capital dos Estado oferecia um domingo agitado para os gaúchos. Era dia de Grenal no Beira Rio, protestos políticos em pontos da cidade e um misto de tempo feio com temperaturas amenas. Mas os Deathbangers ansiavam pela tormenta que viria à meia tarde, precisamente no Bar Opinião, onde mais uma vez o lugar se tornou ponto de culto e devoção ao Metal da morte.

O poderoso Krisiun aportaria por aqui, seguindo sua turnê junto com os americanos do Malevolent Creation e Contortion, e celebraria 25 anos do clássico “Conquerors of Armageddon”. O público chegou devagar, e o resultado foi uma casa lotada e mais uma grande produção da parceria entre Xaninho Discos, Caveira Velha e Nevoeiro Produções.

Pontualmente as 17h40, os trabalhos foram abertos com os reis da fornicação BESTIAL, fazendo uma apresentação impecável e violenta. Após a introdução, “Atomic Blazing Ejaculation” tomou o ainda pequeno público de assalto, trazendo aquele Death Metal poderoso de sempre. “ Lascivious Possessor”, mais uma do EP “Hellfuckdominium XXI” de 2015, ganhou de vez a galera presente, bastante empolgada com a barbárie. Riffs velozes, vocais insanos e cozinha precisa resumem os caras, que ainda executaram clássicos da sua discografia como “Genocidal Angels” e “Blasphemy Blessing of Fire”, além de canções novas como “Bloody Whore” e “Unholy Reunion Celebration”, essa última com ainda maior interação com a galera, onde disseram com orgulho que eram mais uma banda do underground. O quarteto experiente composto por V. Alex (guitarra), Cesar “China” Meirelles (baixo), Eduardo (bateria) e Chukill (vocais/ guitarra) literalmente espalhou destruição e blasfêmia. Mereciam ter tido um maior público ,que ainda estava em crescente.


Logo em seguida após um intervalo rápido sobe ao palco a segunda banda da noite, os californianos do CONTORTION, trazendo seu estilo mais moderno em termos de sonoridade com influências de Meshuggah, All That Remains e uma linha mais técnica, mas bastante agressiva.

Focando mais em seu novo lançamento “The Common Thread” (2024), abrem o set com a empolgante “Idiot box”, com bastante energia e carisma, agradando parte do público logo de cara. “Dreaming Alone” a próxima da lista traz alguns "breakdowns” e palhetadas mais abafadas, enquanto faixas como “Guttersnipe” e “For Want of a Nail” lembram Sepultura na sua fase "Roots" e Slipknot em alguns momentos, essa última com vocais bem marcantes e rasgados de um simpático Brian Stone. Coloco em destaque também a técnica precisa do guitarrista Spencer Strange, e a cozinha precisa que ao vivo demonstrou entrosamento. ”No Destination” também foi um bom momento, e confesso que apesar de destoar um pouco do line up da noite, agradou o público.


A primeira lenda da noite se fez presente após alguns minutos. Após breve passagem de som, um empolgado MALEVOLENT CREATION em formato power trio, visto que infelizmente Phil Fasciana segue com problemas de saúde e não pode fazer a turnê, acende o público do Opinião.

Enquanto soavam as primeiras melodias de “Eve of the Apocalypse”, eu terminava minha cerveja e me dirigia à frente do palco, chegando a tempo de ver de perto a execução precisa desse clássico de “Retribution" (1992), abrindo os trabalhos. ”Premature Burial” a seguir, faz o público bater cabeça e vomitar o refrão. A levada de batera de Ronnie Parmer nos leva de volta ao Retribution com “Coronation of our Domain”, a terceira da noite. À seguir “Slaughter of Innocence” abre as primeiras rodas de pogo de um público completamente ensandecido, empolgando ainda mais os simpáticos Jesse Jolly (baixo/vocal) e Chris Cannela (guitarra), visivelmente felizes.
“Infernal Desire” é anunciada em seguida, quando Jesse faz referência de estar na terra do grande Krisiun, seguida de “Living in Fear”, ambas do ótimo “Eternal”(1995) com Ronnie mandando ver em Blast Beats e evidenciando as palhetadas de Chris, que segurou as pontas muito bem nas bases. ”Homicidal Rant” mantém o nível da brutalidade, e a seguinte “Carnivorous Misgivings” representou muito bem o “Stillborn” de 1993, terceiro álbum dos caras. Reparem que o foco estaria apenas nos clássicos.

“Multiple Stab Wounds”, mais uma do “Ten Commandments” (1991) não dá trégua, seguida de ”Killzone”, “Alliance or War” e a absurda “Slaughterhouse” , com um refrão que se destacava entre a brutalidade toda, e obteve enorme empolgação de quem se matava na frente (inclusive esse que vos escreve). “Manic Demise” vem a seguir e infelizmente, a aula de Death Metal Old School chega ao fim com “Blood Brothers”, sendo oferecida ao público com a menção de ressaltar “ é isso que somos”!

Realmente visceral a apresentação dos caras, priorizaram grandes clássicos e ganharam o público durante todo o tempo, a palavra matador é adequada pra eu poder traduzir o que sentimos.


Ainda me recuperando, era hora de ir ao bar e tentar assimilar o que havia presenciado, trocar uma ideia com diversos amigos vindos de diferentes lugares do Estado, falar sobre o Grenal recém encerrado (e ouvir a corneta merecida sobre), ir rapidamente tirar a água do joelho e se preparar para o que viria, pois o Krisiun prometia homenagear o grande clássico lançado 25 anos antes, Conquerors of Armageddon.

Passava um pouco das 21h20 quando os irmãos Kolesne já se faziam presentes no palco, entre ajustes técnicos e demais acertos, soa a famosa intro e o inferno teria início. Um rápido e tradicional “Boa noite Porto Alegre, o Krisiun está aqui” e começam a executar “Ravager”, com ferocidade única. Lembro como se fosse ontem apesar das mais de duas décadas que ouvi a banda pela primeira vez e justamente nesta faixa. A velocidade e o feeling apresentados é literal. A próxima “Endless Madness Descends” mostra o quão poderosa ela pode soar ao vivo, com seus momentos variados nas melodias sem perder a pegada, “Hatred Inherit”, a terceira do Conquerors foi de bater incessantemente o pescoço, antecedendo mais uma boa interação com a galera por parte da banda.


“Scourge of Enthroned” veio na sequência pra dar uma baixada na poeira, em partes obviamente. Um carismático Alex Camargo lembra das suas andanças pela Osvaldo Aranha em mais um momento de carinho. Ressalta que não esquecem de onde vieram e reafirma o orgulho de ser brasileiro e gaúcho. “Necronomical”, a seguir, reafirma ao vivo a versatilidade da banda em transitar por algo mais cadenciado, e a sequência de “Messiah’s Abomination” e “Soul Devourer” de “Conquerors of Armageddon” trazem de volta a brutalidade e intensidade ao set.

“Serpent Messiah” representa uma vez mais o “Mortem Solis” de 2022, e abre caminho para “Conquerors of Armageddon” ser executada. Um solo de guitarra de Moyses abrilhanta a festa, e como de praxe, o solo do mestre Max Kolesne deixa claro que estamos vendo uma lenda viva do instrumento em suas extremas considerações.


“Blood of Lions” não poderia ficar de fora, em um dos mais interessantes momentos do show, com o público ovacionando full time, abrindo caminho para a longínqua “Combustion Inferno”, de “Southern Storm”. Tudo o que é bom dura pouco, mas vamos chegando no ápice da noite com a obrigatória “Black Force Domain“, encerrando em grande estilo com direito a participação mais que especial de músicos do Malevolent Creation, Contortion entre outros, além da tradicional foto de palco com todos presentes, brindando ao público mais uma noite sensacional.

É realmente um privilégio imenso cada show que vimos desses caras. Complementando a fala de Alex Camargo, quando citou que o Krisiun segue firme graças a sua legião de fãs, podemos afirmar que o Krisiun é o maior expoente dessas terras de cá. Missão cumprida, restou ir pra casa com um início de chuva que insistia em ficar, enquanto se via alguém já embriagado cair na calçada e alguém gritar do bar do outro lado da rua: “mais um pênalti pro Inter…” .  Viva o Metal Extremo.

Gustavo Jardim

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